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12 de agosto de 2024

A história e o estilo da subcultura Emo (Emocore)

Em algum momento de 1980, o Emo apareceu nos Estados Unidos. "Emo" é geralmente uma abreviação de "Emotional Hardcore", relativo às emoções apresentadas nas músicas do Punk Hardcore que continham sensibilidade e rejeição à violência tão comum nas letras punks.



* Este post é resultado da campanha do Apoia-se. A campanha visava um post longo e completo sobre uma subcultura. Como a meta não foi 100% atingida, o post será curto e objetivo sem a análise de moda, sem informações sobre a influencia do estilo no mainstream e vice-versa (nossos diferenciais de análise), sem informações extras e curiosidades. 


Origem musical

A origem mais antiga do Emo, está na figura de Ian MacKaye da banda Minor Threat (1980-1983), a banda que popularizou a também subcultura "straight edge" formada por punks que rejeitavam drogas e álcool. MacKaye diz que nunca intencionou começar um movimento e considerava a ideia de "ter criado o Emo" a "coisa mais estúpida" que alguém já teria dito. Mas a sonoridade já estava presente na sua gravadora Dischorded, que dentre outras bandas lançou a Rites of Spring (que depois formaria a Fugazi), que foi considerada pioneira banda Emo, combinando a velocidade do punk com vocais que buscavam sentido na vida, a banda se recusava a dar entrevistas e vender merchandise.


Durante a década de 1980, o Emo/Emocore era apenas um termo novo que circulava como tantos outros. Foi apenas no final da década de 1990 que o Emo começa a se tornar uma subcultura de fato e no fim da década um movimento. Em 1997, a Deep Elm Records lançou The Emo Diaries, uma compilação que consolidaria o Emo como um subestilo indie. O primeiro ídolo emo foi Blake Schwarzenbach da banda Jawbreaker, cujas letras saíram direto de seu diário, mesma fórmula de Alkaline Trio. Em 2001, o álbum Bleed American de Jimmy Eat World é o que transformaria o Emo numa subcultura em nível mundial. Outras bandas seriam: New Found Glory, Dashboard Confessional, My Chemical Romance, embora o vocalista Gerard Way refutasse esse titulo e considerasse emo "um lixo", Get up Kids e Fall out Boy... todas essas bandas tornariam o Emo um fenômeno mundial em 2003.


O contraste entre raiva e sentimentalismo se tornaria a marca do Emo, afinal, a cena de hardcore punk de Washington DC era super masculinista. Tendo como base o Hardcore com letras mais intelectualizadas, introspectivas e emotivas, explorando temas como rejeição e alienação, isso atingiu uma grande audiência entre adolescentes que passavam pelo processo de amadurecimento emocional, a complexidade da puberdade e as expectativas de se tornar adultos. 


Os jovens emos não tinham receio de mostrar suas fragilidades, o que para muitos punks, "não era punk de fato". A musica era a forma de interpretar seus problemas em casa ou na escola. Outra característica do Emo, é ter sido a geração que participou da transição analógica para digital, se comunicavam por chats como ICQ, redes sociais como Orkut, MySpace, Fotolog e mais tarde, Facebook. Além das conversas também trocavam músicas online. 



A presença na internet criava identidades online, era muito comum que os emos não usassem seu nomes verdadeiros mas apelidos. As comunidades online eram espaços que podiam expressar seus sentimentos de forma segura.




Algumas mídias consideram o Emo a última subcultura tradicional pois desde então teria surgido outro movimento jovem com características distintas que atingiu e se espalhou de forma global e impactou os jovens de forma significativa.


