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28 de maio de 2019

Wendy O. Williams: a mais pesada cantora na história do rock n' roll | Rainha do Shock Rock

A Rainha do Punk Rock, a Rainha do Shock Rock, a Alta Sacerdotisa do Metal. Tantos termos para tentar definir quem foi Wendy O. Williams, talvez deem alguma ideia da dimensão que foi a performance dessa artista que se estivesse viva hoje completaria 70 anos. "Eu amo música pesada e rápida. Eu não sou uma pessoa de fórmula, não faço músicas de fórmula. Sou viciada em adrenalina, um das poucos respiros de sanidade para mim nesse mundo insano".


A forma como se expunha nos palcos escondia uma pessoa tímida e reservada nos bastidores, a cantora não gostava de comentar sobre sua vida pré-Plasmatics, muito porque não tinha boas lembranças de sua infância solitária. Algumas coisas que se sabe era que nasceu na cidade de Rochester, em Nova Iorque, e seu nome era Wendy Orlean Williams. Seu pai era um químico que teve três filhas e desejava que todas tivessem empregos formais, o que contrariou suas expectativas. Em diversas entrevistas, quando perguntavam o porquê de ser assim, Wendy respondia sem hesitar: "Eu simplesmente não me encaixei, não deu certo, tive que quebrar algumas regras".


Aos 15 anos largou tudo, abandonou a escola, pintou o cabelo de loiro, perdeu a virgindade e foi seguir uma vida de hippie na estrada até o oeste americano (chegou a vender colares de miçangas e biquínis de macramê feitos à mão). Depois mudou-se para Europa, rodou por alguns países tendo diversos sub-empregos e voltou à Nova Iorque em 1976, onde descobriu um emprego através de um anúncio no jornal para o Captain Kink's Sex Fantasy Theater. Ela se interessou tanto em participar que foi se encontrar pessoalmente com o criador do show, Rod Swenson, um graduado em Yale com Mestrado em Belas Artes. Além do teatro, Rod tinha outra ideia: queria formar uma banda de rock incomum, desagradável e Wendy se empolgou tanto que queria ser parte disso. Os dois se juntaram ao projeto e também começaram um relacionamento.


The Plasmatics era uma banda que teve seu conceito idealizado e criado por Rod Swenson. Ele era empresário, compunha as letras, tirava as fotos, fazia de tudo, mas o grupo não teria a proporção que teve sem a grande presença carismática de Wendy, tanto que no início Rod pensava em colocar três cantoras, mas ninguém conseguiu acompanhar o ritmo, as outras sumiam diante dela. Em julho de 1978 houve a estreia com Wendy nos vocais, o guitarrista Richie Stotts e o baixista Chosei Funahara e mais alguém que chamaram para assumir a bateria. A repercussão no cenário underground foi imediata, logo a banda seria a que mais lotava shows no CBGB.


Foi só no final de 1980 que o Plasmatics seria conhecido do grande público quando Wendy pulou fora de um Cadillac em movimento que logo explodiu e voou fora do pier 62 em direção ao Rio Hudson. Esse seria um dos momentos emblemáticos e que marcaria a memória das pessoas sobre as apresentações da banda. As performances incríveis de Wendy continham a clássica marretada e destruição de tevês, rádios, carros e guitarras, essa última ela também cortava com uma motosserra ao meio e jogava os pedaços na plateia. O Cadillac era o modelo favorito para explodir e pichar nos palcos. Esses objetos eram alvos preferidos pois simbolizavam a cultura de consumo norte-americana da época, mas não foram os únicos alvos. "Parte do que fazíamos era uma massa de destruição de ícones consumistas, então a gente dava marretada em televisões e os carros escolhíamos os Cadillacs porque eles eram o 'sonho americano'", revelou Rod.


Video clip: The Damned


Wendy era uma rockstar que ia na contramão do que o rock mainstream apresentava nas décadas de 1970 e 80. Enquanto muitos exibiam suas riquezas por meio de suas mansões, carros e até aviões, Wendy era critica ferrenha ao consumismo. Não é que ela fosse contra as pessoas comprarem, o ponto que questionava era os produtos que a sociedade consumia, na maioria das vezes de forma alienada, sem saber os problemas que causavam ao meio ambiente e consequentemente a sua própria saúde, pois há venenos que empurram para a população consumir sem saber a verdade, principalmente em alimentos.

