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27 de fevereiro de 2018

Estilo: Nancy Laura Spungen

Nancy Spungen é com certeza um dos nomes mais enigmáticos da cena Punk. Todos sabem quem é, mas pouco se sabe quem ela era de verdade. O que se sobressai sobre sua pessoa são só coisas ruins, tão ruins que a tornaram emblemáticas, a verdadeira personificação da bad girl, do "live fast die young", do "love kills". Ninguém pode negar que ela era uma força da natureza, não havia chuva e sim tempestade. Não era uma simples ventania, era um furacão!

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Nancy foi uma garota interrompida pelos transtornos mentais, sua vida foi moldada pelas doenças psíquicas, já que segundo sua mãe, seu problema decorria do parto prematuro e ser diagnosticada com a síndrome do bebê azul. Deborah Spungen acredita que seus problemas neurológicos eram pelo fato de ter nascido cianótica, o que afetaria a personalidade de sua filha.

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Nascida em 27 de Fevereiro de 1958, na Pensilvânia, Filadélfia, de uma família classe média judaica, Nancy sempre foi precoce. Aos dez anos era hippie, curtia Beatles e participava de passeatas contra a Guerra do Vietnã. Aos onze seus demônios começam a aflorar pela depressão extrema e as primeiras tentativas de suicídio seguido da expulsão na escola e o diagnóstico de esquizofrenia. O convívio com a família era insuportável, não conseguia controlar o impulso violento, batendo em seus irmãos menores Susan e David. Com dezessete morava em Nova Iorque, namorava músicos e às vezes trabalhava como stripper e na prostituição, sendo o dinheiro gasto curtindo rock e no vício em heroína. Legs McNeil, criador da revista Punk, revelaria que era uma ávida conhecedora de música: "Nancy teve uma dessas paixões pelo rock n' roll que muito poucas pessoas têm. Ela sabia tudo sobre cada álbum"

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Acompanhada de Debbie Harry. 

O estilo da bad girl é uma marca registrada na moda das garotas punks. McNeil disse que Nancy fugia do padrão por não ser muito magra e que não tinha vergonha de assumir que trabalhava como prostituta. Suas roupas continham o visual de: estampa de onça, meia arrastão, jaqueta e minissaia, bota de cano curto e bico fino. Os acessórios eram referência: pulseiras tachadas, colar com pingente de arma, corrente com cadeado, cinto em forma de algema. Nancy trazia também elementos do fetiche, usou muito látex em seus looks.


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A maquiagem era superforte, sempre com batom vermelhão, bochechas marcadas de rosa, o olho delineado de preto com sombra prata e preta esfumada na pálpebra. As unhas eram compridas e ovais esmaltadas de vermelho. Era uma Vamp pré-oitentista. O cabelo cacheado loiro oxigenado com a raiz escura seria influência às futuras kinderwhores

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Frequentadora da cena Punk, chegaria a trabalhar na porta do CBGB, mas as pessoas só ficariam perto de Nancy para comprar droga. Não era alguém querida no meio, na verdade sua fama era péssima, sendo chamada de "Nauseating Nancy" e isso se perpetuaria em Londres, quando se muda na primavera de 1977, atrás dos The Heartbreakers Johnny Thunders e Jerry Nolan. Na cidade faz amizade com Linda Ashby e se hospeda em seu apartamento. Linda trabalhava como dominatrix, inclusive Nancy chegaria a ajudá-la nos atendimentos, e toda turma punk ia se divertir em sua casa depois das noitadas. Foi assim que acabou conhecendo Sid Vicious.

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Nancy com Linda Ashby.

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Nancy e Sid com Lemmy Kilmister.

Linda Clark, Leee Black Childers, Nancy, Sid e Dee Dee Ramone.