O Estilo

O estilo Emo é uma mistura de Preepy Punk e Geek Chic. E tinha como principais peças:


- Calça Jeans/de brim preta super justa com cintura baixa (no início eram calças femininas) ou levemente largas, no estilo skatista, menos comum;

- Baby looks ou blusas justas com estampa de bandas, com caveiras, estrelas;
- Blusas pólo justas (referência preepy);
- Cabelos tingidos de preto ou com mechas coloridas. O estilo clássico era um cabelo de corte assimétrico, em camadas, de altura média, alisado com uma franja na lateral cobrindo um dos olhos;





- Gravatas em cima de camisetas;
- Tênis (especialmente All Star/Converse) e Vans;
- Piercings  e tatuagens (muito comum a tatuagem de estrela). A estrela também se tornaria a principal estampa da subcultura;


 



- Detalhes das estampas com cores vibrantes; 
- Moletons;
- Óculos ao estilo Buddy Holly;

 


- Maquiagem preta nos olhos - que geraria comparações com os góticos.
- Esmaltes de unha pretos;


  

- Cintos de tachas e correntes;
- Xadrez, listras, estampa de onça;




- Munhequeiras;
- Bolsa de carteiro;
- Androginia.


 


As meninas emo rejeitavam saltos altos e botas com plataformas, preferindo tênis. 
Tanto elas quanto os meninos usavam sombras coloridas nos olhos.

Embora não fosse de fato emo, a estreia de Avril Lavigne em 2002, usando um estilo de garota do skate com calças largas, baby looks, gravata, munhequeira ou luvas listradas, tênis e maquiagem preta nos olhos demonstrava a expansão dessa estética no pop punk e pop rock mainstream.



A tão presente cor preta no vestuário vinha das letras sombrias no sentido de expressar as emoções mais profundas e obscuras. As peças xadrezes vieram do punk. 


No Brasil, a cena Emo emerge no fim da década de 1990, vinda da subcultura Straight Edge. Os jovens emos não raro se encontravam em shopping centers, visto que na década de 2000, lojas alternativas abriram nestes locais, em São Paulo, a Galeria do Rock era um ponto de encontro também embora houvesse um sentimento anti-emo dos punks e skinheads e casos de hostilidade e violência foram registrados. 

O uso de maquiagem pelos garotos emos, gerou em diversos lugares o preconceito gerando ataques homofóbicos. Como vocês bem sabem, a homofobia tem base na misoginia (ódio à mulher), pois os rapazes emos eram considerados pelos punks masculinistas "feminilizados", "maricas", usavam "coisas de mulher", revelando a posição anti-homossexualidade masculina e anti-feminino nestes discursos.

O Emo existiu paralelamente ao Scene/ From UK [ leia post sobre eles aqui] e chegaram a compartilhar alguns elementos estéticos. O Scene era mais interessado em impacto estético que os Emos, sem tanta cor preta. 


É claro que o estilo emo chegou ao mainstream e à marcas de moda, infelizmente esse post não abordará essa perspectiva. Você sabe dizer quais elementos dominaram a moda mainstream? Diz nos comentários!


Reportagem do Fantástico. Isso mesmo, do domingo à noite familiar, uma amostra do nível de popularidade que o estilo teve.

   


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19 de abril de 2023

A estética futurista distópica do CYBERGOTH

 Os cybergoths borram a divisa futurista entre o artificial e o humano. O visual se utiliza de referências cyberpunks, ravers, rivetheads e fetichistas. Ao contrário dos góticos tradicionais que se inspiram na literatura de terror, eles buscam na ficção científica o cenário distópico do futuro da humanidade, arrasado por desastres nucleares, biológicos e vírus ameaçadores.




Em 1977 H. R. GIGER, um artista visual suíço, criou uma coleção de pinturas chamada Necronomicon, tais pinturas o inspiraram a criar em 1979 a criatura cinematográfica Alien. Suas pinturas e esculturas biomecânicas são consideradas por alguns como o primeiro conceito ‘cybergoth’.

Voltemos uma década antes quando o mundo vivia a guerra fria, as primeiras viagens espaciais e a ascensão do plástico. Em 1967 estreia o filme Barbarella com figurino futurista. Naquele momento roupas em plástico eram uma das maiores novidades da indústria do vestuário, uma verdadeira revolução.

