Em 2016, o movimento Riot Grrrl completa 25 anos. A data vem trazendo novidades que resgatam a memória através de documentários, biografias e exposições, além dos grandes retornos de bandas da época. Para completar, no dia 9 de Abril foi instituído em Boston o "Riot Grrrl Day".
Kathleen Hanna, Bikini Kill - 1992 |
O espírito
Apesar de ter nascido em 1990, o fato é que suas raízes se iniciam no punk setentista. Os homens esbravejavam ao mundo as injustiças que sofriam de uma sociedade capitalista e as mulheres queriam fazer o mesmo. Porém, não era só o preconceito da classe dominante que iriam enfrentar; o de dentro da subcultura também. De tantas bandas que poderiam ser citadas, cada uma com sua importância, uma em específica globaliza a inquietude: X-Ray Spex.
Quando Poly Styrene introduz a música "Oh Bondage! Up Yours!" dizendo a seguinte frase: "Some people think little girl should be seen and not heard, Oh Bondage! Up Yours!/ Algumas pessoas pensam que as garotinhas só devem ser vistas e não ouvidas, Oh submissão! Vai tomar no c*!", ali encontramos o espírito do que iria refletir quase 20 anos depois. E o que diferencia as duas gerações então? O feminismo. Mesmo com a segunda onda dos anos 60, as punks inglesas agiam conforme o que vivenciavam, não havia noção da ideologia. "Nos sentíamos naturalmente feministas sem falar sobre", revelou Ari Up, vocalista da The Slits. O Riot Grrrl chegou para unificar tudo.
Início
O cenário do rock nos anos 1980 não era nada favorável as mulheres, tanto no underground quanto no mainstream. No post As Mulheres no Heavy Metal, é debatido sobre o apelo sexual ser mais explorado pela indústria do que o talento musical. O pouco de liberdade que se tinha fez queixos caírem com Chrissy Amphlett do The Divinyls cantando "I touch myself", um hino a masturbação feminina. Parcerias como a de Annie Lennox e Aretha Franklin em "Sisters are doing it for themselves", seria um respiro perante ao machismo do mercado.
A mídia mainstream definia em suas capas o feminismo como morto, utilizava manchetes sensacionalistas sobre o julgamento de assédio sexual do caso Clarence Thomas e Anita Hill, enquanto ocorria o assassinato de 14 alunas na Universidade de Montreal, onde o atirador dizia: "quero as mulheres". Diante das atrocidades e opressões sofridas, o sentimento de revolta se aflora.
Punk Singer: Rebel Girl, You're the Queen of my World
Kathleen Hanna é uma jovem interessada em estudos feministas que procura desenvolver seu conhecimento por leituras de Kathy Acker, a arte de Jenny Holzer e Barbara Kruger. Iniciada no curso de fotografia da Faculdade Evergreen em Olympia, capital do estado de Washington, faz amizade com Tammy Rae que a apresenta ao rock de bandas como Sonic Youth e Pixies. A atração pela música fica cada vez mais forte.
Durante o período de estudo, uma amiga com quem dividia moradia sofre tentativa de estupro no próprio local, resultando em ferimentos físicos e psicológicos na vítima. Comovida pela situação, em 1989, Kathleen arma um desfile protesto na biblioteca da faculdade, onde vestidos estampam frases que narravam o episódio de violência, caminhando entre palavras de repulsa. O efeito repercute ainda mais em sua vida.
Hanna conhece o fanzine Jigsaw de Tobi Vail, a única garota que falava de feminismo e punk rock. Amigos dão a ideia de um “Revolution Girl Style Now!” (revolução ao estilo das garotas), com a intenção de fazer garotas tocarem instrumentos. Então em 1991, é lançado o primeiro trabalho do Bikini Kill, formado por Kathleen Hanna nos vocais, Tobi Vail na bateria, sua amiga Kathi Willcox no baixo e por último, Billy Carren na guitarra. Ali inicia-se um novo movimento que envolvia arte e política.
A cena dos shows punks tinha a plateia feminina suprimida pelos moshs e rodas punks, muitas eram agredidas e acabavam indo parar no fundo sem poder entreter-se direito. Quando Kathleen Hanna dizia: "girls to the front" (garotas na frente), isso nunca tinha ocorrido antes na música, marcando uma nova era onde as meninas iam para frente do palco, numa estratégia de segurança para evitar assédio e poderem curtir à vontade. Os homens podiam estar presentes, mas atrás, nunca dominando o ambiente. Punks tentavam afrontar as integrantes e por isso ter garotas na frente também era uma estratégia de segurança às musicistas não serem agredidas. A música não era um escape, era um fundamento. Elas cantavam com raiva, algo que não era comum mulheres das bandas fazerem.
O zine Jigsaw e a banda Bikini Kill |
A cena dos shows punks tinha a plateia feminina suprimida pelos moshs e rodas punks, muitas eram agredidas e acabavam indo parar no fundo sem poder entreter-se direito. Quando Kathleen Hanna dizia: "girls to the front" (garotas na frente), isso nunca tinha ocorrido antes na música, marcando uma nova era onde as meninas iam para frente do palco, numa estratégia de segurança para evitar assédio e poderem curtir à vontade. Os homens podiam estar presentes, mas atrás, nunca dominando o ambiente. Punks tentavam afrontar as integrantes e por isso ter garotas na frente também era uma estratégia de segurança às musicistas não serem agredidas. A música não era um escape, era um fundamento. Elas cantavam com raiva, algo que não era comum mulheres das bandas fazerem.
Kathleen Hanna: "Todas as garotas pra frente! Não estou brincando."
"Todos os rapazes, sejam legais uma vez nas suas vidas. Vão para trás, para trás, para trás."
