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9 de outubro de 2024

Chegamos ao fim de uma era! Aniversário: 15 anos de Moda de Subculturas

Hoje completam-se 15 anos do Moda de Subculturas e eu posso dizer com toda certeza que esse é o post final. 


Esse é o final de uma era, de uma época.


Não saiam daqui, não deixe de ler e reler. 


Há um novo caminho a percorrer. 


Imagem feita por IA para o Moda de Subculturas


Uma breve mensagem dos 15 anos de blog:

Nos últimos anos pensei muito no que subculturas, tribos urbanas e moda alternativa significavam e percebi como a geração atual, criada em telas, soa tão distante dos tempos em que andar em grupo ou conviver fisicamente com pessoas era o espaço de identificação, de criação estética e também de acolhimento.

Hoje, as estéticas das subculturas tradicionais permanecem firmes, um ou outro estilo de tribo urbana mais duradouro dá as caras, mas a maioria dos estilos que surgem na internet já não provocam o impacto social de subculturas e tribos anteriores. Na verdade, vários deles não promovem impacto algum.

Peguemos como exemplo o Scene, que foi pioneira subcultura surgida na internet mas que existia também fora dela. Os estilos atuais, por muitas vezes, existem apenas na internet. Várias pessoas o adotam, mas essas pessoas não tem contato entre si na vida real, cada uma está em seu espaço, cidade, país. Isoladas uma das outras em boa parte das vezes.

Há mais de uma década fui pioneira ao abordar no Brasil a cooptação da moda alternativa pelo mainstream e a relação entre estes dois mercados, já suspeitava que um dos resultados seria a amenização extrema dos estilos alternativos e da rebeldia e ousadia dos jovens. Foi isso mesmo que aconteceu: massificação e identidades alinhadas ao capitalismo com zero questionamento de opressões históricas.

Uma outra coisa que me chama a atenção na nova geração de meninas/jovens alternativas é o desinteresse em questionar a feminilidade. Tão presente em algumas subculturas/tribos anteriores. Qualquer tipo de questionamento gera incômodos no nível pessoal. Não compreendem que a crítica a feminilidade não é pessoal, e sim uma crítica à estrutura.

Imagem feita por IA para o Moda de Subculturas

Jovens com potencial de rebeldia crítica - mesmo que de forma ainda superficial, não decidem ir para as subculturas tradicionais críticas ao sistema, acabam caindo no grande guarda-chuvas Queer. Esses jovens possuem um comportamento e estilo característico, mas por algum outro motivo ainda em estudo, é muito difícil conversar com esse grupo, pois tudo que contraria a ideologia cai em "opressão", "preconceito", "branco opressor", "fascista", "negacionista", "conservador", acusações rasas e na maioria das vezes sem historicidade alguma. São apenas frases de impacto. Se tornou de tal forma agressivamente ideológico que esses jovens, ainda em maturação, não conseguem lidar com o contraditório - algo que outras subculturas e tribos se viravam bem e encontravam saídas criativas, menos acusatórias, menos vitimistas e combativas não por via da agressividade mas por via de proposições.

Para além disso, tivemos nos stories do Instagram aquela conversa sobre moda alternativa em que usei um ótimo post da loja Reversa como referência. Não descarto escrever sobre os comentários interessantíssimo daquela postagem da Reversa como postagem final desta era.

Outra coisa: vocês devem ter notado que algumas páginas do blog estão quebradas. Caso isso aconteça usem a lupa aqui do blog ou escrevam no google: "moda de subculturas + o assunto que você procura", certeza que encontrará o post que busca.

E por fim, gostaria de lembrar que temos dois zines à venda no site Hotmart. Eles são zines impressos vem com dois marcadores de páginas como brinde e serão entregues na sua casa. Se você gosta do conteúdo produzido aqui considere adquirir - já conversamos sobre isso nos stories do Instagram, lembram?


Me despeço por aqui. Ainda tenho muito a dizer mas me questiono quem ainda está disposto a ler nesta era de poucos caracteres e informações mastigadas.

Assinado: Sana


Links no Hotmart: 






Quer saber mais sobre cada um dos zines? Clica AQUI


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A imagem de aniversário foi feita por IA. A curadoria e as montagens de imagens são feitas pelas autoras baseadas no contexto dos textos. Clique aqui e leia o tópico "Sobre o Conteúdo" nos Termos de Uso do blog para ficar ciente do uso correto deste site. 

9 de outubro de 2023

Comfy-Goth? Tudo virou um grande mercadão gótico? Parte da cultura alternativa se tornou um puxadinho neoliberal do mainstream? Pasme: são 14 anos de Moda de Subculturas!

Hoje o blog completa quatorze anos!
Quem aqui segue desde o começo? 😃

Se você chegou agora, seja bem vinda!! 
Se você não conhece a história do blog - que surgiu de uma comunidade do Orkut, te recomendo ler esse post, tá tudo explicadinho lá! [Subculturas e Estilo, a história que me trouxe até aqui]

Em determinado momento destes 14 anos o Moda de Subculturas passou a ser escrito por duas mulheres, não apenas uma. Porque quem causa separadas causa juntas também!