Força física que aguentava nos ombros o guitarrista.

Era comum em entrevistas elogiarem a forma física de Wendy, que iniciou no Plasmatics aos 28 anos de idade. Ela respondia que cuidava sim muito do seu corpo e que por isso tentava ser a mais saudável possível se exercitando e sendo vegetariana desde a adolescência. O fumo e a droga que hora fizeram parte de sua vida, não estavam mais presentes, era proibido até Coca-Cola. Pois é, Wendy fazia todas aquelas loucuras no palco completamente sóbria!




O Estilo de W.O.W
Esteticamente Wendy foi precursora de muitas modas. Quando começou na banda, tinha um cabelo loiro platinado com mechas rosas, pode-se conferir o visual no primeiro álbum 'New Hope for the Wretched'. Dizem que foi depois de Setembro de 1980 que Wendy cortaria seu famoso cabelo moicano, uma de suas maiores marcas registradas. Seria uma das primeiras mulheres a usar o corte, ficando a dúvida se seria antes até de Wattie Buchan, vocalista do The Exploited. Chegou a ter o moicano em duas cores, preto e loiro durante 1981 e 1984. No final do último ano voltaria ao cabelo comprido loiro e com franja, visto na capa de seu álbum solo W.O.W. Ficaria assim até o final da banda e nas raras aparições após o término, os fios estavam cacheados.


O guitarrista Richie Stotts costumava usar saias, inclusive tutu, bem ao estilo punk bailarina.

Já na parte das roupas havia uma questão interessante: Wendy era supersexy, suas peças eram sempre justíssimas, minúsculas, isso quando não estava só de calcinha fio dental e sutiã ou coberta de espuma de barbear. Mas ela tinha uma atitude tão forte no palco, uma presença tão agressiva, que essa sexualidade extrema não a transformava num simples objeto sexual da qual muitas mulheres no rock eram reduzidas nos anos 80, principalmente nos clipes de rock. Em uma entrevista, Wendy disse que o jeito dela se vingar dessa diminuição às mulheres era justamente não colocá-las em seus clipes como modelos e objetos, pelo contrário, nos vídeos do Plasmatics, Wendy era sempre o destaque lutando, fazendo acrobacias audaciosas e esmagando tudo no seu caminho.


Usava cone bra antes de Madonna. Joan Rivers a chamou de
"Joan Crawford num sutiã de torpedo".

Como crítica do consumismo, já naquela época Wendy era adepta do que hoje conhecemos como minimalismo. Segundo uma matéria oitentista à People, ela mal tinha produtos domésticos, nem mesmo telefone. Também não usava vestido e não comprava um novo par de calça havia três anos. "Estou mais interessada em ter um lugar para trabalhar minha voz e corpo do que ter móveis", disse à revista. Apesar da preferência em peças justas e curtas, Wendy dizia gostar de usar o que era confortável. Com influência do punk e do metal, muitas de suas roupas vinham do universo fetichista, amava estampas de animais como onça e zebra, jeans apertado e de cintura baixa, camisetas sem manga mostrando suas tatuagens, uma rebeldia para aqueles tempos, ainda mais vindo de uma mulher! Só não consegui confirmar se as peças de fetiche que usava e as jaquetas eram de couro ou imitação, pois ela era ativista dos animais e não usava maquiagens que faziam testes em bichos.


Os retângulos pretos tapando os seios eram uma forma de provocar a censura, já que Wendy foi presa algumas vezes por 'exposição indecente'. Sempre indo além, em vez das fitas, às vezes usava pasties com spike ou colocava prendedores de roupas nos bicos, ou quando não usava nada, tapava suas partes íntimas com creme de barbear, mas durante o show acabava derretendo, correndo o risco de ir presa por obscenidade.


Em 1981, Wendy foi exatamente presa por obscenidade num show em Milwaukee ao simular masturbação numa marreta. Enquanto era direcionada para a viatura do lado de fora, um policial a assediou sexualmente apalpando suas partes íntimas, o que resultou numa reação de defesa agressiva de Wendy. Nisso, outros policiais chegaram, a jogaram no chão, chutaram seu rosto, quebraram seu nariz e provocaram um corte de doze pontos em sua cabeça. Rod Swenson tentou impedir mas também acabou sendo agredido e Jean Beauvoir, que tocava com a banda na época, sofreu agressões físicas e verbais racistas. O caso repercutiu na imprensa americana, chegaram a ir à Corte e Wendy foi absolvida da acusação. No ano seguinte seria presa novamente pelo mesmo motivo e também absolvida.


