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9 de fevereiro de 2022

A sofisticada cooptação da cultura alternativa pelo mainstream através de artistas como Anitta e Luisa Sonza ( + Cultura da Pornificação)

Nos últimos dias, circularam algumas notícias envolvendo a relação entre mainstream e cultura alternativa. Os temas são:

1. Anitta: Lançou clipe cheio de referências ao rock, gótico e cultura pop. Anitta foi emo quando adolescente e logo depois se lançou como artista do Funk. 

2. Luisa Sonza: Apareceu com roupas inspiradas na cultura hard rock e usando marcas alternativas nacionais e internacionais. 

3. Moda terror: Um post da FFW sobre uma "trend alert" de halloween fora de época foi bastante compartilhado. Ao que parece muitos alternativos curtiram por se sentirem representados.



Moda Mainstream x Moda Alternativa

Quando lancei o blog em 2009, havia o diferencial de mostrar a relação entre moda alternativa e moda mainstream. Foi isso que fez o blog ascender e se tornar um sucesso, era uma abordagem diferente. Eu mal falava de história das subculturas, isso veio depois. 

Ao longo destes 12 incansáveis anos por diversas vezes apontamos que a cooptação da estética alternativa/subcultural pelo mainstream é uma forma de despolitizar e, em alguns casos, enfraquecer o potencial revolucionário dos grupos alternativos.

Isso não é pensamento aleatório da minha cabeça, existem autores, teóricos e publicações que falam deste processo que ocorre há décadas. Quem acompanhou no twitter uma thread sobre Wokeísmo do perfil Pensar a História sabe do que falo. 

A melhor forma de você conter a rebeldia juvenil revolucionária é oferecendo produtos que a faze sentir "representada" e acolhida, aceita socialmente. E se assim se sentem, qual o motivo de lutar contra o sistema


Caso a caso

1. Anitta:

Fez um clipe com influencia e visual do rock, do gótico e da cultura pop americana. Usou marcas, roupas e visuais que carregam símbolos da cultura alternativa e de algumas subculturas. 

Em 2019 lancei um zine sobre o estilo Dark Pin-up, nele eu trago uma teoria sobre a origem desse estilo e aponto uma característica fundamental: o uso de ícones do terror americano. 

Quem é da área de Museologia ou de História, estuda Memória. Estuda-se quais são os tipos de memória e como elas se formam. Existe uma que se chama memória afetiva. Anitta, para conquistar o público americano investe em ícones de memória afetiva daquele país: ícones da cultura pop. E já que vivemos num mundo que a cultura americana domina nosso imaginário e nossos gostos, mexe também com a memória afetiva dos que aqui vivem, pois nosso imaginário é colonizado por esses ícones.

Isso não é a toa, é estratégia. As pessoas aceitam muito melhor o que lhes trás boas lembranças.


Se a cooptação é boa ou ruim? 

Depende muito se você encara a cultura alternativa como algo político ou não. 

Depende se você tem uma percepção politica, social, econômica liberalizada ou de raiz/revolucionária. 

Depende como é sua filosofia de vida: seu discurso é coerente com sua prática? Ou isso pouco te importa?

Depende qual o espaço você abre em sua vida para a contradição.

Cada um terá suas respostas.


2. Luisa Sonza:

Apareceu usando roupas inspiradas na cultura hard rock e usando marcas alternativas nacionais e internacionais.

Não é novidade nenhuma que artistas do pop quando querem soar "diferentes" usam peças alternativas (a gente também fala há uma década sobre isso). A moda alternativa tem sempre uma novidade criativa ou algum clássico atemporal que serve ao mainstream.

A questão da Luísa é um pouco mais complicada e de difícil abordagem em stories.  Luísa é conhecida por ser, enquanto artista, uma mulher hipersexu4liz4da e objetific4da.

Luísa apareceu usando uma blusa da banda KISS e um shortinho escrito na bund4: "piss", em português significa 'mij0'. Luísa está cada vez mais pornificada.



Não é de hoje que mulheres alternativas reclamam de serem objetificadas e fetichizadas.

E numa cultura cada vez mais pornificada isso tende a ser naturalizado.

Por que criticam-se tanto as "pirigóticas", mas aceita-se uma mulher adulta pornific4da com símbolos alternativos que leva a fetichização da estética das mulheres alternativas a um público muito mais amplo? 

Qual o impacto desse tipo de estética e mensagem simbólica em crianças e jovens fãs da cantora? 

O perfil @recuseaclicar trata sobre o impacto da pornografia na mente e na sociedade. Vale a pena visitar.



É importante que se saiba que artistas pops e influenciadoras mulheres também ajudam a colocar a mulher como um seres desumanizados. Mulheres também fazem esse trabalho. Mulheres também desumanizam outras mulheres e a si mesmas. 

Mulheres são capazes de dissociar partes de seu corpo. Isso é sintomático de como mulheres são educadas para serem o objeto de olhar e não, a pessoa que olha. 

A estética que Luisa Sonza adotou mostra claramente como mulheres são divididas na sociedade machist4: a pública e a privada.

A estética que Luisa Sonza adotou mostra claramente como mulheres são divididas na sociedade machist4: a pública e a privada.

Observe na imagem ao acima símbolos que comunicam a cultura da pornografia.


Story que publiquei no Instagram do Moda de Subculturas 



Moda Alternativa

Existem brasileiras cantoras de rock, de metal, de música gótica, existimos nós, mulheres alternativas: somos nós que sustentamos as marcas alternativas. Somos nós que estamos aguardando ansiosas toda nova coleção. Somos nós que divulgamos, no boca a boca, na indicação.