O movimento
Em 1991, as bandas Bikini Kill e Bratmobile se mudam para Washington DC. Instaladas na capital americana, Jen Smith (Rastro!/ The Quails) e Tobi Vail criam o zine Riot Grrrl da qual na primeira leva, conta com escritas de Kathleen Hanna, Allison Wolfe e Molly Neuman. Junto ao zine, começam a fazer reuniões de ajuda para mulheres desabafarem abusos que sofriam, oferecendo palestras e atividades de artes.
“Riot Grrrl é uma garota assertiva, resoluta, com engajamento político em questões feministas. Os vários “Rs” do Grrrl, são ideia de Tobi Vail que lembram um som gutural que remete à raiva, à garotas raivosas. Na tradução literal: "garotas amotinadas" ou "motim de garotas": “She´s a grrrl she can do anything she wants" (ela é uma garota, pode fazer o que quiser); "every girl is a riot girl" (toda garota é uma Riot Grrrl)”
Inspirada pelos acontecimentos nessas reuniões, Kathleen Hanna escreve o Manifesto Riot Grrrl na segunda edição do fanzine Bikini Kill, edição conhecida também por 'Grrrl Power'.
Página do zine contendo o Manifesto escrito por Kathleen Hanna
Segue tradução de trechos selecionados:
PORQUE nós devemos assumir os meios de produção parar criarmos nosso barulho.
PORQUE vendo nosso trabalho como sendo conectado com as vidas reais e as políticas das nossas amigas é essencial que entendamos estamos impactando, refletindo, perpetuando ou ROMPENDO com o status quo.
PORQUE nós não queremos assimilar o padrão de outra pessoa (garotos) de o que é e o que não é.
PORQUE nós estamos interessadas em criar formas não hierárquicas de ser E fazer música, amigos e comunidades baseadas em comunicação + entendimento, ao invés de competição + bom/ruim categorizações.
PORQUE nós odiamos o capitalismo de todas as formas e temos como nosso principal objetivo compartilhar informações e nos mantermos vivas, ao invés de dar lucros sendo legal de acordo com os padrões convencionais.
PORQUE eu acredito com todomeucoraçãocabeçacorpo que garotas constituem uma força revolucionário que podem, e irão, mudar o mundo de verdade.
O blog Cabeça Tédio fez uma ótima tradução do Manifesto, peço que acessem esse link pra ler por completo.
Algumas bandas Riot Grrrl: Bikini Kill, Bratmobile, Heavens to Betsy, Team Dresch, Excuse 17, Huggy Bear, Slant 6, Skinned Teen, Emily's Sassy Lime, 7 Year Bitch, Jack of Jill e Sleater-Kinney.
Feminismo e Política
O Riot Grrrl Convention aconteceu em meados de 1992 e reuniu mulheres de toda a América para discutir temas como identidade sexual, autopreservação, racismo, consciência, abuso doméstico, como sobreviver a abuso sexual e assuntos que se encaixavam ou não na comunidade punk. Lá apoiavam umas as outras e trocavam ideias sobre empoderamento feminino. Muitas das participantes acabaram criando novos movimentos Riot em suas cidades espalhando as ideias feministas por todo o país.
Kathleen Hanna queria que as garotas se tornassem donas de seus corpos, ela repudiava o que chamou de “fascismo corporal", quando as meninas são chamadas de “inapropriadas”. Usando o DIY do punk para empoderamento, encorajando mulheres a resistir e subverter a dominância do que a sociedade construiu como "feminilidades”, ajudaram a combater os gender roles no punk, dando autoestima às garotas. Levavam em conta o mantra feminista: "o pessoal é político" – frase que combate a cultura do estupro, da heteronormatividade, o direito ao próprio corpo e outras questões femininas de esfera política. O corpo absorve e reflete as informações do ambiente no qual está inserido, assim, pode ser considerado um índice das mudanças em curso na sociedade.
Zines
Com raízes na cultura dos zines (revistas feitas à mão com recortes e colagens), o Riot Grrrl inspirou mulheres a escreverem e se auto-publicarem. Em 1993, zines como Girls Germs, Satan wears a Bra, Girly Mag e Quit Whining se tornaram os primeiros do movimento. Segundo Johanna Fateman do Le Tigre, os zines eram um instrumento pré-internet para a formação de cenas locais.
Para ajudar na distribuição destes zines, Erika Reinstein e May Summer criaram o Riot Grrrl Press na primavera de 1993, arrecadando fundos para comprar fotocopiadoras e computadores. Ocorre uma revolução de zines de garotas sem precedentes na história! Agora elas tinham uma produção e distribuição de uma mídia feminina independente que fazia com que tivessem controle sobre suas próprias imagens e também combatia a apropriação midiática do movimento, podendo chegar a uma grande audiência sem ter de se render à imprensa mainstream.
Os zines, como mídia alternativa, faziam o que a mainstream não fazia: empoderava garotas e ensinava feminismo. Vejamos algumas páginas:
"Com licença ♥ Oi, eu apenas queria dizer que eu não vou *sorrir *agir como burra *esconder meu corpo *fingir *mentir *ficar quieta por você. Tudo que faço, faço por mim e não vou mais deixar você rir de mim, tirar sarro de mim, me assediar, me abusar ou me estuprar. Porque sou uma garota e eu e minhas amigas não temos medo de você."
"Nunca deixe eles te silenciarem. Garota você é sensacional, o que você tem a dizer é importante. É relevante. Você é inegável, você é capaz, indescritível, revolucionária. VOCÊ É UMA LINDA."
"Lute de volta - Mulheres não desejam ser estupradas. Ninguém pede pra ser estuprada! Mulheres devem ser capazes de andar na rua sem serem assediadas! Mulheres desejam respeito! E nós vamos conseguir!"
