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3 de julho de 2017

Moda Alternativa Japonesa: o fim da revista Kera Magazine e da Gothic & Lolita Bible

Em fevereiro deste ano, foi anunciado o fim da revista japonesa FRUiTS que era focada no street style alternativo do distrito de Harajuku em Tóquio. O motivo do fechamento segundo seu editor, Shoichi Aoki, foi a gentrificação do bairro e o consequente desaparecimento dos jovens alternativos estilosos do local. No fim de março foi anunciado a finalização de outras duas importantíssimas publicações de moda alternativa, a KERA e a Gothic & Lolita Bible (uma lenda), o que partiu o coração de fãs ao redor do mundo.

Antes da internet, a forma de conhecer mais sobre moda alternativa era através de revistas que divulgavam lojas e tendências. E estas duas publicações são icônicas.

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KERA, fevereiro 2015 / Gothic & Lolita Bible #40

A KERA surge em 1998 focada em rock e moda punk, cada edição trazia além de editoriais de moda, fotos dos estilos de rua. A última edição foi em maio. Já a Gothic & Lolita Bible era publicada desde 2001 focando em um público específico, direcionada à subcultura Lolita e seus subestilos e trazendo moldes de roupas. O músico e estilista Mana foi um dos mais famosos divulgadores da publicação.

Mana nas páginas da Gothic & Lolita Bible

Ambas as revistas tiveram grande responsabilidade no desenvolvimento da moda alternativa japonesa ao redor do mundo. De lá pra cá apesar das mudanças no mundo, da "virtualização" de tudo, estas publicações ainda eram referência para admiradores do street style de Tóquio.

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Páginas da KERA mostrando a diversidade estética da moda de rua japonesa.

Ao contrário da FRUiTS que praticamente acabou - seu autor está apenas divulgando fotos em sites -, a KERA acaba sua versão física e se torna digital, ou seja, deixa de existir fisicamente e agora só existe virtualmente; já a GLB está suspensa e sua última edição foi na primavera japonesa. Dizem que hoje existem mais Lolitas fora do Japão do que dentro dele, sendo a China o novo ponto da subcultura. A mídia tem buscando formas de expressão nessa nova sociedade rápida de informações onde noticias se tornam obsoletas em apenas algumas horas. Estamos numa era de transição e o fim físico destas revistas é um reflexo disto tudo, desta mudança social. No Brasil, temos a sorte de ter uma revista alternativa circulando, é a Gothic Station, a primeira revista brasileira dedicada à sub gótica.

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KERA, dezembro 2014

Algumas fãs foram às lágrimas pelo fim das edições físicas. Eu as compreendo e creio que o chororô não foi por "uma revista" e sim por toda a simbologia histórica que aquelas publicações carregavam. Parte da história de uma subcultura acabou. Revistas alternativas são tão raras que é possível criar um culto ao redor delas que eram uma espécie de abrigo e reservatório de conhecimento das apaixonadas adeptas de moda alternativa.  

Gothic and Lolita Bible #40- #52

E não, a moda alternativa japonesa não acabou, mas está numa fase de mudanças. São tempos diferentes os que vivemos em termos de culturas juvenis. Claro que jovens continuam ousando em seus estilos pelas ruas, talvez um pouco mais ocidentalizados (?), com visuais menos extremos, menos impactantes, mas quando uma moda alternativa se ameniza muito, não duvide que um tempo depois tudo vire tédio e uma nova geração traga ousadia e extremismo de novo! É aguardar os futuros capítulos da história da moda alternativa.

E vocês gostavam da KERA e da Gothic & Lolita Bible?



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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Clique aqui e leia o tópico "Sobre o Conteúdo" nos Termos de Uso do blog para ficar ciente do uso correto deste site. 

