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9 de abril de 2020

A história da frente-única: a união de consciência corporal, sensualidade, lazer e glamour.

Se existe algo que herdamos da década de 1930 foi a consciência corporal que se refletiu na sensação de liberdade de movimentos. E uma das peças que surgiu no período foi a frente únicaNa coleção "Dark Glamour", que criei em parceria com a loja Dark Fashion, desenvolvemos uma blusa frente única chamada "Dóris", neste post apresentarei de forma breve a história da peça! Acompanhem.

A cantora Shirley Manson usando uma frente única de tecido metalizado, que foi moda no fim dos anos 1990 e começo de 2000. A cantora também usa um short no modelo "hot pant", que você pode ler a história da peça clicando aqui.

A blusa que criei em parceria com a Dark Fashion, recebeu o nome "Dóris" em referência à Doris Day e seu icônico vestido frente única azul no filme "Ama-Me ou Esquece-Me", de 1955.


Contexto Sócio-Histórico
Se na década de 1920 a jovem era andrógina e ousada, na década de 1930 ela cresceu e se tornou uma mulher que fez uso dos conceitos construídos de feminilidade, retornando sua cintura no lugar e usando bainhas longas. Basicamente a garota de 20 anos chegou aos 30 anos e queria deixar pra trás a rebeldia andrógina.

A década de 1930, fortemente marcada por uma grande crise econômica resultada da quebra da bolsa de valores americana em 1929, fez com que as pessoas buscassem formas de fuga da dura realidade. Uma dessas fugas foi o cinema, a outra foram os balneários.

Mulheres vestindo frente única nos balneários, o lazer foi a fuga dos tempos de crise econômica.

O corpo feminino ideal tinha proporção de deusa, a mulher dos anos 1930 deveria fazer dietas, exercício físico, manter-se meticulosamente arrumada, usar maquiagem, fazer pedicure devido à exigência da moda de sandálias abertas e ter cuidados com a pele. Parece que falamos das exigências de beleza dos dias atuais, não é mesmo? Veja há quanto tempo reproduzimos a mesma ideia sobre o que é a mulher estar 'arrumada adequadamente'!

Corpo bronzeado, atividade física, unhas e maquiagem impecáveis: 
o ideal de beleza da década de 1930.

Para manter o corpo saudável eram recomendados os exercícios físicos e esse corpo era exibido nos balneários em pijamas de praia e trajes de banho fechados na frente e abertos atrás, visando exibir o bronzeado. Era um escândalo pois pela primeira vez uma parte do corpo da mulher era explicitamente exibida. Estes trajes diurnos de lazer inspiraram os vestidos de noite, onde as costas bronzeadas eram exibidas.

O bronzeado saudável adquirindo durante o dia na praia deveria ser exibido à noite, em vestidos que revelavam costas e braços. 

A mulher dos 1930 precisava acompanhar a silhueta da moda, que consistia de ombros largos e angulosos, cintura no lugar ou levemente alta, quadris estreitos e pernas bastante alongadas. As roupas diurnas eram simples e utilitárias já as roupas de noite possuíam extremo glamour. Os trajes de praia uniam estes dois mundos.


A frente-única

É em todo este contexto de corpos livres de espartilho, exercícios físicos e passeios em balneários que a frente única surge, sendo a peça perfeita para exibir as costas bronzeadas e exercitadas. Embora tenha sido idealizada por Erté em 1917, foi Madeleine Vionnet quem a popularizou na década de 1930, levando os vestidos de noite europeus para a América, assim como outros figurinistas de Hollywood que levavam para a tela as criações de alta costura francesa. 

O que marca a frente-única é sua presença em blusas e vestidos como uma tira que se amarra atrás do pescoço, deixando ombros e costas nuas. Frente discreta, mas ao virar de costas se torna reveladora.

Erté x Madeleine Vionnet / MET.

A maior parte do glamour dos anos 1930 vem de Hollywood, o cinema era a fuga da crise da América. Hollywood era o local onde a alta costura européia era apresentada ao público influenciando o gosto das massas.