Em entrevistas era comum perguntarem à Wendy se ela e a banda provocavam violência pelas atitudes que tinham no palco ao destruir objetos. A cantora respondia questionando que era normal estupro e assassinato no noticiário, mas não era normal quebrar tevês, o que deixava claro como as coisas na sociedade estavam fora de proporção. "Quanto mais você suprime, quanto mais você reprime, tudo o que faz é criar mais violência, no meio desse tédio vem a violência, vem os assassinatos e as reais doenças da sociedade".


Dizem que Wendy não curtiu o filme que atuou em 1986, Reform School Girls. 
Particularmente não gostei também. 


The Plasmatics durou dez anos e durante esse tempo houve a carreira solo de Wendy. O término ocorreu em 1988, trocando de vários músicos e lançando cinco álbuns: New Hope for the Wretched (1980), Beyond The Valley of 1984 (1981), Metal Priestess (1981), Coup d'Etat (1982) e Maggot: The Record (1987). A banda foi pioneira em misturar punk e metal, o que segundo Rod causou desagrado aos primeiros fãs que eram punks. Maggot foi considerado o primeiro Trash Ópera da história. Nesse período também fez parceria com Gene Simmons e outros integrantes do Kiss para seu primeiro disco solo W.O.W e com Lemmy Kilmister junto com Plasmatics no EP 'Stand By Your Man'.

Lemmy e Wendy

O final de vida da Wendy não seria nada bom, com o fim da banda ela se recolheu, ficou antissocial e quase não havia notícias dela, a pessoa mais próxima e quem confiava era Rod Swenson. Ela se sentiu perdida sem o Plasmatics porque foi pela banda que conseguiu se encontrar como pessoa. Mudou-se para Storrs, Connecticut em 1991, e dedicou-se a resgatar e cuidar de animais órfãos e feridos no Quiet Corner Wildlife Center. Estava obcecada pela morte tentando suicídio três vezes: uma em 1993, outra em 1997 e a última em 1998. Acabou falecendo com um tiro na cabeça no bosque onde ficava a casa de Rod, sendo o próprio que encontrou seu corpo. O óbito foi no dia 06 de Abril de 1998, tendo apenas 48 anos de idade.


Apesar da imagem agressiva nos palcos, fãs que tiveram oportunidade de conhecê-la disseram que a artista era supersimpática pessoalmente. Para Wendy, o rock era atitude e isso ela tinha muito, tanto que deixou muito homem rockstar no chinelo, diria até que GG Allin! Uma pena ter falecido tão cedo, e assim como vários outros nomes de mulheres, seu legado na história do rock precisa ser mais reconhecido e lembrado. Tá feita a nossa parte!

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29 de outubro de 2017

4 Bandas assustadoras para ouvir no Halloween!

O Halloween já está aí e não há melhor maneira de comemorar ouvindo músicas que casem com a ocasião! Hoje trago a sugestão de 4 bandas de temáticas assustadoras para vocês se inspirarem e não deixarem a data passar em branco musicalmente:

Ghost
A banda sueca ganhou notoriedade no cenário internacional em 2010 parodiando a Igreja, usando um Papa sombrio acompanhado por clérigos mascarados e sem nome, cantando letras satânicas de arranjos influenciados por bandas como Deep Purple e Black Sabbath. Tudo partiu da convivência do vocalista Papa Emeritus, cujo nome real é Tobias Forge, com sua madrasta religiosa, criando, assim, todo o universo tenebroso que conceitua o Ghost.


A cada álbum de estúdio existe o costume de "trocar" de Papa, tendo cada um sua própria personalidade e inspirados em personagens famosos de filmes de terror – Papa I era o típico senhorzinho assustador inspirado no vampiro Nosferatu; Papa II, inspirado em Frankenstein, era o mais misterioso de todos e Papa III, inspirado em Drácula, o mais dramático e querido pelas fãs.

No último show da turnê Popestar (30/09), Papa Emeritus III foi retirado do palco por seguranças no meio da última música do setlist, Monstrance Clock, e, para a surpresa de todos, um novo Papa apareceu no palco auto intitulando-se Zero.