12 de fevereiro de 2017

Street Style: O fim da revista japonesa FRUiTS


"Não existem mais jovens estilosos para fotografar"
- Shoichi Aoki editor da revista FRUiTS


Fundada em 1997, a revista FRUiTS foi a mais influente publicação sobre Street Style japonês. Com foco no bairro de Harajuku, ajudou a levar fama mundial às subculturas que frequentavam o local, como as Gothic Lolitas, Gyarus, Decoras, Cyberpunks, o kawaii... e refletia um registro histórico confiável de toda uma geração que não seguia regras e nem rótulos ao vestir, comportamento tipico da geração X e dos primeiros millennials. O grande lance da FRUiTS era fotografar pessoas reais e autênticas, não modelos que estavam vendendo moda em páginas de revista.

ultima edição da revista FRUiTS
A última edição da FRUiTS

Shoichi Aoki começou a fotografar quando notou que os jovens japoneses estavam se vestindo de forma diferente ao invés de estarem seguindo tendências americanas e europeias. Estes jovens estavam customizando elementos da vestimenta tradicional japonesa (kimono, obi e sandálias geta) e combinando-os com  peças artesanais, de brechó e de moda alternativa, assim ele lança a publicação mensal FRUiTS, que se torna um fanzine cult com seguidores internacionais. Com o sucesso da publicação, jovens estilosos se direcionavam ao bairro para serem fotografados em referências estéticas que seriam imitadas no mundo todo. 



É impossível falar da moda dos últimos 20 anos sem citar a importância do Street Style. Até meados da década de 1990 quem ditava o que vestir eram as grandes grifes aliadas às modelos (Top Models) e revistas de moda. Quando a fotografia de Street Style aparece, todos os olhos da moda se viram às subculturas e aos jovens que não seguem tendências. A partir disso, os grandes estilistas passam a cooptar a moda de rua que vira um "boom" no mundo inteiro. Aoki relata que observou uma queda de "cool kids" que se encaixariam no padrão da revista e que isso se intensificou nos últimos anos. Mas quais os motivos disso acontecer?


O alternativo foi substituído pela gentrificação
De Gwen Stefani à embaixadora Kyary Pamyu Pamyu, o bairro de Harajuku se tornou um dos mais conhecidos do mundo nas últimas décadas, virando um local turístico saturado. Uma das características do consumidor japonês é a preferência por qualidade e não quantidade, a partir do momento em que ocorre a gentrificação de Harajuku devido ao investimento estrangeiro na região, os preços subiram e jovens designers alternativos não puderam mais manter suas lojas lá. Visando os turistas e seu poder de compra, houve no bairro uma inclusão de redes fast fashion como Uniqlo, H&M e Forever 21 (peças de baixa qualidade para o padrão japonês), assim os turistas preferem o status de comprar nelas (marcas conhecidas) do que nas lojas menores que tinham o espirito autêntico de Harajuku. Jovens também alegam que esse processo de estrangeirismo acabou com os espaços onde eles costumavam sentar e relaxar (e serem vistos e fotografados).


O Futuro do Street Style Japonês
Após 233 edições documentando subculturas e tribos de estilo em Harajuku, o fechamento da FRUiTS é mais um reflexo do que há anos falamos no blog: o esvaziamento de um conceito quando o capitalismo o abraça. A cooptação estética das subculturas pode parecer democrática, mas lá no fundo destrói as culturas alternativas independentes.
Esse caso também levanta o questionamento sobre o retorno do domínio europeu e americano na estética alternativa. Dos estilos Lolita ao Decora, passando pelas nail arts, a popularização dos cílios postiços e até a bolsa carregada no antebraço, tudo isso passou pelo universo alternativo de Harajuku, e hoje, quando pensamos em moda alternativa nos vem à mente que as maiores influências não são pessoas e sim marcas como Killstar, Dolls Kill e Iron Fist. Ao redor do mundo alternativos estão usando as mesmas marcas e as mesmas roupas que se massificaram, tornando as estéticas menos autênticas e individuais como no passado. Roupas massificadas contribuem para que estilos individuais entrem em decadência. Os jovens fotografados na FRUiTS não seguiam tendências, consumiam peças que tinham a ver com sua personalidade e praticavam DIY. Se analisarmos, mesmo no ocidente está se tornando mais difícil encontrar alternativos com estilos únicos.


Jovens coloridos como as cores das frutas. O fotógrafo Shoichi Aoki  pensa em doar seus arquivos fotográficos a institutos de moda ao redor do mundo.
 
