Faça Você Mesma é um filme dedicado a contar a história da cena Riot Grrrl brasileira. Quem nos acompanha deve imaginar a felicidade que tivemos ao descobrir a produção desse registro histórico de um movimento importante para o punk underground do mundo inteiro.
O filme foi idealizado pela documentarista Leticia Marques e possui uma equipe só de mulheres, formada por Patricia Saltara, Bruna Provazi e Brunella Martina. Há depoimentos de diversas integrantes de bandas como Lava, The Biggs, Pin Ups, Cosmogonia, Kaos Klitoriano, Dominatrix, Kolica, Same, Hitch Lizard, No Class, Bulimia, Hats, Dog School, Hidra, Wee, Santa Claus, The Dealers, Cínica, Miss Junkie, Go Hopey, Biônica, Las Dirces, Siete Armas, Anti-corpos, TPM, Lamina, Baby Scream, entre outras.
Assistam o vídeo das meninas falando como
Punk e Feminismo mudaram suas vidas ♥
Em 2016, o Riot Grrrl completou 25 anos, data da qual comemoramos contando um pouco de sua história. Pouco porque acontecimentos que ocorrem fora do mainstream tem registros feitos de forma independente, ou seja, são arquivos raros e nem sempre da melhor qualidade, naquela época não se tinha equipamentos tecnológicos como hoje, onde qualquer pessoa sem experiência ou estudo faz uma boa foto ou um filme. Então, se o registro americano já tinha suas dificuldades, imagina por aqui.
Enquanto no exterior era lembrado os 25 anos, no Brasil, acabava de se completar os 20 anos da nossa cena Riot. E assim como muitas meninas não conheciam o movimento de fora, tampouco sabiam de sua história aqui no país. Fica bem claro a importância do Faça Você Mesma, que vem chegando numa fase onde há um crescimento de registros em livros, documentários e filmes sobre as subculturas daqui, mas que ainda pouco contempla a vivência das mulheres nesses meios.
A iniciativa se encontra no Catarse e necessita atingir a meta inicial de 30 mil reais para que o filme seja concluído. Caso você não possa contribuir financeiramente, para um projeto independente, a divulgação do link já é uma grande ajuda! Nesses quase dez anos de blog, perdemos a conta da quantidade de críticas e auês que alternativos fazem por deturparem suas subculturas, mas na hora de apoiarem trabalhos bacanas feitos por pessoas da cena, desaparecem num passe de mágica! Aí fica difícil.
Vale lembrar que as oficinas gratuitas das Hi Hatspara ensinar bateria às garotas continuam a todo vapor no Rio de Janeiro e São Paulo. Acompanhe suas mídias para saberem das datas e locais. E claro, assistam e divulguem o documentário sobre as mulheres na cena heavy metal brasileira.
Fiquem ligados que há mais projetos em andamento vindo por aí! 😉
Pedimos que leiam e fiquem cientes dos direitos autorais abaixo:
Artigo das autoras do Moda de Subculturas. É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
Ano passado, o vídeo "40 anos do Estilo Gótico" [aqui] de Liisa Ladouceur, deu uma repercussão imensa na internet no mundo todo. A polêmica e o sucesso foram tantos que Ladouceur decidiu fazer um segundo vídeo, desta vez sobre a estética masculina.
"A reação a 40 anos de estilo gótico foi esmagadora. Foi um projeto de arte com meus amigos criativos para celebrar uma subcultura e estilo que eu amava, e foi emocionante vê-lo ressoar por tantas pessoas - mesmo aqueles que discordaram fortemente de nossa versão da história do estilo gótico, que era um quadro geral, um olhar generalista para as tendências ao longo dos anos. Para o vídeo masculino, levei seis meses para encontrar o modelo certo que nos deixou dar-lhe um deathhawk. Nós pudemos caracterizar looks góticos que eram mais masculinos - industriais, por exemplo, ou aquelas calças tão clássicas da [marca] Tripp - ao mesmo tempo em que reconhecemos que a androginia e a troca de gênero são um elemento essencial deste mundo.
A moda dos homens góticos é intrinsecamente mais transgressiva do que a das mulheres - ainda hoje é preciso um monte de coragem para um rapaz sair em plena rua com lápis de olho e batom, ou numa saia e arrastão, nunca se esqueça dos anos 1980, quando tudo isso começou. Ao longo dos anos, os homens góticos foram tão fashion-forward quanto as mulheres, e queríamos celebrar isso. Tenho certeza que ainda haverá discussões sobre o que é e não é gótico o suficiente neste vídeo, mas isso também é um elemento essencial e bem-vindo." - Liisa Ladouceur para o site Nosey.
