Minha mãe e minha avó vêm me dizendo há um tempinho que já está na hora de eu começar a usar sapatos de salto e variar mais meu guarda roupa, porque já sou uma mulher e estou para entrar no mercado de trabalho. Quando comentei de uma professora minha ter sido punk quando jovem, já tacaram uma espécie de indireta: “Com o tempo a gente vê que não dá certo ser assim no meio da sociedade” – palavras aproximadas da fala original.
À medida que crescemos, é normal que seja cobrado de nós atitudes mais maduras como arrumar o quarto, ajudar nas tarefas de casa, ter responsabilidades para com nossas coisas e por aí vai. Beirando a adolescência, temos que deixar de ser criança; beirando a vida adulta, temos que ser ainda mais maduros e deixar de ser adolescente. Porém, é nesse ponto em que quem tem um estilo de se vestir diferente é cobrado para deixá-lo e ser mais “como os outros” – como se os pais não tivessem pegado tanto no pé assim antes pelo fato de serem jovens e de terem esperanças de que isso fosse apenas uma fase.
À medida que crescemos, é normal que seja cobrado de nós atitudes mais maduras como arrumar o quarto, ajudar nas tarefas de casa, ter responsabilidades para com nossas coisas e por aí vai. Beirando a adolescência, temos que deixar de ser criança; beirando a vida adulta, temos que ser ainda mais maduros e deixar de ser adolescente. Porém, é nesse ponto em que quem tem um estilo de se vestir diferente é cobrado para deixá-lo e ser mais “como os outros” – como se os pais não tivessem pegado tanto no pé assim antes pelo fato de serem jovens e de terem esperanças de que isso fosse apenas uma fase.
Mas até que ponto somos velhos demais para fazer algo?
O que de fato nos torna adultos?
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Conheço pessoas com mais de trinta anos que ainda leem mangás e HQ’s, coisas altamente associadas, no pensamento popular, a um público bem mais jovem; têm idosos que praticam esportes radicais ou que continuam trabalhando com a mesma intensidade de quando começaram, rejeitando a aposentadoria. Todos eles fazem aquilo que querem, por mais que os julguem por seus atos e os pressionem a se adequar às normas – como agir e fazer coisas mais “adequadas” à sua idade.
A auto expressão através da vestimenta é uma maneira poderosíssima de mostrar quem somos, como nos sentimos e do que gostamos – e isso não tem idade. Visto-me como me visto pois as opções que a grande mídia me oferece não me apetecem. Se eu compro roupa em lojas comuns de departamento, garimpo com todas as minhas forças até achar algo que seja mais a minha cara ou que permita uma customização. No colégio, sentia-me deslocada no meio das outras garotas por não me identificar com aquilo que elas gostavam e até meus doze, treze anos, era praticamente a minha mãe que escolhia minhas roupas. Tomar uma atitude e fugir do convencional foi o jeito de eu me afirmar do jeito que eu sou.
Talvez as pessoas pensem que, sendo a rebeldia relacionada à imaturidade – ou seja, aos jovens, sem ser no sentido pejorativo – , logo o conservadorismo casa melhor com a maturidade, o que justifica exigências de mudança para quem está adentrando a vida adulta. Mas não seriam a autonomia e a forma consciente de enxergar o mundo que nos faz pessoas mais maduras? Como o modo que somos por fora interfere nisso?
Não, vó, não quero usar salto no dia-a-dia – até porque conheço as calçadas da minha cidade. E sim, mãe, meu chefe pode exigir trajes mais discretos, mas nem por isso eu vou me deixar absorver pela massa e me vestir como meus colegas de trabalho – ser adulto tem muito mais a ver com cabeça do que com aparência.
Leia também:
Adultos em Idade Produtiva - Criatividade tem limite de idade?