Na verdade Nancy tentou primeiro ter relação com outros membros dos Sex Pistols, porém nenhum deles ia com sua cara, eles realmente a desprezavam, em documentários a retratavam com palavras de baixo calão. Sid acabou se apaixonando, era tímido e teria perdido sua virgindade com Nancy. O namoro duraria um pouco mais de um ano, só que com toda a intensidade da Era Punk. Eles brigavam de forma violenta em público, eram capas de tablóides, iam e voltavam em meio ao extremo consumo em drogas, alguns dizem que Nancy teria apresentado heroína ao Sid. Foi um relacionamento extremamente abusivo de ambos os lados e que acabou marcando a história do rock.

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Uma garota de família tradicional judaica namorando um cara com suástica estampada na camiseta. Só mesmo no Punk!

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O relacionamento abusivo acabou sendo romantizado no Rock. Em cada cena que surgia, era esperado o novo "Sid e Nancy", como ocorreu com Kurt Cobain e Courtney Love nos anos 1990, a qual teve forte influência estética e comportamental. Nos últimos anos, apesar de não ter visto uma citação direta, as semelhanças entre Amy Winehouse e Blake Civil Fielder são bem destacadas. Não seria espantoso se ambos tivessem se inspirado no "love kills" do casal punk, ainda mais pela enorme fama que possuem na Inglaterra.

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A parceria na campanha de maquiagem de Kat von D com Billie Armstrong mostra que até hoje o casal é referência de imagem.
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Em 1978, quando os Sex Pistols terminam após o fracasso da turnê americana, mudam-se para o Hotel Chelsea em Nova Iorque. A relação continua tumultuada devido a falta de dinheiro e consequentemente sem verba para financiar a compra de drogas. Nancy vira empresária de Sid tentando alavancar sua carreira, mas ele não era grande músico e os dois estavam descontrolados pelo vício. Até que no dia 12 de Outubro, no quarto número 100, Nancy é encontrada morta com uma facada no abdômen tendo apenas 20 anos, mesma idade que sua mãe a teve. Vicious é preso acusado de seu assassinato e apesar de não lembrar do momento devido ao efeito das drogas, sempre negaria o feito. Em 2 de Fevereiro de 1979, é encontrado morto por overdose.

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Livro de Deborah Spungen que inspirou o filme Sid and Nancy.

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Courtney Love participou com a personagem Gretchen ao lado de Gary Oldman e Chloe Webb.

"Eu já tenho 80, sou uma mulher velha", uma vez disse à sua mãe. Ambas sabiam que Nancy não iria viver por muito tempo. Só que Deborah não imaginava que a filha seria assassinada, muito menos por Sid. Depois do ocorrido se tornaria uma ativista, apoiando famílias que tiveram parentes assassinados, criando a ONG "Families of Murder Victims" na Filadélfia. Em 1983, Deborah lança a biografia, "And I Don't Want to Live This Life", foi uma forma de desabafar e contar a verdadeira história de Nancy, depois do cruel processo que passou com a imprensa e todo o circo que armaram na época de seu luto. Três anos depois surge o filme "Sid and Nancy" baseado no livro de Deborah, mas sem autorização da mesma, que inclusive enfatizou não retratar a realidade entre mãe e filha. Nancy foi enterrada no cemitério judaico King David Memorial Park e entre as teorias de sua morte, a mais forte é que foi assassinada por um traficante. Esse ano completaria 60 anos, mas sendo 40 de seu falecimento.



E vocês? 
Alguma vez já se inspiraram no estilo da Nancy?




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Texto e seleção de imagens: Lauren Scheffel

Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
É permitido compartilhar a postagem. Ao usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos precisa obrigatoriamente linkar o texto do blog como fonte. Não é permitida a reprodução total do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É vedada a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, não fazemos uso comercial das mesmas, porém a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.

27 de novembro de 2016

Joe Corré, filho de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren queima históricas peças Punks criadas por seus pais.


"O Punk se tornou ferramenta de marketing para vender algo que você não precisa. A ilusão de uma escolha alternativa. Conformidade em outro uniforme." - Joe Corré


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Joe Corré queima a camiseta "God Save the Queen", criação de seus pais na década de 1970.