As mulheres do rock, sempre questionadoras, desafiantes, insubmissas, que usavam e ainda usam esses visuais do rock/metal/gótico não tem espaço na mídia dominante. A mídia se utiliza de artistas pop, moldadas ao mercado, sem poder questionador e as veste com visual rebelde. Enquanto as questionadoras estão lutando pra sobreviver no pequeno espaço que lhes resta, sempre tendo que provar capacidade.

Um artista pode dar visibilidade e trazer novos cliente, mas a fidelidade quem dá somos nós. 

Sem a consumidora alternativa uma marca deixa de ser alternativa. 

A moda alternativa tem suas próprias demandas e as demandas de seus consumidores.

A moda alternativa não precisa ser validada pelo mainstream. 

Nós não devemos reconhecimento ao mainstream.

Nós não devemos nada a eles. 

É o mainstream que precisa da moda alternativa.

Eles é que nos devem muito. 

Nos devem nossa história. 

Nos devem tudo que nos roubaram e enriqueceram com nossa criatividade.


A moda mainstream nos colonizou.

A moda mainstream nos colonizou.

Eles conseguiram o que queriam: nos dividiram, nos esvaziaram, nos cooptaram, colocaram o discurso deles sobre o nosso. 

Símbolos das subculturas podem ser muitos vendáveis. O mainstream lucra horrores, ganham status de cult, de lançadores de tendências. 

Aí você vai ver seus irmãos e irmãs alternativas e estão todos fodidos no underground. Vivem como classe trabalhadora. Por vezes precarizados. Por vezes trocando trabalho por produtos. Produzindo trabalho intelectual de graça.

Alguns deles e delas se disfarçam com a projeção de um estilo de vida burguês, porque ser pobre é um estigma.


A moda alternativa ainda existe? 

Até quando será possível falar de uma "moda alternativa" se tudo logo se torna mainstream?

Como é que o alternativo vende tanto no mainstream mas as pessoas alternativas são praticamente inválidas fora dele?


3. Moda terror: 

Um post da  FFW sobre uma "trend alert" de halloween fora de época foi bastante compartilhado. Ao que parece muitos alternativos curtiram por se sentirem representados.

Aqui retorno ao que escrevi nos stories anteriores: a cultura pop americana está inserida na cultura alternativa e, a cultura alternativa não precisa ser validada pelo mainstream. 

Se alternativos se sentem "representados" ou "validados" por umas blusinhas de terror vindas de grifes, olha sinceramente, é jogar a História Alternativa fora. 

Alternativos não precisam serem validados por ninguém. Aliás o propósito era justamente desenvolver um contaponto à aceitação social.

O propósito de ser alternativo era mostrar que as instituições, o sistema e sua coerção social que nos dirige à validação e aceitação, fossem quebrados.

Mas ao que tudo indica o pensamento liberal pós moderno se tornou o cavalo de troia da cultura alternativa.

Teve quem saiu por aí dizendo que estéticas subculturais são mortos vivos que sempre voltam pra assombrar. Mas essa frase está contida em um post nosso! É uma frase da historiadora Valerie Steele para a exposição Dark Glamour de 2008! A gente sabe muito bem quem consulta nosso conteúdo e nos invisibiliza. 

Nós já falamos do terror na moda mainstream diversas vezes, como no post do desfile da Moschino em 2019. Pena que nossos posts não são compartilhados como os do FFW não é mesmo? 

Quem dera tivéssemos tanto apoio e celebração quanto os sites mainstream.



Essa é outra luta dos perfis alternativos que não se rendem ao discurso liberal pós moderno: a luta contra a falta de memória, a manutenção da história alternativa, a disponibilidade em manter o contato entre os conhecimentos das gerações anteriores e os conhecimentos das novas gerações, a honestidade e a coerência entre pensamento e ação.

E sobre o terror, tão aclamado:

enquanto o discurso clássico e reproduzido é que ele é uma forma de lidar com a dureza da realidade ou de instinto de sobrevivência,  vocês já observaram quem sempre são as maiores vítimas?  Vítimas de serial killers, vítimas de acusações de bruxaria ou de estar possuído por demônios? Você sabe a resposta.

Dica: até matam os homens, mas as vítimas, o demônio é a mulher.




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21 de fevereiro de 2021

Evan Rachel Wood e as diversas denúncias de abuso psicológico, sexual e físico contra Marilyn Manson

A atriz Evan Rachel Wood e outras ex-namoradas de Marilyn Manson denunciaram o cantor por abusos físicos, psicológicos e financeiros durante os relacionamentos que tiveram com ele. Nos últimos quatro anos, Evan vinha denunciando abusos e estupro sofrido por um ex que, pelos detalhes, suspeitava-se ser o Manson. A denúncia não era feita diretamente por questão judicial, já que Evan precisou de um tempo para entender o que havia acontecido e nisso, venceu o prazo de denúncia. Agora ela retorna ao conseguir testemunhas atuais.


Marilyn Manson é um artista de enorme influência. ENORME. É super criativo, tanto que, além de músico, é pintor, ator e escritor. Tem domínio da comunicação, é formado em jornalismo e trabalhou na área. É estudioso e sempre atualizado com os seus trabalhos. 

Como artista que também pinta, tem domínio de estética e assim foi abraçado pela Moda. Não pensem que a influência de Manson delimita-se musicalmente. A maquiagem, a roupa que muita gente está postando agora no Instagram, foi esse homem que lançou como tendência. "Meu figurino atrai as mulheres", disse Manson quando veio ao Brasil em 2007, ao lado de Evan. Ele sabia, e sabe, muito bem o poder que tem em influenciar. 