Subculturas não tem idade: Adultos que adentram no mundo alternativo
Autora: Annah Rodrigues
Estudante de Design e técnica em Multimídia aspirante à ilustradora. Uma colcha de retalhos ambulante: gosta desde rock e cultura alternativa até coisas de época e animes. Usa sua introversão e sentimento de (des)encaixe para refletir sobre coisas aleatórias nas horas vagas e desbrava aos pouquinhos a cena independente de São Paulo.
Instagram | Deviant Art | Art Blog | Tumblr pessoal Facebook
A auto expressão através da vestimenta é uma maneira poderosíssima de mostrar quem somos, como nos sentimos e do que gostamos – e isso não tem idade. Visto-me como me visto pois as opções que a grande mídia me oferece não me apetecem. Se eu compro roupa em lojas comuns de departamento, garimpo com todas as minhas forças até achar algo que seja mais a minha cara ou que permita uma customização. No colégio, sentia-me deslocada no meio das outras garotas por não me identificar com aquilo que elas gostavam e até meus doze, treze anos, era praticamente a minha mãe que escolhia minhas roupas. Tomar uma atitude e fugir do convencional foi o jeito de eu me afirmar do jeito que eu sou.
Talvez as pessoas pensem que, sendo a rebeldia relacionada à imaturidade – ou seja, aos jovens, sem ser no sentido pejorativo – , logo o conservadorismo casa melhor com a maturidade, o que justifica exigências de mudança para quem está adentrando a vida adulta. Mas não seriam a autonomia e a forma consciente de enxergar o mundo que nos faz pessoas mais maduras? Como o modo que somos por fora interfere nisso?
Não, vó, não quero usar salto no dia-a-dia – até porque conheço as calçadas da minha cidade. E sim, mãe, meu chefe pode exigir trajes mais discretos, mas nem por isso eu vou me deixar absorver pela massa e me vestir como meus colegas de trabalho – ser adulto tem muito mais a ver com cabeça do que com aparência.
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Estudante de Design e técnica em Multimídia aspirante à ilustradora. Uma colcha de retalhos ambulante: gosta desde rock e cultura alternativa até coisas de época e animes. Usa sua introversão e sentimento de (des)encaixe para refletir sobre coisas aleatórias nas horas vagas e desbrava aos pouquinhos a cena independente de São Paulo.
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Caraca, me identifiquei muito com o texto. Tenho 23 anos e ainda uso roupas não convencionais, pinto e corto o cabelo de todo jeito. Na minha empresa eu uso uniforme padrão para todos e nem por isso absorvi o modo de vestir deles, na verdade sempre tive um gosto "peculiar" para roupa e tudo o mais. Loja de departamento é difícil porque nem sempre acho algo que gosto de verdade, mas estou vendo uma nova onda surgindo dentro dessas lojas, elas estão com maior aderência a calçados e roupas alternativas. E sem contar que gosto muito de lojas alternativas.
ResponderExcluirAté mais!
Karolini Barbara
Fico feliz por ter gostado do texto :)
ExcluirSim, o lado bom de algumas peças mais alternativas serem vendidas em lojas mainstream é que fica mais acessível às pessoas que não tem dinheiro o suficiente pra comprar de marcas influentes das cenas que participam ou apenas simpatizam. Eu mesma já achei coisas bem legais em algumas garimpadas da vida kkk
Beijos 😘
Conforme a gente envelhece percebemos que não coisa pra tal idade ou aquela idade,maturidade é estado de espirito e não capa.Acredito que esse choque entre conservadores e pessoas que vivem suas vidas como gostam,sempre irá existir...apenas posso resumir minha opinião citando Fernando Pessoa: "Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu."
ResponderExcluirAbraços!
Concordo com o que você disse. É inevitável o conflito entre ideias novas e tradicionais sobre qualquer assunto - a questão do aborto e o conceito de família, por exemplo.
ExcluirE como já dizia Pitty - complementando sua citação com um trechinho de música - "E o importante é ser você, mesmo que seja estranho"
Beijos 😘
Caramba Ana, me identifiquei cara! Parabéns pelo texto ;) enoiz
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