Como já havíamos noticiado aqui no blog no começo do ano, Joe Corré, filho de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren anunciou que queimaria a memorabilia punk herdada de seus pais, que chega ao valor de pelo menos 5 milhões de libras.

O motivo?
A cooptação da subcultura punk pelo mainstream.

Durante todo o ano de 2016 comemorou-se os 40 anos da subcultura Punk. Dentre estas comemorações o "Punk London" foi cheio de exposições, debates e palestras em museus, na British Library e no British Film Institute. Tudo aprovado e abençoado por ela, a "God Save the Queen", Rainha Elizabeth II.

"A rainha ter dado a bênção aos 40 anos do Punk foi a coisa mais assustadora que ouvi. É a apropriação da cultura punk e alternativa pelo mainstream... Ao invés de um movimento por mudanças, o punk se tornou uma peça de museu ou de atos de tributo. O punk nunca, nunca significou ser nostálgico - e hoje você pode aprender como ser punk num workshop no Museu de Londres." - Joe Corré 


Neste sábado 26 de novembro (data do aniversário de 40 anos da subcultura na Inglaterra), Corré queimou sua memorabilia num barco no rio Tâmisa acompanhado de sua mãe Vivienne Westwood. Em terra, houve protestos de punks querendo sabotar o ato que foi transmitido por live streaming.

 Joe Corré burning punk memorabilia
memorabilia punk queimando

Além de simbolizar revolta com a apropriação da cena musical pelo mainstream, bonecos de políticos ingleses como David Cameron, Theresa May e George Osborne foram queimados vestindo as roupas históricas dos primórdios da moda punk, junto com pôsteres, álbuns, cartazes e outras peças de época.

memorabilia punk on fire
Na faixa vermelha, corporações como Monsanto, Bayer e McDonalds são criticadas.

A hipocrisia está no centro desse ato de Joe Corré. Ele disse que nos últimos 40 anos houve um sequestro da anarquia no Reino Unido. Corré pediu aos que assistiam ao espetáculo para confrontar tabus e não tolerar hipocrisias ao mesmo tempo em que ele e sua mãe alertavam sobre os perigos de uma mudança climática. Sempre engajados em causas sociais e políticas, mãe e filho aproveitaram para colocar o lado ativista em prática pedindo que as pessoas adotem energia verde, que seria o primeiro passo para um mundo livre e "a coisa mais importante que você poderia fazer em sua vida".

Dizeres no barco: "Extinção! Seu futuro"

"Londres está sendo socialmente limpa e transformada num parque temático para corporações, cadeias de lojas e especuladores que não pagam seus impostos. Algumas pessoas estão muito preocupadas com o preço desses artefatos, mas a conversa que precisamos ter é sobre valores. O Punk proporcionou uma oportunidade para que a geração dos anos 1970 criasse uma saída - não confiando na mídia, não confiando nos políticos, investigando a verdade por si mesmos - o "faça você mesmo". O punk está morto e é hora de pensar em outra coisa". - Joe Corré

Esta fala de Joe Corré sobre o Punk estar morto e ser a hora de pensar em outra coisa, se liga com a fala de Kathleen Hanna sobre o movimento Riot Grrrl. Ela também não curte a nostalgia sobre e alegou que ao invés de tentar reviver o movimento Riot era melhor a geração atual criar um novo movimento. Fica aí a reflexão sobre estarmos mesmo cooptados pelo mainstream, sobre deixarmos de questionar e simplesmente aceitar o status quo, e sobre não estarmos criando coisas novas, apenas relendo o passado.