“Eu sou Papa Emeritus Zero. A festa acabou. A Idade Média começa agora.”
Será mesmo este o novo Papa do Ghost?



Sugestão sonora para o Halloween: Square Hammer





Finntroll

Partindo para o país vizinho, os finlandeses do Finntroll são conhecidos pela pegada folclórica de suas músicas e de suas vestimentas de trolls – criaturas folclóricas que habitam a floresta. O nome veio de uma lenda finlandesa sobre um grupo de padres suecos que teriam ido à Finlândia e foram atacados por uma criatura selvagem, o Finn-Troll.


Na ativa desde 1997, suas letras remetem a lendas em torno do personagem “Rivfader” e seus súditos trolls, muitas vezes lutando contra invasores cristãos – estes geralmente representados pelos personagens Aamund e Kettil. Utilizam elementos do Black e do Folk Metal, principalmente uma espécie de polka finlandesa, a humppa.
Uma curiosidade é que o primeiro vocalista, Katla, preferiu fazer todas as letras em sueco por questões culturais, já que ele fazia parte de uma minoria falante de sueco da Finlândia – além deste também ser considerado um idioma oficial no país e combinar mais com o visual que os membros usam nos shows. Mesmo depois de sua saída da banda, tornou-se uma tradição escrever todas as músicas em sueco.

Sugestão para o Halloween: Under Bergets Rot





The Misfits
Talvez a banda que seja mais a cara do Halloween nesta lista, os americanos do Misfits marcaram a história do rock como percursores do estilo horror punk, influenciando futuramente o psychobilly também. O grupo surgiu em 1977 nos subúrbios de Lodi, New Jersey, e começou tocando no CBGB – casa de shows que foi berço do movimento punk. Seu nome vem do último filme, homônimo, estrelando a atriz Marylin Monroe, enquanto o som e visual dos integrantes teve grande influência da cena punk, filmes B de terror e sci-fi e da década de 1950.


Eles teriam parado em 1983 após a saída do vocalista Glenn Danzig, mas após várias batalhas jurídicas, voltaram em 1995 no comando de Jerry Only. Uma coisa legal é que a banda leva muito a sério o conceito punk do DIY (Do It Yourself, ou “Faça Você Mesmo”): são eles mesmos que fazem desde suas roupas até os instrumentos e amplificadores usados nos shows!

Sugestão para o Halloween: Monster Mash




Marilyn Manson

Chocando o mundo desde 1989, Manson e sua banda fizeram fama pelos sentimentos anti-religiosos e referências a temas polêmicos de suas letras, conquistando uma legião de fãs. O nome do grupo - que adotou o nome Marilyn Manson and The Spooky Kids até 1992 - provém da junção dos nomes da atriz Marilyn Monroe e do assassino Charles Manson, como uma forma de simbolizar a coexistência entre o bem e o mal, sendo este esquema adotado também para a criação dos nomes dos demais integrantes.


O cantor Marilyn Manson já foi comparado a David Bowie devido à sua androginia, sendo este também uma de suas influências.


O visual e as performances grotescas e chocantes fizeram com que se tornasse o alvo favorito de protestos e críticas de conservadores e religiosos, chegando a banda ser acusada de influenciar o massacre na escola Columbine em 1999 através da insinuação de violência em suas letras. Outras polêmicas também recaíram sobre o vocalista e, mais recentemente, o guitarrista Twiggy Ramirez, mas isso não interferiu na popularidade da banda.

Manson também chegou a se aventurar no mundo das Belas Artes como pintor em 1999, começando a expor seus trabalhos ao longo da década de 2000 e tendo uma galeria só sua, a Celebration Corporation Gallery of Fine Art, localizada em Los Angeles. Ele também disponibilizou algumas litogravuras suas para venda no site oficial da banda.


Sugestão para o Halloween: The Beautiful People




Autora: Annah Rodrigues
Estudante de Design, técnica em Multimídia e ilustradora freelancer.
Uma colcha de retalhos ambulante: gosta desde rock e cultura alternativa até coisas de época e animes.
Usa sua introversão e sentimento de (des)encaixe para refletir sobre coisas aleatórias nas horas vagas e desbrava aos pouquinhos a cena alternativa de São Paulo.

