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25 de abril de 2013

A Moda e o Tempo: Mulheres Vitorianas

 A Moda e o Tempo: Mulheres Vitorianas

Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas

A mulher ideal vitoriana continuou a envelhecer durante a metade da década de 1800. Agora não era mais suficiente ser inocente, terna e decorativa; a mulher realmente admirável era um exemplo das virtudes da dona de casa habilidosa na administração doméstica. Embora permanecendo delicada, terna e discreta, supostamente também deveria ser talentosa, prática, caridosa, religiosa e acima de tudo, extremamente maternal, capaz de instruir e orientar os vários filhos sobreviventes. Esta foi uma época de famílias enormes, resultado do baixo índice de mortalidade infantil, foi também época da migração da população do campo para a cidade e subúrbios. Cada vez menos homens trabalhavam em casa ou nas vizinhanças e o patriarca vitoriano teve de delegar um pouco de sua autoridade.

A beleza vitoriana ideal na mulher da foto e um retrato de seis irmãs, ilustrando o baixo índice de mortalidade infantil.

 
  
A mulher ideal da metade do século, o "anjo da casa", está bem representada na obra "Mulherzinhas" de 1868 de Louisa May Alcott. Novamente, a moda se alterou para se ajustar ao novo ideal, as curvas se acentuam, o tecido se tornou mais pesado, as cores mais fortes; as abas do chapeu com pala (bonnet) se afastaram de seu rosto, como se permitindo a mulher madura enxergar mais o mundo, metafórica e fisicamente. A beleza nas estampas da moda e ilustrações populares da época estão agora ocupando mais espaço. Esta foi a época das crinolinas, e mais tarde, a da anquinha (bustle), e acrescente importância das mulheres na esfera doméstica e social foi assinalada por sua corpulência. A moda demasiado grande também permitiu que exibissem inteiramente a riqueza de seus pais ou maridos.

Os meados do século XIX viram a existência da crinolina e do bustle. Ambos trajes elaborados que perminitiam à mulher exibir a riqueza de seus pais ou maridos. 

 

Nas décadas finais do seculo XIX, a mulher ideal continuou a se tornar maior e mais velha. Seu tamanho era um sinal de ser cada vez mais visível publicamente; em número cada vez maior, a mulher passou a frequentar as escolas, trabalhar pra se sustentar e fazendo campanha pela igualdade legal e política. Porém mesmo quando ficava em casa, como uma peça decorativa, a
mulher do final da Era Vitoriana e início da Era Eduardiana era uma criatura fisicamente impressionante.
Altura e peso acima da média cessaram de ser empecilho e se tornaram um trunfo. Autores elogiavam as proporções das heroínas, descrevendo-as como régias e majestosas. Para aquelas não dotadas pela natureza, como a heroína criança da obra "Old Mortality" de Katherine Anne Porter, não havia esperança: "...uma beleza tem de ser alta; qualquer que seja a cor de seus olhos, o cabelo deve ser escuro, quanto mais negro melhor; a pele deve ser pálida e macia...Ela nunca seria alta; e isso, evidentemente, significava que nunca seria bela".

Podemos ver o tipo ideal em fotografias de belezas famosas como Maud Gonne, Lily Langtry e Jennie Churchill, assim como em estampas de moda (Fashion Plates) da época. Ela era de compleição opulenta, com a figura de uma próspera mulher de meia idade: redonda, braços gordos e ombros largos, quadris e traseiros fartos, e um busto grande, mas pendente, de matrona. Uma cintura pequena, criada por um espartilho rígido que destacava o volume acima e abaixo. Sua postura era ereta, ombros quadrados; queixo proeminente, perfil grego, seus traços largos e bem definidos, sua expressão graciosamente dominadora. A criança tímida e feérica do começo do século XIX, tornou-se a beleza segura de si, pintada por Sargent e desenhada por Charles Dana Gibson.

No fim do século XIX a mulher se tornou maior em termos de vestimenta e de corpo - contrastando com o ideal romântico e vitoriano inicial da magreza e pequenez. O que poderia simbolizar ela estar mais visível publicamente. Mulheres opulentas com cintura pequena destacando os volumes acima e abaixo eram a beleza ideal como Lily Langtry e Camille Clifford, musa de Charles Dana Gibson.


A moda comtemporânea exibiu essa criatura maravilhosa, favorecendo-a ao máximo e ofereceu à mulher de dimensões medianas a esperança de competir com ela. Havia espartilhos rígidos acolchoados para criar a curva elegante, espartilhos ornados de cascatas de laços engomados para encher o peito, blusas com mangas imensas bufantes para aumentar os ombros, golas altas
para elevar a apoiar o queixo e saias pesadas com caudas. Botas com saltos consideráveis aumentavam a estatura da deusa; e seu penteado, alto, estufado sobre proteções de arame e crina de cavalo, culminando com um imenso chapéu, podia acrescentar mais alguns centimentros. Como mostram fotógrafos contemporâneos, com essa roupa, a beleza madura parecia gloriosa. Entretanto as mulheres mais jovens e esguias, com frequência ficavam com a aparência desajeitada e amontoada de ornamentos; e a pequenina era reduzida a uma trouxa desleixada de roupa cara pra lavar.

O ideal de beleza era a mulher madura, e jovens vitorianas, em trajes da moda, pareciam muito mais velhas e mais sérias do que suas idades reais.




As mulheres magras e baixas não eram consideradas belas. Ser alta, ter cabelos escuros e pele pálida era o ideal de beleza. Botas com salto,  penteado "pra cima"e chapéus elaborados davam a ilusão de mais altura.


Sendo uma moda que valorizava mulheres maduras, as que não eram corpulentas e altas, tiveram ajuda da moda: espartilhos acolchoados, blusas com mangas bufantes pra aumentar os ombros. Sendo assim, as jovens magras pareciam envoltas em um monte de tecido que sobrava pra todo o lado.




Fonte: livro A Linguagem das Roupas 


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