Os zines, como mídia alternativa, faziam o que a mainstream não fazia: empoderava garotas e ensinava feminismo. Vejamos algumas páginas:
"Com licença ♥ Oi, eu apenas queria dizer que eu não vou *sorrir *agir como burra *esconder meu corpo *fingir *mentir *ficar quieta por você. Tudo que faço, faço por mim e não vou mais deixar você rir de mim, tirar sarro de mim, me assediar, me abusar ou me estuprar. Porque sou uma garota e eu e minhas amigas não temos medo de você."
"Nunca deixe eles te silenciarem. Garota você é sensacional, o que você tem a dizer é importante. É relevante. Você é inegável, você é capaz, indescritível, revolucionária. VOCÊ É UMA LINDA."
"Lute de volta - Mulheres não desejam ser estupradas. Ninguém pede pra ser estuprada! Mulheres devem ser capazes de andar na rua sem serem assediadas! Mulheres desejam respeito! E nós vamos conseguir!"
A cena já chamava atenção da mídia que andava atiçada devido ao Grunge. Pela proximidade de ambas subculturas, os holofotes de Seattle refletem nas Riot, só que o efeito surte em uma matéria com falsas informações no jornal USA Today e Washington Post. Irritadas pela repercussão mentirosa, em protesto iniciam um apagão na mídia por distorcerem a cena. Tal engajamento persiste até o final do Bikini Kill, em 1997.
Festivais Feministas
É criado o festival L7's Rock for Choice, organizado pela banda L7, que aconteceu de 1991 a 2001 e tinha como objetivo divulgar e arrecadar fundos para os movimentos de liberdade de escolha sobre o aborto (Pro-Choice).
É criado o festival L7's Rock for Choice, organizado pela banda L7, que aconteceu de 1991 a 2001 e tinha como objetivo divulgar e arrecadar fundos para os movimentos de liberdade de escolha sobre o aborto (Pro-Choice).
Ed Vedder, entusiasta do feminismo, escreve Pro Choice em seu braço
durante a apresentação da música Porch no MTV Unplugged.
durante a apresentação da música Porch no MTV Unplugged.
No evento de 1993, a banda L7 arma um desfile protesto semelhante ao que Kathleen Hanna havia feito na faculdade. Elas percebem o viés cultural e a força da ligação Rock + Moda tem, utilizando-as como ferramenta política de suas ideologias, visão muito parecida com as Sufragistas nas primeiras décadas do século XX.
Já no ano 2000, é criado o Ladyfest na cidade berço do movimento Riot, Olympia. Independente, sem fins lucrativos, unia bandas, DIY, ativismo, straight edge e tinha como objetivo aumentar a visibilidade das mulheres na cena indie e underground juntando com ideias feministas do movimento Riot.
Kurt Cobain
Enquanto há o debate controverso sobre homem ser denominado de feminista ou pró-feminismo, em documentários colocam Kurt como seguidor da ideologia. Inclusive no Punk Singer, falam que o músico saiu da arte-punk feminista. Ao estourar o Grunge no mainstream, sendo o principal alvo o Nirvana, tudo que acerca o grupo fica em evidência. Kathleen Hanna era grande amiga do cantor, que se apaixonou por Tobi Vail e o introduziu ao estudo feminista. Mesmo após a separação, Kurt continuaria presente fazendo seus protestos contra misoginia em letras de música ou discursos. Ele também participaria do evento "Mia Zapata Benefit" em homenagem a cantora do The Gits, Mia Zapata, estuprada e morta após sair de um bar em 1993.
Panfleto anunciando show das bandas Nirvana e Bikini Kill.
Havia forte amizade entre Kurt e as meninas.
Havia forte amizade entre Kurt e as meninas.
Se a baterista Tobi Vail namorou Kurt, vale relembrar que Kathleen Hanna está por trás de uma das maiores músicas de rock de todos os tempos: Smells Like Teen Spirit. Kathleen pichou a frase na parede de seu quarto, inspirando Kurt a escrever a canção. Legal como as minas feministas se interligam com uma icônica música grunge, né?
Riot Grrrl vs Grunge Girls
O assunto mais polêmico! Houve um desentendimento no Lollapalooza de 1995 quando Courtney encontrou Kathleen Hanna nos bastidores do show do Sonic Youth e lhe deu um soco. O motivo até hoje é controverso. Alguns dizem que Hanna fez comentários negativos sobre Frances, outros afirmam que não havia absolutamente nada entre as duas. Quem sabe Love tinha ciúmes da relação de Hanna e Tobi Vail, ex- namorada de Kurt? Não há uma conclusão. Mas uma coisa é certa: as cenas eram contemporâneas e as garotas grunge feministas interagiam com a cena Riot Grrrl, pois Seattle e Olympia eram cidades próximas, uma amostra são as bandas L7, 7 Year Bitch e Babes in Toyland que ficam entre as duas subculturas.
Direções opostas, mas havia semelhança nos sentimentos
Direções opostas, mas havia semelhança nos sentimentos
"As mulheres são o futuro do rock n' roll. Pegue algumas guitarras!" - Courtney Love |
As Riots e a moda
O Riot Grrrl é considerado o primeiro grupo feminino (ou predominantemente) da história ocidental do street style, já que poucos homens eram permitidos a participar e acabavam sendo mais "decorativos" do que ativos. Elas usavam a feminilidade de forma provocativa, subvertendo os estereótipos de feminino. Nas bandas Riot de Olympia, predominava um visual retrô de influência anos 1960 com um mix da moda mainstream do momento (mostramos aqui), como baby looks e saias evasê com coturno ou all star. Usavam também roupas de segunda mão, t-shirts, moletons, tatuagens, piercings. As Riots eram muito diversas esteticamente porque o movimento era focado em música e no feminismo e não tanto numa moda específica. Utilizavam a indumentária como forma de protesto, se a regra era ser "#bela, recatada e do lar", elas subvertiam usando minissaias, vestidos curtos e lingerie. Estética bem similar ao que as The Slits faziam em 1970!
