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25 de julho de 2019

Mine, estilista da Sweet Sam conta tudo sobre sua marca e sua experiência no programa Troca de Estilos

A Sweet Sam nasceu no ano de 2006, em São Paulo, com o intuito de oferecer moda de qualidade e acessórios sob medida para o público alternativo. 

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Mine, estilista estilosa da Sweet Sam

Com confecção de moda alternativa sob encomenda e sob medida, a marca começou importando tecidos e aviamentos para desenvolver roupas e acessórios. Uma das características mais marcantes da Sweet Sam, foi oferecer peças para as mulheres do Hard Rock e do Heavy Metal numa época em que este público tinha poucas opções disponíveis especialmente de estilos que estavam em voga no exterior, que a marca habilmente desenvolvia em versões nacionais. Outro estilo que a loja investiu há mais de sete anos, foi o retrô, desenvolvendo maiôs e biquinis quando esse segmento ainda era minúsculo no Brasil.

Existe uma relação interessante entre eu, o blog e a Mine: uns tempos atrás, ela divulgou em seu Instagram que uma saia de tule que fiz e postei o DIY no Orkut e uma conversa que tivemos por e-mail, foi o que a incentivou a criar a marca!! Essa foi uma das coisas mais lindas que aconteceu em minha vida! <3 

Tendo como plano de fundo as comemorações dos 10 anos de blog, estou fazendo uma série de entrevistas com as lojas parceiras! Adoro a oportunidade de conhecer as pessoas por trás das marcas. 
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Entrevista com Mine, da Sweet Sam

MdS: Quando e como começou a sua adesão à cultura alternativa?

Mine: Eu sempre fui uma criança muito sozinha, porém com uma mãe muito criativa. Cresci ouvindo histórias fantásticas e ajudando minha mãe a fazer artesanatos. Com 10 anos ouvi um disco do Pink Floyd e do Queen na casa do meu padrinho. A paixão foi instantânea e comecei a procurar saber mais sobre rock. Naquela época não era comum todas as pessoas terem computador em casa, muito menos celular. Eu buscava informação em revistas e livros de sebos.

Comprava fitas K7 e cds e trocava gravações com as minhas amigas. Logo o visual diferente das bandas me chamou muito a atenção. Com 14 anos ganhei meu primeiro computador, e passava as madrugadas (oi internet discada grátis após a meia noite hahahaha!!) procurando bandas, referências de visual...

Me apaixonei por Hard Rock com 15 anos, e o meu sonho era ter uma bota de onça, uma calça de vinil e uma jaqueta de couro. No Brasil roupas assim não estavam disponíveis, e importar não era uma opção, pois não tinha dinheiro para tal. Um dia ganhei um dinheiro de aniversário e corri para uma loja aqui em SP para comprar a tão sonhada calça de vinil. As calças eram muito duras, com uma modelagem estranha, completamente diferente das que eu via (e sonhava) dos clipes. As roupas simplesmente não vestiam em mim. Frustrada e muito triste, tive a ideia de comprar em um brechó algumas peças e tentar modificar. E assim comecei o meu caminho!




MdS: Um dia você contou no Instagram que meu post sobre como fazer uma saia de tule e um email que te respondi sobre a área de moda, foram dos momentos que te impulsionaram a criar a tua marca. Como foi seu início? Você buscou fazer cursos específicos?

M: Eu descobri o blog logo quando ganhei meu primeiro computador. Vi em um grupo do finado Orkut um post sobre como fazer uma saia de tule em casa (era outro sonho de consumo). A partir desse dia, eu comecei a pensar em fazer ou customizar minhas roupas. A simpatia e a atenção da Sana foram extremamente importantes para esse início. Eu estraguei muita roupa até decidir iniciar um curso de corte e costura. Logo em seguida, fui atrás de cursos de customização, etc... Com 20 anos decidi que iria cursar faculdade de moda, para me especializar ainda mais. 



MdS: Naquele mesmo post do Instagram, você disse que conseguiu fazer faculdade de moda com seus próprios recursos. Como foi estudar Moda sendo uma garota alternativa? Sentia resistência ao tema entre os professores? Sentiu que o curso te daria a base necessária?