Então aperta o play que vamos falar mais sobre o vídeo logo abaixo ;)
Ladouceur começou de novo pelo Punk 1976, pois sabemos que ambas as subculturas possuem uma ligação histórica.
Neste vídeo ela colocou as datas bem grandes; no vídeo anterior sobre a moda feminina, as datas pequenininhas confundiram muita gente que não as notou.
Observem como "1990 Vampire", bate certinho com a estética Romantic Goth do vídeo da moda feminina. Naquela época os livros de Anne Rice influenciaram a subcultura.
Em "2005 Emo #sorrynnotsorry", Ladouceur já avisa "desculpa sem pedir desculpa".
"Emo",
é claro, já está provocando polêmica. Liisa não
abordou exclusivamente os estilos góticos (nascidos na subcultura) e
sim os estilos que os membros da subcultura ADOTARAM ou que a subcultura
INFLUENCIOU. No caso do Emo, houve uma mistura com a estética gótica em
determinado momento, e tendo vindo de um braço do punk, os Emos criaram uma espécie ligação estética de punk + goth versão década de 2000.
2010 Edwardian: algumas vezes citei essa estética aqui no blog, especialmente [neste post] onde analiso os eventos alternativo-históricos. A estética eduardiana entrou muito em voga junto do maior acontecimento da cena gótica daqueles anos: o surgimento do Picnic Vitoriano do WGT organizado por Viona Ielegems, evento este que se refletiu aqui no Brasil, com os Picnics Vitorianos das cidades de Curitiba, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Rio de Janeiro e até Manaus.
"2015 Deathrock Revival": É verdade que está havendo um revival estético do Deathrock, inclusive na moda feminina.
Finalizando, gostaria de lembrar que os vídeos têm como foco História da Moda (alternativa) e não somente a subcultura. Então ao assisti-los é preciso dar uma ampliadinha na mente e enxergar essas influências e referências como um todo. Se gostaram, não esqueçam de compartilhar ;)
Após anos de especulação sobre um filme dedicado a sua biografia, em 2016, saiu o documentário Janis Joplin: Little Girl Blue, que conta a trajetória pessoal e musical de uma das mais importantes vozes do Blues e do Rock.
Nascida em 19 de Janeiro de 1943 - “just like the capricorn I am” - nos deixaria ainda muito jovem, entrando para o fatídico Clube dos 27. Esse é um fato que marcaria sua história, e ainda em vida notaria as transformações dessa data. Parece que a tal idade não é mesmo fácil para ninguém, mesmo para os que sobreviveram. Em entrevista à MTV na década de 1990, Axl Rose revelaria que numa conversa com o Prince, o músico havia lhe dito que os 27 anos são os piores.
Ao longo do documentário, observamos várias questões típicas de uma grande rock star: sentia-se completamente deslocada das pessoas de sua cidade, Port Arthur, Texas. Um local pequeno e de mentalidade conservadora que odiaria para sempre, pois seria lá que destruiriam sua autoestima da qual nunca recuperaria. Sendo uma garota que não seguia as regras de comportamento das meninas de sua época, sofreu consequências por ser considerada diferente. O ápice da humilhação tornaria forma quando num concurso de uma fraternidade, a elegeram “O Homem Mais Feio”, algo que a magoaria demais e a faria sentir os efeitos do machismo na sociedade. Mesmo com a belíssima voz, composições e interpretações marcantes, o adjetivo “feia” lhe perseguiria com frequência em artigos na mídia.
Seu talento para as Artes começou cedo: primeiro o desenho e depois a música
Sobre sua evolução estética e na performance em shows, ocorreria quando trocaria o Texas por São Francisco, na Califórnia. A efervescência cultural da cidade foi superimportante no desabrochar do comportamento da cantora. Em contato com a liberdade social dos anos 60, e como todo jovem influenciado pelo movimento beatnik, aproveitou ao máximo o lema sexo, drogas e rock n’ roll. Influenciada por músicos como Otis Redding, ficaria famosa no festival pop internacional de Monterey, em 1967, ganhando o título de a primeira estrela feminina do rock. Restavam apenas três anos para usufruir seu meteórico sucesso.
