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9 de abril de 2011

Os 70 Anos de Vivienne Westwood


"...É tão importante olhar para o passado. Porque as pessoas tinham gosto, e eles tinham ideais de exelência, e essas coisas não voltarão à menos que se olhe para o passado."

"Não é possível para um homem ser elegante sem ter um toque de feminilidade."

"A única razão pela qual estou na moda, é para destruir a palavra "conformismo""

"Os jovens japoneses, em especial, adoram minhas criações."

"Nós mudamos nossa vida para sempre quando Malcolm teve a idéia de vender roupas ao público Rock n Roll. "

"Eu fui a primeira pessoa a ter um penteado punk."


Apenas as frases acima bastariam para resumir a carreira de Vivienne Westwood, a aniversariante do dia de ontem. Mas ela é tão, tão vanguardista, que é impossível não se surpreender com suas idéias e criações à  frente de seu tempo e principalmente se impressionar como, aos 70 anos, ela ainda carrega aquele mesmo ar rebelde e inovador de 40 anos atrás, quando criou o que conhecemos hoje como Moda Punk. Mas não foi só no punk que ela deixou sua marca. Muitas das peças que usamos hoje na subcultura gótica, lolita e na Metal, foram inspiradas em peças de Vivienne.

Vivienne Isabel Swire nasceu em 08 de abril de 1941, de mãe tecelã  e pai sapateiro. Aos 16, estudou moda e ourivesaria. Adolescente nos anos 1950, ela personalizou seu uniforme escolar e fez muitas de suas próprias roupas. Posteriormente formou-se em magistério e deu aulas para o primário. Casou-se em 1962 com Derek Westwood e em 1963 nasceu seu primeiro filho, Benjamin.

Vivienne Westwood conheceu Malcolm McLaren em 1965 e teve mais um filho: Joseph Ferdinand Corré nasceu em 1966. McLaren , falecido há um ano atrás, no aniversário de Vivienne, era obcecado com moda e música e via-as como partes inseparáveis. Rejeitando a estética hippie dominante do fim dos anos 60,  McLaren usava roupas Teddy Boy e ao estilo Rock n Roll dos anos 50. Em 1971, ele abre uma loja chamada Let It Rock. Em 1972 a loja foi redesenhada e renomeada de Too Fast To Live, Too Young To Die. E finalmente, em 1974 a loja recebe o nome de SEX.

SEX tinha o interior com graffiti pornográfico, cortinas de borracha,  referências ao sexo e ao fetiche BDSM, couro, correntes, bondage, alfinetes, gargantilhas de spike (tão comuns hoje), além de  vestidos rasgados, peças ao estilo pin-up, emblemas de motociclistas, assim como maquiagens e cabelos escandalosos. Sem falar de elementos tradicionais escoceses como o tartan e referências de estilo do século XVII e XVIII em cortes reinterpretados. A desvirtualização do tradicional, provocava um choque. Vivienne estava com quase 40 anos e estava subvertendo a monarquia inglesa.

"O país estava num pântano de cores bege e creme e a loja era um oásis. Vi beleza naquelas roupas proibidas. Todas as roupas que eu usava as pessoas considevam  chocante, eu as usava porque eu parecia uma princesa de outro planeta", conta Vivienne. O sexo era intimidante e atraiu uma clientela de voyeurs, prostitutas e os Punks de King's Road que apareciam por lá quando não customizavam suas próprias roupas.
McLaren era então, empresário da banda Sex Pistols. O estilo punk criado por Vivienne e Malcolm foi absorvido e descaracterizado pelo mainstream quando Sex Pistols caiu na mídia.
 
Em 1981, Vivienne pela primeira vez começou a ver-se como um designer de moda. Mas ela "queria sair desse sentimento de túneis subterrâneos da Inglaterra, o sentimento escuro." McLaren dissea ela: "Faça algo romântico. Olhe para a história." E assim Vivienne lança sua primeira coleção nas passarelas de moda, chamada "Pirate". As roupas evocavam a idade de ouro da pirataria, de dândis e bucaneiros. Assim como no punk, as roupas eram unissex. A coleção imediatamente entrou no mainstream e fez a estilista ganhar respeito no meio da moda. 

Enquanto os anos 80 pediam ombreiras gigantes e quadris estreitos, Vivienne foge à regra e cria em 1985 uma coleção inspirada no balé  Petrushka, chamada "Mini Crini" (referência à crinolina). A coleção trazia muitas saias de tule, vestidos de festa à moda antiga, estampas de bolinhas, corsets, roupas de empregada francesa (como aquelas peças Lolita) roupas tradicionais inglesas e referências à monarquia, um tema que ela é obcecada.

A primeira vez que um corset foi usado como peça de estilo depois do século XIX, foi quando em 1987, ela desenha o corset chamado "Statue of Liberty".
Em 1988, ela cria a coleção "Time Machine" (um tema um tanto Steampunk, não?) em homenagem ao livro de H. G. Wells.