Bratmobile: também um exemplo da mistura do retrô sessentista com o estilo alternativo da época com blusa baby look, estampa de bicho e até blusa em vinil usada com calcinha e meia calça colorida com arrastão por cima.
Bikini Kill: o uso de vestidos com ar retrô anos 60 ou que acompanhavam a silhueta do momento eram frequentes. Sendo curtos, usados com botas ou tênis.
O uso de saias era habitual, vale lembrar que no rock, pra se igualar aos homens, muitas mulheres optavam por usar calças ou o extremo oposto, as fãs de Hard Rock apostavam na clássica minissaia justíssima com apelo sexual, e as Riot quebram isso, vestindo saias curtas mas evasê ou de pregas e/ou com meia calça, fazendo da peça divertida, provocativa e empoderadora no palco. Os tecidos, estampas e formato das camisetas equivalem à moda dos anos 1990, nas baby looks ou t-shirts.
O uso de saias era habitual, vale lembrar que no rock, pra se igualar aos homens, muitas mulheres optavam por usar calças ou o extremo oposto, as fãs de Hard Rock apostavam na clássica minissaia justíssima com apelo sexual, e as Riot quebram isso, vestindo saias curtas mas evasê ou de pregas e/ou com meia calça, fazendo da peça divertida, provocativa e empoderadora no palco. Os tecidos, estampas e formato das camisetas equivalem à moda dos anos 1990, nas baby looks ou t-shirts.
Sleater-Kinney: dentre as três, a banda que tinha um visual mais anos 90, com saias usadas com meia calça e botas e peças clássicas/atemporais.
Há de se falar sobre a maquiagem, pouco usada ou não elaborada. Naquela época, estar bem maquiada era uma obrigação social às mulheres, assim, não usando maquiagem ou a usando de forma desleixada, elas desafiavam as convenções de beleza exigidas. A ideia de uma feminilidade padronizada produz efeitos negativos na autoestima das adolescentes e elas queriam quebrar isso.
Tobi Vail
As Riots queriam tomar o poder dos seus corpos que havia sido entregue à objetificação sexual e regras de comportamento. Em uma sociedade que ojeriza o pêlo corporal da mulher, elas passam a não se depilar e exibir sem receio. Quando Kathleen cantava de sutiã ou calcinha à mostra, era um modo de dizer que aquele corpo tinha uma dona e que nenhum homem tem direito a invadi-lo (abusar ou estuprar), e não haveria imposições da indústria sobre como deveria ser sua estética e a forma de expor sua sexualidade.
O som
A música surgiu como uma extensão do protesto feminista das Riots. Sendo punks, seguiram o lema "faça você mesmo" aprendendo a tocar os instrumentos sozinhas. Elas queriam mostrar que Rock também era para mulheres e incentivá-las a montarem suas bandas.
"Temos raiva da sociedade que diz: garotas são burras, garotas são más, garotas são fracas." |
Até hoje é difícil encontrar mulheres bateristas, esse é um dos maiores dilemas para quem quer montar uma banda só de meninas. Inclusive tal questão é destacada no documentário Hit So Hard da Patty Schemel.
Duas minas no comando da batera: Molly Neuman e Tobi Vail
Allison Wolfe
Musas femininas (e feministas), influências e referências
Kim Gordon, baixista da banda Sonic Youth, era admiradora do movimento e se tornou amiga das garotas do Bikini Kill. Ela cita muito a experiência em sua autobiografia, A Garota da Banda.
"Estou grávida de uma menina. Espero que ela seja uma Riot Grrrl"
Kim convidou Kathleen para participar do clipe "Bull in the Heather". Era na fase em que o Bikini Kill mantinha o apagão na mídia. Gordon achou que seria um jeito de trazer a cantora ao mainstream como forma de provocação, mesmo arriscando Hanna a sofrer retaliação do meio Riot.
“Mulheres são anarquistas e revolucionárias naturais, porque elas sempre foram consideradas cidadãs de segunda classe, tendo garra pra criar seu próprio caminho. Quero dizer, quem fez todas as regras de nossa cultura? Os homens - homens brancos da sociedade corporativa. Então por que uma mulher não pode se rebelar contra isto?" - Kim Gordon
Joan Jett: é considerada a musa inspiradora do movimento. Em 1994, Jett produz em sua gravadora e faz backing vocals para um single da Bikini Kill, enquanto que sua banda The Blackhearts trás faixas com Kat Bjelland (Babes in Toyland), Donita Sparks (L7) e Kathleen Hanna. Nas fotos, Jett com Bikini Kill e Kathleen Hanna.
A decadência
“Precisamos nos fazer visíveis sem usar a mídia mainstream como ferramenta. A mídia corporativa cooptou e trivializou um movimento de garotas raivosas que poderia ser verdadeiramente ameaçador e revolucionário. A mídia distorceu as visões de nós mesmas criando hostilidade, tensão e inveja num movimento supostamente sobre apoio de garotas. Numa época que Riot Grrrl se tornou a próxima tendência, precisamos tomar de volta o controle de nossas vozes.”
A mídia mainstream as tornou um espetáculo, o foco saiu do feminismo e autoprodução para o senso de moda punk. Muitos as consideravam apenas jovens que queriam chamar a atenção. O movimento decai em 1997 quando a mídia tenta desacreditar e apagar jovens feministas da cena política e passou a jogar umas contra as outras e a criar tramas sexistas. Com o tempo as meninas foram marginalizadas na cena que se tornou hostil e até perigosa para elas.