O corpo feminino atlético, bronzeado e impecável dos anos 1930 deveria ter proporções de deusa. O que se reflete em criações de alta costura européia que passaram a fazer parte dos figurinos de Hollywood.
Madame Gres, 1939 / National Gallery of  Victoria.

Jean Harlow com o vestido enviesado criado por Gilbert Adrian para “Jantar às Oito” (1933) foi a peça que fez a moda da frente única pegar de fato nos EUA.

Quando pensamos nesta união de consciência corporal, corpo bronzeado e cuidado, lazer, glamour e cinema, é fácil lembrar das fotografias ou filmagens em que as atrizes de cinema estão posando junto à suas piscinas na Califórnia, tipo de imagem que é reproduzida até hoje em ensaios fotográficos da cultura retrô. Mesmo que algumas possam não saber que o conceito vem desse período e contexto histórico, é impressionante como a imagem da mulher saudável, consciente de seu corpo fazendo uso de uma atividade de lazer, ainda é marcante em nossa cultura visual. 

De sua criação em 1930, até os dias de hoje, poucos foram os momentos em que a frente única saiu de cena, na década de 1950 a peça continuou dominando a moda feminina. Além de Doris Day, citada no começo da postagem, a frente única tem momentos icônicos nas telas, talvez a cena que mais recorra à nossa mente seja a de Marilyn Monroe com o vestido branco plissado em “O Pecado Mora ao Lado” (1955) e o vestido dourado em “Os Homens Preferem as Loiras” (1953), este teve diversas cenas censuradas por ser considerado revelador demais. Ambos foram desenhados por Willian Travilla.

O icônico vestido branco frente única de Marilyn Monroe revela a sensualidade das costas da atriz. O vestido dourado que foi censurado nas telas.

Dois modelos frente única: à esquerda Vestido Dior 1963 e página da Vogue de 1953.

Na década de 1960 a peça era comum na subcultura hippie, sendo eles apreciadores de moda artesanal, os modelos em crochê eram muito usados. A frente única aparece também em macacões, especialmente na década de 1970 e se populariza para uso no dia a dia. 

Frente única nas décadas de 1960 e 1970.

Se na década de 1980 o modelo se restringe, em 1990 ocorre sua consagração onde especialmente entre 1994 e 1997 a peça estava presente até mesmo em trajes de gala! Quem lembra das frente únicas de Lady Di, a princesa rebelde (clica pra ler o post sobre ela) escandalizando a realeza britânica?


Frente única na moda jovem da década de 1990. 

Angelina Jolie, Gwen Stefani e Shirley Manson entre fins de 1990 e começo de 2000.

Madonna em campanha para Versace e Dita von Teese inova com uma falsa frente única.

Amy Winehouse em vestido retrô e Lady Gaga, num vestido que
 lembra as proporções de deusa, como na década de 1930.

Com essa breve passagem pela origem da frente única, podemos ver que a peça surgiu associada a lazer, corpo atlético e dias ensolarados. Seu desenvolvimento a leva aos trajes noturnos elegantes e imortaliza com a sensualidade de Marilyn Monroe. Adotada por subculturas como a hippie, a peça se torna cada vez mais um traje do dia a dia, pra todas ocasiões e todas as idades. 

Na coleção Dark Glamour, o foco foi desenvolver uma peça chique e atemporal.
Blusa Dóris, criada em parceria com a loja Dark Fashion

É assim que retornamos à blusa "Dóris" de minha coleção com a loja Dark Fashion: uma peça que une através do tecido em veludo, o glamour dos anos 1930 com a sensualidade das costas nuas e um design atemporal, que nunca sairá de moda. 
Espero que através da história da peça, seja resgatado o lado revolucionário da frente única à respeito das vestimentas femininas! 

Cupom de desconto na Dark Fashion: SUBCULTURAS



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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29 de setembro de 2016

Kate Moss usando peças da SEX e da Let it Rock (lojas Punks de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren)

Em editorial de comemoração aos 25 anos da revista Dazed & Confused, Kate Moss veste roupas das lojas Punks de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren, a SEX e a Let it Rock [veja nosso post sobre as lojas aqui]!