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Artigo de Annah Rodrigues em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos.


12 de outubro de 2016

Killstar lança coleção em parceria com Marilyn Manson / Killstar discount code

Se alguns acham que a moda gótica deve se manter o mais tradicional possível, outros enxergam de outra forma, especialmente se estes outros são as pessoas alternativas e criativas que trabalham com Moda.
A Killstar é uma das maiores lojas de moda alternativa/gótica do mundo e ganhou espaço exatamente por saber adaptar a trevosidade aos anseios de consumo da geração jovem atual. E um destes traços é a colaboração da marca com o cantor Marilyn Manson.


Killstar coleção Marilyn Manson

 
No dia 15 deste mês, o músico lança em parceria com a marca uma coleção de 29 peças com seus logotipos, como o de Anti-Christ Superstar e o MM (The Golden Age of Grotesque), que estarão prontinhas pro Halloween. A coleção estará disponível no site da marca e em algumas revendas selecionadas ao redor do mundo.


clothing line

Achei que as peças seguem o estilo da Killstar na questão do design.
O que foi feito foi incluir as estampas do Manson nelas
.


Manson, artista de shock rock, é lendário não apenas por sua persona, mas também por ser um dos principais artistas que nos anos 90 fez o Metal se misturar ao que o gótico tem de melhor: o terror, o grotesco, o obscuro. Ambas as subculturas se encontram num ponto em comum: o adjetivo 'gótico' como uma palavra significando algo sombrio e aterrorizante. Jovens góticos, headbangers e alternativos num geral que não se importam e até apreciavam ultrapassar barreiras de subculturas, são os típicos Spooky Kids. O cantor se destacou na mídia americana na década retrasada quando a moral e os bons costumes falavam mais alto. E logo a seguir ajudou a tirar a ex-namorada Dita von Teese [aqui] do obscuro underground fetichista direto à fama mainstream.



Ao contrário de muitos artistas do meio rock/metal, Manson tem apreço assumido por Moda, aliás será que Manson seria Manson se não tivesse investido em criar uma estética/estilo próprio? O cantor frequenta desfiles e fez campanhas de grifes renomadas como Saint Laurent e Marc Jacobs, e mantém controle sobre sua imagem e estética.




O projeto demorou dois anos pra ser realizado, os fãs de Manson e da estética da Killstar, agradecem!


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http://candycolor.com.br/site/

8 de setembro de 2016

Dark Fashion - Coleção Desire (parte 2) │+ Resenhas

Estou de volta pra falar mais um pouco sobre a coleção lançada em junho pela Dark Fashion, chamada Desire e inspirada em coleções antigas da própria marca.

Na parte 1 (clique aqui) de análise da coleção, falei sobre alguns vestidos e peças mais "urbanas". Nesta seleção, vou apresentar peças mais sofisticadas, elaboradas e com design, mostrando a versatilidade da marca que consegue criar pra diversas situações e estilos.
A marca faz tamanhos padronizados do PP ao EGGG, mas se não encontrar seu tamanho, basta pedir pra fazer as peças sob medida. Não esquecendo que existe um prazo pra confecção das peças além do prazo de envio. ;)


Análise das peças:
O Vestido 5085 é num estilão Romantic Goth, que lembra os vestidos medievais pelo caimento, mangas e decotes. Esse é pras princesas góticas, dramáticas,  sofisticadas e acredito que deva ficar lin-do em editoriais fotográficos.



Seguindo a  linha "medieval" mas numa versão simplificada do vestido acima, tem o vestido 5086, mais curto. Este sim de uso mais urbano,  mas não menos elegante. Como as outras peças, pode ser feito nas cores roxa e vermelha além do preto. Adoro o decote quadrado com o detalhe em renda!


E agora mais dois exemplos de vestidos com versões semelhantes.
Começo com o lindo vestido 5071 em veludo, com modelagem que também lembra a moda medieval no decote e mangas. O veludo negro na história da moda tinha apelo da riqueza e elegância... Considero a peça chique e ao mesmo tempo exala muita personalidade de quem vir a usá-la.



Pra quem acha que veludo é "demais" ou mora num local que não permite o uso do tecido (climas amenos/frio), existe a versão em Broderie, uma espécie de algodão com furinhos que formam desenhos. É o vestido 5078. Ele é igualmente lindo, chique e elegante, mas bem mais urbano e usável. Os furinhos ajudam a ser fresco e o forro localizado na frente e abaixo da cintura, nas costas, deixam aquele ar de mistério. Notem que na barra, o forro é um pouco mais curto, revelando discretamente um pouco mais das pernas.