Vivienne Westwood apoiou o ato do filho e convidou os presentes para enfrentar a hipocrisia da política e das grandes corporações. Pediu que todos se engajem em causas ambientais. Um "faça você mesmo" a mudança, chega de ficar à mercê dos poderoso$.
 climate revolution


Durante o ano, tanto John Lydon quanto fãs de punk questionaram porque ao invés de queimar, Joe Corré não vendia as peças e doaria o dinheiro à caridade?
Corré respondeu dizendo que "quem irá comprar as peças?" - que por serem relíquias, são caras - "Elas vão parar na parede de algum banqueiro". Pelo valor, as peças não seriam compradas por punks reais e sim pela elite. Justamente a elite que explora o mundo.

Tudo isso está sendo documentado para um filme e segundo Corré, 80% dos fundos serão doados para causas ambientais e de mudança climáticas. Mas ele não queimou toda sua coleção, alguns itens de valor sentimental permaneceram, como as roupas que ele ajudou sua mãe a costurar quando ainda era um garotinho.

"O Punk tem sido castrado e neutralizado pelo setor corporativo e pelo Estado. Pendurado, esticado e esquartejado. Os jovens de hoje, jovens zangados, precisam de soluções reais, não do uniforme agora conformista, higienizado e esterilizado do punk. Não tem mais moeda. O Punk perdeu toda a sua mordida."- Joe Corré

Independente de ser contra ou a favor, algumas coisas são fato: a família continua com atitude punk. Continua questionando a forma que a sociedade funciona. Continua cutucando e abordando temas relevantes.

De alguma forma, Corré e Westwood mantém vivo o legado questionador dos primeiros punks. Talvez seja realmente a hora um engajamento em causas sociais que nos identificamos. A mudança pode vir de baixo, já que os de cima -  políticos e grandes corporações - não vão eles mesmos acabar com o próprio poder.  
Punk realmente não é nostálgico, como abordei neste artigo, os jovens dos anos 70 ironizavam o passado e queriam viver de forma diferente de seus pais. Não usavam a moda, criavam uma anti-moda. Não ligavam para o conceito tradicional de beleza: as meninas cortavam cabelos curtos e faziam maquiagens chocantes. Os rapazes rasgavam roupas. 

Queimar a memorabilia acabou sendo um ato punk! 
Punks desconstruíam conceitos. A queima desconstrói a importância histórica de um objeto, da roupa de museu; desconstrói o conceito de "relíquia", algo simbólico que deve ser salvo e guardado.
O ato foi provocativo. 
Foi mais um capítulo digno de registro dos criadores da subcultura Punk na Inglaterra.

Marketing ou não, eles aproveitaram para dar um alerta real sobre problemas ambientais que nossa geração enfrentará arduamente nas próximas décadas, enfrentaremos o caos se fecharmos os olhos. 
O "no future" será nosso fardo se não mudarmos o presente.



E você, achou polêmico? É a favor, contra, tem questionamentos? Acha que o punk está morto? Acha que virou marketing e moda esvaziada de sentido? Opine à vontade!



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16 de novembro de 2016

Todas as facetas do Punk │Minor Threat e o filme Suburbia

Os visuais punks são dos mais ricos, devido à várias subdivisões. Hoje em dia punk pode ser tanto usar roupa básica e ser cheio de tattoos (como o pessoal do hardcore) quanto ser um streetpunk ou ter um visual skinhead.

Artigo de Helena Machado, colaboradora e autora do blog Aliena Gratia.


“Nunca acredite em uma hardcore que
não tenha escutado punk rock”


Roger Miret do Agnostic Front em uma clara influência do punk no hardcore, seja no som ou nas roupas (básicas mas com o corpo tomado por tattoos).


Streetpunk e seu moicano colorido: 
uma característica da estética punk é a agressividade no visual.