Por pouco não lançamos postagem sobre o estilo do Manson, porque a influência dele até hoje é impressionante! Principalmente entre mulheres e pessoas LGBT's. Só não fizemos porque daria conteúdo inédito a plagiadores (somos vítimas constantes deste ato antiético), mas existem os posts sobre Club Kids e Make Vamp que dão para se ter uma ideia. Então imagino o baque que deve ter sido estas denúncias para esse público excluído, marginalizado, e que havia encontrado acolhimento por ser quem era na arte de Manson.


A escolha dessa imagem de Evan no clipe "Heart Shaped Glasses" foi justamente por lembrar a personagem Lolita, uma menor que se relaciona com um homem bem mais velho. Em algumas reportagens, dizem que Evan começou a namorar Manson ainda menor de idade, e já tem outros casos citando o mesmo, inclusive, Manson está sendo investigado na Flórida por fazer parte de um caso de tráfico humano.


Outras denúncias semelhantes além das diferenças de idade entre Manson e as namoradas é de que todas eram fãs dele. A inocência da juventude e o fascínio por namorar seu próprio ídolo, um Rockstar, facilitou caírem em ilusões que a levaram aos abusos. Por isso, fica de alerta às jovens leitoras com menos de 20 anos que nos acompanham, prestem atenção quando forem conhecer pessoas que vocês admiram. Cuidado quando forem a camarins ou ônibus, evitem ficar sozinhas embriagadas, não se sujeitem a humilhações para conseguir ficar perto de ídolo. É assim que abusadores pescam suas vítimas.


Nazismo e Violência

Evan, que tem raízes judias, relata que Manson a fez vestir uma fantasia de Hitler e alertou para as tatuagens com símbolos nazistas do cantor: no braço direito há uma caveira "Totenkopf", no braço esquerdo quatro retângulos sobrepostos que formam uma suástica e no peito quatro letras "M", que também referenciam uma suástica.

Uma das três tatuagens do cantor, que segundo Evan faz referência ao nazismo. Shamaya, vocalista da banda OTEP também fez uma declaração pública dizendo que Manson é simpatizante do nazismo.



Esmé Bianco relata seu episódio de tráfico humano ao ter sido involuntariamente transportada Reino Unido para os Estados Unidos, onde ficou em servidão que incluía abuso sexual, físico e manipulações psicológicas. Ele controlava com quem ela deveria conversar (ela telefonava para a família escondida num armário) e teve cortes feitos com uma faca. Na filmagem do clipe de “I Want to Kill You Like They Do in the Movies”, ele a açoitou com chicote e depois usou um brinquedo erótico em seus machucados. O término do relacionamento se deu com a atriz fugindo da casa do cantor enquanto ele dormia, momentos antes ela havia sido perseguida por ele que tentou atacá-la com um machado.

A cantora Phoebe Bridgers disse ter ido na casa de Manson e declarou que o cantor falava sobre um “quarto do estupro” em sua residência e após isso, parou de ser fã. Além disso, há relatos de fãs embebedadas e levadas ao ônibus de Manson onde tiveram que tirar a roupa e terem seus seios e nádegas julgadas pelo cantor;  Ellie Rowsell, da banda Wolf Alice, relatou a ocasião em que o cantor filmava por baixo de sua saia. Ao questionar esse comportamento, teve que ouvir que 'ele faz este tipo de coisa o tempo todo'. A cantora questiona: "Se faz isso o tempo todo, por que vem sendo headliner de festivais há tantos anos? Quando iremos parar de passar pano para misóginos por eles fazerem sucesso?". 

Rose McGowan, endossou todas as falas de Wood. "Eu estou com Evan Rachel Wood e outras mulheres corajosas que se apresentaram. Leva anos para se recuperar do abuso e envio forças em sua jornada de recuperação. Deixe a verdade ser revelada. Deixe a cura começar".

E não apenas mulheres, o ator Corey Feldman relatou uma tentativa de manipulação ao uso de drogas por Manson, e que o cantor seria obcecado por ele há mais de 20 anos, declarando que viveu um 'pesadelo' numa noite (ele não deu detalhes). O guitarrista Wes Borland, que já esteve na banda de Manson, declarou ao site Blabbermouth que "Ele não é um cara legal. Cada coisa que as pessoas disseram sobre ele é verdade pra cara***, essas mulheres que estão indo atrás dele agora... foda-se, elas estão falando a verdade".

Fetiche da submissão 
A prática de fetiche tem a ver com relação hierárquica de poder (e submissão feminina), a estética Manson desde o começo é ligada ao fetichismo. O mesmo, aprecia a cultura retrô. E ao que tudo indica, esse fetiche se refletia no habito de submissão de suas namoradas. Em publicação no Instagram, Evan diz passou por uma lavagem cerebral e foi “manipulada para ser submissa”. 

Um padrão de namoradas
Manson também foi acusado por suas ex de modificar o visual delas, interferindo no estilo pessoal delas, moldando-as em uma aparência que o satisfazia. E qual seria essa aparência? Variava entre feticheretrô. Observem os looks abaixo, todas viraram uma espécie de "Dark Pin-up".



A declaração de Dita von Teese sobre Manson
Dita disse que ao contrário das acusadoras, seu relacionamentos íntimos com Manson sempre foram “inteiramente consensuais”. E que o abandonou por infidelidade e excesso de uso de drogas. 

Consequências

Após as denúncias, a gravadora Loma Vista encerrou contrato com o artista, assim como o empresário de Manson também encerrou relações. Quem também o largou foi Tony Ciulla, empresário do cantor desde 1996. O cantor também foi cortado de duas séries que participava.