O comprimento dos vestidos é uma altura que fica aproximadamente um palmo acima dos joelhos. Uma amostra da maturidade da marca, já que nem tudo que é "alternativo" precisa ser curtíssimo. Quando uma roupa é muito curta, limita-se o uso da peça apenas ao lazer, com comprimentos menos curtos, a possibilidade de situações a ser usada aumenta. Caso você deseje um comprimentos diferentes é pedir uma alteração.  :)

Aproveitando que esse post é sobre rendas e sofisticação, agora vou falar do vestido 5060 que é aquele vestido "pau pra toda obra" haha! Simples, confortável, elegante e versátil! Flerta com o urbano no uso das cores e ao mesmo tempo vai do trabalho ao jantar, do passeio à festinha... Não preciso dizer que é super a cara do nosso verão.

Leve e solto, pronta pro calor / com corpete da marca
Resenha do Corpete [aqui]


Detalhes:



Finalizando com a blusa 2502 igualmente maravilhosa e muito, mas muito macia. Esqueçam aquelas blusas de renda que pinicam e que às vezes a gente até paga caro... essa é tão suave que nem dá pra sentir que está usando, por isso acredito na questão custo-benefício dela. E uma dica importante: vejam sempre as instruções de lavagem que a marca manda junto com cada produto. No caso de peças assim, com elastano, de forma nenhuma use amaciante. O amaciante deixa as fibras mais elásticas deformando, soltando ou arrebentando os fios, então: super importante saber cuidar pra durar!



 * pro dia a dia é só usar com regata de alcinha por baixo 
ou colocar outra blusa por cima *
saia @queen of darkness


Mas a Dark Fashion tá sempre surpreendendo e já lançou novidades dias atrás! Tem algumas peças novas no site, inclusive edições limitadas. E mais duas coisas legais: 
1. a marca está trocando a malha de algodão natural (que desbotava) por uma malha body fit que não marca (em leggings, saias e blusas), essa troca está acontecendo aos poucos. Exemplo: esta calça.
2. Num posicionamento de menos desperdício, está usando os próprios resíduos têxteis pra criar detalhes nas peças novas. Exemplo: esta blusa.
Legal né?
As marcas alternativas nacionais reformulando seus métodos de trabalho só nos dão mais orgulho! E a Dark Fashion continua sendo uma das nossas marcas do coração!!

E vocês, gostaram das peças, tem ou querem ter alguma delas? 
Conta pra gente! :D

* Leia também: Entrevista com Nívia, dona da Dark Fashion 



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5 de fevereiro de 2016

Os recentes casos de racismo, machismo e intolerância no Heavy Metal

Durante toda essa semana muito se falou do caso de racismo protagonizado por Phil Anselmo. Seu gesto remete ao chamado White Power, que não é só racista com negros, é xenófobo, anti-semita e no Brasil engloba preconceito à nordestinos, punks e LGBT's.

Sites têm feito ótimos artigos sobre o caso, que me fez lembrar do porquê me identifiquei com o mundo do Rock: foi por causa de seu viés transgressor, um espaço onde o establishment era contestado e questionado. Um lugar onde se questionava a cultura dominante. Mas parece que algumas pessoas estão na cena alternativa, se declaram fãs de rock, mas não questionam nada, apenas reproduzem padrões, conceitos retrógrados e pensamentos prontos. Perderam a rebeldia. Essa é uma palavra aliás, que nem se ouve mais, ficou guardada na gavetinha dos anos 90.

João Gordo, do Ratos de Porão, que "deixou de ser punk" em 1986 devido à misturas sonoras em sua banda, recentemente declarou para o site G1 que "moleques seduzidos pela direita ficam nesse discurso de 'nazi papagaio', que tudo o que escuta ou lê na internet, pega e compartilha. A visão do brasileiro comum hoje em dia é a visão de um cara racista, nazista, intransigente e ignorante. E sem escolas fica mais complicado". Essa frase do Gordo é forte e polêmica, mas ele é o tipo de artista que há anos combate fascismo, racismo e preconceito abertamente. Uma atitude de permanecer fiel ao viés contestador e transgressor do rock, traços que as recentes gerações, ao se tornarem conservadoras, perdem. Pois não há como ser conservador e transgressor ao mesmo tempo. O conservador defende o status quo, e se uma pessoa dentro da cena rock está defendendo o status quo, se torna apenas um "papagaio" do pensamento de massa.

