Kinderwhore é um desdobramento estético da moda grunge feminina, usado durante o início e meados da década de 1990 nos EUA. Mistura conceitos de feminilidade adulta + infantilidade. Courtney Love (Hole) e Kat Bjelland (Babes in Toyland) são consideradas precursoras da estética.
A palavra Kinderwhore mistura dois extremos. "Kinder" vem do alemão “crianças". Nos EUA “kindergarten” se refere à crianças de 2 a 7 anos. Já a palavra inglesa “whore”, significa “vulgar”, “prostituta”, “puta”. O estilo incomodava muita gente pela ambiguidade, era uma estética subversiva que fazia alusão ao conceito de "lolita". O Kinderwhore corrompe a inocência associada à infância através de sua justaposição com a sensualidade adulta e também com a estranheza de imaginar mulheres adultas como crianças crescidas.
A palavra Kinderwhore mistura dois extremos. "Kinder" vem do alemão “crianças". Nos EUA “kindergarten” se refere à crianças de 2 a 7 anos. Já a palavra inglesa “whore”, significa “vulgar”, “prostituta”, “puta”. O estilo incomodava muita gente pela ambiguidade, era uma estética subversiva que fazia alusão ao conceito de "lolita". O Kinderwhore corrompe a inocência associada à infância através de sua justaposição com a sensualidade adulta e também com a estranheza de imaginar mulheres adultas como crianças crescidas.
As origens do Kinderwhore são controversas e debatidas até hoje. Courtney Love admite que se inspirou no look de Christina Amphlett (Divinyls), mas há quem diga que Kat Bjelland foi quem começou a tendência.
Apesar dos trajes semelhantes, Christina tinha uma atitude mais sexy, provocante, pervertida, vide a música "I Touch Myself". Já Courtney e Kat tinham uma atitude mais feroz, agressiva, vadia, soturna, reflexo vida pessoal das duas. Berravam ao cantar, eram estranhas e não se importavam de borrar as maquiagens enquanto destilavam suas revoltas para o mundo. Tinham também uma certa atitude punk e muito feminismo, mas não um feminismo erudito como o da contemporânea cena Riot Grrrl (citada aqui) e sim, um feminismo de vivência, dos abusos e experiências que ambas passaram na vida e uma pitada de liberalismo.
Apesar dos trajes semelhantes, Christina tinha uma atitude mais sexy, provocante, pervertida, vide a música "I Touch Myself". Já Courtney e Kat tinham uma atitude mais feroz, agressiva, vadia, soturna, reflexo vida pessoal das duas. Berravam ao cantar, eram estranhas e não se importavam de borrar as maquiagens enquanto destilavam suas revoltas para o mundo. Tinham também uma certa atitude punk e muito feminismo, mas não um feminismo erudito como o da contemporânea cena Riot Grrrl (citada aqui) e sim, um feminismo de vivência, dos abusos e experiências que ambas passaram na vida e uma pitada de liberalismo.
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Christina Amphlett (Divinyls) e Courtney Love |
O estilo consistia de cabelo loiro platinado, com franja e ondulado, meio despenteado, adornado por presilhas infantis e fofas e até mesmo coroinhas. Pele pálida, bochechas rosadas, batom vermelho vibrante e olhos pintados de preto. No corpo, vestidos segunda mão comprados em brechós e bazares, ao estilo anos 1960 com gola Peter Pan e rendinhas; vestidos ao estilo lingerie, baratinhos, comprados em lojas de departamento e vestidos com babadinhos românticos. Meias calças pretas (dão o toque agressivo) ou brancas e rendadas (dão o toque infantilizado), meias arrastão e meias 5/8 pretas. Nos pés, coturnos ou sapatos de boneca (mary janes). Também era comum, especialmente as garotas de bandas, escrever alguma frase de impacto nos braços ou outras partes do corpo.
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Kat Bjelland |
Courtney Love e Kat Bjelland eram melhores amigas e rivais. Elas disputavam publicamente pela criação do estilo. O vídeo da música "Violet Equimose" da Babes in Toyland aparentemente fala sobre isso. Neste vídeo, Kat se assume como criadora do Kinderwhore e coloca Courtney como uma imitadora. Esse vídeo só foi transmitido na MTV algumas vezes nas madrugadas.
Sobre o vídeo, Courtney disse: “Eu me senti incomodada e roubada, foi uma amiga que não só escreveu sobre mim, mas também levou um pouco da minha própria personalidade de mim. Kat pegou isso e criou seu próprio mundo.”
O fato de serem melhores amigas e estarem disputando atenção pela autoria de um look, gerou rivalidades entre Courtney e Kat. Dizem que Courtney se incomodava mais com o fato de Kat estar tendo alguma visibilidade na cena do que com o fato de usarem o mesmo estilo de roupas. Mas houve um momento em que se tornou insustentável duas mulheres vestidas iguais coexistindo. Porém, quando Courtney se casou com o deus do rock alternativo, Kurt Cobain, toda a guerra pela autoria do kinderwhore se tornou obsoleta e tudo se resumia agora à relação pessoal entre entre Courtney e Kurt.
