O depoimento de Jackie Fox (ex-baixista das Runaways) sobre o estupro que sofreu quando tinha apenas 16 anos pelo ex-empresário da banda, Kim Fowley, repercutiu na mídia internacional. A notícia dada em primeira mão pelo jornal Huffinton Post, caiu como uma bomba no cenário musical, não só pela gravidade do seu conteúdo, mas também pela revelação de que o abuso ocorreu na frente de Cherie Currie e Joan Jett.
"Segundo o Ministério da Saúde, 70% das estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos (dá umas 350 mil pessoas por ano, uma Zurique inteira) e a maior parte delas foi violentada dentro de casa por pessoas de confiança, como padrastos ou amigos de família."
A The Runaways é conhecida pelo conceito Girl Power da qual inspirou muitas jovens a formarem seus grupos, e logo após o assunto cair na mídia, Currie e Jett se pronunciaram negando estarem presentes e se sensibilizaram com a dor de Fox. As ex-integrantes nada mais disseram até o dado momento, e Jackie retornou ao seu facebook deixando uma mensagem (tradução em português aqui) agradecendo ao apoio que recebeu de fãs e anônimos, tocando nos comentários difamatórios recebidos da qual a acusavam de mentir para promover sua carreira considerada esquecida.
Na época conhecida como Jackie Fuchs |
Lendo toda a situação passada por Jackie nos últimos dias, imediatamente lembrei da reportagem de capa da Superinteressante sobre o Estupro. O texto de Karin Mueck chama a atenção pelo conteúdo detalhado de um crime reconhecidamente perverso mas que sobrevive impunemente na sociedade. Muito do que foi dito na matéria, se encaixa perfeitamente com o que Fox tem enfrentado desde que revelou o segredo.
Conforme o artigo, o estupro é o único crime na qual a vítima é julgada junto com o criminoso. Mulheres relatam como são recebidas com desconfiança quando resolvem contar suas histórias para alguém. Pessoas perguntam que roupa ela vestia, onde ela estava, que horas eram, se estava bêbada, se já não havia ficado com o estuprador alguma vez, se deu a entender que queria fazer sexo e até se já teve muitos namorados antes. Assim, o estupro acaba silenciado pela vergonha, uma arma eficientíssima. E vergonha é a palavra-chave nesses casos.
Conforme o artigo, o estupro é o único crime na qual a vítima é julgada junto com o criminoso. Mulheres relatam como são recebidas com desconfiança quando resolvem contar suas histórias para alguém. Pessoas perguntam que roupa ela vestia, onde ela estava, que horas eram, se estava bêbada, se já não havia ficado com o estuprador alguma vez, se deu a entender que queria fazer sexo e até se já teve muitos namorados antes. Assim, o estupro acaba silenciado pela vergonha, uma arma eficientíssima. E vergonha é a palavra-chave nesses casos.
"Na vida real, boa parte dos casos de violência sexual acontece dentro de casas e casamentos, depois de festas ou encontros, no meio de relações sexuais que começaram consensuais, entre pessoas que já se conheciam e com agressores que nem de longe têm o perfil de "estupradores". No Brasil, por exemplo, entre 10% a 14% de todas as mulheres vão sofrer violência sexual por parte de seus parceiros."
Na Imprensa
Além da publicação impressa, a página da Superinteressante recebeu diversos depoimentos de leitores que compartilharam suas histórias de violência. Houve relatos que nunca haviam sido divididos antes. O programa Saia Justa do GNT também entrou no debate trazendo mais informações que pode ser assistido um pedaço aqui.
"Segundo o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, todos os anos cerca de 50 mil pessoas são estupradas no Brasil. Esses são os números oficiais, obtidos a partir da papelada formal. Mas eles não correspondem à realidade. O estupro é um dos crimes mais subnotificados que existem e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada estima que os dados oficiais representem apenas 10% dos casos ocorridos. Ou seja, o verdadeiro número de pessoas estupradas todos os anos no Brasil é mais de meio milhão."
É estranho um assunto de tamanha importância esteja sendo silenciado e varrido para debaixo do tapete. Com todas as notícias lançadas, não há como se fechar mais os olhos diante do tema. Jackie Fox continua se pronunciando sobre o caso e denunciando o porquê vítimas de estupro ficam caladas, ela vem sentindo a força do julgamento mesmo depois de expor sua dor.
Verdadeiro ou não o relato da artista, uma acusação de estupro não pode ser mais tratado com argumentos que deslegitimam a vítima, já bastam as marcas que ela carregará para o resto da vida. Por isso é importante que a população se informe e cobre mudanças de tratamento, principalmente em relação as políticas públicas. Chega de impunidade.
*Os trechos destacados são reproduções da Revista Superinteressante. Para denúncias de abuso e violência ligue 180.
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é ubsurdo como um ato tão grave seja tratado dessa forma e com tamanho descaso e o pior são as vítimas que se calam por vergonha de serem julgadas como culpadas.
ResponderExcluirRealmente é algo horrível e totalmente inaceitável, más ainda que as coisas deveriam ser tratadas com mais delicadeza, uma acusação de estrupo não é qualquer coisa. Só porq uma mulher diz que foi estrupada não significa que ela realmente foi. Não são poucos os casos onde mulheres inventam isso. Não to dizendo q esse caso seja falso, na verdade eu até acredito. O que quero dizer é que é preciso sim uma pesquisa profunda para descubrir q o crime aconteceu.
ResponderExcluirRealmente é preciso muita coragem para contar e ficar firme, ainda mais sendo famosa :(
Sim. Tem o jeito certo de se investigar com perguntas adequadas e tudo mais. Esses casos de pessoas que mentem sobre terem sido estupradas deve ser o mínimo do mínimo porquê se sofre muito preconceito quando se revela ter sofrido um abuso desses
ExcluirE para variar colocaram a vítima com algoz. Independente da fama, há uma acusação. Há uma violência registrada na memória.
ResponderExcluirInacreditável que em plenos 2015 ainda tenha pessoas criminalizando que denuncia um estupro.
Outro dia, li um relato de uma moça alertando que não são só os homens que estupram: as mulheres que fecham os olhos para tal ato, vendo ocorrer e tirando o corpo fora, tb estão colaborando com ele.
O que esperar de uma sociedade totalmente patriarcal onde o homem acha que tem direito sobre o corpo da mulher, não é mesmo?
ResponderExcluirEu fico puta com isso. Me mata de ódio ver como tratam e silenciam esse tipo de crime.
E fico mais puta ainda com como as pessoas realmente acreditam que a culpa, na maioria das vezes, é da vítima. Ê lavagem cerebral bem feita essa que fizeram na nossa sociedade há algumas centenas de anos atrás...
O jeito é continuar lutando e, principalmente, denunciando casos como esse e pedindo justiça sempre!
bjin
http://monevenzel.blogspot.com.br/