É bastante problemático Manson usar a posição de artista e poder falar tudo que é monstruoso e violento com a desculpa de 'ser arte' ou 'ironia' mas na verdade ser seu real pensamento e desejo. 

Há de se considerar também, que enquanto mulheres são canceladas por um deslize na fala, artistas homens cometem crimes e violência contra as mulheres e não são 'cancelados' pelos fãs e principalmente pelas fãs. 


O Anticristo

Em entrevista ao Miami Herald em 2008, Manson disse “acho que sou muito pior fora do palco do que nele", na mesma entrevista, declara: “Não há nada mais de novo que possa ser dito sobre mim: Eu sobrevivi quando todos falaram que o tiroteio em Columbine foi minha culpa. Podem vir". Será que neste momento, o cantor está tão confiante assim?


Manson quis ser o Anticristo Superstar, mas só com as mulheres. Na época de Tiros em Columbine, momento perfeito para galgar o personagem ao mundo, amedrontou-se e sumiu. 


Referências:

https://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2021/02/11/esme-bianco-marilyn-manson-monstro/
https://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2021/02/12/marilyn-manson-trafico-humano/
https://istoe.com.br/estilista-diz-que-marilyn-manson-tentou-abrir-portal-demoniaco-e-apontou-arma-para-sua-cabeca/
https://www.terra.com.br/istoegente/edicoes/423/artigo62971-1.htm
https://whiplash.net/assuntos/marilynmansonassedio.html  




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15 de dezembro de 2019

Entrevista com a Banda Scorcese: a cena indie em evidência

Scorcese é uma banda que surgiu em São Paulo, formada pela vocalista Thaís Amanda, o guitarrista Fabricio Goes, o baixista Rafael Vieira e o baterista Abner Eugênio. Eles iniciaram em 2016 e dois anos depois já lançariam o primeiro álbum "Broken Inside". Há muitas dúvidas que pairam sobre a situação do rock na atualidade, mas ainda assim, muitos não desistiram de tocar de forma independente, tema que fomos abordar com a Banda Scorcese que se encontra no início de carreira, além de outras questões da cena indie, influências, a garota da banda e como fica toda essa união.

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Foto: divulgação

Primeiro apresentem-se mais, contem sobre as influências, o porquê do nome Scorcese e o som de vocês.
Nós somos de São Paulo, adoramos pós-punk e temos uma forte influência dos anos 90 que foi uma ótima época para bandas alternativas no geral, e o vocal feminino se destacava bastante.

O nome do álbum é 'Broken Inside', percebi que as letras tocam muito nessa questão interna do ser humano. Nós vivemos uma epidemia mundial de depressão e suicídio, vocês estão olhando para essas questões?
Com certeza, o álbum foi inteiro escrito em um momento bem difícil de um dos nossos integrantes e mostra um diálogo interno cheio de questionamentos do porquê algumas coisas acontecem. Acreditamos que falta um pouco de amor e compreensão nesse mundo e o álbum mostra que apesar das dificuldades vale a pena lutar pelo que amamos, a música é isso, nos mostra a essência da alma de cada um e nos ajuda em momentos difíceis.


As canções são todas escritas em inglês e no instagram a comunicação boa parte também é feita no mesmo idioma. Já pensaram em escrever em português e ampliar mais o público?
Sim, sempre discutimos essa questão.
A banda nasceu com um desejo ambicioso de alcançar patamares internacionais, porém vemos o quanto é importante nos comunicarmos com o público nacional e estamos trabalhando nisso.

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Foto: divulgação

Fala-se tanto da situação do Rock no cenário musical, então vem logo a pergunta: como é ter uma banda no atual mercado? O que enxergam de caminhos e barreiras? Como é que estão conseguindo gravar álbum e clipes?
O rock no cenário mundial está meio complicado, acreditamos que os gêneros musicais têm o seu momento e tempo embora o rock não esteja tão em alta, vemos um grande desejo de mudança nas pessoas e o rock pode trazer isso.
Gravar e divulgar o trabalho nesse cenário é difícil, mas com dedicação e planejamento é possível fazer trabalho de qualidade e acreditamos nisso fortemente.

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Foto: divulgação

O termo 'indie' possui uma sonoridade bonita, mas acontece que ser independente tem seus momentos árduos, tem que se virar nos trinta toda hora. Recompensa o sacrifício? Há união no meio independente?
É difícil realmente, mas compensa o sacrifício. Temos muito amor pelo nosso trabalho e ver a recompensa do público conforme o tempo, vale muito para nós. Embora haja muitas questões ruins de união no cenário, conseguimos movimentar um grupo legal de bandas e amigos que nos ajudam a fazer acontecer.


Há uma reclamação da nova geração de que acha chato pessoas que se gabam de conhecer bandas que ninguém conhece. Essa é uma atitude muito indie, vocês carregam isso tbm?
Não, somos tranquilos em relação a isso. Todos fazem o seu trabalho e devem ser reconhecidos se assim o público julgar. Conhecer bandas diferentes também ajuda bastante a amadurecer a sonoridade, mas isso são influências internas do tipo “nossa olha a pegada daquela banda”.

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Foto: divulgação

O blog tem como foco moda das subculturas. Vocês gostam de ler sobre o tema, conhecer a simbologia das roupas? Preocupam-se com a parte visual e estética do grupo?
Nós gostamos muito no geral da simbologia e visual que a moda mais sombria traz. Tem uma questão cultural muito forte de época e isso ajuda a marcar e influenciar gerações. Eu, Thaís, particularmente coleciono filmes antigos e adoro ler sobre, lembro muito de como filmes tipo 'Elvira', 'Beetlejuice' e a 'Família Adamns' me marcaram de forma visual, pelas roupas e estilo excêntrico.