Nesse pouco tempo Janis passou por muita coisa, entre altos e baixos bem fortes. Uma delas seria a sua viagem ao Brasil em pleno Carnaval, onde conheceria aquele que parece ter sido o seu grande amor. Essa é uma das partes mais legais do documentário, com diversas imagens mostrando uma cantora genuinamente feliz, se jogando no samba e nas praias cariocas. Há centenas de estórias dela em sua excursão ao país, incluindo passagens famosas como a expulsão do Copacabana Palace e seu encontro com Serguei. Leia mais sobre aqui e aqui.
Janis no Brasil. Abaixo, a canção sobre seu coração partido após conhecer seu grande amor no país.
A frase “tristeza não tem fim, felicidade sim”, da canção “A Felicidade” de Vinícius de Moraes e Tom Jobim poderia embalar a volta de Joplin aos Estados Unidos. Seu novo amor não aguentaria a recaída de drogas e partiria para mais uma viagem pelo mundo. A falta de êxito na troca das bandas Big Brother and the Holding Company para Kozmic Blues ainda lhe dava dor de cabeça. A alegria adquirida no Brasil logo daria retorno a solidão que sentia nos momentos em que as luzes dos palcos se apagavam. No dia 04 de Outubro de 1970, sairia de cena devido a uma overdose de heroína.
Em entrevista a Dick Cavett, Janis fala sobre "Move Over", a vinda ao Brasil e o futuro reencontro com os colegas que a debochavam no colégio.
As qualidades e defeitos de Janis não ficavam nos bastidores. Um vozeirão que escondia suas fragilidades, mas que exalava a sensibilidade que possuía. É um documentário que deve ser visto por todos os fãs de rock e para aqueles que não conhecem as predecessoras de Amy Winehouse.
“Tocar é viver, é a maior diversão que existe. Sentir as coisas e mergulhar nelas. É divertido.”
O vídeo de Liisa Ladouceur sobre os 40 anos de estilo gótico (clique aqui pra ver) teve bastante repercussão.O vídeo
foca nos tipos de moda que as góticas usaram/adotaram nas últimas décadas,não exclusivamente nos estilos nascidos na subcultura gótica. Bastante gente (em
nível internacional) não entendeu essa abordagem.
A Liisa teve uma visão atualizada sobre como a moda das subculturas funciona,
retratando que a partir de meados dos anos 90, uma garota que se intitula
gótica se sentia à vontade pra experimentar/quebrar regras tradicionais e
adotar/adaptar outros estilos alternativos ao conceito "goth". A “decadência”
das subculturas em suas formas tradicionais, o surgimentos da mistura de
estilos sem regras que culmina na contemporaneidade com foco no individualismo
estético costuma ser assunto aqui no blog [link1, link2, link3]. Embora eu tenha suaves
críticas ao vídeo, sou da opinião que ele cumpriu com a proposta idealizada
pela autora.
Góticas adotaram estéticas de outras subculturas e modas alternativas.
Liisa fugiu do conservadorismo e elitismo de dentro da cena e fez um trabalho mente aberta ao novo e às novas gerações. O vídeo recebeu muitos comentários negativos ao redor do mundo, como os de que os looks pareciam estereótipos, fantasias ou estavam simples demais. Será que as pessoas estão confundindo visual clássico (e correto) de subculturas com estereótipos (uma visão errada de algo)? Há de se atentar na questão "tempo": um look que existia no passado e não existe mais hoje pode parecer meio “tosco", uma coisa hoje vista como “simples” podia ser elaborada no passado. Imaginem encontrar HOJE peças que se encaixem da forma mais fiel possível em como eram os looks dos anos 90?
Sobre o vídeo, observar a data dos looks é importantíssimo pra entender
a linha do tempo. Ela colocou a data em que tais estéticas foram adotadas pelas góticas.
Analisando
o vídeo
100
anos – Liisa usa como inspiração o vídeo
"100 anos de Moda", que é sobre a difusão do que conhecemos como
o século dos estilistas e roupas em tamanhos padronizados. Não há como retroceder 100 anos na sub gótica, porque a mesma tem menos de 40 anos. Liisa pegou o começo do começo do que
viria a ser um dos caminhos a formar o gótico: o Punk.
Punk
(1976)
Vi comentários no Youtube que o punk não tem nada ver com o gótico. Isso é um engano, Punk e
Gótico são subculturas interligadas.
Sobre o visual da punk ser simples: há quem pense que punks nasceram com
coturno e moicano. Não nasceram.