Ainda temos MUITA coisa a contar sobre subculturas, tribos e estilos alternativos, mas porque tudo anda tão lento por aqui??

Antes dessa pseudo-pausa com postagens super esporádicas, eu tinha tempo para pesquisar e escrever. Hoje estou terminando a segunda graduação! Quem estuda em universidade pública sabe como é ter de dar conta das leituras e fazer os trabalhos acadêmicos.

Se vocês estão mais velhas e querem estudar algo que gostam e tem essa possibilidade: estudem! Não pensem que estão velhas demais pra entrar pra uma universidade após os 30 ou 40 anos. Mulheres tem direito ao estudo há pouco mais de 100 anos no Brasil, a intelectualidade não era nosso direito, nosso lugar era o da submissão.

No primeiro dia de aula na universidade a professora disse: na medida que vocês se intelectualizarem, vão brigar com todo mundo. Vocês vão incomodar as pessoas, romper amizades, brigar com a família, porque o conhecimento transforma. Me dediquei a estudar matérias dos cursos de História, Antropologia, Ciências Sociais, Filosofia, Museologia, Ciências Econômicas, Relações Internacionais, Teoria Feminista e algumas outros cursos livres, fiz cursos de extensão e BUM! O que a professora disse se concretizou.

Esses últimos anos de (quase) ausência de conteúdo tem essa justificativa: depois de tanto estudo em tantas áreas complementares, eu finalmente acho que entendi muitas coisas do mundo! Entendi o que me incomodava. Entendi onde as subculturas e tribos urbanas se encaixam. Tanta coisa mudou apenas por eu ter estudado a fundo algumas questões, indo na origem! JOGUEI FORA muito do que não era meu. Tudo que eu estava reproduzindo por uma influência superficial. 

Na biblioteca sendo uma bibliófila alternativa.

Em 2020 eu estava QUASE virando adepta de peças retrôs mais sofisticadas mesmo eu NUNCA tendo me identificado 100% com o retrô por ter como referência estética a mulher conservadora submissa da década de 1950 (eu sempre fui mais para a rocker daquela década). Eu sei que existe o lema “seja retrô não seja retrógrada” - que concordo completamente! Mas na medida em que fui lendo sobre essa época percebi que não há mesmo como separar as coisas, não existe isso de ressignificar e descontruir, são falácias - tenta-se, mas a origem real sempre volta, é a raiz! Por isso tantos conservadores(as) estão inseridas nesta subcultura. Não é a toa, é a origem. É a história.

Eu estava tentando me encaixar num modelo estético associado a “mulheres adultas”, “mais velhas” e “femininas”. Eu era naquele momento uma “mulher adulta, mais velha e feminina”. Eu não queria usar minhas peças super góticas porque estava cansada de pensarem que eu tinha 20 anos. E as peças “adultas” da subcultura gótica são sensuais demais (nunca gostei de ser sensual) ou com volumes incompatíveis com certas atividades. Eu precisava de um estilo que representasse minha fase de vida. E daí no meio desse processo profundo de intelectualidade, questionamentos e auto reflexão, resgatei quem eu era antes de ser tão influenciada. E quem eu era na verdade eu sempre fui: a mulher que gosta de estilo & conforto.

Ao invés de peças justas e passos trêmulos no saltão de verniz, eu entendi que prefiro roupas confortáveis e estilosas que deixem meu corpo livre. E sim - continuo achando lindo o estilo vinil/verniz, mas percebi que não tem a ver comigo interpretar uma personagem sexy. E bom, quem viu a coleção Dark Glamour que lancei com a Dark Fashion, já percebeu ali algumas roupas confortáveis e atemporais [ se você não viu clica aqui pra ver as fotos: Dark Fashion - Dark Glamour]. Nesse processo se revelou pra mim a dificuldade em encontrar peças alternativas que aliam o diferente/criativo com o conforto.

Adotei o hábito de observar as mulheres nas ruas e percebi que no dia a dia as roupas que elas preferem para fazer atividades diárias diversas são peças confortáveis, relaxadas, que permitem mobilidade. Mesmo as moças visivelmente alternativas escolhem peças confortáveis nestes casos.

Sempre vejo uma galera de Tóquio usando peças confortáveis ESTILOSÍSSIMAS e fico só pensando quando a gente finalmente vai ter essas opções... pra mim não tem essa de a peça não ficar "de subcultura" o suficiente, pois quem faz isso somos nós, com nossa criatividade.


Ignore o calçado da foto, o papo é sobre roupas confortáveis!
Podemos falar de calçados em outro momento.

O que realmente não permite a criação de peças confortáveis para as mulheres são ideias estereotipadas sobre o que é ser mulher. Além disso, a moda alternativa feminina (não somente no Brasil), reproduz conceitos muito idealizados sobre as mulheres e o estilo de vida que devem ter.

Tempos atrás fiz uma sequencia de stories e caixinha de perguntas e respostas no Instagram do blog, era sobre roupas soltas e "sobras de tecido". Dei vários exemplos de looks criativos e confortáveis! Até adotei um nome pro estilo que está faltando no Brasil: Comfy Goth! XD 

Story de março de 2023 no Insta do blog.