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Foto: divulgação

Por fim, Thaís, vou fazer uma brincadeira contigo. Vou perguntar a mesma coisa que sempre fizeram à Kim Gordon: como é ser a garota da banda???
Eu acho divertido para falar a verdade kk, acredito que tem uma importância legal mulheres vocalistas de rock. Todos somos bem conectados e os meninos me tratam com muito respeito.
No processo criativo isso ajuda bastante, não só pelo fator do sexo, mas pela diferença de comportamento e sentimentos. Eu particularmente sou uma pessoa mais melancólica e os meninos são um pouco mais extrovertidos do que eu e conforme puxo mais o processo para o preto e branco eles colocam um pouco de cor não só na banda mas na minha vida também.

Thaís possui uma voz bem marcante, singularidade que sobressai nas canções.


Links da Banda Scorcese:
Instagram/Scorceseband
www.scorceseband.com
soundcloud.com/scorceseband


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28 de maio de 2019

Wendy O. Williams: a mais pesada cantora na história do rock n' roll | Rainha do Shock Rock

A Rainha do Punk Rock, a Rainha do Shock Rock, a Alta Sacerdotisa do Metal. Tantos termos para tentar definir quem foi Wendy O. Williams, talvez deem alguma ideia da dimensão que foi a performance dessa artista que se estivesse viva hoje completaria 70 anos. "Eu amo música pesada e rápida. Eu não sou uma pessoa de fórmula, não faço músicas de fórmula. Sou viciada em adrenalina, um das poucos respiros de sanidade para mim nesse mundo insano".


A forma como se expunha nos palcos escondia uma pessoa tímida e reservada nos bastidores, a cantora não gostava de comentar sobre sua vida pré-Plasmatics, muito porque não tinha boas lembranças de sua infância solitária. Algumas coisas que se sabe era que nasceu na cidade de Rochester, em Nova Iorque, e seu nome era Wendy Orlean Williams. Seu pai era um químico que teve três filhas e desejava que todas tivessem empregos formais, o que contrariou suas expectativas. Em diversas entrevistas, quando perguntavam o porquê de ser assim, Wendy respondia sem hesitar: "Eu simplesmente não me encaixei, não deu certo, tive que quebrar algumas regras".


Aos 15 anos largou tudo, abandonou a escola, pintou o cabelo de loiro, perdeu a virgindade e foi seguir uma vida de hippie na estrada até o oeste americano (chegou a vender colares de miçangas e biquínis de macramê feitos à mão). Depois mudou-se para Europa, rodou por alguns países tendo diversos sub-empregos e voltou à Nova Iorque em 1976, onde descobriu um emprego através de um anúncio no jornal para o Captain Kink's Sex Fantasy Theater. Ela se interessou tanto em participar que foi se encontrar pessoalmente com o criador do show, Rod Swenson, um graduado em Yale com Mestrado em Belas Artes. Além do teatro, Rod tinha outra ideia: queria formar uma banda de rock incomum, desagradável e Wendy se empolgou tanto que queria ser parte disso. Os dois se juntaram ao projeto e também começaram um relacionamento.


The Plasmatics era uma banda que teve seu conceito idealizado e criado por Rod Swenson. Ele era empresário, compunha as letras, tirava as fotos, fazia de tudo, mas o grupo não teria a proporção que teve sem a grande presença carismática de Wendy, tanto que no início Rod pensava em colocar três cantoras, mas ninguém conseguiu acompanhar o ritmo, as outras sumiam diante dela. Em julho de 1978 houve a estreia com Wendy nos vocais, o guitarrista Richie Stotts e o baixista Chosei Funahara e mais alguém que chamaram para assumir a bateria. A repercussão no cenário underground foi imediata, logo a banda seria a que mais lotava shows no CBGB.


Foi só no final de 1980 que o Plasmatics seria conhecido do grande público quando Wendy pulou fora de um Cadillac em movimento que logo explodiu e voou fora do pier 62 em direção ao Rio Hudson. Esse seria um dos momentos emblemáticos e que marcaria a memória das pessoas sobre as apresentações da banda. As performances incríveis de Wendy continham a clássica marretada e destruição de tevês, rádios, carros e guitarras, essa última ela também cortava com uma motosserra ao meio e jogava os pedaços na plateia. O Cadillac era o modelo favorito para explodir e pichar nos palcos. Esses objetos eram alvos preferidos pois simbolizavam a cultura de consumo norte-americana da época, mas não foram os únicos alvos. "Parte do que fazíamos era uma massa de destruição de ícones consumistas, então a gente dava marretada em televisões e os carros escolhíamos os Cadillacs porque eles eram o 'sonho americano'", revelou Rod.


Video clip: The Damned


Wendy era uma rockstar que ia na contramão do que o rock mainstream apresentava nas décadas de 1970 e 80. Enquanto muitos exibiam suas riquezas por meio de suas mansões, carros e até aviões, Wendy era critica ferrenha ao consumismo. Não é que ela fosse contra as pessoas comprarem, o ponto que questionava era os produtos que a sociedade consumia, na maioria das vezes de forma alienada, sem saber os problemas que causavam ao meio ambiente e consequentemente a sua própria saúde, pois há venenos que empurram para a população consumir sem saber a verdade, principalmente em alimentos.

Força física que aguentava nos ombros o guitarrista.

Era comum em entrevistas elogiarem a forma física de Wendy, que iniciou no Plasmatics aos 28 anos de idade. Ela respondia que cuidava sim muito do seu corpo e que por isso tentava ser a mais saudável possível se exercitando e sendo vegetariana desde a adolescência. O fumo e a droga que hora fizeram parte de sua vida, não estavam mais presentes, era proibido até Coca-Cola. Pois é, Wendy fazia todas aquelas loucuras no palco completamente sóbria!