Crítica sobre a punk usar salto: sim elas usavam salto e mais uma
informação: as góticas também usaram! :)
Liisa
apresentou uma punk “não estereotipada”, homenageou as meninas que começaram o punk e nem todos
entenderam.
Dica de
Leitura: nosso post sobre as The Slits, o visu delas é pré-punk.
Inspiração
da maquiagem e blusa: Siouxsie (fez parte da cena punk). Reparem na similaridade do look do
vídeo com a imagem da direita, de uma garota punk REAL dos anos 1970. E notem os
saltos nos pés delas (há mais fotos de meninas punks neste artigo).
Batcave
(começo dos anos 1980)
Como
fã de Siouxsie, a Liisa resolveu homenageá-la no look Batcave. Ela reproduziu
um visual icônico da cantora. Todo mundo
no Batcave se vestia assim? Claro que não. Daí é uma questão de abrir a mente e
entender que ela ilustrou uma cantora que era símbolo da cena, embora nos clubesas pessoas se vestissem de forma variada.
"Mas como assim não tem pós punk?" O Batcave foi um dos clubes
de responsabilidade no surgimento da sub gótica. Homenageá-lo foi tão
importante quanto o pós punk.
Visual clássico de Siouxsie Sioux sendo referência ao "período Batcave"
Deathrock
(meados da década de 80) Está provocando muita discussão. Mas vou esclarecer tudo sobre esse
look:
Liisa
não quis representar o look clássico e tradicional do Deathrock e sim o visual
típico de meados dos anos 80 nos EUA onde o estilo finalmente ganhou seu nome,
um mix de UK Punk, New Wave e Hollywood Glam! Cabelo e maquiagem inspirados em Nina Hagen, um ícone da
cena underground da época. Ela ilustra 3 tendências capilares do período:
frisar, spray colorido e extensões. Veste roupa de catálogo que era a forma
como muitos compravam roupas da época.
Quando pesquisamos subculturas no passado precisamos levar em conta todo um
contexto social, comportamental e até geográfico em que estão inseridas. No
caso, o que moldou a cena Deathrock da forma que a conhecemos hoje, não foi
somente a cena inglesa, foi também a cena do oeste americano.
Vocês estão vendo a
roupa com estampa de cruz? Elas realmente já existiam nos EUA na época! Lembram
de nosso post sobre o suicídio do proprietário/fundador da Lip Service? [Leiam o trecho "O caso Lippy",
no fim do artigo]. Naquele post eu comentei que ele fazia o visual dos punks
e deathrockers americanos e sua influência Glam! Liisa vestiu a modelo com um
visual icônico da Lip Service homenageando a loja que vestia muitos
deathrockers! Não foi
um look fantasia e nem foi escolha aleatória, Liisa fez pesquisa histórica. E
talvez essa falta de conhecimento histórico é que tenha resultado nas opiniões
mais críticas.
Foto
de catálogo de moda alternativa dos anos 80 e o look da modelo de Liisa.
Romantic
(meio da década de 1990)
não tenho o que falar porque é um visual corretíssimo. Foi chamado de
"fantasia" em alguns comentários e eu não concordo. Procurem por marcas como Rose Mortem.
Notem no vídeo que a
modelo lê um romance de Anne Rice, o filme Entrevista com o Vampiro foi lançado
em 1994, e fortaleceu a onda de vampirismo da cena na época.
O estilo romântico foi muito popular em meados dos anos 90!
Cyber
(fim da década de 1990)
Quando o gótico se misturou com a cultura raver houve uma mudança notável nos visuais, que ficaram mais coloridos. O cyber é controverso na cena gótica e hoje tem sua própria cena separada.
É um look fim de nos 90: o neon está lá, os goggles, os falls, as
plataformas... talvez tenha faltado um pouco mais de brilho neon em acessórios. Precisamos
considerar a data: não é pra representar um look cyber atual, é pra representar o dos
anos 90.
Lolita
(começo dos anos 2000)
O que
acontecia na época era o seguinte: a subcultura Lolita, mais
especificamente os estilos Gothic Lolita e o Aristocrat, geraram
interesse nos
alternativos ocidentais que pegaram referências e inspirações adaptando ao
estilo ocidental de moda gótica. Foi muito comum lojas góticas
fazerem visuais “lolitas” numa subversão
do recato japonês para o lifestyle atrevido do gótico quebrando diversas
regras comportamentais das lolitas, porque afinal, a intenção não era
"ser" Lolita como se era no Japão e sim, apenas usurpar elementos de
sua estética. Quem acompanhou a moda gótica entre 2004 e 2007 com certeza
visitou lojas virtuais que vendiam essa releitura.