Para os que tem dúvidas, aconselho ver um filme chamado “Suburbia” (1984) de Penelope Spheeris, boa parte dos estilos que falo estão lá, desde o pós-punk até o skinhead, passando pelos batons vermelhos e cabelos curtos desconectados que divas punks como Brody Dalle popularizaram. Voltando ao filme Suburbia, ele trata os punks como jovens deslocados na sociedade, com traumas e problemas domésticos. Esses jovens encaram sua escolha em ser punk como uma saída para seus problemas em casa. É em uma espécie de gangue, TR – The Rejects, Os Rejeitados (obviamente pela sociedade e família), que eles encontram pessoas que realmente os acolham em suas características singulares. Os jovens que inicialmente possuem atitudes agressivas e chocantes revelam-se verdadeiras crianças quando são colocados em situações difíceis. No TR, um serve como apoio ao outro e válvula de escape.

Suburbia: Punks de cabelos descoloridos ou muito pretos, jaqueta de couro, jeans rasgados, bondage trousers e coturno, influência skinhead do chapéu e bengala (ou taco no caso dos hooligans) visto em “Laranja Mecânica” (veja aqui), parkas dos mods, suspensório, careca e coturno típico dos skinheads. E até o pós-punk que já começava a dar as caras. Todos esses estilos, com a atitude “Do it yourself”, “Faça você mesmo”. Não tinha essa de comprar nada não…


Há também no filme a influência original dos punks de negarem as drogas, um princípio do que o Minor Threat (que é uma banda punk/hardcore) faria como precursores do início do Straight Edge. Entre os motivos de alguns punks serem contra as drogas, é que elas lembravam o mundo lisérgico dos hippies. Por isso também os punks cortam seus cabelos, cabelos compridos lembram hippies, que era tudo que eles negavam, uma geração que não deu certo [+ aqui].

A banda Minor Threat fundiu atitudes e peças do estilo punk, como a cabeça raspada, o coturno e o jeans rasgado à outras esportivas, como o tênis Vans (precursor dos skatistas), meia, munhequeiras e agasalhos esportivos. Embora muitos se esqueçam, o hardcore inicial foi muito influenciado pelos hooligans, que começavam a assistir jogos de futebol com roupas esportivas para não serem identificados como skinheads, que causavam confusão por onde passavam. Aí começa a ascensão da marca Lonsdale (a principal marca de agasalho dos hooligans/skinheads na Inglaterra ainda hoje).

A banda Minor Threat

Em Suburbia, personagem skinhead/punk que é contra o ato de um dos integrantes do TR usar drogas e acaba batendo nele por isso. Aliás a agressividade é uma das marcas deste, um dos mais marcantes do filme.


Outra cena marcante do filme é de quando esse mesmo jovem skinhead começa uma confusão em que as roupas de uma moça são arrancadas no meio de um show punk, logo após dele assediá-la. O vocalista da banda punk que está se apresentando (em um ato e revolta contra os jovens agressivos), fala para eles deixarem a moça em paz e curtirem o show numa boa. O que acaba não acontecendo e o show acaba. É por causa dessas atitudes que infelizmente não acontecem somente na ficção, que a sociedade acaba rotulando o punk de agressivo. Por causa de alguns indivíduos com uma postura agressiva todo o movimento fica marcado como agressivo. Eu penso que as pessoas são preconceituosas, não somente com o punk mas com outros gêneros do rock. A sociedade tem medo das pessoas do meio underground porque acabam ligando seu visual agressivo à atitudes agressivas de alguns. Mas esquecem que como em todos os lugares do mundo, há indivíduos de bom caráter e outros nem tanto.Não poderia ser diferente com o meio underground.

* Falamos [aqui] sobre como a agressividade adentrou na cena punk.

Outro filme em que a estética punk é abordada de maneira agressiva é no filme Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese. A época em que o filme foi rodado coaduna com o período em que o mundo conheceu o punk. Foi clara a referência de Scorsese aos punks, como já foi dito em entrevistas do diretor, embora em nenhum momento Travis Bickle (Robert De Niro) declare ser punk. Travis é um motorista de táxi que de tanto ver coisas erradas na rua à noite, como a prostituição de crianças, se acha na obrigação de fazer algo, mesmo que esse algo não seja a coisa certa a fazer. Há uma mudança de atitudes do personagem e o seu estilo, corte de cabelo e parka militar é o ápice dessa mudança e revolta.