Girl Power
A palavra "girl power" promovida pelos zines Riot para superação de abusos e violência, encorajando mulheres a formar bandas e experimentar com música foi cooptado pelo mainstream. O caso mais famoso é o do grupo Spice Girls, que esvaziou do termo seu significado original - para as Spice, o “girl power” era focado em moda e romance heterossexual onde a mulher dominava o relacionamento. Sendo populares, nunca disseram que o termo teve origem no movimento Riot Grrrl. Hanna chegou a dizer numa entrevista que a diferença entre o feminismo das Riot e o das Spice Girls é que o das inglesas era um produto, marketing.
Este zine é considerado o primeiro
registro Riot Grrrl do termo "Girl Power"
registro Riot Grrrl do termo "Girl Power"
Em sua autobiografia, A Garota da Banda,
Kim Gordon fala sobre o "Girl Power":
"No final do dia é esperado que as mulheres sustentem o mundo, não que o aniquilem. É por isso que Kathleen Hanna, do Bikini Kill, é tão incrível. O termo girl power (poder feminino) foi cunhado pelo movimento Riot Grrrl, que Kathleen Hanna liderou nos anos 1990. Girl Power: uma frase que mais tarde seria cooptada pelas Spice Girls, um grupo criado por homens, cada Spice rotulada com uma personalidade diferente, lapidada e estilizada para poder ser comercializada como um perfil feminino falso. Coco [filha de Kim] era uma das poucas meninas no jardim de infância que nunca tinha ouvido falar delas, e essa é uma forma do poder feminino, dizer não à comercialização das mulheres!"
Curiosidades:
♀ Em 2015 as Riots doaram zines, jornais, imagens, material pessoal para a Fales Collection na New York University’s Bobst Library para um arquivo histórico do Movimento Riot Grrrl.
♀ Se hoje é comum ver mulheres em bandas de rock, há 20 anos a ideia de jovens meninas sendo protagonistas de bandas e de uma cena inteira foi algo realmente novo e radical!
♀ Embora tenha havido mulheres na cena punk desde a década de 1970 - Siouxsie Sioux, Joan Jett, Patti Smith, Chrissy Hynde - o Riot é considerado o movimento que mais frequentemente creditou e trouxe punk e feminismo juntos.
♀ A palavra “Grrrl” entrou oficialmente para o Dicionário Oxford em 2001 como sendo um ativismo feminino de engajamento punk e diversas formas de produção cultural.
Se quiser saber um pouco mais sobre o feminismo na década de 1990, leia nosso post sobre a Revista Sassy e também o filme “The Fabulous Stains”, o qual influenciou Tobi Vail.
"Acho que toda garota deveria ganhar uma guitarra no seu aniversário de 16 anos."
Hoje com a banda The Julie Ruin, Kathleen Hanna aparece nas fotos abaixo com a baixista Kathi Willcox em 2015; com Joan Jett em 2013 e abaixo, no palco observem que Hanna, aos 46 anos, ainda mantém o estilo de usar "lingerie" com meias calças e Kathi um vestidinho, mostrando que ambas mantém o estilo pessoal da época Riot.
O Movimento Riot Grrrl no Brasil
No Brasil, a banda Dominatrix capitaneada por Elisa Gargiulo é uma das maiores referências do movimento que chegou por aqui em 1995. Elisa organizou seis edições nacionais do LadyFest. As bandas Riot brasileiras usavam os primórdios da internet pra se divulgar, produziam zines e shows. Havia resistência de conhecidas bandas punks nacionais (com integrantes homens) com as meninas, chegando haver situações de extremo machismo e hostilidade com as jovens. Assim como no exterior, no Brasil havia a estimulação da rebeldia, da libertação de padrões corporais e ideais de beleza assim como o engajamento feminista.
Quero aproveitar e dizer: se algum de vocês, leitores (as), tem guardado algum zine Riot nacional dessa época, entra em contato com a gente, adoraríamos dar uma olhada (poder ser por fotos!) nessa relíquia! ;D
Para a revista Trip, Elisa Gargiulo declarou sobre o LadyFest: "A importância dessa festa é que ela divulga cultura feminista autogestionada. E a função da cultura feminista, assim com das Marchas das Vadias, é demonstrar um estilo de vida pra fora do patriarcado, rompendo com mitos como a rivalidade entre mulheres, o clássico "mulher não sabe tocar instrumentos", entre outras babaquices. A grande mídia e as corporações oferecem apenas um estilo de vida pras mulheres (e exclui da categoria 'mulheres' as de pele negra, as trans, as lésbicas etc). Eventos culturais feministas provam que existem milhões de mulheres ao redor do mundo vivendo experiências felizes e inspiradoras pra fora dessa lógica capitalista patriarcal"
Algumas bandas brasileiras: Cosmogenia, Kaos Klitoriano, Bulimia, Lava, Mercenárias, Menstruação Anárquica, Anti-Corpos, No Steriotypes, Cosmogonia, Letty, Trash No Star.
No Brasil, a banda Dominatrix capitaneada por Elisa Gargiulo é uma das maiores referências do movimento que chegou por aqui em 1995. Elisa organizou seis edições nacionais do LadyFest. As bandas Riot brasileiras usavam os primórdios da internet pra se divulgar, produziam zines e shows. Havia resistência de conhecidas bandas punks nacionais (com integrantes homens) com as meninas, chegando haver situações de extremo machismo e hostilidade com as jovens. Assim como no exterior, no Brasil havia a estimulação da rebeldia, da libertação de padrões corporais e ideais de beleza assim como o engajamento feminista.