Na época também era comum um
visual espécie de "broken doll" (boneca quebrada), que lembrava
lolita na silhueta mas a maquiagem e atitude era mais "melancólica", meio circense.
Outra
questão é que Liisa retratou no vídeo um visual old school de Gothic Lolita.
Da primeira
à terceira fotos: peças vendidas em 2007/09 em lojas alternativas inspiradas em estéticas Lolitas
(releituras subversivas). Quarta foto: um toque de Aristocrat e última imagem, Victoria
Lovelace em foto recente.
Steampunk
(meio dos anos 2000)
Novamente uma subcultura cuja estética foi
adotada por alguns góticos. No vídeo, a roupa tem menos marrom que a da subcultura
Steampunk e mais tom preto, se adaptando ao conceito "dark".
Há muitas imagens de meninas góticas usando Steampunk no WGT, é fácil achar na web.
Existem góticas que usam retrô/pin-up clássico, acompanho inclusive algumas blogueiras. Bettie Page é forte referência e depois do fenômeno Dita von Teese muita coisa mudou. Tem
gótica fazendo burlesco, usando cores... várias góticas hoje usam
Kreepsville666, Hell Bunny, Pin-up Girl Clothing... não ficam mais presas na "obrigação de usar só preto".
Numa entrevista que fiz com Adora BatBrat, ela comentou sobre (Adora havia feito um vídeo fazendo piada com góticas de estilo pin-up): "aqui na Suécia isso aconteceu meio que de uma
noite pra outra, muitas e muitas garotas de visual gótico foram transformadas
em garotas rockabilly e começaram fazer sessões de fotos ao estilo
pin-up. O estilo retrô é sempre um estilo bonito, e todo mundo que usa-o parece
ótimo, mas perder aquelas meninas góticas de estilos individuais e excepcionais
para um look não-tão-original pareceu um imenso retrocesso para a comunidade
gótica”
Retrô/Pin-up foi adotado por góticas.
Pastel
goth (começo de 2010)
achei um dos looks mais corretos. E
atentem à data, 2010. É a data que o estilo surgiu no
Tumblr.
Como
Steampunk, Pin-up e Pastel Goth AINDA são usados por góticas algumas pessoas se
confundiram, dizendo que a linha do tempo estava "bagunçada". Tem que
prestar atenção que a linha do tempo é a data que os estilos foram adotados na
sub gótica, mas nada impede que os estilos ainda estejam em uso.
Nu-goth
Na questão de MODA, o nu-goth é a moda
contemporânea adotada pelos góticos. O nu-goth de 2005 podia ter
traços de Emo, por exemplo. Ou algo meio "Emily Autumn". Então
precisamos ter em mente que o nu-goth é uma moda que muda com o passar dos
anos, influenciada pelas tendências do momento, podendo ou não se fixar como um estilo
(isso só o tempo diz).
O nu-goth também é um estilo que surge na última década como um estilo minimalista, de peças mais
soltas com elementos de misticismo e ocultismo. Ela
colocou a data de 2016, mas eu jogaria 2014, que foi quando o ocultismo pegou (que aliás é uma trend que veio da Moda Metal) e a witchy logo em seguida.
Góticas
usando a moda alternativa do momento, com estilo witchy e ocultista.
Há quem
prefira usar visual tradicional/clássico das subculturas, mas não há como negar que tenha havido
influência externa na moda gótica. Que góticas se sentiram
livres pra experimentar e adaptar modas de outras subculturas. Nós que
acompanhamos as mudanças percebemos que foi isso mesmo
que ocorreu: os alternativos num geral não se ligam mais tanto em regras, e
isso acontece há pelo menos 20 anos exatamente como as datas do vídeo
registram! Eu conversei com Liisa e ela me contou duas novidades que lançará em breve, divulgarei com certeza! :)
Artigo original do blog Moda de Subculturas. É permitido usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos, para isso precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Compartilhar e linkar é permitido, sendo formas justas de reconhecer nosso trabalho. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É proibido também a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, porém, a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
Liisa Ladouceur tem um belo currículo: é autora de vários livros, entre eles os conhecidosEncyclopedia Gothica e How to Kill a Vampire, além de escrever sobre cultura não-popular para revistas e jornais, também escreve sobre filmes e livros de terror. Ela reside em Toronto, no Canadá, e dentre seus trabalhos, deu consultoria de pesquisa para alguns documentários que conhecemos bem, como o Global Metal e a série do VH1 Metal Evolution.