O punk continua influenciando muitas pessoas, elas estão por aí, embora nem todas tenham uma cara estereotipada de punk, preste atenção nos detalhes. E atitudes.




Artigo de Helena Machado em colaboração com o blog Moda de Subculturas. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia do autor. É permitido citar o texto e linkar a postagem. É proibido a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens das mesmas foram feitas por nós baseadas na ideia e contexto dos textos. 


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14 de outubro de 2016

Tutoriais de Maquiagem Punk (1976-1979)

O Youtube é o local perfeito pra postar tutoriais de maquiagem. No entanto não foi tãããão fácil encontrar maquiagens Punk históricas. Embora existam diversos tutoriais de make punk, com variações de estilo, cores e de cat-eye, eu queria algo bem fiel à época mesmo e os três abaixo foram os mais próximos que encontrei.

Acabou sendo interessante a pesquisa, pois me levantou o questionamento: porque há centenas de variações de make punk "modernizado" mas tão poucas sobre a década de 70?
Então esse registro abaixo é mais como entretenimento, uma amostra de que sim: a maquiagem punk de 1976 - 1979 ainda pode ser atual!

A Rasa, do canal Disspossable fez uma make inspirada em Soo Catwoman: simples e que pode ser feita rapidamente no dia a dia, dando inclusive pra variar a cor da sombra.



Este canal, que foca em maquiagens de época, fez a make super próxima historicamente, mas pecou na questão da peruca e da roupa... o cabelo tá longo demais pra época (as meninas usavam cabelos curtos) e a roupa um pouco justa, mas o foco é a maquiagem que tá certinha, então vamos lá!
* Ela inclusive diz no vídeo que este estilo de maquiagem foi uma novidade que chocava a sociedade. E ainda destacou que o blush que elas usavam eram em tons realmente fortes! ;D



Há centenas de tutoriais da maquiagem da Siouxsie, mas este é da fase punk dela:



E claro, este "tutorial" que está no nosso canal. Será que alguma b/vlogueira alternativa faria uma versão atual destas maquiagens? Se alguém fizer, por favor não deixe de avisar a gente! ;)



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6 de outubro de 2016

Punk Inglês 1976 - 1979 │A estética das meninas do Punk (fotos)

Com foco em análise e descrição de imagens, esse post aborda a estética das meninas da cena Punk inglesa de 1976 a 1979, sendo uma continuação do post anterior (A estética da primeira geração punk")

Se você chegou agora, sugiro antes ou depois de ler este ar
tigo ler também os listados abaixo pois todos juntos contam um pouco da história do Punk de 1976 a 1979:


Garotas punks: 
cabelos curtos, maquiagem cat eye, gargantilhas, alfinetes, correntes...


Sobre a suástica: os pais e avós dos punks foram os que viveram a II guerra mundial. Os punks contestavam aquela geração careta, o uso do símbolo era uma provocação, choque, "uma forma de demonstrar-se entediados com os pais falando de Hitler o tempo todo" - declarou Siouxsie. Uma atitude bastante atrevida.

 
O cat eye exagerado foi uma maquiagem originalmente punk. Algumas pessoas veem fotos da época e dizem que é maquiagem "pós-punk". Isso não faz sentido já que o pós-punk, como o próprio nome diz, veio depois do Punk. Então esse make, colorido, rabiscado, puxado, sem sobrancelha/sobrancelha redesenhada é punk e depois se estendeu ao pós-punk e ao gótico (que desenvolveram suas próprias versões). A estética punk foi algo tão impactante que influenciou fortemente outras subculturas sendo muito importante em termos de criatividade, tanto que até hoje reproduzimos o que eles usavam!