A era FRUiTS chegou ao fim, a moda de rua no Japão agora vive nova fase.

Referências da pesquisa:
Spoon Tamago //  Tokyo Fashion Diaries // NYMag  // UNRTD // ID Vice



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13 de fevereiro de 2016

Streetwear Subversiva: A coleção de Rihanna para Fenty x Puma Fall 2016

Os desfiles internacionais já começaram e permanecem as inspirações alternativas subculturais. Pra quem não sabe, essa relação entre moda mainstream x subculturas foi um dos motivos da criação deste blog. E ainda hoje é um assunto que rende muitas análises e observações!

Destaco agora o desfile Fenty x Puma Fall 2016, com a colaboração de Rihanna. Segundo a cantora, "se a família Addams fosse para a ginástica, seria isso que eles usariam" e "Sou mais inspirada pela atitude do que por qualquer coisa". O review da Vogue complementa: "a coleção tem menos a ver com "atleticidade" e mais a ver com streetwear subversiva".

Rihanna não tem medo de se arriscar na moda, isso a gente já sabe. Ela já se declarou fã de heavy metal e vira e mexe aparece com estéticas com pé no alternativo (seapunk, alfinetes, fetichismo, cabelo rosa... citando algumas). O mais bizarro de tudo isso é que atualmente a gente tem encontrado atitude e vanguardismo em artistas pop e não em artistas do rock. Eu ainda não me habituei 100% com isso, é um tapa na cara, mostrando que já passou da hora das roqueiras verem a Moda e a expressão pessoal de outra forma, resgatarem a palavra "atitude" que era tão presente na cena rock antes da popularização do Gothic Metal e suas femininas divas intocáveis comportadas de beleza perfeita...


Selecionei looks mais streetwear, com pegada Health Goth, mas as peças mais esportivas pode-se ver no site da vogue.












 



 

 
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6 de maio de 2015

Sandália Melissa: a Intolerância Estética como reflexo da falta de Cultura de Moda

O post anterior foi sobre a falta de cultura de moda e suas consequências. Neste artigo, vamos mostrar que uma dessas consequências é a intolerância estética. 
O  acessório que citamos naquele artigo são os modelos Animal Toe Vivienne Westood da Melissa, cuja ponta simula uma pata felina. Lá, falamos da diferença de um produto comercial, de um conceitual e da moda irreverente. A Melissa tem investido muito no lado conceitual, construindo Galerias de Arte aqui e no exterior. O conceito de irreverência tem caracterizado muitas coleções da grife. Porém, observamos que os calçados que saem fora do padrão, são verbalmente rejeitados pela clientela brasileira da empresa. 
Será que é falta de cultura de moda? Possivelmente. Existe a dificuldade de separar o gosto pessoal (achar algo feio ou bonito) da moda conceitual como expressão criativa de um designer. Moda esta que é uma especialidade do trabalho de Vivienne Westwood. A Rainha do Punk constantemente deixa de lado o senso comum em suas criações buscando novas formas e exotismo.

O animal toe tem a ponta imitando a pata de um felino

A cultura de moda nos capacita julgar uma peça irreverente sem levar em conta nosso gosto pessoal e considerando o design ou a história do criador. 

A única razão pela qual estou na moda é para destruir a palavra "conformismo".
Vivienne Westwood

Westwood é uma das pioneiras ao fazer o corset ser usado como peça de estilo. Então, toda vez que você ostentar na rua o modelo por cima da roupa (a peça é originalmente uma underwear), não esqueça de agradecer à Vivi.
Com suas ideias e criações à frente de seu tempo, ainda hoje suas roupas carregam aquele mesmo ar inovador de 40 anos atrás, quando criou o que conhecemos hoje como Moda Punk. Ela fez inclusive, camisetas adornadas com ossos de verdade! Atualmente luta pelo consumo consciente, por uma moda mais ética e recentemente empoderou mulheres na África através de um projeto de costura que dá controle à vida de mulheres marginalizadas que vivem na linha da pobreza.

