Um tempo atrás, falamos das telas e transparências como uma tendência alternativa aqui no blog [um, dois], mas agora, elas ultrapassaram esse patamar e já se tornaram Moda, sendo possível encontrá-las até em lojas de departamento no Brasil.
Ambos são materiais de super presença nas subculturas e não é de hoje. A tela, inclusive é um daqueles tecidos que as subculturas abraçaram e que o mainstream achava uma coisa horrenda... até pouco tempo atrás. Pois é...
Mas antes de continuar vamos voltar um pouco na história da moda.
As origens da gaze (tecido transparente) são incertas, mas desde o século XIII, ela já era usada no Oriente Médio - impossível não lembrar das odaliscas
né? Pulando alguns séculos, outra época que usou muito transparências foi a Era Romântica e começo da Era Vitoriana, como ilustradas abaixo.
No começo do século XX, a transparência teve seus momentos quando na virada do século foi usada em diversas coleções luxuosas da Belle Époque. De lá até aproximadamente a década de 1920, houve um interesse pela moda do oriente médio (odaliscas de novo) e pela moda greco-romana, relida em tecidos leves e esvoaçantes.
Ava Gardner em 1945, prova que a tela, também chamada de rede ou fishnet, combina sim com um visual retrô. Mas como a moda inventa modas (eita!) logo a tela ficou com fama de material de prostitutas e com aura brega. Mas as subculturas estão aí pra causar né? E e foram elas que deram ao tecido uma imagem rebelde, especialmente dentro da cena punk, post punk e gótica. Como essas subculturas tiveram suas estéticas absorvidas pelo mainstream nos anos 80, até mesmo Madonna e seu visual oitentista que tinha um pé no Rock n Roll as usou. Atualmente, de volta à moda, a tendência foi divulgada através de artistas populares como Katy Perry e...
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... pela gótica suave Lorde, que já usou tanto tela quanto tule de malha. Um grande meio da indústria da moda difundir tendências é por artistas ou celebridades populares, sendo que Lady Gaga, Beyonce e até Kim Kardashian já ostentaram looks com estes tecidos por aí.
A grande verdade é que a tela (ou rede) nunca saiu de cena na moda alternativa. As transparências sim, voltaram em tempos mais recentes. O que eu acho legal nesses materiais é que eles são SUPER adequados ao nosso clima! Tem que aproveitar!
Além da rede, crepe, voil, tule de malha, organza e até mesmo a renda - mas ela não será o foco desse post, vai ficar pra outro - são tecidos que a gente deveria pensar em usar muito por aqui no Brasil por causa da leveza e fluidez (que costuma ficar bem em todos os corpos).
Começo falando da transparência, mais especificamente da malha de tule que é macia e leve e é a que tem sido mais usada. Esse tecido dá um ar mais sofisticado às peças dependendo do modelo da roupa (look 1), passa uma certa elegância. Quando usado mais junto ao corpo (look 2) aí já revela mais, passa mais atrevimento e sensualidade e finalmente, um estilo que tem se visto muito em várias marcas ao redor do mundo são vestidos com ou sem forro. A vantagem de não ter forro é que você pode escolher o que usar por baixo, seja algo mais ousado ou mais conservador.
Já a tela (ou rede) furadinha, que lembram muito as meias arrastão, já foi um tecido muito mal visto pela própria Moda. A gente vê e lembra de cara dos punks e deathrockers né? E
olha, não era fácil encontrar esse tecido uns anos atrás, lembro de
procurar muito, finalmente achar (queria fazer uma saia e um blusa ao estilo punk) e na
loja, uma moça me perguntou: "pra que serve esse tecido?" e eu disse...
"bem, o pessoal costuma fazer saída de praia". Pois é, nem entrei em
citações punks ou alternativas, porque de fato, a tela furada foi usada
por muito tempo no Brasil pra fazer saídas de praia. Só que como saídas
de praia também se glamourizaram, não é mais tão comum hoje em dia usarem esse material.
A tela ao contrário da transparência, já passa uma imagem mais rebelde,
ousada, atrevida, uma coisa de atitude mesmo.
Mas por causa de seu uso no esporte, atualmente tem sido usada pra criar peças que se assemelham à um Health Goth, por exemplo.
No Brasil, dá pra encontrar peças em rede na Black Frost, como na blusa em veludo 124 (minha preferida da coleção, por ser ultra versátil) que fiz [review aqui]...
Gosto da discrição nas peças abaixo, que passam uma ideia de alternativo na medida certa pra quem, por exemplo, já é adulta e não quer mais andar trOOzona 100% do tempo. Pequenos detalhes fazem a diferença!
A Riachuelo não tem loja online, o que é uma pena porque vi uma saia de tela lá que pode agradar muitas meninas alternativas! Ela é muito parecida com a primeira saia da montagem abaixo, só que um pouco mais comprida e sem as pregas. A saia da direita é da Renner.
Nas semanas de moda, desfile Milly spring/summer2014
Mugler, Vera Wang, David Koma, fall 2014/2015
Um vestido de pegada mais esportiva - que de certa forma se assemelha ao da Queen of Darkness e no centro, duas imagens de street style com uso BEM amenizado do material - não passam de forma nenhuma a imagem rebelde tradicional do tecido, mas sim uma imagem cool e mais usável da tendência.
Aqui, na transparência, as moçoilas estão ozadas hehe, mas eu selecionei esses looks só pra dizer que dá pra usar este tipo de blusa/vestido transparente sem precisar ser magra como elas ou só usando underwear. A grande vantagem dessas peças é que você pode usar com o que quiser, seja uma regata (por cima ou por baixo), uma manga curta e na parte de baixo pode ser saia curta, comprida ou calça! Enfim, não se prendam à imagens de fashionistas street style e não limitem suas visões do tecido, não existem regras, permitam-se experimentar.
A transparência passa um ar mais sofisticado, obscuro e misterioso...
e a tela, mais ousadia e rebeldia. Qual sua preferida??
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