Avancemos agora, até o ano de 1984 quando William Gibson, lança seu primeiro romance chamado ‘Neuromancer’, este estilo literário distópico passaria a ser conhecido como Cyberpunk. Confrontos sociais contra corporações ou governos; humanos com implantes robóticos marcam essa literatura. O cyberpunk como gênero literário acaba gerando uma subcultura homônima. O termo cybergoth é cunhado nessa época como título de um conto de Bruce Bethke escrito em 1980 e publicado em 1983, e só se torna conhecido após a publicação de Gibson.



É da década de 1980 também a popularização da música eletrônica e das raves. Os adeptos destas subculturas se vestiam com roupas estampadas e com cores vibrantes, se inspiravam em personagens de animes e usavam calçados com imensas plataformas.

Da música eletrônica surgirá também os Rivetheads, os ‘góticos industriais’ com seus trajes escuros e de influência militar. Já a cena Cybergoth se desenvolve na Europa conforme os DJs começaram a misturar rock gótico com música eletrônica. Gavin Baddeley em seu livro ‘Goth Chic – Um guia para a cultura dark’ (2002), diz que o surgimento do Cybergoth enquanto subcultura, não pode ter sido anterior a 1995, embora suas raízes possam ser traçadas no começo dos anos 1980. Desta forma, Cybergoth é uma subcultura que deriva do cyberpunk, raver, rivethead e gótico. Ouvem e dançam estilos musicais como eletro-goth, darkwave, synthpop/future pop, EBM, dark-electro e industrial.
 


No final dos anos 1990 são incorporadas as sonoridades trance, tecno e electro. Em termos culturais, filmes como Blade Runner, Metropólis e Matrix, os quadrinhos Tank Girl e os animes Ghost in The Shell e Akira, também os influenciam. Naquele período de final da década de 1990, os cybergoths contrastavam de forma extrema com os góticos românticos [veja este post em nosso Instagram].

Enquanto os góticos românticos se inspiravam no passado, romantizando o século 19, os cybergoths visavam o futuro e os resultados catastróficos dos avanços científicos para a humanidade, um futuro distópico pós apocalíptico, arrasado por desastres nucleares e biológicos através de vírus ameaçadores. A sociedade idealizada é militarizada, com ciborgues e androides e muitas máquinas. Tudo isso irá se refletir na escolha estética do vestuário da subcultura.

A Estética Cybergoth

Os góticos têm predomínio da cor preta no visual, já os cybergoths misturam o preto com cores fluorescentes por influência dos ravers e dos clubbers. A principal diferença entre os dois grupos é o marcante elemento futurista no cybergoth, com o uso de muito vinil (PVC) adornado com placas de circuito ou de aço, sugerindo que o indivíduo é parte de uma máquina. As roupas também podem sugerir que alguma cirurgia para implante de chip ou de circuitos foi implantada no corpo.




Outra marca estética é a presença de desenhos, faixas, cabelos e maquiagens em cores como rosa choque, laranja, roxo, verde e azul, sensíveis aos raios ultravioletas produzidos pelas blacklights dos clubes, que fazem todos esses elementos brilharem no escuro. Estas cores são usadas em detalhes, contornos e sobreposições com preto. O visual cybergoth é marcadamente tecnológico e artificializado. É o responsável por trazer cores – fortíssimas – à subcultura gótica. 




O Cybergoth não é um estilo menos feminilizado que o Romantic Goth ou menos sensual que o gótico fetichista devido aos elementos militarizados e rostos de mulheres ocultos por máscaras de gás ou respiradores as aproximando de androides, pelo contrário, a estética mantém as características estéticas de objetificação dos corpos femininos que existem em outros estilos góticos e alternativos. As roupas femininas possuem um grau de exibição corporal através do uso de saias curtas, acessórios de pelos e materiais brilhantes, característicos da moda fetichista presentes em espartilhos e lingeries, por exemplo. Nas imagens abaixo é possível observar como o traje masculino e o traje feminino mantêm os corpos masculinos cobertos e com peças confortáveis e os corpos femininos com peças mais restritivas e curtas, mantendo o padrão vigente na sociedade.