 

Desde 2004, a estilista tem sua própria linha de sandálias na empresa Melissa. Algumas de suas criações para a marca são versões simplificadas ou modificadas em plástico de seus modelos em couro. Para muitas de nós, comprar uma Melissa desenhada pela Vivienne é a única forma de ter um sapato da estilista a preço acessível.


Versões em couro e em plástico (Melissa)


 

O mais intrigante de tudo isso é que as versões mais conceituais da Melissa não são peças baratas, indicando assim, que, supostamente, seus clientes possuem um nível mais elevado financeiramente, e não seria justamente pessoas desse nível que costumam ter mais cultura? Será que se essas pessoas tivessem a curiosidade de ir atrás da história da Vivienne, mudariam os olhares sobre suas criações mais conceituais?
Um dos países que mais usa e admira os calçados da inglesa é o Japão. Sim, o país do street style mais criativo do mundo. O país que inspira tendências tem pessoas que adoram usar moda irreverente. É de se refletir se nossa resistência ao irreverente vem da a falta de cultura de moda.

Calçados da Vivienne Westwood no street style


Melissa Ballet (e similares)
Esse é um outro caso que reflete a possível falta de cultura de moda em nosso país, pois é mais um exemplo do desrespeito à identidade visual individual. O âmbito novamente, não é discutir sobre gosto, pois cada um tem o seu, e sim, abrir um questionamento sobre saber julgar sem levar seu gosto pessoal em consideração.

A internet permite situações paradoxais. Ao mesmo tempo que forma amizades, debates, revela o lado preconceituoso e intolerante das pessoas quando se unem. O caso aqui é a forma que algumas meninas usam a Melissa Ballet (ou versões similares de outras marcas): amarrada por cima de meias 3/4 ou de calças jeans.
Disseram que era falta de "bom senso"...
"Bom senso" é algo socialmente construído. O que é bom senso na Moda hoje, não era há dois séculos atrás. E sem a quebra do bom senso, a moda alternativa não existiria.


O Brasil é famoso por ser um país conservador em termos de moda e de mulheres inseguras quanto à sua aparência. Mulheres que preferem vestir as tendências do que "ousar" criar um estilo próprio e talvez, diferente do habitual, tanto que o uso desse calçado de forma mais tradicional e "romântica" é muito mais aceito. 

Particularmente, o que impressionou no caso da Melissa Ballet foi a quantidade de pessoas alternativas (ao menos na aparência) criticando de forma bem agressiva, a forma que a mesma é usada pelas meninas.
 

Mas o que seria da  Moda Alternativa se não houvesse a desconstrução do que é correto, belo e ideal??

Não foram subculturas como a punk e a metal (nascidas em classes operárias)  que desconstruíram conceitos do bom senso na moda? O que seria dos nossos acessórios de spikes se um dia os punks não tivessem pego uma coleira de cachorro e colocado no pescoço?


Por muitos séculos a moda foi usada como divisão de classes. Tem sido dito que a sandália é um "item de funkeira e favelada". Nós que estudamos a Moda das Subculturas, já notamos como as subculturas das periferias brasileiras têm desconstruído e reconstruído estéticas do mainstream de forma muito peculiar. São jovens que quebram o uso comum de artigos de moda.  E às vezes essas modas de periferia estão tendo uma expressão estética de forma mais ousada que os auto intitulados alternativos... que estão cada vez mais "mainstreanizados".

Então, questionamos: qual o problema dessas meninas de classe popular usarem a sandália de forma "fora do padrão"? 

Por que não tenho visto alternativos brasileiros desconstruindo conceitos estéticos com a mesma ousadia e ferocidade? 
Por que nós estamos incomodados demais com as pessoas que têm usado a moda de forma irreverente?
Por que os "alternativos" julgam essas garotas se elas estão usando a sandália exatamente de uma forma "alternativa"?

Melissa e Zaxy (marca também da Grendene)

A gente quer ser respeitado pela individualidade e liberdade estética, mas rimos e fazemos piada de quem quebrou as regras do vestir. A gente quer o direito de usar uma plataforma de verniz ao meio dia junto com um corset e quer "proibir" uma sandália amarrada por cima da calça por ser falta de "bom senso"...