Também acho que hoje as lojas alternativas viraram UM GRANDE MERCADÃO GÓTICO. Se você quer algo estiloso fora disso, você não encontra (e sim eu AMO moda gótica, mas não sou tapada) ou melhor, encontra em loja de departamento. E se você não curte elementos fetichistas então: se ferrou. Você tem que ser a deusa plataformada no verniz vinil látex amarração brilhosa, mas espera! você também tem que ser aquela bruxa fada gótica esvoaçante! Ou a justíssima garota sexy do heavy metal! Os estereótipos permanecem porque a cultura do estereótipo permanece sendo ensinada para as gerações seguintes de mulheres alternativas.

Será que ser sexy bruxa fada trevosa no látex é só o que as mulheres alternativas podem ser? E todos aqueles estilos tão diversos que haviam nos anos 1990-2000 e todos aqueles estilos interessantes que apareceram no período da pandemia e parece que ficaram só no virtual?

Várias vão discordar de mim dizendo que está tudo ótimo. Normal, opinião cada uma tem a sua. Apenas lembro que todas nós, mulheres, somos condicionadas desde muito pequenas a aceitar o mínimo, a aceitar situações desconfortáveis fingindo que está tudo bem, a ter medo de abrir a boca e ficar vista como malvada, chata, de sermos excluídas do grupinho... Mulheres são educadas para a submissão e ao não questionamento, a agradar sempre e não ser "grosseira" - aqui entende-se por ser assertiva. Eu não tenho medo disso. Não tenho medo de ser sua malvada favorita.

O mais difícil desse meio da blogueiragem e mídias sociais é manter um pensamento autônomo, não se tornar um robozinho que replica o que os outros falam ou o que eles querem ouvir. E às vezes quando você não segue o pensamento único que todo mundo replica, vira "a chata" do rolê. Ser influencer hypada na internet pode significar se vender e às vezes até ludibriar os seguidores. Só que eu tenho uma ética pessoal e vivo a partir dela. 

Você não pode ser aberta ao questionamento se você se torna uma hiper influenciadora, pois o contexto desta atividade é o modelo mainstream. Isso fica evidente na medida em que mais meninas alternativas ao redor do mundo se tornam influencers: o tom delas muda, o personagem se sofistica, o questionamento, o pensamento crítico, o jeitão desafiador vai pra baixo do tapete, algumas ficam soando como bobocas, outras adotam o papel de burrinha ou a acolhedora de todos os oprimidos, outras viram a eterna garota sexy, outras se assemelham a influencers mainstream sustentando discursos elitistas, ostentando uma falsa burguesia, porém com roupas pretas. E você sabendo que elas não são realmente aquilo que mostram, que fazem porque precisam manter a influência. Sem exercer toda autenticidade e a potencialidade intelectual que são capazes ao se adaptarem ao sistema de mercado reproduzindo os estereótipos.

Isso quando não aparecem as especialistas em discursos esquerdistas rasos copiados de influenciadores YouTubers. Parte da cultura alternativa se tornou um puxadinho neo/liberal do mainstream, progressistas liberais e pós modernos que juram ser esquerda radical numa bagunça ideológica sem precedentes. Dizem serem fãs de Marx, mas não identificam a presença do materialismo histórico nas minhas análises de moda alternativa, criticando-as.

A consciência de tudo isso me vez ver muita coisa de outra forma. Ver as subculturas, as modas alternativas com olhar mais afiado. Tanto mudou de 2020 para cá e mudou de forma tão profunda que EU AINDA NÃO CONSEGUI transformar essa mudança em textos. Sentar e escrever. São muitas coisas fervendo o cérebro. Quase como “iluminações”.

A faculdade de moda nunca me ensinou a pensar! O que estudei em moda era muito interessante, mas não provocava incômodo, pelo contrário, colocava o incômodo na curiosidade, nas “bizarrices” risíveis.

Subculturas e tribos influenciam a história da moda e são influenciadas por ela, assim como influenciam e são influenciadas pela moda mainstream. Mas as coisas que eu aprendi nestes últimos anos complexificam tanto essas questões que está difícil pra mim elaborar o pensamento complexo de forma simplificada.

O maior legado do blog nestes anos todos, acho que o principal, foi tratar a moda alternativa com seriedade, sempre respeitando a história das mais diferentes tribos, subculturas e estilos, mesmo daquelas que não tenho a mínima identificação e/ou que são problemáticas. E nunca tratar as seguidoras como trouxas influenciáveis, incapazes de pensar por si. Sempre considerei minhas seguidoras super espertas e inteligentes!

Parando por aqui nesta cartinha de aniversário, senão vira um livro!
Podem comentar o que quiserem!
Sana




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12 de dezembro de 2020

Por que sumimos em 2020? Vem saber as respostas!



O ano de 2020 foi atípico em todos os sentidos, inclusive aqui no blog. 


Por que sumimos em 2020? Por que 'pausamos' o blog?




Em 2019 comemoramos 10 anos de blog. O trabalho de produção de conteúdo de 3 zines (físico e digital) e uma revista digital com 104 páginas, um projeto de financiamento na Vakinha e o envio do material aos apoiadores foi um processo superexaustivo (embora prazeroso!) pois fizemos tudo sozinhas na base do do it yourself - faça você mesma - e tudo 100% desenvolvido por mulheres (autoras, ilustradoras e colaboradoras), feito na raça, na vontade, sem conhecimento prévio, errando e acertando.