A one woman band Amalie Bruun, responsável pela banda Myrkur, que faz um som black metal atmosférico também sofreu intolerância recentemente. A artista, que canta, toca guitarra e baixo nas gravações e não usa corpse paint tem relatado experiências sexistas e recebido ameaças de morte de algumas pessoas que acham que o que ela faz não se encaixa no "extreme black metal". Fiquei pensando o quão incômodo não é para pessoas extremas e elitista, que uma mulher componha, toque todos os instrumentos de uma banda e misture sonoridades?  Eles a veem como uma afronta ao ponto de ameaçá-la de morte? Até que ponto está indo a intolerância pela liberdade artística dos que fogem aos padrões? A linha conservadora do Heavy Metal se incomoda com inovações sonoras, como não esquecer das tretas com o “nu metal”? Artistas destas bandas costumam ser chamados de “modinha”, “posers” e até mesmo de “viados” (!!)...


Fonte: MONDO Muerto

Unindo machismo, racismo e intolerância, decidi abrir espaço pra duas blogueiras alternativas que acompanho, a Gabriela e a Marcela. Elas costumam também postar textos críticos em seus blogs e já frequentaram a cena rock/metal. Seguem seus depoimentos sobre intolerância:


Gabriela, autora do blog Madessy
"Às vezes me sinto um pouco deslocada em meio a cena. Parece que ser negro e ouvir metal é um problema. Não dá para ser o dois ao mesmo tempo. Quando você diz que ouve metal para um branco, ele se assusta com a afirmativa e chega até duvidar dos seus gostos, como questionar a minha camiseta de banda, por exemplo. Ou melhor, solta aquela clássica "nossa, mas você tem cara que ouve um pagode". Agora se você diz a mesma coisa para outro negro, ele diz que você deveria escutar algum estilo musical que fosse da "cultura negra". Mas o que dói é lembrar que essas pessoas mal sabem que o Rock está inserido na cultura negra. Se hoje existe o heavy metal e todas as suas ramificações, agradeçam aos negros do blues e deixem de achar que o Rock foi feito pelos Beatles ou por Elvis Presley. Sabemos que muito das inspirações de grandes nomes do heavy metal provem de artistas negros que não tiveram o mesmo reconhecimento. É triste ter que afirmar isso o tempo todo. As pessoas tem que aprender que o rock tem suas raízes negras e que nada o mudará. Portanto, quando alguém quer questionar meu gosto musical, mando abrir um livro ou pelo menos dar uma pesquisada na internet sobre música. Simples assim.

Sobre a cena se tornar cada vez mais preconceituosa, percebo que muita gente está se inserindo neste meio sem entender muito bem qual é o seu significado. As pessoas não entendem que a "cena alternativa" tem esse nome não pela estética em si, não é só visual que conta, você também tem que pensar diferente e agir diferente. As cenas alternativas possuem uma visão vanguardista do mundo em geral. Se você se veste como um headbanger, todo no visu, mas tua cabeça é tipo daqueles velhos conservadores chatos, de que adianta fazer tudo isso? Você soa contraditório."

Marcela Ziemer, autora do blog Cinderela Smile
“É um assunto muito delicado, mas que não deveria ser, e que as atitudes que envolvem tal assunto jamais sejam abafadas. Comecei a frequentar a cena aos 15 anos, sou de uma cidade do interior conservadora. No começo não notei como era bastante elitista, machista e atrasada, até que aos 16 anos conheci um S.H.A.R.P. que me explicou como as coisas funcionavam. Vi como as pessoas se comportavam, e não compreendia do porque de tais posturas e posicionamentos, ninguém dizia nada, ninguém se projetava contra.
Aos 18 anos comecei a frequentar um local na cidade, reduto de nacionalistas, alguns me tratavam bem, outros me aturavam por conta da minha amiga, que era do padrão estético ideal no qual estes idolatravam. Ouvia coisas do tipo ''Ah você tem o rosto muito bonito, mas pena que você é Negra" ou "Sou racista mesmo, só converso com você por conta dos seus traços Europeus (?) e porque você é uma negra inteligente." Fora que na mesma época fui seguida na rua por um careca. Daí eu lhes pergunto: Porque diabos ainda ficamos quietos diante de tal postura? Não é algo que está correto.