Ninguém é obrigado a gostar do estilo dos outros, com certeza! Mas fica difícil reclamar que o Brasil não respeita nosso individualismo estético quando vemos alternativos reproduzindo desrespeito, intolerância e também o preconceito de classe. Cultura de Moda... algo mais do que necessário...


E mais um questionamento: e se esse estilo tivesse vindo de algum artista ou sendo usado no street style japonês,
o julgamento seria diferente? 


E você, tem alguma opinião sobre?
C
onta pra gente! O espaço é livre também pra opiniões opostas às nossas, mas com respeito, ok?!




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27 de abril de 2015

Stooge BlackHeart ♥ Coleção Masculina

A atual coleção de outono da Stooge é chamada de  ♥ BlackHeart ♥

"Quando a luz se ausenta, a escuridão toma conta de tudo, mas se no ímpeto surge um raio de sol, este desperta as sombras de todas as coisas. Mesmo assim não tema, ainda que você não possa ver, nunca estamos sozinhos..."

Mês passado falei aqui o blog da coleção feminina e das peças que recebi e hoje vou focar nas peças masculinas. Os tons são basicamente preto e cinza, uma cartela de cores bem enxuta. Os responsáveis pelas estampas foram os artistas Monika Boo e Oberdam Eltz. Oberdam é tatuador e Designer gaúcho que fez as estampas escritas e de caveira. Já a Monika e uma tatuadora da Lituânia com foco no estilo neotradicional.

Links da Stooge


Vale lembrar que a Stooge é uma marca 100% brasileira. Ou seja, todas as peças são confeccionadas por aqui mesmo, gerando empregos locais. Eles investem em modelagem própria, estampas próprias (de artistas inclusive estrangeiros), embalagens próprias, vídeo, catálogo, lookbook e em brindes pros clientes. A Stooge oferece à clientes alternativos os mimos que uma grife mainstream oferece à seus clientes mainstream.
Ah e a marca agora tem peças em tamanho G e GG, que seria até o tamanho 46. Pra conferir as medidas, basta ir na loja, clicar no link da peça que você curtiu e clicar em "guia de tamanho". 


A marca já é conhecida pela variedade de peças e pelo trabalho com tatuadores que criam as estampas de cada coleção. E acredito que as estampas sejam justamente o diferencial dela, que tem um estilo mais street style/rock n roll com público bem abrangente.



Vamos à uma seleção de peças da Coleção Masculina! Como o clima já está ficando mais friozinho à noite, começo falando das jaquetas You Can´t - em estilo college, estampa nas costas e mangas em couro sintético, a magic key segue o mesmo padrão e a  basic black é a clássica jaqueta de brim, mas com spikes nos ombros .


As camisetas you can´t, dark deer e mystic skull casam perfeitas com as jaquetas, selecionei estas por terem cada uma um decote/tipo de manga diferentes mas tem outros modelos com outras estampas no site.

As regatas são dois modelos dessa coleção de outono. Em meia malha, temos a  nobody´s perfect e a good look black.


E não podia faltar os blusões! A lights eyes e dark deer ambas com estampas da tatuadora Monika Boo.


Tão legal que marcas alternativas nacionais também invistam em coleções pros boys! E bora repassar esse post pros amygos que curtem street style ficarem ainda mais estilosos!




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*Publipost

29 de janeiro de 2015

Seapunk: a história da microcultura musical e visual

O "estilo" Seapunk tem sido muito anunciado em sites e blogs de moda. Alguns dizem que é ligado com temas do mar, sereias, cabelo rosa pastel... mas será mesmo? Apesar de ter dado as caras em 2011, só recentemente o mainstream brasileiro passou a se interessar pelo fenômeno. Intrigada, fui atrás para saber se o Seapunk é a tal tendência alternativa que nunca existiu.

Futurebones, Ultrademon e Zombelle


O início: A gang Seapunk
Em junho de 2011, o produtor musical @LilInternet twittou:

SEAPUNK LEATHER JACKET WITH BARNACLES WHERE THE STUDS SHOULD BE?
algo como "seapunk jaqueta de couro com cracas no lugar dos rebites?"

depois desse tweet, @LilGovernment respondeu à @LilInternet 
LET‘S MAKE SANDCRASSLES #SEAPUNK
(não sei traduzir isso, mas pode ser que o "SANDCRASSLES" seja "sand castles". Traduzido então, ficaria "vamos fazer castelos de areia #seapunk".