O Estilo de W.O.W
Esteticamente Wendy foi precursora de muitas modas. Quando começou na banda, tinha um cabelo loiro platinado com mechas rosas, pode-se conferir o visual no primeiro álbum 'New Hope for the Wretched'. Dizem que foi depois de Setembro de 1980 que Wendy cortaria seu famoso cabelo moicano, uma de suas maiores marcas registradas. Seria uma das primeiras mulheres a usar o corte, ficando a dúvida se seria antes até de Wattie Buchan, vocalista do The Exploited. Chegou a ter o moicano em duas cores, preto e loiro durante 1981 e 1984. No final do último ano voltaria ao cabelo comprido loiro e com franja, visto na capa de seu álbum solo W.O.W. Ficaria assim até o final da banda e nas raras aparições após o término, os fios estavam cacheados.


O guitarrista Richie Stotts costumava usar saias, inclusive tutu, bem ao estilo punk bailarina.

Já na parte das roupas havia uma questão interessante: Wendy era supersexy, suas peças eram sempre justíssimas, minúsculas, isso quando não estava só de calcinha fio dental e sutiã ou coberta de espuma de barbear. Mas ela tinha uma atitude tão forte no palco, uma presença tão agressiva, que essa sexualidade extrema não a transformava num simples objeto sexual da qual muitas mulheres no rock eram reduzidas nos anos 80, principalmente nos clipes de rock. Em uma entrevista, Wendy disse que o jeito dela se vingar dessa diminuição às mulheres era justamente não colocá-las em seus clipes como modelos e objetos, pelo contrário, nos vídeos do Plasmatics, Wendy era sempre o destaque lutando, fazendo acrobacias audaciosas e esmagando tudo no seu caminho.


Usava cone bra antes de Madonna. Joan Rivers a chamou de
"Joan Crawford num sutiã de torpedo".

Como crítica do consumismo, já naquela época Wendy era adepta do que hoje conhecemos como minimalismo. Segundo uma matéria oitentista à People, ela mal tinha produtos domésticos, nem mesmo telefone. Também não usava vestido e não comprava um novo par de calça havia três anos. "Estou mais interessada em ter um lugar para trabalhar minha voz e corpo do que ter móveis", disse à revista. Apesar da preferência em peças justas e curtas, Wendy dizia gostar de usar o que era confortável. Com influência do punk e do metal, muitas de suas roupas vinham do universo fetichista, amava estampas de animais como onça e zebra, jeans apertado e de cintura baixa, camisetas sem manga mostrando suas tatuagens, uma rebeldia para aqueles tempos, ainda mais vindo de uma mulher! Só não consegui confirmar se as peças de fetiche que usava e as jaquetas eram de couro ou imitação, pois ela era ativista dos animais e não usava maquiagens que faziam testes em bichos.


Os retângulos pretos tapando os seios eram uma forma de provocar a censura, já que Wendy foi presa algumas vezes por 'exposição indecente'. Sempre indo além, em vez das fitas, às vezes usava pasties com spike ou colocava prendedores de roupas nos bicos, ou quando não usava nada, tapava suas partes íntimas com creme de barbear, mas durante o show acabava derretendo, correndo o risco de ir presa por obscenidade.


Em 1981, Wendy foi exatamente presa por obscenidade num show em Milwaukee ao simular masturbação numa marreta. Enquanto era direcionada para a viatura do lado de fora, um policial a assediou sexualmente apalpando suas partes íntimas, o que resultou numa reação de defesa agressiva de Wendy. Nisso, outros policiais chegaram, a jogaram no chão, chutaram seu rosto, quebraram seu nariz e provocaram um corte de doze pontos em sua cabeça. Rod Swenson tentou impedir mas também acabou sendo agredido e Jean Beauvoir, que tocava com a banda na época, sofreu agressões físicas e verbais racistas. O caso repercutiu na imprensa americana, chegaram a ir à Corte e Wendy foi absolvida da acusação. No ano seguinte seria presa novamente pelo mesmo motivo e também absolvida.


Em entrevistas era comum perguntarem à Wendy se ela e a banda provocavam violência pelas atitudes que tinham no palco ao destruir objetos. A cantora respondia questionando que era normal estupro e assassinato no noticiário, mas não era normal quebrar tevês, o que deixava claro como as coisas na sociedade estavam fora de proporção. "Quanto mais você suprime, quanto mais você reprime, tudo o que faz é criar mais violência, no meio desse tédio vem a violência, vem os assassinatos e as reais doenças da sociedade".


Dizem que Wendy não curtiu o filme que atuou em 1986, Reform School Girls. 
Particularmente não gostei também. 


The Plasmatics durou dez anos e durante esse tempo houve a carreira solo de Wendy. O término ocorreu em 1988, trocando de vários músicos e lançando cinco álbuns: New Hope for the Wretched (1980), Beyond The Valley of 1984 (1981), Metal Priestess (1981), Coup d'Etat (1982) e Maggot: The Record (1987). A banda foi pioneira em misturar punk e metal, o que segundo Rod causou desagrado aos primeiros fãs que eram punks. Maggot foi considerado o primeiro Trash Ópera da história. Nesse período também fez parceria com Gene Simmons e outros integrantes do Kiss para seu primeiro disco solo W.O.W e com Lemmy Kilmister junto com Plasmatics no EP 'Stand By Your Man'.