Ela é gótica na vida real e recentemente fez um pequeno documentário sobre os "40 anos do estilo gótico". Sim, conta 40 anos porque ela começa com os punks de 1976 e vem até os nu-goths dos dias de hoje! O vídeo foi lançado há algumas horas e já está sendo divulgado em alguns dos sites mais legais da web!
A inspiração para o mini-documentário foi o vídeo "100 anos de Moda". Como ela cresceu nas subculturas punk e gótica, ficou com vontade de fazer um vídeo sobre tais estéticas alternativas. A filmagem mostra 10 estilos diferentes, do "batcave look" dos anos 1980, passando pelos veludos e brocados da década de 1990 assim como a influência Rave, e chegando aos dias de hoje com ocultismo e boho-goth.
Uma coisa que ela fez no vídeo foi colocar a trilha sonora de bandas independentes da área de Toronto, todas as bandas tem mulheres entre os integrantes. Achei uma atitude super legal ela apoiar as bandas e as musicistas locais ao invés de ir pro óbvio colocando as bandas mais famosas da cena! Ela disse ao site Noisey que para ela, a estética gótica está super atrelada à música. "É uma estética que veio de uma cena musical e a definição de "gótica" foi por muito tempo a pessoa que escutava música gótica. Hoje, ser "gótica" é mais sobre moda, como (Gothic) Lolita e Steampunk - que nunca escutaram Joy Division. Nunca saí do gótico, desde os anos 1970, mas de vez em quando a estética pipoca em shoppings e agora o nu-goth está em todo o Instagram. É animador ver essa nova geração de estilistas, modelos e artistas aproveitando antes que o estilo volte de novo ao underground".
Minha opinião: Gostei que ela começou do começo, dos punks! Algumas pessoas esquecem a importância dos punks não apenas para os góticos mas para várias outras subculturas. Outra coisa que curti foi que ela mostrou estilos "reais", umas das coisas que fico confusanos quadrinhos "Goth Stereo Types" da Trellia, por exemplo, é que nem todos são estilos, mas estéticas. E achei curioso ela ter colocado "Pin-up" e não ter colocado Gothabilly, que seria, talvez,bem mais adequado, a meu ver. E sobre o Pastel Goth, controverso (adoro polêmicas), pois nem todos os góticos consideram o Pastel um estilo de moda dentro da subcultura gótica. Mas é como ela mesma disse: o gótico hoje é muito mais "moda" do que uma pessoa que aprecia música e se veste de acordo com as bandas que curte. Culturas (e subculturas) mudam com o tempo e super justo mostrar tudo que envolve essa mudança!
Estilos mostrados: Punk * Batcave * Death Rock * Romantic * Cyber * (Gothic) Lolita * Steampunk * Pin-up * Pastel Goth * Nu Goth
>> Confira AQUI o post de análise comentada dos looks <<
Durante toda essa semana muito se falou do caso de racismo protagonizado por Phil Anselmo. Seu gesto remete ao chamado White Power, que não é só racista com negros, é xenófobo, anti-semita e no Brasil engloba preconceito ànordestinos, punks e LGBT's.
Sites têm feito ótimos artigos sobre o caso, que me fez lembrar do porquê me identifiquei com o mundo do Rock: foi por causa de seu viés transgressor, um espaço onde o establishment era contestado e questionado. Um lugar onde se questionava a cultura dominante. Mas parece que algumas pessoas estão na cena alternativa, se declaram fãs de rock, mas não questionam nada, apenas reproduzem padrões, conceitos retrógrados e pensamentos prontos. Perderam a rebeldia. Essa é uma palavra aliás, que nem se ouve mais, ficou guardada na gavetinha dos anos 90.
João Gordo, do Ratos de Porão, que "deixou de ser punk" em 1986 devido à misturas sonoras em sua banda, recentemente declarou para o site G1 que "moleques seduzidos pela direita ficam nesse discurso de 'nazi papagaio', que tudo o que escuta ou lê na internet, pega e compartilha. A visão do brasileiro comum hoje em dia é a visão de um cara racista, nazista, intransigente e ignorante. E sem escolas fica mais complicado". Essa frase do Gordo é forte e polêmica, mas ele é o tipo de artista que há anos combate fascismo, racismo e preconceito abertamente. Uma atitude de permanecer fiel ao viés contestador e transgressor do rock, traços que as recentes gerações, ao se tornarem conservadoras, perdem. Pois não há como ser conservador e transgressor ao mesmo tempo. O conservador defende o status quo, e se uma pessoa dentro da cena rock está defendendo o status quo,se torna apenas um "papagaio" do pensamento de massa.