Fiquei muito feliz com o timing, pois acabei de postar sobre as lojas e uma super modelo e uma super publicação aparecem usando as famosas peças que entraram pra história da moda! Assim podemos todos nós ver as roupas punks daquele período sendo usada nos dias de hoje! E não é que são atemporais?

Sendo a maioria das peças da época, podemos ver a estética punk inglesa em seus primórdios. Hoje ao olhar as fotos, aparentam ser looks suaves ou "normais", mas precisamos colocar nossa mente lá no fim dos anos 1970 pra entender que eram visuais rebeldes e inovadores. As peças parecem ser "punk de boutique", e realmente são, pois a estética punk de Vivienne e Malcolm nasceu numa boutique. ;)

Ah, as peças vieram do acervo de um colecionador: Kim Jones, o diretor artístico da menswear da Louis Vuitton!
Atentem para o cat eye, típica maquiagem das meninas punks, em versão atualizada

Minha foto preferida: ela veste a blusa Venus [que citei no post] da Let it Rock
com saia de couro da SEX. Não é incrível pensar que isso é o look punk inicial? :D

Novamente um top da Let it Rock e saia de couro da SEX. 
Notem a meia arrastão, as lojas do casal também vendiam este tipo de peça. 

Kate veste trench-coat Louis Vuitton, mas a saia e o sutiã são da SEX, observem os spikes na borda do sutiã! Pois é, até isso é punk inicial! E os scarpins também são da loja, as primeiras meninas punks usavam esse tipo de calçado. 

Foi bem legal escolherem a Kate pra esse editorial, ela é um ícone da moda britânica e a gente sabe da personalidade rebelde que ela tem! No look abaixo: sutiã, capa e saia, tudo da SEX.


E finalizando com essa foto que a Kate usa um suéter da Louis Vuitton que é praticamente no mesmo estilo dos que Vivienne criou para a Seditionaries e os calçados são da Vivienne também, no já citado post que fizemos, postei um calçado bem semelhante. Afinal, sandálias de salto com studs vestiam os pés das meninas punks da época.



Bom, esse com certeza, pelo valor histórico, já é um de meus editoriais favoritos de todos os tempos! Eu tô praticamente chorando de emoção! Não é todo dia que podemos ver as peças punks originais de Vivienne  e Malcolm estampadas em revistas. Vida longa à estética punk! ♥


Vídeo com a história das lojas:


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9 de março de 2016

"Punk" desconstruindo peças clássicas no desfile de Alexander Wang Fall 2016

Andava com saudade das análises de desfiles mainstream com referências subculturais por aqui, então por hora resolvi voltar a postar. Não falo daquela modinha descartável de lojas de departamento, na verdade, os grandes estilistas estrangeiros estudam muito e tem plena consciência do uso de símbolos subversivos em suas coleções. Acho que sendo um blog que trata com seriedade esse assunto aqui no Brasil, não podemos simplesmente ignorar o fato. E foi pra isso que esse blog nasceu né? Pra mostrar como a estética alternativa é muito mais importante do que muitos julgam, inclusive pessoas da área de Moda que insistem em ignorar a importância social das subculturas e pior ainda, espalham informações erradas por aí. É um tapa na cara dos profissionais da moda brasileira ver que lá fora estão pipocando eventos e exposições sobre subculturas e sua importância e aqui... nada! Continuamos na luta, quem sabe um dia nos reconheçam.

Quando bati o olho neste desfile de Alexander Wang, logo me veio a ideia de que "Chanel se encontrou com o punk"! :D
E sinceramente, eu adorei! Porque Chanel vende aqueles taillerzinhos clássicos, certinhos [tipo isso] e o punk desconstrói a caretice. Sabe aqueles programas de "mude meu look" em que transformam o visual alternativo em visual "normal"? Com esse desfile, dá pra ver que é possível sim um alternativo não eliminar o lado "subversivo" de seus looks, basta usar peças que passem essa mensagem através dos detalhes.


 Clique nas imagens para vê-las maiores.