Quero aproveitar e dizer: se algum de vocês, leitores (as), tem guardado algum zine Riot nacional dessa época, entra em contato com a gente, adoraríamos dar uma olhada (poder ser por fotos!) nessa relíquia! ;D
Para a revista Trip, Elisa Gargiulo declarou sobre o LadyFest: "A importância dessa festa é que ela divulga cultura feminista autogestionada. E a função da cultura feminista, assim com das Marchas das Vadias, é demonstrar um estilo de vida pra fora do patriarcado, rompendo com mitos como a rivalidade entre mulheres, o clássico "mulher não sabe tocar instrumentos", entre outras babaquices. A grande mídia e as corporações oferecem apenas um estilo de vida pras mulheres (e exclui da categoria 'mulheres' as de pele negra, as trans, as lésbicas etc). Eventos culturais feministas provam que existem milhões de mulheres ao redor do mundo vivendo experiências felizes e inspiradoras pra fora dessa lógica capitalista patriarcal"
Algumas bandas brasileiras: Cosmogenia, Kaos Klitoriano, Bulimia, Lava, Mercenárias, Menstruação Anárquica, Anti-Corpos, No Steriotypes, Cosmogonia, Letty, Trash No Star.
"Punk Rock não é só pro seu namorado",
da Banda Bulimia é um dos hinos Riot nacionais:
da Banda Bulimia é um dos hinos Riot nacionais:
♪♫ O que te impede de lutar? O que te impede de falar? Pare de se esconder
Você não é pior que ninguém / Punk rock não é só pro seu namorado /
Você sempre quis tocar / Você sempre quis andar de skate / Você que sempre quis quis quis /
Você não é um enfeite!
Você sempre quis tocar / Você sempre quis andar de skate / Você que sempre quis quis quis /
Você não é um enfeite!
Punk rock não é só pro seu namorado / Faça o que tiver vontade / Mostre o que você pensa
Tenha a sua personalidade / Não se esconda atrás de um homem ♪♫
"Punk Rock não é só pro seu namorado" foi lindamente ilustrado por Jéssica Lisboa, acesse aqui pra ver.
Experiência pessoal de uma das autoras desta postagem:
Eu (Sana) conheci o Riot Grrrl em 1997 quando o caderno Mais! do Jornal Folha de SP trouxe um especial sobre a história do Movimento. Ler aquilo mudou a minha vida. Eu já gostava de rock e já tinha pensamentos feministas, mas não sabia que aqueles pensamentos se chamavam "feminismo". A partir do momento que eu descobri que haviam outras garotas com o mesmo pensamento e que aquilo tinha um nome, pude nortear todo o resto de minha adolescência, me tornando desde então mais consciente sobre a cena rock/metal para as mulheres e questionado nosso papel na sociedade.
Mesmo eu sendo novinha, a matéria me marcou tanto que guardei o jornal. Quando hoje o releio, percebo algumas falhas, logo na capa elas são chamadas de Bad Grrrls (garotas más), mas já alertava pro pioneirismo: "desencadeia uma onda feminista inédita formada por adolescentes que protestam por meio do rock...para criar uma subcultura revolucionária". Esse jornal trouxe a história de todas as ondas do feminismo e foi aí que conheci as Sufragistas e também foi meu primeiro contato com a imagem de Bettie Page! A matéria tem 5 páginas (na foto abaixo, apenas 2) e já mistura grunge com Riot, arte e cultura pop. Notem o visual da banda Kit Kat Club na capa: vestidos retrôs, meia, tênis, coturno, como as Riots americanas.
Empolgada, fiz um zine Riot, depois talvez poste sobre ele aqui no blog :)
Considerações finais das autoras:
♀ Este artigo tem foco nas bandas fundadoras do Movimento, em parte pela dificuldade de encontrar material escrito e de imagens, mas existiam diversas outras e diversos outros tipos de engajamento!
♀ O documentário Punk Singer não deve ser levado como a única verdade dessa cena. O filme homenageia uma das criadoras, Kathleen Hanna, mas é preciso lembrar que o Riot se espalhou pelo país e pelo mundo. Cada menina, de cada cidade, moldava as pautas de acordo com sua localização. Muitas bandas ficaram no underground devido o apagão que fizeram na mídia, sendo necessário pesquisas mais profundas para encontrá-las. "Eu não era a líder de tudo, existia um monte de grupos diferentes que se reuniram em todo o país e em diferentes partes do mundo. Eu não tinha conexões com eles. Não tínhamos celulares ou internet. Como eu era supostamente a líder se embora eu não pudesse me engajar com todas essas pessoas?", relata Hanna em entrevista.
♀ Há controvérsias sobre como classificar o Riot Grrrl. Embora haja ideologia + música + moda tornando-as uma subcultura, elas não seriam tribo de estilo pois o foco não era em moda. O uso mais comum é como sendo um "movimento de cultura juvenil", mas as próprias Riots não se assumem como um movimento. Optamos por usar no texto tanto 'subcultura' quanto 'movimento' pois não dá pra saber se essa falta de nomenclatura correta tem a ver com os poucos estudos sérios dedicados à elas, que falo a seguir.
♀ Exceto por livros específicos lançados em tempos recentes, os livros sobre subculturas ou tribos (inclusive os publicados no fim da década de 1990) ou não citam as Riot, ou dedicam apenas um parágrafo à elas. Isso me intrigou muito durante o processo de pesquisa: por que um movimento juvenil feminino e feminista tão importante, mal aparece nos livros sobre cultura juvenil, subculturas e tribos urbanas? Isso se torna ainda mais bizarro quando percebemos a imensa influência das Riot entre bandas femininas e cantoras do rock surgidas posteriormente e até os dias de hoje. O lado bom é o atual resgate do movimento em documentários e livros escritos por mulheres que estudaram ou participaram da cena no passado.
É muito importante que a participação das mulheres no Rock não seja mais apagada da história e nem menosprezada como costuma ser. Então pra gente que é fã de Rock, se os livros 'sérios' as esquecem, é um imenso prazer ajudar a manter viva a memória destas meninas que meteram a cara no patriarcado, berraram com raiva, tiveram atitude e foram ativistas para os direitos das mulheres.