Essa foi a primeira vez que a hashtag seapunk foi usada. A piada interna envolveu outros amigos de Lil Internet marcados na conversa, em particular os usuários @Ultrademon e @Zombelle - estes dois, considerados os "criadores" do Seapunk enquanto microcultura musical e visual.

A seta aponta para @Ultrademon e @Zombelle

Durante a pesquisa para este post, li dezenas de artigos na web e percebi informações desencontradas e com a visão que o mainstream faz sobre o tema. Resolvi então apostar em outra abordagem: escrever sobre o Seapunk na visão de seus criadores, no underground. O estilo é americano, de Chicago, curiosamente uma cidade que não tem mar.


Os criadores do Seapunk
Em seu tumblr, o DJ Ultrademon costumava postar cenas oceânicas misturadas com símbolos ocultistas, yin-yangs e símbolos da paz, assim como computação gráfica...

 Imagens Seapunk de computação gráfica do tumblr de Ultrademon
  
 

... ele também postava imagens de pessoas com cabelos verdes e roupas cujas estampas remetiam à temas marinhos. Assim, através de seus seguidores, a imagem de um "conceito Seapunk" se espalha pelo tumblr abrindo centenas de possibilidades de interpretações.
Sendo um DJ, ele cria em 2012 a gravadora Coral Records promovendo artistas eletrônicos como Teengirl Fantasy, Jerome LOL, Fire For Effect, Zombelle, Slava, Unicorn Kid e Splash Club 7. 
Tendo moda e música unidos, o Seapunk passa a ser considerado uma microcultura ou subcultura, por ter uma identidade musical e visual.

Lil Internet, criador da hashtag, descreve o Seapunk como “Venice Beach Acid Rave 1995” e cita sons do oceano, hip-hop dos anos 90, música eletrônica e dance como elementos fundamentais.
Para o  artista  Fire For Effect, "A praia simboliza para mim de onde nós viemos, já que eu penso que somos mamíferos aquáticos. Nós somos mais parecidos com golfinhos e baleias do que com macacos". 

Ao contrário do que muitos acham, Seapunk não tem envolvimento com RocknRoll nem com Punk, é música eletrônica. Clique [aqui] pra ouvir a música Yr So Wet 3, de Ultrademon e Dj Kiff.

Shan Beast (@Zombelle) e Albert Redwine (@ultrademon), auto intitulados criadores do Seapunk

Zombelle, a cantora/rapper de cabelos verdes, é considerada a primeira dama do Seapunk, nome que segundo ela, vem da substituição das letras S-E-A na palavra cyberpunk (não tem tanto a ver com "atitude punk", nem com o "faça você mesmo" ) – como a internet é uma vasto mar de informações, a melhor forma de explicar o estilo é dizer que é uma ideologia focada em positividade e criar seu próprio mundo fantástico através da internet. 


A estética
Na foto abaixo, Zombelle ostenta cabelo verde e óculos de lente refletiva. Segundo ela, nunca houve uma nostalgia pela moda noventista - isso veio de interpretações de outras pessoas sobre o estilo, assim como o cabelo cor de rosa, inexistente na ideia original. Gwen Stefani nos anos 90 com cabelo azul não é "a primeira" Seapunk, pois o Seapunk como subcultura só surgiu em 2011. Essa confusão acontece depois que se proliferam as imagens do tumblr de Ultrademon pela web, dando abertura a diversas interpretações sobre o tema, cada uma com seus "achismos".



Abaixo, reparem nas calças de surfista de Ultrademon...

A turma Seapunk criou em 2012 diversas estampas vendidas em parceira com a gravadora. A "verdadeira" moda Seapunk envolve principalmente estampas inspiradas em computação gráfica, temas de praia e mar, símbolos yin-yang, ocultistas, tie dye, óculos de lente refletiva e cabelos verdes ou azuis com roxo (em cores vibrantes e não pastel).