Produzir conteúdo não é fácil, o processo de pesquisa, de seleção de informações (tínhamos limites de páginas), de cessão de imagens, duraram o ano inteiro e não paramos o blog, mas diminuímos a frequência. Além disso, vínhamos atualizando o blog incessantemente por 10 anos. Assim que todo o material foi enviado,  pensávamos em uma só coisa: 


Tirar um ano 'de férias' do blog!
 

E assim o fizemos! 

Em março deste ano chegou a pandemia. Uma situação terrível que ainda vivemos e parece longe de finalizar! Além de termos de nos proteger usando máscaras, manter o distanciamento social, tem também a questão de manter a saúde mental pelos hábitos terem mudado tão repentinamente.


Hoje com as redes sociais, pessoas se ocupam de pessoas. São horas e horas vendo fotos, vídeos, dando likes ou acompanhando postagens de outrem. Se ocupar de pessoas não é novidade, sem dúvida a vida virtual tirou de nós a presença nas ruas, a conversa face a face. Vivemos em cidades que são propositalmente construídas para carros e não para pedestres, poucas praças, poucos espaços públicos pra se reunir. O motivo é óbvio, não é interessante para os governos que pessoas se reúnam, pois pessoas juntas, conversando trocam ideias. E ideias podem ser motes de mudança de atitude e pensamento, podem ser revolucionárias. Manter cidades para carros e não para que pessoas se encontrem nos  espaços públicos é um projeto político. E nestas horas a internet faz a função que o encontro nas ruas não faz. Especialmente com a pandemia.


Percebemos que assim que iniciou a pandemia, perfis começaram a produzir conteúdo sem parar, com a alegação que agora as pessoas que estariam em casa precisariam de algo pra ver/ler. Em poucos dias foi notável o saturamento de postagens, lives, sob o argumento de 'ser produtivo', porém se tornou impossível de acompanhar sem que ficássemos horas logadas, mesmo que selecionássemos só os perfis preferidos. E estas longas horas logadas favorecem os bilionários donos das mídias sociais e desfavorecem a saúde física e mental das pessoas que logo ficariam com suas mentes estressadas de tanta informação.


Optamos por não entrar nessa onda, a pandemia é pra nós um assunto seríssimo que exige reflexão e  uma oportunidade de rever velhos hábitos, não é um momento para jogar milhares de conteúdos numa sociedade já saturada, viciada e doente também por visibilidade.


A mente precisa de seus momentos de silêncio, tédio e reflexão, para que se desenvolva também o senso crítico na medida em que as informações adquiridas são processadas.


Estamos onde estamos 

Essa nossa ausência pode ter feito alguns pensarem que o blog acabou, que entramos em decadência, ou que "estamos onde estamos: na pior".  


Mas a questão é bem mais simples: desconectar é necessário numa era de estímulo excessivo, de exigência de interação sem pausas.


O blog em 2020 confirmou-nos que tem seu lugar garantido na web, mesmo sem postagens novas se manteve com milhares de acessos mensais, o que nos impressionou! Recebendo novos leitores (as gerações mudam) e novas visitas. Além das pessoas que voltam pra reler ou consultar. Considerando que não temos Youtube, nem Podcast e nosso Facebook e Instagram também diminuíram drasticamente o ritmo em 2020, é um feito que impressiona a nós e mostra como ainda é importante ter um espaço informativo que ofereça conteúdo acessível a todos.


Há quem critique blogueiras e influenciadoras digitais por só produzirmos conteúdo na web (não-físico). O que tenho a dizer é que todas são relevantes sim! É mais do que certo que o que é desenvolvido na web se espalha tanto que chega muito longe, em lugares e pessoas inimagináveis, indo muito além de muros limitantes de casas, escolas e universidades/academia. Ter blog e/ou ser influenciadora digital é colocar em prática o conhecimento de forma pública, à todos. Uma atitude super 'socialista': compartilhar com todos o que se sabe e construir juntos o conhecimento.


Nós prezamos por liberdade intelectual, pensamento autônomo, por isso gostamos de manter um blog: para postarmos o que quisermos, sem amarras. Como Clarice Lispector muito bem fala neste vídeo, acreditamos que a escrita não pode ser forçada, uma obrigação, um cumprimento de metas, a escrita é liberdade. E liberdade é autonomia. Autonomia, já dizia Kant, é termos nossas próprias escolhas através de nossos próprios pensamentos.


Em nossa ausência em 2020 me dediquei a ler e aprender cada vez mais dos assuntos diversos que me interessam: da filosofia ao feminismo, de história política à música, de história à museologia, buscando cada vez mais a autonomia de pensamento e a descolonização - esta talvez o conhecimento mais marcante do ano, ter orgulho de ter nascido na América Latina e cada vez mais exercitar o pensamento crítico sobre o Europeu e Norte Americano que tanto colonizam e imperializam nossas mentes. O ano foi por demais ativo intelectualmente. 