É muito importante que a participação das mulheres no Rock não seja mais apagada da história e nem menosprezada como costuma ser. Então pra gente que é fã de Rock, se os livros 'sérios' as esquecem, é um imenso prazer ajudar a manter viva a memória destas meninas que meteram a cara no patriarcado, berraram com raiva, tiveram atitude e foram ativistas para os direitos das mulheres.
E finalizamos com a opinião de Kathleen Hanna
ao ser indagada se o Riot Grrrl ainda vive:
"Eu realmente não quero que o Riot Grrrl viva porque não me interessa fetichizar algo que já aconteceu. Estou interessada em mulheres que desejam fazer algo mais interessante do que nós fizemos, e que vão desafiar e criticar o que fizemos; e através dessa crítica venham com algo muito melhor. É isso que me anima, e não fan sites com fotos das bandas Riot Grrrls."
Então #ficadica da Hanna: criar algo que seja tão mais interessante do que o Riot Grrrl!
Contamos com o girl power de vocês ;D
Contamos com o girl power de vocês ;D
Não deixem de comentar a postagem, dizerem o que acharam. ♥
Leia também:
O Riot Grrrl como referência: do rock ao pop dos anos 90 à atualidade
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Para escrever este artigo, estudamos algumas fontes citadas abaixo, mas a ideia, formato de post e escrita foram elaboradas por mim (Sana) e pela Lauren em conjunto. Assim como os zines Riot, nosso blog é uma mídia independente feita por mulheres e precisamos de apoio pra continuar nossas pesquisas. Compartilhar e divulgar é permitido, sendo esta a forma mais justa de reconhecer e agradecer nosso trabalho. Obrigada e compartilhem o link se curtirem a matéria! ♥Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. É permitido compartilhar a postagem. Ao usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos precisa obrigatoriamente linkar o texto do blog como fonte. Não é permitida a reprodução total do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É vedada a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, não fazemos uso comercial das mesmas, porém a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
Clique aqui e leia o tópico "Sobre o Conteúdo" nos Termos de Uso do blog para ficar ciente do uso correto deste site.
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Sana, eu amo seu blog <3<3<3<3<3 Post de altissima qualidade! Eu nasci em 1995, não peguei essas diversas mudanças e agitaçoes culturais e politicas, mas com seu post eu senti até frio na barriga lendo! mt mt mt bom <3
ResponderExcluirAmanda, vc naum pegou o movimento da época mas tá passando o de agora. Ainda temos mta coisa para mudar no mundo. Como a Kathleen Hanna disse, que venha algo melhor do que o Riot foi! ;)
ExcluirGostei pra caramba do texto,trouxe ao conhecimento coisas que eu desconhecia,pude ver que por mais forte que o movimento Grunge seja na minha cidade natal (pelo menos na minha adolescência ),de todas as meninas que conheci,apenas uma me mostrou bandas só de meninas.É algo a se pensar ( e infelizmente essa minha amiga,que tinha muito a dizer,se rendeu ao que a sociedade julgava 'certo' pra ela).Sobre Zines,uma ex-professora de Português me mostrou os Zines que ela mesma fez na época de faculdade,e nos motivou (minha amiga e eu) a fazer o nosso,não tenho mais pois a diretora da escola sumiu com ele (era um único feito,no qual deixávamos no mural do pátio).Me fez lembrar que por mais que nossa vida mude,almas inquietas jamais param!
ResponderExcluirPor mais textos assim <3
É entendível o caminho que sua amiga tomou Marcela pq não é fácil ir contra a corrente, quando nos tornamos adultos adquirimos responsabilidades q de um jeito ou de outro o Sistema acaba lhe sugando. :(
ExcluirPoxa, pq vc naum retoma agora os zines? Quem sabe vem uma troca aí entre nóiz? Olha o babado! haha
Não tenho palavras pra descrever o que senti lendo esse artigo.
ResponderExcluirNão conhecia as Riot e sempre me perguntei como esse tipo de movimento nunca havia acontecido. Agora sei que aconteceu e foi maravilhoso.
Como sempre seu blog vem pra trezer conhecimento e só tenho a agredecer por isso. Se não fosse por suas pesquisas e vontade de escrever sobre elas talvez eu e provavelmente outras meninas não teriamos conhecimentos sobre importantes fatos da história. Ex o Riot Grrrl.
Que prazer ler seu comentário, assim como o da Amanda e Marcela, e todos que estão deixando em nossas mídias sobre o tema. A gente tentar levar informação alternativa para que se amplie as visões do mundo e cada um crie a sua própria versão. Mto grrrl power a vc! <3
ExcluirPra quem é de Santa Catarina,a semana de letras da UFSC vai oferecer um minicurso sobre os zines, pode ser bacana dar uma olhada.
ResponderExcluirMerci mademoiselle! ;)
ExcluirAté me arrepiei lendo! Ótimo post, como sempre *-*
ResponderExcluirObaaaa, que bom! :D
ExcluirDe todas as matérias já publicadas no MdS, esta foi uma das que mais me emocionaram profundamente. Não tenho palavras, quero apenas agradecer a vocês por sempre agregarem conhecimento e contribuírem tão ricamente para minha formação intelectual e consciência política. Muito obrigada!
ResponderExcluirBeijos,
Rafaella
http://imperioretro.blogspot.com
Ai que lindo, Rafaella! <3
ExcluirRetribuo o elogio aos seus artigos também.
Bjks!
LINDO LINDO LINDO !
ResponderExcluirO embasamento histórico do texto tá maravilhoso <3
O Riot! vive mais forte do que nunca, a revolução nunca nasce de cima.