Zombelle e Ultrademon e algumas camisetas.


No Mainstream
Em março de 2012, o jornal New York Times anuncia o Seapunk como uma tendência de moda. No fim do mesmo ano, Rihanna se apresenta no SNL em frente a uma tela que mostrava desenhos de computação gráfica. Nesse período também, a cantora Azealia Banks lança um vídeo chamado Atlantis em que aparece como uma sereia dançando sobre figuras aquáticas e castelos de areia, fazendo a imagem Seapunk oficialmente mainstream. A partir daí, o estilo foi apropriado tanto pela moda dominante quanto por stylists de celebridades.


Sereias não são Seapunk... mas golfinhos são.
Zombelle fala que "As sereias são harpias viciosas que atraem marinheiros para a morte" e afirma que estas não são parte da estética Seapunk original, dizendo que Azealia Banks usou sereias em seu clipe de modo propositalmente equivocado, como uma provocação.


O mainstream resume a imagem Seapunk focando na cor dos cabelos, como se apenas os fios nas cores verde ou azul já tornassem a pessoa adepta do estilo. Exemplos: Nicki Minaj, Katy Perry e Lady Gaga usando uma peruca azul neon. Zombelle complementa: “Tem pessoas que trabalham com Lady Gaga que estão no meu círculo de amigos” - insinuando que a cantora pode ter se inspirado no corte e cor de seus cabelos.


O salão londrino Bleach London, frequentado por celebridades, também entrou na onda e lançou uma coloração chamada "Seapunk Super Cool Colour" num tom verde claro.



Quando o Seapunk é cooptado pelo Mainstream, Ultrademon e Zombelle postam uma foto com a frase estampada na camiseta: "Misappropriated punks" - uma crítica à apropriação desonesta de uma ideia para se obter lucro.



Reinterpretações da moda Seapunk  
Sendo uma estética que teve a imagem propagada no Tumblr e má interpretada pelo mainstream, num dado momento, uma onda de garotas na faixa dos 20 e poucos anos, denominam seus estilos como Seapunk e criam releituras do que elas entendiam ser o visual.

Numa busca pela internet, todas as fotos abaixo foram encontradas como #seapunk. Em alguns looks, não são usados todos os elementos que caracterizam o estilo e sim parte deles. Os dois últimos looks deste quadro, me chamaram a atenção: embora tagueados como tal, não vejo quase nada de Seapunk neles. No look da esquerda, as camisetas com estampas gráficas não possuem temas marinhos e a moça da quarta foto, está mais para uma releitura raver noventista.


Norelle Rheingold ficou conhecida por ter tido uma "fase Seapunk". Dando uma geral nas fotos dela, a mais "fiel" ao estilo é esta primeira imagem, onde usa blusa tie-dye, óculos espelhados e cabelo verde embaixo de um aplique roxo. Já a garota da foto abaixo, apesar de usar uma blusa com símbolo yin-yang, seu look não tem elementos primordiais do estilo.

Para o mainstream, tudo que é azul, verde, holográfico ou tons neon, com referência da moda anos 90 ou mar, tornou-se Seapunk - mas como vimos, não é bem assim, o visual foi bem desvirtuado. A moda dos anos 90 não é fator determinante para definir o estilo, é apenas uma tendência que qualquer um pode fazer uso. 
A grande verdade é que cada um passou a interpretar o Seapunk à seu modo, com o que acreditam ser, afastando-o de seu conceito original. 

Uma observação mais detalhada revela que desde 2010 o mainstream tentava empurrar roupas em tons pastel como nova tendência, mas não estava surtindo efeito. Com a deixa do Seapunk, viu-se então uma ótima oportunidade de pegar a ideia do tema marinho e usá-la como trampolim temático para uma nova trend que poderia desencalhar antigos estoques, que acabou por ganhar o nome de "sereismo". 

Este é um exemplo de como uma estética de um pequeno grupo de amigos teve uma parcela de sua imagem e significados perdidos entre os compartilhamentos na web, sendo transformado praticamente em outra coisa. Que loucura!



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