M: Eu paguei minha faculdade fazendo trabalhos para colegas de classe, estudantes de moda de outras instituições e com o meu trabalho de confecção de peças da Sweet Sam. Os tempos eram outros, e infelizmente encontrei muito preconceito por parte de poucos colegas. Mas tive muito apoio e incentivo de muitas pessoas, principalmente de professores. Pedras no caminho sempre irão existir, temos que aprender com elas e seguir em frente. ❤️ Eu aprendi grande parte do que sei também com as minhas costureiras maravilhosas e no dia a dia com os clientes.




MdS: Sua loja inicialmente se chamava Lúcifer Sam, quais os motivos que te levaram a trocar para o nome Sweet Sam?

M: Eu recebia e mail TODOS os dias perguntando se a loja tinta pacto (sério) hahahaha!! Clientes também pediam para não colocar etiqueta nas roupas. As bases do nosso país são cristãs, e muita gente tem uma visão muito distorcida daquilo que não tem conhecimento e entendimento. Por intuição e por um estudo de numerologia, resolvi mudar o nome para Sweet Sam.

MdS: No início sua marca focava bastante no público hard rock e metal oitentista, naquela época você era das raras marcas que fornecia peças personalizadas para esse público. Como você definiria seu público hoje? Ainda tem bastante clientes hard/metal, ou adquiriu uma nova clientela de outros estilos alternativos?
M: Ainda atendo o público Hard Rocker e Metal sim. São minhas raízes, tenho paixão por brilho e metal. Hoje meu público é muito diverso, atendo desde fantasias para feiras, adolescentes, adultos, meia idade e recentemente estou atendendo à melhor idade também. As mulheres adoram as peças mais fluídas e transparentes que ando trabalhando. Atendo da adolescente fofa que gosta de desenhos japonês até a mulher fatal que quer arrasar em uma roupa de vinil. Meu trabalho é bem diverso e acompanha o meu humor. Tenho épocas mais fatais, então tenho inspiração para criar peças mais sexies. Tenho épocas mais fofas, então tenho inspiração para criar peças mais fofas. Fora as minhas clientes maravilhosas e as minhas influencers, que sempre criam peças novas comigo.

MdS: Como é seu processo de criação, de pesquisa e referências? Cria coleções ou lança novas peças esporadicamente?
M: Eu dificilmente lanço coleções fechadas. Se eu tenho vontade de fazer uma peça nova, eu simplesmente faço e lanço.

Rosana (@bettiefromhell) e Sarah Amethyst (@thequeenofhurts)

MdS: Quais são as suas dificuldades como empresa pequena para se manter em funcionamento? Quais os pontos altos de ter uma marca alternativa?
M: A dificuldade maior são os altos impostos que o pequeno empresário tem que pagar. O ponto alto é sem dúvida ver a alegria e a satisfação das pessoas que recebem as peças que confeccionamos. Outro ponto que adoro, como pessoa, é ter a oportunidade de oferecer moda de qualidade, feita com amor e carinho, por pessoas que foram tiradas de situação de trabalho tenebrosas, e que hoje prestam serviços com amor e dignidade para a Sweet Sam. Sou totalmente contra a situação de trabalho escravo de grande parte das oficinas de costura do Brasil. Costura é dedicação e amor, não exploração.

MdS: O que acha do mercado alternativo brasileiro atualmente?
M: Acho ótimo. Hoje temos uma grande variedade de roupas e acessórios. O brasileiro é muito criativo, a nossa moda não deixa a desejar em nada para outros países. Temos tanta variedade e qualidade como qualquer outro país.

Rosana (@bettiefromhell)

MdS: Uma das questões que o blog aborda é sobre manter o estilo alternativo quando adulto. Você sente ou já sentiu alguma pressão para mudar de estilo por causa da idade?
M: Já senti muita pressão vinda da família. Mas aprendi a não ligar, afinal a vida é minha, esse povo que fala groselha tá com a vida toda bagunçada e fica dando pitaco na vida alheia.  Mando cuidar da própria vida e pronto, geralmente dá certo hahaha! (juro que não sou grossa, mas não admito gente metendo o dedo nas escolhas e no estilo do outro, maior falta de respeito isso).

MdS: Recentemente foi ao ar o programa Troca de Estilos, do Discovery Home & Health com sua participação! Me conta como foi sua experiência, já que este tipo de programa costuma destruir o estilo e personalidade de pessoas alternativas, como vimos na postagem "Sobre Esquadrão da Moda, Mude Meu Look e ser socialmente aceito".