Lemmy e Wendy

O final de vida da Wendy não seria nada bom, com o fim da banda ela se recolheu, ficou antissocial e quase não havia notícias dela, a pessoa mais próxima e quem confiava era Rod Swenson. Ela se sentiu perdida sem o Plasmatics porque foi pela banda que conseguiu se encontrar como pessoa. Mudou-se para Storrs, Connecticut em 1991, e dedicou-se a resgatar e cuidar de animais órfãos e feridos no Quiet Corner Wildlife Center. Estava obcecada pela morte tentando suicídio três vezes: uma em 1993, outra em 1997 e a última em 1998. Acabou falecendo com um tiro na cabeça no bosque onde ficava a casa de Rod, sendo o próprio que encontrou seu corpo. O óbito foi no dia 06 de Abril de 1998, tendo apenas 48 anos de idade.


Apesar da imagem agressiva nos palcos, fãs que tiveram oportunidade de conhecê-la disseram que a artista era supersimpática pessoalmente. Para Wendy, o rock era atitude e isso ela tinha muito, tanto que deixou muito homem rockstar no chinelo, diria até que GG Allin! Uma pena ter falecido tão cedo, e assim como vários outros nomes de mulheres, seu legado na história do rock precisa ser mais reconhecido e lembrado. Tá feita a nossa parte!

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1 de janeiro de 2019

O estilo punk de Brody Dalle

Na virada dos anos 2000, Brody Dalle foi um dos nomes que mais se sobressaíram na cena punk rock de Los Angeles. Após o auge do Riot Grrrl e Grunge no início de 1990, o Pop retorna as paradas de sucesso em meados da década, ficando um certo 'vazio' de representantes femininas de estética punk - tanto no estilo de cantar quanto na roupa, e assim Brody acaba se destacando como umas das garotas mais influentes do punk rock nesse período. 


Australiana da cidade de Melbourne, seu nome verdadeiro é Bree Joanna Alice Robinson Fitzroy. Nascida no dia 1 de Janeiro de 1979, a cantora conta em entrevista que na infância era horrível fazer aniversário no primeiro dia do ano pois na Austrália é Verão, então todo mundo está fora. Hoje é mais legal porque ela pode curtir com a família. 

Mudança: usando bolsa Chanel. 

Quando jovem Brody se destacou na natação, chegou a treinar para Olimpíadas, mas diz que desistiu depois que descobriu a maconha. Logo o interesse por música fala mais alto e por volta dos 13\14 anos ganha de presente do seu tio uma guitarra e assim monta a sua primeira banda Sourpuss. Adolescente na época do Grunge, era superfã de Nirvana e Hole, esta última da qual teve a sorte de abrir um show em Janeiro de 1995. No futuro, a imprensa musical faria constantes comparações com Courtney Love devido ao estilo de cantar. Curtia também Blondie, The Runaways, Nina Hagen, The Slits, Kim Gordon, Fugazi, Joy Division, The Hunters and Collectors e já revelou ter como melhor memória de infância Cyndi Lauper. "Vi Cyndi Lauper tocando quando eu tinha sete anos. Meu pai me levou para vê-la. Esse foi o primeiro show que vi na minha vida. Ela era um pontinho minúsculo de cabelo laranja e um vestido azul pálido pulando pelo palco, cantando com aquela voz, fiquei totalmente hipnotizada"


Preciosidade esse vídeo! Sourpuss tocando diante da Bikini Kill.


Sourpuss teria um certo destaque na cena punk de Melbourne, isso porque a banda fez parte do projeto feminista Rock N' Roll High School, um espaço que promovia música e cultura DIY para garotas, criada por Stephanie Bourke em 1990. "Eu cresci numa cena que tinha Bikini Kill, Hole, Babes in Toyland, L7. Havia uma abundância incrível de coisa acontecendo com as garotas na música. Você nem pensava sobre, simplesmente só fazia". Foi tocando com Sourpuss no festival australiano Somersault de 1995, que Brody conhece Tim Armstrong do grupo Rancid. Meses depois iniciam um namoro a distância e dois anos depois Brody se muda para Los Angeles onde se casa com Tim em 1997, e no ano seguinte monta sua nova banda The Distillers

The Distillers abriu turnê para No Doubt e Garbage em 2002.
Desde então, Shirley Manson e Brody viraram amigas/irmãs inseparáveis.
Com Courtney Love.
Joan Jett e Nirvana. Via @nerdjuice79

Segundo Brody, o nome da banda viria de uma visita a uma destilaria da época que ainda morava na Austrália. Ela adorou os dizeres e ficou com ele na cabeça. The Distillers marcaria de vez sua vida profissional: foi nela que sairia suas primeiras composições e no futuro seria reconhecida mundialmente. Lançou três álbuns com o grupo: The Distillers (2000), Sing Sing Death House (2002) e Coral Fang (2003). Brody já revelou que não gosta do primeiro álbum homônimo pois estas foram suas primeiras canções e ainda estava muito crua como compositora, já o segundo curte mais. Os dois primeiros foram gravados em apenas duas semanas e o último foi em seis, ela nem acreditava que a gravadora havia dado um prazo maior. Coral Fang foi o qual catapultou Brody e a banda ao sucesso mainstream, o cd fez quinze anos em 2018. 

Cabelo espetado para o alto no clipe "The Young Crazy Peeling".



Los Angeles serviu de inspiração para várias canções do The Distillers, inclusive de pano de fundo para gravações de clipes. Brody conta em entrevista que no primeiro momento ao chegar em LA, achou a cidade muito vulgar e alienante, por um longo tempo se sentiu superdesajustada. Ela só conhecia seu então marido e foi através dele que seria apresentada a cena punk local. Após seis anos de um tumultuado casamento, separam-se em 2003. Foi um momento conturbado, Tim fez acusações e Brody se defendeu mais tarde revelando que a relação era mentalmente abusiva à ela pois o vocalista controlava tudo. Os amigos que restaram foram os companheiros de banda e Josh Homme, que começaria a namorá-la no mesmo ano. Em 2005 o casal oficializa a união, mas entra com o pedido de divórcio no final de 2019.