Isso aí! <3
ExcluirLet's go grrrls!
Que grata surpresa encontrar esse texto na seção de comentários (coisa que sempre é perigosa e não recomendada, rsrs) de um outro tão bom quanto!
ResponderExcluirAdorei ler sobre o assunto. Nasci em 92, tenho quase a idade do movimento, então não pude acompanhá-lo de perto. Mas, felizmente, posso sentir seus efeitos hoje.
Obrigada por tantas ótimas informações e parabéns às autoras.
:)
Oi Amanda! Fico feliz que tenha gostado do artigo! Você não pôde acompanhar mas até hoje sentimos os reflexos do movimento.
ExcluirFiquei curiosa, qual site você encontrou a indicação do nosso link?
Que post maravilhoso <3
ResponderExcluirFui apresentada às Riot mais ou menos em 2014, e desde então procuro ler a respeito sempre que tenho um tempinho. Seu texto foi um dos melhores que já tive a oportunidade de ler :)
É tão bom ver algumas de minhas bandas preferidas engajadas nesse movimento!
Que bom Lim! Ficamos mto felizes por essa recepção. Tbm somos superfãs do trabalho das riots. <3
ExcluirQue post incrível!
ResponderExcluirAchei que era só que que tinha sentindo essa coisa louca, mas lendo os comentários vi que não tô sozinha! haha
Muito bom mesmo! Vocês devem ter tido um trabalhão com essa pesquisa, já que movimentos assim, são a todo custo escondidos ou tem seu real significado deturpado pela nossa sociedade patriarcal.
Eu não conhecia o movimento. Assim como uma das que comentou acima, nasci em 1992, então no seu auge eu ainda não tinha muita idade pra prestar atenção e ser crítica ao que acontecia ao meu redor, mas que bom que ainda hoje sentimos os efeitos que essa luta conseguiu gerar. Não conhecia, mas amei conhecer e saber que tivemos algo tão forte vindo de mulheres na cena alternativa. Hoje em dia, às vezes eu sinto que estamos dormindo no ponto e deixando de lutar pelo que deveríamos. Mas esse movimento é mais do que inspiração pra gente seguir em frente na luta e, como disse a Kathleen, criar algo ainda melhor.
Sobre os zines, gostaria muito de ter acesso a eles. Depois vou pesquisar por aí pra ver o que encontro. ^^
bjin
http://monevenzel.blogspot.com.br/
Adorei que sentiu "essa coisa louca" hahaha!
ExcluirSim deu um trabalhão de aaanooooosss mas finalmente conseguimos colocar no ar!
É verdade, até hoje sentimos o impacto do movimento Riot, por isso é importante divulgar a informação pra quem sabe mais meninas se inspirarem hoje.
Bjs Mone! ♥
Oi, adorei oq vc escreveu. Deu uma ótima pincelada sobre todo o movimento, muito bom mesmo. Acompanhava o blog Klitoris Freakshow, e essa semana bateu uma saudade, então acabei chegando neste. Parabéns pelo trabalho, abraços. Paula Aguiar
ResponderExcluirObrigada Paula! Fico feliz que tenha gostado! ♥
ExcluirAmei muito o texto. Parabéns!!!
ResponderExcluir
ExcluirObrigadaaaa! ♥
Eu AMO esse artigo ♥ É sem dúvidas uma das minhas postagens favoritas de toda a internet e toda vez que a leio me surpreendo novamente com tamanha qualidade e pelo ótimo e bem explicado compilado de informações. Nasci em '99 (heh) e vejo a importância do entendimento do movimento para a minha construção pessoal e até mesmo para compreender a raiz de tanta coisa que rola por aí. Obrigada ♥
ResponderExcluirPuxa Nataly, que legal ler isso! Fico muito feliz e emocionada ♥
ExcluirPois é ainda hoje sentimos os resquícios desse movimento, foi um prazer trazer ele à tona para as novas gerações!
Bjs!
Meu deus, QUE POST <3
ResponderExcluir
Excluir♥ ♥ ♥ Nós que agradecemos o elogio! ♥ ♥ ♥
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirDesde o ano passado estou imersa no universo Riot Grrrl e escrevendo sobre ele. A primeira "amostra" do meu material é o livro que apresentei como meu tcc em jornalismo. Coloquei para download no link: https://www.academia.edu/33705234/Palavas_e_Guitarras_Retratos_da_mulher_no_punk_rock
Continuo pesquisando e escrevendo sobre o tema para aprimorar o livro porque ainda o considero bastante incompleto diante da riqueza do movimento.
Deixo aqui meu contato caso haja algum interesse em trocar ideias sobre o assunto: ruvila.m@gmail.com
abraço!
ExcluirOi Rúvila!
Que legal! Vou ler seu TCC com certeza! Riot Grrrl é um tema que sempre estou interessada e realmente há poucas informações disponíveis, pelo menos aqui no Brasil. Vou te escrever no email ;)
Eu conheci o blog hoje e passei a noite inteira lendo, tu não sabe o quão bem me fez essa leitura, meu dia foi péssimo em diversos aspectos, tava me sentindo pra baixo, tristonha, quando eu me deparei com o blog - vim parar aqui por causa da coleção da Courtney Love pra Nasty Gal -, foi uma das melhores coisas que eu descobri recentemente. Parabéns, todo o trabalho de pesquisa de vocês é de uma riqueza e importância sem tamanho, dá um quentinho no coração saber que existem pessoas que gostam e perpetuam os assuntos que eu tanto amo.
ResponderExcluirOi Ananda, que felicidade ler o seu comentário! O que nos move a manter o Moda de Subculturas é exatamente essa troca de informação tão importante para sobrevivência da cultura alternativa. Assim como fizemos o seu dia, você fez o nosso.
ExcluirBeijos!