Em 2020 comecei a seguir no Instagram perfis associados aos temas acima, mantendo contato com novos conhecimentos fora da Moda e da aparência. E todos esses temas, embora pareçam não ter nada a ver, tem super a ver com o conteúdo do blog! As conexões mentais feitas durante o aprendizado, serão úteis para aprimorar nosso conteúdo.


Se aprofundar no feminismo fez-me aprofundar na forma como a moda e cultura alternativa está afundada em machismo, misoginia e opressão de gênero. Nós mulheres das cenas alts reproduzimos sem perceber, algumas vezes seduzidas pelo 'biscoito', 'lacração' e 'close' em estéticas que se associam diretamente ao machismo e pornografia. Uma vez que se treina o olhar é difícil se livrar da análise. Queria trazer essas reflexões pro blog no futuro, embora eu saiba que seja uma questão polêmica.


Das conquistas de 2020, uma foi o incrível sucesso da coleção Dark Glamour com a loja Dark Fashion, com peças superelogiadas e superbem vendidas, assim como o sapato Glamour Ghouls com a loja Reversa, que esgotou várias vezes. De fato não tenho do que reclamar desse ano. Estou exatamente onde queria estar: realizada com as lojas, com a relevância do blog e com essa oportunidade de ter me aprofundado em novos, libertários e emancipatórios conhecimentos. 


E teve a superparceria com Henrique Kipper que me ajudou a tornar a revista Moda de Subculturas impressa! Com 54 páginas. Além de, é claro, eu ter escrito mais uma coluna de História da Moda para a quinta edição da Revista Gothic Station! 


Em termos de moda, subculturas e moda alternativa, algumas coisas interessantes aconteceram em 2020, como as tendências que tinham tudo pra abalar o universo da moda e com a pandemia elas foram 'canceladas' (a palavra do ano!). Algumas dessas trends tinham referência a um estilo de vida superburguês. E foi exatamente esse estilo de vida que a pandemia revelou absurdo. Estou cogitando postar sobre uma tendência em específico porque ainda vejo algumas publicações tentando empurrá-la goela abaixo. Tiveram outras tendências bem legais na moda alternativa que com o passar dos meses se tornaram moda. Lembrando que tendência não é o que já está ocorrendo no grande público ou dominando as lojas de nicho. Tendência tende... tende a acontecer, ou não! Às vezes ela não acontece. Mas a gente registra mesmo assim. 


Antes de finalizar nossa cartinha anual, vale dizer que o blog sempre abordou temas políticose um dos pontos que mais alertamos era sobre tomar cuidado com o conservadorismo que é enraizado em nosso país (até mesmo na moda), já que tal forma de controle social não favorece os alternativos e os LGBTs. Em março, um deputado pró governo divulgou um dossiê antifascista - sabe-se que já circulava em grupos de direita desde 2019 - ao acessarmos o dossiê nos deparamos com 90% de pessoas alternativas. Isso acendeu um alerta, confirmando algo que já sabíamos: os alternativos são dos primeiros a serem perseguidos num governos autoritário. Portanto não acreditem em 'nova política'. Não haverá nova política enquanto nosso sistema eleitoral se basear na democracia representativa. 


Outra marca de 2020 e que devemos parar para refletir, foi sobre o contínuo assassinato da população negra. É importante ressaltar que não podemos manter uma mente colonizada e pautar nossas lutas pelos eventos gringos (como BLM), nós deveríamos estar nas ruas lutando contra o racismo e assassinato dos negros PELO MENOS desde a morte de Marielle Franco. Poderíamos estar antes sim, mas o assassinato de uma vereadora eleita, mulher, negra, bissexual e autônoma, foi fato gravíssimo que poderia ter sido o gancho que precisávamos. Falhamos. E continuaremos falhando enquanto só nos espelharmos nas lutas que vem de fora. 


Aproveitando, vale citar o Black Lives Matter (Vidas Pretas/Negras Importam) que foi tão celebrado nas primeiras semanas de protesto e logo depois foi rechaçado pela mídia, famosos e celebridades, que inicialmente os apoiavam. O movimento passou por um processo absurdo de despolitização quando descobriram que foi criado por três mulheres negras, cuja ideologia é o marxismo radical que luta contra a "supremacia branca, imperialismo, capitalismo e patriarcado. Buscando a destruição total da nação como a conhecemos e sua substituição por uma nação socialista"*. Assim que isso foi sabido pelo grande público, o BLM foi enfraquecido e pior, pessoas obviamente brancas e liberais, modificaram o discurso, dizendo "todas as vidas importam".


2020 de fato, não foi/está sendo um ano fácil.

Mas com certeza é um ano que merece uma pausa para reflexão. 


Para finalizar essa carta, vale dizer que foi um prazer tão grande desenvolver os zines em 2019 que estamos pensando em novos zines. Sobre uma nova revista: também não descartamos! 

Mas para 2021 existe um projeto que estamos desenvolvendo e queremos participação de vocês. Divulgaremos em breve em nosso Instagram.


Espero que este resto de ano finalize o melhor possível para todos nós.

E em 2021, continuaremos aqui.


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* Informação via Black Lives Matter.

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9 de outubro de 2019

10 anos de Moda de Subculturas: "Subculturas e Estilo" a história que me trouxe até aqui.