Sobrancelha descolorida, franjinha curta, colar de correntes... bem punk né? Chamo a atenção para a gargantilha, presente na maioria das modelos, a peça fecha como se fosse um cinto.
Cabelinho ruivo curtíssimo + sobrancelhas descoloridas = ♥ ♥

Me digam se isso não tem um jeitinho de tailler Chanel desconstruído? :)

Aproveito pra fazer uma revelação: eu adooooro esse tecido que é tipo uma lãzinha nesse xadrez preto e branco, mas nunca encontrei peça com esse tecido que eu gostasse pra comprar, só peças "nhém". Mas bati o olho no conjuntinho com minissaia e no vestido e comecei a desejá-los profundamente, não me escapa ao olhar os detalhes em couro(?) com fivelas e argolas e os detalhes de metal. E os coturnos? E a bolsinha preta? Adoro bolsas assim, pequenas e com studs cinza escuro.


Toda punkzinha de blusão de pêlos pretos, franjinha e cara de tédio.

Transparência, saia de pêlos estampada de folhas de Cannabis com fivelinha com argolas; gargantilha e bolsinha preta com studs.

Vocês já devem ter visto lojas alternativas vendendo peças com estampa de cannabis, mas observem que pegada mais glamourosa (rsrs!!) as folhinhas recortadas em renda preta! 

Observem nesse vestidinho preto básico as pequenas argolas que unem os ilhóses abaixo do busto, assim como a corrente que junta parte de cima e de baixo na cintura.


E vamo que vamo que em breve tem mais análises ;)

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16 de outubro de 2012

Dark Glamour: Editoriais!

O "Dark Glamour" que dá subtítulo à este blog se refere à looks mais adultos, que embora mainstream, são adequados ao guarda roupas das mulheres alternativas.

Começo com looks de pesseio. Na segunda foto, a tendência de estampa de cruzes (neste caso, de referências bizantinas) que também está na moda alternativa (aqui e aqui).


Muita classe em peças longas. A tendência de peças transparentes se faz presente na 2º foto.



Tantas vezes já falei aqui no blog da estética fetiche ser amenizada pra ser vendida às massas. Muito couro para os dias mais frios!
Mais referências: Lindas peças em Fashionable Fetish e em Fashion Fetish. Pra refletir: A Incrível Popularização da Moda Fetiche.


Góticas de butique na  Vogue Collections.




As crinolinas desfiladas recentemente (aqui e aqui) estão invadindo os editoriais.


Belas capas! As duas últimas, de referência barroca, tem o mesmo corpete.



11 de março de 2012

Mais Desfiles Outono/Inverno 2012!

O designer Riccardo Tisci, estilista da Givenchy, é conhecido por suas criações que combinam uma estética sinistra com toques de contos de fadas. Na coleção outono-inverno desfilada recentemente, ele apresentou looks com inspiração eqüestre, toques vampíricos em lábios negros e olhos sinistros. Vermelho sangue, peças que lembram camisolas e lenços ou golas altas dramáticas ao redor do pescoço. Tisci sempre tem sucesso quando combina glamour e escuridão.

  

The Blonds:
E aí amigas fãs de heavy metal, futurismo e corridas de carros, o que acharam dos corsets abaixo?


Vivienne Westwood está as voltas com a criação do figurino da peça de teatro "The Man of Mode", uma comédia escrita no ano de 1676. A influência do século XVII e do próprio figurino da peça está obvia nessa coleção, seus já tradicionais corsets e vestidos com saias armadas, estão mais angulosos e com enfeites que dão destaque aos ombros. Suas eternas sandálias de plataforma também estão lá! Aí vai mais uma das frases da Rainha do Punk:

"Olhando para os heróis do passado, eles parecem incríveis em suas roupas. Imagine-os ao vivo em frente de você - você pensaria que está em outro planeta! (...) Nós não podemos repetir (o passado), somos levados pela mudança dos tempos e nossa própria experiência. Quando tentamos imitar, nos encontramo-nos a fazer algo novo. Eu vejo a moda como um propósito, um caminho para as pessoas ficarem maravilhosas."

 
 

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