A partir de então, Vivienne ganha muitos prêmios como designer e entra para a lista dos maiores estilistas do mundo; volta à dar aulas em cursos de moda na Austría, Alemanha e Itália e abre lojas em diversas partes do mundo.
Lady Vivienne Westwood
Sua primeira coleção masculina é lançada em 1990 e em 1992, passa a fazer vestidos de noiva. No mesmo ano é condecorada Dama (Lady) pela Rainha Elizabeth II, na ocasião, aos 50 anos, ela usava um vestido  justo e estava sem calcinha, o que chamou mais a atenção do que a condecoração.
Como uma apaixonada vestidos históricos, pelos tecidos ingleses e por tartans escoceses, que ela fez desde calças bondage à taillers; em 1993, ela cria seu próprio tartan, para a coleção Anglomania, chamado de "Mac Andreas", em homenagem ao marido.

No ano de 1998, cria sua primeira fragrância: "Boudoir". A segunda fragrânacia, "Libertine", foi lançada em 2000. 
Desde então mais lojas foram abertas na Europa e Ásia e no Brasil, desde 2004 ela tem sua própria linha de sandálias na empresa Melissa.

Benjamim Westwood, seu primeiro filho com Derek Westwood, é um fotógrafo de arte erótica. E seu segundo filho, Joseph Corré, filho de Malcolm McLaren, é, junto com o pai, o fundador da marca de lingerie Agent Provocateur.


Criações inovadoras

Bones' t-shirt: Usando ossos de frango formando palavras como 'Rock' e 'pervertido'. Uma delas foi comprada por Alice Cooper.
Terno Bondage: De 1976, inspirado por calças militares e  motociclistas. Foi  usado por Johnny Rotten do Sex Pistols em Paris e causou alvoroço.


"Mini Crini": Em 1985, Vivienne se inspira em balé e crinolinas e trás à moda a estética do século XIX. Saias de armadas de tule passam a ser usadas em editoriais de moda e as subculturas punk e gótica também pegam carona na moda vitoriana de Vivienne.
Boucher corset: Pela primeira vez, desde o século XIX, o corset é usado como peça de estilo. Vivienne fez corsets práticos, de tecidos elásticos, mangas removíveis. Ela faz do corset uma peça para o dia a dia e para eventos noturnos. Antes peças restritivas, Vivienne faz deles peças símbolo de feminilidade e poder. As góticas agradecem. O corset é hoje, peça fundamental nessa subcultura. 
Red barathea "Terno da Princesa": O conjunto vermelho de 1987 foi inspirado nas roupas da Rainha Elizabeth II quando jovem.
"Centaurella suit": De 1988, com formas clássicas em tweed de lã com estampa xadrez Príncepe de Gales. O paletó tem decote baixo para revelar o corpete e a parte de trás mais curta para revelar o volume traseiro da saia.

Tartan: Misturando diversas padronagens de tartan, Vivienne cria a coleção Anglomania. Os tartans, são até hoje frequentes em suas coleções.

Platafromas "Super-elevated Ghillie": Outra herança de Vivienne para a moda gótica: calçados com super plataformas. Na foto, a Supermodel Naomi Campbell, cai na passarela.

Vestidos Noturnos: Em 1998, na coleção de Café Society, Westwood apresentou uma série de vestidos de noite tão grandes que não era possível serem mostrados em uma passarela normal. Inspirados em Van Dyck e pintores grandiosos do século XVII. Ela diz: "Você terá uma vida muito melhor se vestir roupas impressionantes."


O lugar onde existia a lendária loja SEX, ainda pertence à Vivienne, e lá atualmente ela tem mantém a loja World´s End, que segundo ela vende roupas para heróis, dândis, punks e piratas.


Vivienne faz uma moda interessantíssima ainda hoje: desde peças sofisticadas até peças super alternativas e  exêntricas. Se hoje todas as marcas alternativas fazem calçados com studs, ela fez isso antes de todos. O sapatos abaixos são de 1975 e de 1993.


Suas coleções de sapatos são incríveis! Tanto que, anos passado foi feita uma exposição sobre eles. Se você não leu a postagem, vale a pena ler, clique aqui.

No Brasil, ela é parceira da sandália Melissa e cria constantemente vários modelos e esta talvez seja a forma mais fácil de uma brasileira ter algo da Vivienne. Mas o que muitos não sabem é que as sandálias são versões de plástico das originais de couro ou são adaptações. E os enfeites, que parecem criações aleatórias, são na verdade retiradas de colções passadas. Vamos ver:

As fivelas da bota original foram parar nas Melissas, incluindo numa versão infantil.

O modelo de sapato boneca inventado por ela chamado de Mary Jane em versão couro e plástico.

A sandália com tiras, patenteada por Vivienne, é hoje uma das mais presentes na moda gótica e lolita. Abaixo original em versão alta e baixa e versões Melissa.
 

Uma das Melissas mais vendidas no mundo, - especialmente para casamentos, a Lady Dragon - tem o coração retirado da peça de uma coleção de Vivienne:


E que tal a caveirinha de borracha que pode ser encontrada em brincos, broches e correntes ter virado estampa da Melissa Lady Dragon Skull?