A one woman bandAmalie Bruun, responsável pela banda Myrkur, que faz um som black metal atmosférico também sofreu intolerância recentemente. A artista, que canta, toca guitarra e baixo nas gravações e não usa corpse paint temrelatado experiências sexistas e recebido ameaças de morte de algumas pessoas que acham que o que ela faz não se encaixa no "extreme black metal". Fiqueipensando o quão incômodo não é para pessoas extremas e elitista, que uma mulher componha, toque todos os instrumentos de uma banda e misture sonoridades?Eles a veem como uma afronta ao ponto de ameaçá-la de morte? Até que ponto está indo a intolerância pela liberdade artística dos que fogem aos padrões? A linha conservadora do Heavy Metal se incomoda com inovações sonoras, como não esquecer das tretas com o “nu metal”? Artistas destas bandas costumam ser chamados de “modinha”, “posers” e até mesmo de “viados” (!!)...
Unindo machismo, racismo e intolerância, decidi abrir espaço pra duas blogueiras alternativas que acompanho,a Gabriela e a Marcela. Elas costumam também postar textos críticos em seus blogs e já frequentaram a cena rock/metal. Seguem seus depoimentos sobre intolerância:
"Às vezes me sinto um pouco deslocada em meio a cena. Parece que ser negro e ouvir metal é um problema. Não dá para ser o dois ao mesmo tempo. Quando você diz que ouve metal para um branco, ele se assusta com a afirmativa e chega até duvidar dos seus gostos, como questionar a minha camiseta de banda, por exemplo. Ou melhor, solta aquela clássica "nossa, mas você tem cara que ouve um pagode". Agora se você diz a mesma coisa para outro negro, ele diz que você deveria escutar algum estilo musical que fosse da "cultura negra". Mas o que dói é lembrar que essas pessoas mal sabem que o Rock está inserido na cultura negra. Se hoje existe o heavy metal e todas as suas ramificações, agradeçam aos negros do blues e deixem de achar que o Rock foi feito pelos Beatles ou por Elvis Presley. Sabemos que muito das inspirações de grandes nomes do heavy metal provem de artistas negros que não tiveram o mesmo reconhecimento. É triste ter que afirmar isso o tempo todo. As pessoas tem que aprender que o rock tem suas raízes negras e que nada o mudará. Portanto, quando alguém quer questionar meu gosto musical, mando abrir um livro ou pelo menos dar uma pesquisada na internet sobre música. Simples assim.
Sobre a cena se tornar cada vez mais preconceituosa, percebo que muita gente está se inserindo neste meio sem entender muito bem qual é o seu significado. As pessoas não entendem que a "cena alternativa" tem esse nome não pela estética em si, não é só visual que conta, você também tem que pensar diferente e agir diferente. As cenas alternativas possuem uma visão vanguardista do mundo em geral. Se você se veste como um headbanger, todo no visu, mas tua cabeça é tipo daqueles velhos conservadores chatos, de que adianta fazer tudo isso? Você soa contraditório."
“É um assunto muito delicado, mas que não deveria ser, e que as atitudes que envolvem tal assunto jamais sejam abafadas. Comecei a frequentar a cena aos 15 anos, sou de uma cidade do interior conservadora. No começo não notei como era bastante elitista, machista e atrasada, até que aos 16 anos conheci um S.H.A.R.P. que me explicou como as coisas funcionavam. Vi como as pessoas se comportavam, e não compreendia do porque de tais posturas e posicionamentos, ninguém dizia nada, ninguém se projetava contra.
Aos 18 anos comecei a frequentar um local na cidade, reduto de nacionalistas, alguns me tratavam bem, outros me aturavam por conta da minha amiga, que era do padrão estético ideal no qual estes idolatravam. Ouvia coisas do tipo ''Ah você tem o rosto muito bonito, mas pena que você é Negra" ou "Sou racista mesmo, só converso com você por conta dos seus traços Europeus (?) e porque você é uma negra inteligente." Fora que na mesma época fui seguida na rua por um careca. Daí eu lhes pergunto: Porque diabos ainda ficamos quietos diante de tal postura? Não é algo que está correto.