O fato que ocorreu dias atrás, não diz respeito apenas sobre um movimento de supremacia racial, mas também ao assassinato de milhões de pessoas. Chacinas cometidas por um ideal confuso, que muitos romantizam. Muitos que ''apoiavam'' (assistam documentários sobre,é interessante) e faziam tal gesto naquela época, era pelo medo de ser morto, e não por apoiar seu amado ditador. Não podemos nos deixar levar por tal posicionamento, por conta do status de quem o fez e medo de repreensão. Ninguém merece morrer ou ser ofendido por ter determinada genética, eu sinceramente acho estúpida essa divisão de raças. Nem que seja ''uma piada interna'', não há graça em tal atitude mesquinha, e maquiar o racismo usando ''brincadeira'' como desculpa, é idiota.


Muitos reclamam que a cena aqui no Brasil anda morrendo, mas os poucos que possuem uma postura coerente são retalhados, e admito que parei de frequentar muitos lugares por conta disso, e sinceramente porque tenho medo. Não apoio muitas posturas de militantes chamados ''Africanistas'', mas também não apoio o que acontece na cena Metal, pois ouvi e presenciei coisas desagradáveis só pelo simples fato de'u eu ser negra. Não era por conta de'u ser magrela ou pouco atraente, mas era bem explicito que era por causa da cor da minha pele. Enquanto muitos deixarem passar e tratar isso como ''liberdade de expressão'', a impunidade vai reinar e o preconceito e intolerância vão permanecer. E para quem apoia tal conduta ultrapassada, não é porque as mulheres que abrem a boca para opinar são feias, invejosas e mal comidas, e muito menos os rapazes são gays ou virgens, nem tudo gira em torno da sexualidade! Mas quem abre a boca para opinar, está cansado de ser vitima, seja diretamente ou apenas como testemunha de tais atitudes toscas e imaturas."


Acho fundamental desconstruir o preconceito que negros não podem ser parte ou ouvir Metal. Seja pela origem negra do Rock, seja pela livre escolha da pessoas ouvirem o que ela se identifica. Lembrei dessas falas do Katon W. De Pena, vocalista da banda Hirax que diz que não ver negros na cena pode ser intimidador, mas ele ia aos shows de metal e encontrava desajustados como ele. Também já postamos sobre os Headbangers de Botswana, vale a pena a leitura, a história deles é incrível!! E pras meninas se inspirarem, tem Alexis Brown da banda Straight Line Stitich. Go Girls, Rock on!!

 



Concluindo
Surpreendentemente houve repercussão do caso Phil Anselmo entre os artistas, pois vivemos uma era em que artistas andam silenciosos, sendo comum a gente não saber o que alguém que a gente admira realmente pensa sobre as coisas.
Sabemos que nossos ídolos não são de pedra. São humanos com suas próprias histórias de vida, algumas vezes bem complicadas, vindas de lares violentos ou famílias desfeitas, suas vivências os levaram a visão de mundo um pouco mais obscura. Não podemos depositar toda nossa energia neles assim como não devemos seguir ao pé da letra o que eles fazem/dizem. Tirar os artistas de um pedestal é necessário. É difícil fazer isso, mas torna mais fácil uma abertura ao debate já que nossa mente não fica cegada pela idolatria.

Seria bom se finalmente a cena Heavy Metal começasse a reconhecer e falar de seus tabus, já que sempre houve uma negação destes temas. Há tanta coisa boa que o Heavy Metal trás aos seus ouvintes - como vemos no ótimo documentário Global Metal de Sam Dunn - que seria uma pena calar-se de novo e não colocar o dedo nestas feridas. Chega a ser louco como um estilo musical que canta tanto sobre guerras não quer falar sobre suas próprias guerras internas, e talvez o HM precise morrer de forma bem Gore/Deathgrind pra voltar atualizado com o século XXI. Um "nu (novo) metal" literalmente!


O documentário Global Metal mostra como o gênero se tornou mundial
sendo possível unir
diferentes religiões, raças e etnias.




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