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27 de novembro de 2010

Cópias na Moda Alternativa

Todos sabemos, e já foi escrito várias vezes aqui no blog, que Moda Alternativa é uma moda alternativa à moda dominante (mainstream).
A moda alternativa não segue tendências ou tem regras. Cada designer ou estilista cria o que quiser, como quiser e de qual material quiser, sem se importar se vai atingir a grande massa, vender horrores, atingir público pequeno ou ser conceitual. O foco são as pessoas que querem vestir algo diferenciado, não seguem padrões estéticos dominantes ou que pertencem a alguma subcultura.

Essa é a grande vantagem da moda alternativa: a liberdade criadora do designer/estilista. É triste e chato quando uma marca alternativa copia uma peça autoral de outra. Triste porque é justamente na moda alternativa que você tem a liberdade de criar o que quiser, sem precisar se basear em estilos ou peças já existentes. É onde pode exercer sua criatividade com total liberdade. Eu já abordei esse tema anteriormente nessa postagem.

Muitas vezes pegamos modelos de roupas estrangeiras e mandamos fazer uma igual para nós. Não acho isso errado. Acho errado comercializar cópias, principalmente de marcas nacionais, marcas estrangeiras até dou um desconto, porque como escrevi na postagem linkada acima, somos carentes em variedade. Já houveram alguns casos de pessoas que copiaram peças de marcas nacionais. Os casos foram resolvidos entre as partes sem causar grandes alardes.

O motivo de eu voltar ao assunto de cópias foi que essa semana, uma marca alternativa, a Mother of London, teve uma de suas icônicas peças copiada e sendo usada por uma atriz mirin num evento importante, o AMA. A Mother of London, é uma marca alternativa que tem peças muito, mas muito peculiares que já estrelaram diversos editoriais de revistas e de fotógrafos alternativos.
A cópia da peça da Mother of London, causou revolta entre outros designers alternativos, especialmente porque a imagem da artista mirim rodou sites e TVs da mídia mainstream  americana com a peça sendo creditada à outra pessoa. Como apenas a MoL criou esse modelo de peça, houve uma preocupação de que desavisados ligassem a horrenda cópia amarela à marca original.


A designer Kambriel disse:
"O que me deixa mal nesse tipo de situação é como "designers" que fazem esse tipo de coisa (cópias), podem sentir qualquer tipo de realização pessoal, sendo que eles estão apenas sugando a visão de alguém criativo. Nesse caso, é uma oportunidade perdida para um designer independente, cuja criação foi intrigante o suficiente para ser escolhido para um evento importante. Espero que os futuros clientes encontrem a fonte real dessa criação, que é muito mais digna de ser usada e desfrutada e não, que comprem algo criado e projetado para ser uma cópia."

Louise Black disse:
"Vocês já viram quantas cópias foram feitas do meu  famoso "corset-camafeu"? Recebo e-mails todos os meses de clientes me avisando sobre outro designer que me copiou. O que posso fazer? Isso é tão chato. Quando eu vi a roupa no palco, eu pensei comigo mesma: parabéns à Mother of London! É triste saber que ela não estava envolvida e alguém teve a coragem de copiar uma peça tão original. Mildred (dona da Mother of London), tome isso como um sinal de que você está fazendo algo certo. Eu não tiraria essa peça da coleção, ao contrário, anunciaria-a ainda mais para que todos saibam onde obter a original. 
No começo desse ano, a Lip Service foi uma das marcas que me copiou, produziu em massa meu "corset-camafeu", com a minha assinatura de pregas de fita, renda na borda e o círculo do camafeu. Liguei pra eles e me disseram pra não me preocupar porque a qualidade do trabalho deles era inferior ao meu e que não seria uma concorrência. UGH! Tem havido dezenas de designers menores copiando meus corsets e vendndo-os no etsy, no ebay, etc. Eu mando email a eles pedindo-lhes que, por favor, pare de vender a minha criação, e respondem-me dizendo que achavam que eu não me importaria, porque eu sou uma  "grande estilista". Gente, eu luto como todo mundo para ser uma designer independente!  Eu realmente gostaria que houvesse algo que pudéssemos fazer. Alguma maneira para proteger nossos projetos.
O "top de uma manga só" da Mildred é definitivamente sua assinatura, assim como o "corset-camafeu" é minha assinatura.
Sendo designers de moda alternativa, nós precisamos ficar juntos e cuidar uns dos outros".

Abaixo: corset-camafeu Louise Black e uma das marcas que copiou a peça.


Louise Black disse tudo na última frase. Sou da opinião que as pessoas que compram imitações não são as mesmas pessoas que compram um design original, pois essas pessoas valorizam não apenas a peça, mas sim a criatividade do designer. No Etsy, pode-se encontrar imensidões de cópias de peças e acessórios de marcas alternativas reproduzidas por designers iniciantes que as vendem, algumas vezes por um preço maior que a peça original e ainda com menor qualidade.