O fato que ocorreu dias atrás, não diz respeito apenas sobre um movimento de supremacia racial, mas também ao assassinato de milhões de pessoas. Chacinas cometidas por um ideal confuso, que muitos romantizam. Muitos que ''apoiavam'' (assistam documentários sobre,é interessante) e faziam tal gesto naquela época, era pelo medo de ser morto, e não por apoiar seu amado ditador. Não podemos nos deixar levar por tal posicionamento, por conta do status de quem o fez e medo de repreensão. Ninguém merece morrer ou ser ofendido por ter determinada genética, eu sinceramente acho estúpida essa divisão de raças. Nem que seja ''uma piada interna'', não há graça em tal atitude mesquinha, e maquiar o racismo usando ''brincadeira'' como desculpa, é idiota.
Muitos reclamam que a cena aqui no Brasil anda morrendo, mas os poucos que possuem uma postura coerente são retalhados, e admito que parei de frequentar muitos lugares por conta disso, e sinceramente porque tenho medo. Não apoio muitas posturas de militantes chamados ''Africanistas'', mas também não apoio o que acontece na cena Metal, pois ouvi e presenciei coisas desagradáveis só pelo simples fato de'u eu ser negra. Não era por conta de'u ser magrela ou pouco atraente, mas era bem explicito que era por causa da cor da minha pele. Enquanto muitos deixarem passar e tratar isso como ''liberdade de expressão'', a impunidade vai reinar e o preconceito e intolerância vão permanecer. E para quem apoia tal conduta ultrapassada, não é porque as mulheres que abrem a boca para opinar são feias, invejosas e mal comidas, e muito menos os rapazes são gays ou virgens, nem tudo gira em torno da sexualidade! Mas quem abre a boca para opinar, está cansado de ser vitima, seja diretamente ou apenas como testemunha de tais atitudes toscas e imaturas."
Acho fundamental desconstruir o preconceito que negros não podem ser parte ou ouvir Metal. Seja pela origem negra do Rock, seja pela livre escolha da pessoas ouvirem o que ela se identifica. Lembrei dessas falas do Katon W. De Pena, vocalista da banda Hirax que diz que não ver negros na cena pode ser intimidador, mas ele ia aos shows de metal e encontrava desajustados como ele.Também já postamos sobre os Headbangers de Botswana, vale a pena a leitura, a história deles é incrível!! E pras meninas se inspirarem, tem Alexis Brown da banda Straight Line Stitich. Go Girls, Rock on!!
Concluindo Surpreendentemente houve repercussão do caso Phil Anselmo entre os artistas, pois vivemos uma era em que artistas andam silenciosos, sendo comum a gente não saber o que alguém que a gente admira realmente pensa sobre as coisas.
Sabemos que nossos ídolos não são de pedra. São humanos com suas próprias histórias de vida, algumas vezes bem complicadas, vindas de lares violentos ou famílias desfeitas, suas vivências os levaram a visão de mundo um pouco mais obscura. Não podemos depositar toda nossa energia neles assim como não devemos seguir ao pé da letra o que eles fazem/dizem. Tirar os artistas de um pedestal é necessário. É difícil fazer isso, mas torna mais fácil uma abertura ao debate já que nossa mente não fica cegada pela idolatria.
Seria bom se finalmente a cena Heavy Metal começasse a reconhecer e falar de seus tabus, já que sempre houve uma negação destes temas. Há tanta coisa boa que o Heavy Metal trás aos seus ouvintes - como vemos no ótimo documentário Global Metal de Sam Dunn - que seria uma pena calar-se de novo e não colocar o dedo nestas feridas. Chega a ser louco como um estilo musical que canta tanto sobre guerras não quer falar sobre suas próprias guerras internas, e talvez o HM precise morrer de forma bem Gore/Deathgrind pra voltar atualizado com o século XXI. Um "nu (novo) metal" literalmente!
O documentário Global Metal mostra como o gênero se tornou mundial sendo possível unir diferentes religiões, raças e etnias.
As imagens apresentadas nesse blog foram retiradas de sites diversos, quando encontrados os créditos, estes são citados. Se alguma for sua e não quiser vê-la publicada no blog ou deseja nos enviar seu link, basta entrar em contato.
The images presented on this blog were collect from several sites on the world web. The images are used to illustrate texts and show other´s people work. The copyright is attributed to the author. If something here is originally yours, please let me know, I can put your credits or take it away.
Os textos do blog são de propriedade das autoras. É proibida reprodução sem autorização prévia. Tecnologia do Blogger.