M: Fui contatada pela produção que me pediu que eu indicasse uma amiga. Lembrei de uma grande amiga minha que gostava de visual alternativo, de metal, tocava em uma banda de black metal quando era adolescente. Quando lá pelos 16, 17 anos elas adotou um estilo mais casual e comum. Enquanto eu continuei no meu estilo alternativo. Ao final de todo o processo [do programa], foi muito interessante me ver com outro estilo, outro tipo de roupa. 90% das roupas que uso são da minha coleção. Dificilmente compro roupa, faz mais de 5 anos que não compro roupa. Compro sapato, calcinha e sutiã. Biquíni eu faço todos.
Mas uma coisa que fiquei um pouco chateada não foi ao ar: foi que as pessoas, elas pensam que quem tem um estilo diferente está de alguma maneira 'se escondendo', sabe? Ou disfarçando alguma coisa que não gosta. E não é nada disso. Não é porque uma pessoa usa lente de contato ou pinta o cabelo de uma cor diferente, que ela não gosta do cabelo dela natural ou da cor dos olhos dela. É uma questão de gosto pessoal. Essa é uma visão muito turva que as pessoas têm. O povo achando que eu tava me escondendo atrás de maquiagem, roupa e cabelo... Engraçado que as pessoas "padronizadas" ou os ícones Pops ninguém se esconde, eles 'têm estilo'; e aí quando uma pessoa comum tem estilo, é porque está se escondendo e não se aceita de alguma forma? E o pior é ouvir  um negócio desse vindo de uma pessoa que trabalha com imagem, uma personal stylist. Francamente! É uma cagação de regra...  Mas não foi uma coisa tão invasiva quanto aquele Esquadrão da Moda, que eu acho ridículo.
De resto foi maravilhoso. Foi muito legal.
Pra mim o mais importante foi ver minha amiga se redescobrindo porque ela foi se deixando ficar discreta e apagada, e ali naquele momento eu vi ela florescer, se sentindo feliz, bonita, sexy. E eu como estilista, me sinto muito bem em ver outra mulher se sentindo bem. Quando faço roupa pra homem também, ele se sentindo bonito, se sentindo bem. A pessoa se sentindo bem com a própria imagem dela é muito importante. Eu repetiria a experiência porque foi muito legal e interessante. Mas eu não adotei nada daquele estilo que me sugeriram. Eu achei aquele vestido branco horroroso, péssimo, uma modelagem horrível que não veste bem em ninguém, um tecido inapropriado. Eu sou muito chata com roupa, você não tem noção! Achei o vestido mal cortado... não gostei de nada que me colocaram... a maquiagem eu achei ok, era aquela maquiagem que não parece que você está maquiada. O cabelo preso: detesto! Pra mim cabelo é a moldura do rosto, independente do tamanho do cabelo. Tem gente careca que é maravilhosa! Mas pela minha amiga valeu muito a pena, ver ela feliz e se sentindo bem. Ela mudou bastante a forma de agir e a forma que ela se comporta com ela mesma depois dessa experiência.

Mine, você gostaria de falar sobre algum assunto que não foi perguntado?
Gente, sejam o que vocês quiserem ser.
Sigam a profissão que quiserem, tenham o visual que se sintam bem.
Não existe idade ou corpo pra usar tal roupa.
A roupa (pelo menos aqui na Sweet Sam) é para todes, independente de idade, corpo, gênero.
Se libertem do olhar do outro, se foquem no seu próprio eu e deixe a vida fluir.
Dessa experiência de vida que temos nessa terra só levamos aprendizado.
A vida é curta pra se podar e deixar de experimentar novas coisas, novas roupas e novos estilos! ❤️
Muito obrigada pelo carinho e pelo espaço Sana, a minha admiração por você é enorme, continue sempre com esse lindo trabalho ❤️

Rubia Nosferotika  (@nosferotika) modelando para Sweet Sam

______


Eu que agradeço imensamente a Mine por fazer parte da história do blog desde o começo! E que venham mais anos de sucesso!

E vocês, o que acharam da entrevista? Também são clientes da Sweet Sam?




Convite: apoie a campanha de 10 anos de blog!
http://vaka.me/606162





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Artigo original do blog Moda de Subculturas. 
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