 


Há quem diga que cabelos curtos não permitem penteados elaborados ou diferentes. Deve ser porque eles não conhecem as meninas Punks de 76-79! XD


O vídeo de Liisa Ladouceur sobre os 40 anos do estilo gótico teve repercussão nacional e internacional. O look punk daquele vídeo foi muito criticado por "não ter moicano e coturno". Mas a garota punk do vídeo de Ladouceur está correta, ela se inspirou nas garotas de 1976 como o próprio vídeo indicava. Em 1976, minissaia e salto alto eram parte do look das garotas. E essa falta de informação não é só nossa, muita gente do exterior revelou não saber disso, o que demonstra que a informação histórica sobre a moda das subculturas existe, mas por algum motivo não chega a todos.


As meninas usando saltos
Os looks variam entre uso de minissaia (super comum) e calças tanto baggy quanto mais ajustadas. Blusas de tela e meia arrastão usada com as saias ou com calcinhas por cima. Couro em jaquetas e blazers com bottons, gargantilhas, gravatas, maquiagem cat eye, cabelos curtos e/ou armados.
Cintos com studs, decotes profundos, tornozeleiras e cabelos arrepiados.
Observem na foto central abaixo, com 3 garotas, que a menina da esquerda usa salto com spikes, a do centro uma sandália que se assemelha a Melissa e a da direita, sandália com meia.
  
®Steve Johnston / Derek Ridgers

Além dos elementos citados na imagem acima, saias com fendas também eram habituais.
Look de blusa/camisa, com gravata, saia curta, meia e salto, é a estética punk feminina que se perdeu com o tempo. Uma estética semelhante, sem a gravata e sem a camisa, foi usada pelas meninas do Hard Rock oitentista.
Mas pra gente analisar referências: a cantora Avril Lavigne, vendida como "pop-punk" usava uma gravatinha, demonstrando que seja lá quem cuidasse da imagem da cantora, conhecia essa referência estética.


1.® Jim Jocoy / 2: ?

Blazers soltos ou acinturados, casacos, xadrez, gravata e cabelos curtos com penteados diversos...mas o olho sempre no estilo gatinho!





Mais penteados diversos e maquiagens... 
Jaquetas , studs, bottons, correntes e estampas de bicho.
Numa determinada época, podemos notar os indícios de uma tendência ao surgimento do moicano (cristas no centro ou lateral) na cena, como na foto à esquerda.
2.®Derek Ridgers

Garotas se divertindo nos clubes! Apenas underwear, muita cinta liga, tricô arrastão, correntes, colares e gravatas!


Siouxsie em alguns momentos. Na primeira foto usa um baby doll; o rapaz que está com ela usa tela arrastão e calça baggy; a seguir, dança em show dos Pistols com os seios à mostra e vestindo apenas lingerie/harness. Embaixo usando visuais mais masculinos com calça, blazer e gravata. 


À direita peças em couro, minissaia e meia arrastão, à  direita Nina Hagen e sua jaqueta tem patches e escritos. Olhos pintados de preto. 



Polly Styrene da X-Ray-Spex: peças em tecidos plásticos, meia calça e salto.



Pauline Murray no clube The Vortex e Toya Willcox que também foi punk! Citamos ela [aqui] também.

1.®Derek Ridgers

 Alguns looks bem variados de Jordan, vendedora das lojas de Vivienne Westwood. Destaque para a maquiagem nos olhos bem marcados.


The Slits [aqui] e dois looks comuns na época: camiseta detonada (a da esquerda criação de Vivienne Westwood para SEX) e minissaia com jaqueta, animal print e meia arrastão.




As garotas punks tinham muito estilo! 
Vários elementos que elas usavam são vistos hoje em outras subculturas ou na moda alternativa num geral. A frase "Punk is not dead" (Punk não está morto) faz sentido até quando se trata da estética!


Espero que tenham gostado dessa sequência de artigos em homenagem aos 40 anos do Punk e não deixem de comentar e espalhar por aí! Acompanhem o blog em nossas redes sociais, tem mais coisa em homenagem ao Punk vindo por aí :)



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