 

A estilista também foi responsável pelo grandioso vestido de casamento de Dita von Teese com Marilyn Manson.
É incrível vivermos e podermos acompanhar a carreira de Vivienne Westwood. É inegável sua influência da moda das subculturas, seja por inserir saias de tule imitando crinolinas, trazer corsets pra serem usados como peça de estilo, colocar spikes em calçados e acessórios, criar sapatos com plataformas gigantescas, inserir o fetiche na moda alternativa, sem falar nas referências de moda histórica, sempre presentes em suas coleções.
Como é possivel que uma pessoa só, tenha influenciado tanto a moda alternativa? As vezes não me parece que ela é só a mãe da moda punk e sim que é mãe de toda a moda alternativa também.

 
 
Para mais mostagens no Moda de Subculturas relacionadas à Vivienne, clique aqui.

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17 comentários:

  1. O que seria do mundo da moda sem ela!?!

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  2. nossa tenho foto desse corselet de anjos e nem sabia que era dela! rs

    bjss

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  3. Adoro Vivienne. Para mim, ela é incrível! O que seria do mundo do rock sem as criações dela?

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  4. Obrigada pelo comentário n_O
    e obrigada por seguir os meus blogs
    n_n.

    Ameei seu post!
    Adoro as coleções
    da Vivienne Westwood,
    a criatividade dela sempre me surpreende n_n,
    e adoro suas melissas n_o.

    Bjows e até n_o.

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  5. @DHY: Esse corselet é da coleção Portrait de 1990. Não achei fotos dos corsets de 1985 então coloquei foto do Boucher, que é considerado uma marca registrada dela. É lindo né? ^^

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  6. Ela é incrível né!
    Como você disse, o que seria da moda alternativa sem ela.
    Ah, me arrependo de não ter comprado essa melissa lady skull dela :(
    Recebi essa edição da revista da melissa e adorei! *_*
    Beijos

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  7. Deze, ainda tinha pra vender a Lady Skull no www.lojamelissa.com.br e também conheço umas 2 lojas que vendem. Se interessar, passo o contato. Só não sei se terá a cor que vc quer.
    Bjs

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  8. É, eu queria a preta, é mais díficil de achar, na loja melissa mesmo e na Unik eu não achei mais a preta :/

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  9. O que seria do mundo da moda sem ela!?! pois é acha que não teria graça, não vou nem repetir que sou fã dela genial

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  10. Muito obrigada pelo contato Sana, vou falar com ela :)

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  11. Vi no Fashion Bubles que ela inventou a "crinolina descartável" Como poderíamos fazer isso hoje?

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  12. A crinolina descartável nada mais é do que a mini crini, dessa coleção: http://1.bp.blogspot.com/-AnXgQ6xsSWk/TaCGxFu0-rI/AAAAAAAAMvc/JQv349xE9no/s1600/vivienne-westwood2.jpg

    e: http://www.walt.de/walt/newsletter/westwood.gif

    Eram camadas e camadas de tule (como as saias de tule atuais). Acho que o "descartável", seria no sentido de se poder usar ou não a cinolina com a saia. Ou seja, se quer usar só a saia, descarte a crinolina. Se quer usar só a crinolina, descarte a saia.

    Não vejo como essas saias de tule serem descartáveis no sentido de se jogar fora, e sim, no sentido de utilizá-las ou não COM a saia.

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  13. Mas já imaginou criar uma crinolina de papel ou algum arame sei lá e depois jogar fora?

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  14. Devo confessar que sou ecológicamente (chata) correta. Fazer algo pra depois jogar fora, só colocaria mais lixo desnecessário no mundo (sou super contra aqueles pratinhos e talheres de plástico sabe, de aniversário?).

    Mas, daria pra fazer sim: uma armação de arame e jornais (já que é pra ser ecológico, que tal jornais já lidos? =P), daí poderia jogar o jornal fora e mudar a forma da crinolina acrescentando ou diminuindo arames e modificando a quantidade de jornais.
    Acho que seria uma boa idéia! Não seria descartável mas seria modificável.
    O mundo de hoje não tem mais espaço pra coisas descartáveis, como há 20 anos atrás.

    ^^

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  15. A Vivienne é tão fantástica. Me identifico muito com sua produção. Excelente postagem Sana, nãa sabia que as melissas com parceria da Vivienne tinham sido diretamente inspiradas em suas coleções criadas.

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  16. Interessante a matéria, confesso interagir quase praticamente nada com o mundo da modo, apesar de aderir sempre a um bom visual, sempre somos envoltos disto mesmo querendo renegar e dizer que não conheço nada de moda... entretanto o que me chamou atenção é ela ter contato com o lado ecológico da coisa, digo a favor das boas atitudes em relação a natureza pelo qual é pouco estimulado... existem coisas que deveríamos fazer sem a iniciativa de outrem, mais li e reli, muito bom a história de Vivienne.

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