Hoje o blog Moda de Subculturas comemora seus 10 aninhos!!


Neste ponto todos devem saber da nossa campanha da Vakinha, onde os apoiadores receberão 1 revista + 3 zines comemorativos (clica aqui), que fica no ar até dia 15/10 e em novembro os materiais e brindes estarão disponíveis aos apoiadores!

Difícil dizer qual o maior legado do blog nestes anos todos, acho que o principal foi tratar a moda alternativa com seriedade, mostrando que as subculturas influenciam a história da moda e são influenciadas por ela. Informar sempre respeitando a história das mais diferentes tribos, mesmo daquelas que não nos identificamos pessoalmente.

Um outro legado que considero importante, foi respondido numa das perguntas da minha entrevista para a revista Gothic Station #3: sem querer o blog cunhou o termo "Moda de Subculturas" no Brasil. Pode soar arrogante, mas é verdade.


Foram inúmeras vezes que ao longo destes 10 anos recebi mensagens de pessoas dizendo que: 
- se interessam por "moda de subculturas", 
- que o TCC é sobre "moda de subculturas", 
- que pesquisam "moda de subculturas", 
- que quer fazer trabalho de "moda de subculturas"... 
e assim vai...

Isso é fofo e curioso.
Fofo porque as pessoas se interessem no tema e curioso porque elas usam o nome do blog como referência para um assunto.

"Moda de Subculturas" é o nome do blog.
E moda das subculturas seria a grafia pra se referir ao assunto.
nome do blog virou um termo e se entranhou na cabeça das pessoas como um 'sinônimo' pra essa temática. 

Quando isso acontece, já sei que ali tá marcada a influência do blog em suas vidas, em sua forma de pensar, no seu interesse por pesquisa e principalmente na forma de se dirigir ao tema de moda alternativa. 
E por mim podem continuar usando o nome do blog, "Moda de Subculturas", pra se referir ao tema, não me importo! XD

Atualmente somos praticamente o único site/blog ativo no BR sobre o tema geral de subculturas, nossa presença está marcada na web. É uma forma muito forte de influencia. Será que alguém vai estudar isso algum dia? :P

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Como já estão cansado de saber, houve uma comunidade do Orkut que deu origem ao blog. São muito anos, as gerações mudaram e alguns que aqui visitam podem nem ter ideia de como foi a origem de tudo. Embora este ano o blog comemore 10 anos, faz treze anos que comecei a postar informações sobre moda alternativa na web! :O Meu interesse no tema vem de todo um histórico pessoal: foi o gosto por música (rock/metal) que me levou à cultura alternativa, ao desejo de saber mais sobre subculturas e posteriormente a criar minhas próprias roupas

Eu poderia dizer que "sou alternativa desde criancinha" pois cresci numa família roqueira e me sentia "diferente" desde nova (por ser questionadora de fatos sociais), mas isso seria absurdo, pois naquela idade eu não tinha o conhecimento e muito menos a consciência de todo um contexto em que a cultura alternativa se insere. Na minha opinião, ser alternativo não é gostar de Frankenstein e roupa preta quando criança, pois a cultura pop tem grande influência sobre nossa formação cultural ao longo de nosso desenvolvimento. Pra mim, ser alternativo é uma junção de fatores que quando criança eu ainda não tinha plena capacidade de compreensão. Só passei a me compreender como uma pessoa 'encaixável' na cultura alternativa quando adolescente, aprendendo e compreendendo seus simbolismos, códigos, ideologias e ações.

Meu interesse no tema me leva no começo da década de 2000 a estudar Moda, graduação que não era muito habitual aos que se identificavam com cultura alternativa. Hoje, o curso de Moda é uma opção onde pessoas "diferentes" encontram um porto seguro. Uma área em que podem ser si mesmos. Uma opção às carreiras tradicionais. Um curso que alternativos sentem que podem manter seus visuais, embora na vida real seja uma área difícil para empregos.

Munida de um pouco de conhecimento adquirido, fundei no Orkut a comunidade "Subculturas e Estilo", lá era a rede social onde todos estavam e logo conheci pessoas alternativas do Brasil todo que só agregavam! A comu surgiu em 2006 e permaneceu ativa até o fim do Orkut em 2013. Só não vou lembrar quantos membros tinha quando o Orkut finalizou, pois não tenho prints, mas eram milhares (perto de 5 mil se não me engano).

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Existe um problema com a internet, se você não "printa" ou não salva uma página da web, algumas coisas se perdem para sempre. Eu vi isso acontecer com a história do que produzi na web.

Desde que o Orkut não existe mais, perdeu-se o que produzi naquele lugar. Neste sentido, a internet também prejudica pesquisadores. Como recorrer a algo que não está mais lá? Como provar algo que não pode ser visto? Como confirmar uma informação que existe na sua memória mas que não há mais o registo virtual daquilo?

Com sorte, eu cheguei a salvar as páginas da comunidade e se não fosse por isso, dependeria da história oral e escrita de quem presenciou aqueles momentos. Não lembro o dia exato em que a Subculturas e Estilo foi criada, perdi essa informação, só lembro que foi em 2006 (entrei no Orkut em 2005). Achei um arquivo Word com os textos que lá postava e foi bastante interessante reler, são 35 páginas! Não me lembrava mais exatamente o que eu escrevia. E é um pouco disso que compartilho com vocês agora.