Quem sabe se a cópia tivesse ficado apenas na surdina não teria havido todo esse bafafá, mas a copista foi burra o suficiente pra colocar a cópia num evento grande e televisionado, mas não esperava que a cena alternativa fosse tão unida, inteligente, informada, descobrisse a cópia e trouxesse à tona.
Não importa se a marca é grande ou desconhecida, cópia é algo errado, é uma questão de ética na profissão. 
Se uma pessoa não tem ética na profissão, que dirá com a sociedade.

Comentários via Facebook

5 comentários:

  1. Eu acho um absurdo isso.
    Muito baixo das pessoas, copiarem algo tão original.
    Acho que vi a Kambriel falando no twitter sobre essa peça da Mother of London. Isso não pode ser considerado plágio? A Mother of London não poderia processar?
    Porque pra mim muitas criações, principalmente no mercado alternativo, e especialmente essa peça em questão, são obras de arte.
    E como obras de arte deveriam ser proibidas de tal cópia.
    Salvo as excessões, por exemplo a gente aqui do Brasil que não tem muita opção que acaba copiando por não ter a peça aqui.
    Não sabia disso da Lip Service, que copiaram o corset da Louise Black. Eles cairam no meu conceito agora.

    Beijos

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  2. Será que não é possível fazer como as escritores e músicos? Registrando suas obras no cartório? Acho que deve ser a única maneira de fazer os copistas pagarem pela falta de ética e cara-de-pau. Um absurdo a pessoa responder "achei que você não ia se importar"! Ah, vá! Fico revoltada com o desdém das pessoas com relação ao trabalho dos outros.
    Eu às vezes passo por situações em que vejo algo e penso "droga, pq eu n pensei nisso antes dela (e)?", mas porque ao invés de copiar o trabalho dos outros, a pessoa não vai lá, entra em contato c a pessoa, compra a peça dela ou pede permissão p fazer algo parecido e dedicar a dona (o) do produto original créditos por aquele trabalho, do tipo "foi inspirado em tal trabalho", e etc.
    Acho que esta atitude, dependendo do criador, também pode ser válida, ou no mínimo discutido a possibilidade de uma parceria, um trabalho em conjunto, sei lá. Acho que os criadores gostam de ser homenageados por seus trabalhos. Se os copistas ao invés d cometer este erro entrassem em contato c o criador e pedisse uma permissão p criar algo inspirado no produto dele, acho q o problema não seria tão grande!
    Muito bom o post! As pessoas precisam entender que trabalhar com ética é bonito e mais digno!

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  3. Ai, fiquei chateada agora c a LipService.
    Posso falar da sua matéria no meu blog e linkar p vc? Eu preciso compartilhar isso com o mundo! rs Conscientizar as pessoas, influencia-las a ter mais ética. Outra coisa, pq n coloca botões de compartilhamento nos seus posts? Queria poder compartilhar mais facilmente seus posts no twitter, facebook, digg, etc.

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  4. Sobre as Cópias:
    Felizmente não. Roupas não tem patente. Já falei sobre isso num parágrafo dessa postagerm:
    http://modadesubculturas.blogspot.com/2009/12/moda-copias-e-etica.html
    E isso é ótimo, pois o que vestiríamos se houvessem patentes? As roupas seriam muito caras e haveria gente absurdamente rica que viveria só de criar peças pra patentear.
    A questão da moda é a ética. Dificilmente uma peça artítica poderia ser feito alguma parceria com o criador, pois é como uma obra de arte, uma assinatura, uma característica PESSOAL do designer. É como você copiar um Picasso e vender como se fosse original entende? Ou fazer parceria com Picasso pra copiar as obras dele.
    Não há nada de mal em criar peças inspiradas - a moda faz isso todos os dias - vide a moda atual INSPIRADA nos anos 50, anos 20, anos 40... o mal é copiar 100% uma peça autoral e vender a peça como se fosse sua criação.
    A questão é o tipo de vida, sociedade que temos hoje, num mundo capitalita muitas vezes a grana fácil e a preguiça intelectual falam mais alto do que a honestidade.

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  5. Aihhhh, mas que horror, senti até uma profunda revolta pela Mother of London. E que copiadora burra, burra. Será que tipo de estilista que se satisfaz profissionalmente com isso? A única peça que acabou despertando interesse de ser exposta em um evento desses era justamente uma copia... se eu fosse o/a "burraldo(a)"eu me aposentaria da profissão e depois cortaria os pulsos, não faria falta nenhuma para o mundo da moda.

    Essa menina da foto com a cópia não é a Willow Smith a filha do Will Smith? Coitada!

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