Brody e Tim.
Com Josh Homme (espero que seja punido pelo chute na fotógrafa!)

Brody tem com Josh três filhos: Camille, Orrin e Wolf. A primeira nasce em 2006 e The Distillers havia terminado. A cantora revela que a filha salvou sua vida, por muitos anos lutou contra a depressão e também com o vício em metanfetamina. "Eu não conseguia achar saída até que tive filhos e então me salvou. Eu me sinto bem, tenho um propósito e me sinto satisfeita". Buscando novos caminhos, ela anuncia sua nova banda Spinnerette em 2007. Tenta voltar aos palcos mas cancela a turnê após ser diagnosticada com depressão pós-parto. Em entrevista ao jornal The Guardian, Brody revela que as conversas de internet sobre seu ganho de peso na gravidez de Camille a afetaram profundamente. Admite que foi parte da razão por não conseguir fazer uma turnê apropriada para o novo disco. O retorno só viria em 2014, com o lançamento de seu álbum solo Diploid Love.


O hiato do The Distillers não foi um período fácil na carreira da artista. "Eu me senti uma fracassada depois que The Distillers acabou. Senti-me inútil. Estava envergonhada e perdida. Não sabia o que queria e que caminho tomar, mas me esforcei para encontrar o positivo diário e simplesmente continuei". A resiliência e determinação de Brody foi fundamental para sobreviver nessa indústria de altos e baixos tão bruscos. "Nunca tomarei um não como resposta e eu não irei parar. Não pararei enquanto não chegar aonde quero ir." Em 2018, a banda retorna aos palcos para comemoração de muitos fãs.

O estilo punk de 2000

Como dito no começo do post, Brody se tornou uma grande referência - senão a maior - às garotas punks da virada dos anos 2000. E é interessante que o estilo punk dela era bem adaptado a moda desse início do século 21. Dalle usava aquelas famosas calças justas e de cinturas superbaixas seguradas por cintos de caveiras ou de tachas, com blusas curtas, geralmente regatas e baby looks. All Star cano médio era seu companheiro favorito, mas às vezes fugia do seu estilo tomboy e usava saltos em modelos de sapatos polly (seu favorito) ou em botas de cano médio e bico superfino. Quando ela colocava saia ou vestido, algo raro, seu visual lembrava muito as punks setentistas.

Inspiração? Pose parecida com Debbie Harry.
Em 2004 na premiação da NME. 
O mesmo look é usado no clipe "The Hunger".

O cabelo virou marca registrada de seu camaleonismo, será que influência da Cyndi Lauper na infância??? Já teve o cabelo de todas as cores e cortes, mas dois são bem icônicos: o moicano e o desfiado curto preto. A maquiagem também não fica de fora, como não lembrar de sua make vamp, onde a pálpebra inferior era pintada de tal forma que parecia uma forte olheira resultando em uma  acentuada aparência junkie? Os lábios superpigmentados de vermelho ou já gastos e sempre acompanhados de piercings. Muitas meninas se inspiram até hoje nesse visual.

Brody se irritou com a Macy's e Bloomingdales e as 
proibiu de usarem essa imagem em campanhas publicitárias.

Por incrível que pareça, o estilo forte e marcante esconde por trás uma pessoa tímida. Tanto que quando se apresenta, Brody diz que prefere entrar e tocar logo, pois ama tocar. "Eu não gosto de conversa fiada, eu não quero que as pessoas fiquem ofendidas por não dizer nada porque não é pessoal, não tenho nada a dizer, prefiro tocar, então às vezes fico mais quieta". Brinca sobre a questão de não gostar de oferecer bis no final do show pois acha a encenação boba, diz que remete aos anos 70 e ao Kiss, banda da qual odeia.




Mesmo sendo reservada, em 2014, Brody e sua irmã caçula, a comediante Morgana Robinson, revelam publicamente como as duas se reencontraram. Ambas são irmãs paternas, mas não se viam desde que Brody tinha cinco anos e Morgana foi morar na Inglaterra com a mãe. Morgana sempre teve o sonho de ver seus irmãos, foi quando Brody saiu na capa da revista The Face em 2004, e o falecido pai a notifica sobre a publicação e assim descobre que possui uma irmã rock star e que vai tocar em Londres. Ela vai no concerto e conhece a cantora, que hoje são superpróximas. Apesar do parentesco, Brody considera seu falecido padrasto como seu verdadeiro pai.


Por sua trajetória musical, Dalle se tornou uma inspiração para meninas e mulheres que querem formar bandas de rock e por suas opiniões e atitudes sobre como encarar essa indústria. Ela ainda se questiona o fato de ainda estranharem uma mulher segurando uma guitarra, mas ao pedirem conselho as que estão iniciando, incentiva na revista Bust: "Sim, dominem um instrumento. Há muito tempo para namorados e namoradas e toda essa m***. Se você é apaixonada por algo, domine-o. E é simples de começar. São passos de bebê. Aprender a tocar um instrumento requer dedicação, cometer erros e descobrir todo tipo de coisas. Se você apenas tocar junto com seus álbuns favoritos, assim como fiz, você ficará melhor e melhor e melhor".

"Eles dizem que mulheres não tocam guitarra tão bem quanto os homens...Eu não toco guitarra com a p* da vagina então que diferença faz?"


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