Comemorando os 10 anos do blog vamos começar antes do começo, com o print de um post com o texto do perfil da comunidade, de março de 2007 (a "Lady Skull" sou eu rs).


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Parte da descrição da comu foi adaptado de um livro de Patrice Bollon. Eu não faria isso nos dias de hoje. Mas estava começando a ler material acadêmico, então eu ainda não tinha uma abordagem adequada. Além disso, sabemos das complexidades dos termos "subculturas" e "tribos urbanas" e seus desdobramentos através dos teóricos. Tribos Urbanas é um termo que pegou MUITO no Brasil pós 1985, tanto que se usa até hoje. Mas eu não utilizava Maffesoli como referência, eu tinha lido Hebdige e estava pessoalmente envolvida com a cena Metal (uma subcultura). 
"Subculturas" era um termo pouco usado no Brasil (em prol de Tribos Urbanas) até recentemente (ainda é, em alguns segmentos), mas nestes últimos anos voltou forte a ser usado no exterior e na academia devido às ressignificações teóricas, o termo voltou à mídia estrangeira e fico feliz que eu tenha usado o termo no nome do blog pois ajudou na nossa ascensão e contextualização às recentes teorias. 

Atenção pra esse pedaço: eu tô chocada que nada mudou! 

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"absurdos que leio por aí", UI! 

Em muitos pontos eu fazia um tom meio didático, optei por essa abordagem porque na época não se encontrava muitas informações sobre moda alternativa no Brasil e os blogs eram fundamentais nessa questão. Eu falava de moda mainstream em paralelo com o conteúdo de moda alternativa, fazia questão de informar sobre MODA, que era vista com preconceito no meio alternativo, como algo fútil. Na verdade Moda ainda é visto como algo fútil, impressionante como cada nova geração repete as ideias do passado sem questioná-las! Eu queria quebrar isso. Queria mostrar que a moda não era só futilidade, que havia um outro lado, o lado histórico, o lado do significado das coisas, dos motivos...



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Hoje falamos muito de marcas e parcerias e a Subculturas e Estilo tinha a intenção de divulgar lojas alternativas nacionais, existia um tópico apenas pra isso. Nada mais justo do que compartilhar que é possível criar lojas e desenvolver o mercado daquela época.
Os que no passado criticaram o blog por fazer postagens comerciais - sendo que hoje no Instagram isso é habitual dos influenciadores - não deviam saber que desde 2006, divulgação de marcas já era um dos intuitos.



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Abaixo: Aquele momento em que no dia 17 de julho de 2006 postei sobre Deathrock de uma forma bem senso comum e percebi que em pleno 2019 nunca postei sobre o estilo no blog!  XD 
Eu não escreveria aquele primeiro parágrafo hoje em dia, além de mal escrito é duvidável, mas de resto eu manteria os tópicos melhorando a pesquisa... citei até a Bettie Page! XD



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Esse post abaixo é outro que hoje em dia eu não faria da mesma forma. A intenção era falar do Glam Metal (famoso Hard Rock/Hair Metal oitentista) e onde o glam estaria "hoje em dia" (naquela época, né) no rock/metal. E lendo esse post, me veio à mente que o Marilyn Manson era chamado, especialmente no exterior em algumas publicações de música (eu lia muito essas fontes), de "Glam Goth", termo que hoje não se usa mais pra falar dele...


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Óbvio que cometi equívocos ao longo dos anos e não tenho vergonha de dizer isso! Encontrar informações não era/é fácil, era/é preciso ficar traduzindo artigos do inglês, importar livros que nem sempre traziam as informações sobre moda. Ao mesmo tempo que abri a porta da busca do conhecimento, me envolvi com informações que variavam entre senso comum e ideias que ainda não estavam 100% desenvolvidas, às vezes sendo visionária e às vezes antecipando tendências e às vezes dando opiniões sobre assuntos que supostamente eu não deveria abordar por não ser da cena X. 

Encontrei pessoas que de forma nenhuma queriam colaborar, me achando muito intrometida, "folgada" e outros xingamentos básicos por eu ter interesse em conhecer mais sobre suas subculturas ou estilos de vida. Outros se ofereceram pra ajudar e quando viram que meu trabalho era sério e relevante ficaram  com raiva do conteúdo que mostrei à eles (não quero usar a palavra inveja, mas até poderia ser). Alguns queriam guardar suas subculturas como itens preciosos que não deveriam ser compartilhados, ainda mais por um blog assim... tão diverso e que falava de... Moda!! (algo fútil pra eles que não devem usar roupa nem adornos né? rsrs)

Bom, se as pessoas não compartilham informações com um blog que respeita as culturas alternativas, mas se abrem pra mídia dominante que fazem matérias erradas sobre esse universo, eles tiveram as opções e fizeram suas escolhas. 

Às vezes falar para um público menor, mais direcionado, faz mais efeito educativo do que pra um público amplo demais que vai cortar tuas falas. E pra uma mídia que vai alterar a linguagem informativa. De qualquer forma, sempre estive aberta ao diferente e ao que não entendo. E sempre vai ter os que não gostam da abordagem. Mas não podem dizer que não deixei o espaço aberto.