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Courtney e Kat Bjelland: amigas e rivais na autoria do Kinderwhore |
Apesar da rivalidade pública, quando Kurt Cobain se suicidou a única pessoa que imediatamente voou para Seattle para ficar ao lado de Courtney foi Kat. No mais trágico momento da vida de Courtney, onde mídia e fãs do Nirvana a acusavam de ter matado o marido, a pessoa que a amparou foi a mesma que compartilhou com ela a criação de um estilo de moda que identificou uma geração de roqueiras.
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Kat apoiando Courtney quando Kurt se suicidou. |
É amplamente aceito que Kat Bjelland foi a primeira a definir o Kinderwhore, e Courtney Love, a primeira a popularizá-lo. Mas isso não é definitivo. A verdadeira história atrás da criação da estética ainda é um mistério.
Kim Shattuck da banda The
Muffs também é citada como possível criadora do estilo. Mas a grande
questão é: na época que as bandas de Christina Amphlett e Kim Shattuck
surgiram (meados da década de 1980), já havia a junção de elementos estéticos específicos agrupados sob nome Kinderwhore? Elas sempre usavam esse estilo ou ocasionamente? Pelas fotos
que observei elas usavam sim o mesmo estilo de vestido, mas não o mesmo
estilo de cabelo e maquiagem. A atitude também era diferente. O estilo ganhou esse nome quando passou a
ser um conjunto de elementos (roupa, cabelo, acessórios, atitude) associado à
cena feminina grunge de Kat e Courtney.
Kathi Wilcox e Kathleen Hanna do Bikini Kill e Christina Billotte da Slant 6, também chegaram a usar roupas ao estilo kinderwhore, mas logo abandonaram quando surgiu a rivalidade entre as meninas grunge e as Riot Grrrls.
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Kim Shattuck (The Muffs) e Christina Billotte da Slant6 |
Com todos os olhos da mídia voltados para um novo estilo de rock que
acabara de surgir: o grunge, o kinderwhore atingiu certa fama
mainstream e teve seu momento como podemos ver as tops Naomi Campbell e Linda Evangelista num desfile de Anna Sui.
O Kinderwhore hoje
Atualmente, há um revival das tendências da moda 90s, tanto na moda alternativa quanto no mainstream. É possível ver diversas referências ao kinderwhore.
O estilista Meadham Kirchhoff recentemente prestou homenagem ao estilo num desfile cheio de releituras lindonas:
Moda Alternativa:
Diversas peças inspiradas no kinderwhore nas lojas alternativas estrangeiras: vestidos leves, com gola peter pan ou rendada, transparências, meias e sapato boneca.
Nas páginas do catálogo (do ano passado) da loja Attitude, eles vendem o Kinderwhore sob o título de estética Riot Grrrl, o que não é 100% verdade. A estética Riot era mais focada no punk e street style embora tivesse alguns elementos estéticos do kinderwhore. A modelo usa cabelo, maquiagem, calçado e vestido que caracterizam o estilo.
Impossível não citar Taylor Momsen como adepta do Kinderwhore atual. É muito constante vê-la em vestidos babydoll, cabelos loiros bagunçados e make pesado. A pouca idade dela faz a justaposição da sensualidade adulta e o conceito de lolita.
O kinderwhore foi uma estética feminina dos anos 90, que
influenciou desde a cena rocker até cenas mais extremas como as Riot Grrrls. Uma possível herança estética do estilo pode ser visto na banda Switchblade Symphony (foto abaixo à esquerda). Já a baixista do Coal Chamber Raina Foss, já citada [neste] post sobre a moda feminina heavy metal, na foto abaixo à direita, usa cabelos louros ondulados, tictacs, meia e sapato boneca num contraste entre sensualidade e inocência.
O Kinderwhore foi tão emblemático que invadiu a moda de outras subculturas além da grunge! E hoje se revela um estilo atemporal. E vocês gostam do estilo?
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adoro!
ResponderExcluiradoreiii !! parabéns pela pesquisa top!
ResponderExcluirIncrivel Sana...a matéria ficou demais ;)....se puder gostaria que escrevesse uma matéria só sobre as Switchblade Symphony...
ResponderExcluirHey!!
ResponderExcluirNossa curti tbm, até me identifiquei, apesar da minha paixão ser o goticismo, tbm gostei. Me identifico com muitas coisas, já havia feito com as riot girrrl, por isso não me associo a nenhum título ou grupo.
Ótimo post-:*:*
Ótimo post, parabéns :)
ResponderExcluirGostaria de saber quais sites entrangeiros foram retiradas aquelas roupas?Achei lindos
alguém sabe onde posso conseguir moldes de costura para esse tipo de vestido?
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