E o que aprendi com toda essa hostilidade? Que infelizmente em muitas pesquisas não terei ajuda das pessoas de certas cenas. É um processo que sozinha tenho que destrinchar estudando muito, fazendo com que um post demore até mesmo anos pra sair.


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Um dos primeiros banners do blog

Vocês podem navegar pelos primeiros posts do blog e ver como era minha abordagem bem senso comum das temáticas e como depois aquilo deu uma melhorada. Haviam até revoltas pessoais, coisa que hoje nem tem mais, pois levei pro meu blog pessoal, o morto-vivo Diva Alternativa

O blog já nasceu com o "Dark Glamour", termo que "criei" pra remeter à tudo que fosse obscuro e elegante, que simboliza muito o que aprecio esteticamente. 

Em 2011, usei pela primeira vez o termo "dark pin-up" aqui no blog.

A primeira vez que coloquei publicidade paga no blog foi no começo de 2013, embora parceria por permuta também seja praticada.

Capa em 2011/2012: papel de parede remetendo à "Dark Glamour".

Muitas mudanças ocorreram no caminho: testes de conteúdo, experiências... perceber que tipo de postagem não atrai o público...
Vejo muito bem que vocês não gostam de moda colorida né? hahahaha!! Mas é algo que tem que postar, especialmente se enxergamos algo relevante ali!

Vi diversos outros blogs alternativos que começaram antes ou junto desaparecerem, como o Sombria Elegância (2008 a 2010), Moda Trash (2008), Choose your Style (2008), Black Baroque (2013-2014), responsável por usar o termo "Retro Gothno Brasil; e outros que permanecem no ar como o Aliena Gratia/Desvianteh, desde 2008. Toda essa turma teve relevância na história da blogueiragem alternativa brasileira, além de claro, os blogs mais específicos, como os de moda Lolita e Gyaru.

Em 2012, a Lauren, a moça que era dona do blog Moda Trash me escreveu perguntando se podia ser colaboradora. Acabamos descobrindo muitas coisas em comum e a parceria intelectual deu tão certo que em 2013 ela virou colaboradora efetiva, uma co-autora, e desde então o Moda de Subculturas mantém duas autoras.

Logo se destacou uma nova geração de blogueiras, como a icônica época das blogueiras góticas e/ou alternativas: Gabi, Giovanna, Nayara, Mayara, Marcela, Rafaella, Bruna, Ariel, Rokaia, Lídia, Mone, Fernanda, Jaque, Thaís, Camilla, Alessanda, Suélen... entre outras - Nosferotika e Sandila - foram muito representativas e depois migraram para o Youtube.


Em 2016, concorremos no exterior com blogs de peso como Haute Macabre, como melhor blog no tema "Subcultura", sendo o único blog da lista em português, nossos leitores votaram em peso e fomos pra final!! Não ganhamos - claro, único blog em português numa eleição mundial - mas estranhamente não nos foi dito pelos organizadores qual nossa posição final. Algo que acho estranho até hoje XD

Vi o desenvolvimento das lojas alternativas do fim dos anos 90 quando tudo meio que se baseava em criações em torno da temática de bandas além da moda street (skate/surf); o começo de 2000 com as criações da Black Frost e outras marcas de pegada romantic goth; seguindo a década dos anos 2000 vendo-as se profissionalizarem cada vez mais; a década de 2010 e todas as experiências de tendências alternativas e cooptando o mainstream; chegando a 2015 em diante onde as lojas se profissionalizaram muito, criando suas próprias coleções e ganhando variedade, acompanhando os interesses das mídias sociais.

Acho muito importante apoiar quem está começando! Tenho muito orgulho de ter apoiado e divulgado aos leitores marcas alternativas. Mesmo que algumas marcas tenham depois deixado o blog, foram parte do nosso caminho!

Capa em 2014.

Certeza que nessa carta muita coisa ficou de fora, 10 anos é tempo pra caramba também pra esquecer das coisas que aconteceram!!

Mas acho que história do blog mostra bem que "influencer" não são só fotos lindas, existem os micro influenciadores e principalmente a influência intelectual - essa é uma forma muito potente de influência, pois muda a mente das pessoas, a forma de pensar. Uma pena que não sai na foto.

Não faço ideia do que será do blog nos próximos meses/anos, pois continuar na ativa está bastante difícil devido aos compromissos da vida real. Mas independente do rumo que tomarmos, esse blog já está na história da cultura alternativa nacional, modéstia à parte. Quem sabe um dia, no futuro quando alguém for pesquisar a história da moda, mídia e cultura alternativa no Brasil, se lembre de nós e possamos ser uma fonte oral e escrita da História?


Capa 2014 - 2017


Aqui acaba essa imensa carta de 10 anos e não esqueçam que nossa campanha de 1 revista + 3 zines comemorativos está chegando ao fim.

O conteúdo delas não estará disponível no blog!

Então clica no banner abaixo e garante seu material! Afinal, só se faz 10 anos uma vez!! <3

Grande abraço!

Assinado: Sana (@sanaskull)



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Artigo original do blog Moda de Subculturas. 
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