Uma das marcas de roupas que ajudou a lançar a estética cybergoth no mainstream foi a britânica Cyberdog fundada em 1994. Foi ela que ajudou a definir o visual quando produziu peças com listras reflexivas, detalhes em neon, bolsos secretos, vinil (PVC) em cores brilhantes e eletrônicos reais inseridos em camisetas.

Peça da marca Tripp NYC


No Canadá, a loja Plastik Wrap desenvolveu tecidos de alta tecnologia feitos para serem usados nas pistas. Outra loja que contribuiu para o visual foi a americana Manic Panic que produz ainda hoje tinturas de cabelo em cores neons e maquiagem que brilha no escuro. Também na América, a marca Tripp NYC oferecia calças bondage e/ou de pernas largas com detalhes neon para os homens. A cor preta predomina como base para as cores brilhantes, bastante evidente nas camisetas pretas com estampas fluorescentes de símbolos de desastres químicos e biológicos. O preto também  remete ao militarismo, é a cor dos governos totalitários fascistas de meados do século 20.

Macacão da loja Cyberdog, desenhada pelo proprietário da marca,
explora referencias de ficções científicas intergalácticas.


Sobre os acessórios, eles são bastante exagerados tendo referência em animes ou romances de ficção científica. Ambos os sexos fazem uso dos mesmos acessórios: gargantilhas, correntes, algemas, adornos de cabelo sintéticos - que são uma característica marcante. Assim como as ‘furry leg warmers’ polainas peludas. Equipamento militar falso, botas de plataformas altíssimas, goggles (óculos de proteção) e máscaras de gás ou médicas: tudo pode ser adornado com grandes spikes, remetendo à agressividade e distanciamento social.


As botas cybergoth costumam ter saltos altos e plataformas;
canos altos e placas personalizáveis. Esta da marca Demonia 
possui detalhes refletivos na cor rosa.


Principais Elementos da Moda Cybergoth

CYBERLOX, também conhecido como “tubular crin”, é uma extensão de cabelo artificial que remente à animes e personagens de ficção científica. Fitas são costuradas em formatos tubulares disponíveis em diversas cores e tamanhos. Podem ser costuradas nos falls.

FALLS, também chamados de ‘dread falls’ ou ‘synthetic falls’. São a característica mais marcante do estilo Cybergoth. Recebem esse nome pela forma que ‘caem’ da cabeça. São extensões aplicadas ao cabelo, sendo cabelos naturais, sintéticos ou materiais como lã ou tubos de plástico em cores neon ou sensíveis à luz ultravioleta (UV). Podem ser embaraçados como os dreads.

DREADS ou ‘dreadlocks’ é o processo de emaranhar o cabelo de forma que eles pareçam cordas. Vistos comumente em adeptos do Rastafari. Os Cybergoths o usam em material sintético e em cores brilhantes.




SYNTHDREADS ou ‘dreadlocks sintéticos’, são extensões de rabo de cavalo em cores brilhantes.

MEIAS CALÇAS, se os góticos asusam na cor preta, os Cybergoths as preferem em tons neon.



ÓCULOS DE PROTEÇÃO mais conhecidos pelo nome de GOGGLES, não são usados nos olhos mas na testa. Vários modelos são estampados com símbolos de desastres nucleares ou biológicos e podem receber adesivos ou spikes através da customização.




MÁSCARAS possuem influência de anime e mangá. Podem ser customizadas com spikes, pinturas e símbolos. De acordo com o site Gothic Fest as máscaras de gás são uma simbologia a um futuro apocalíptico, de fim dos tempos alinhado à perigos de radioatividade e risco biológico. A imagem cyber com máscaras foi bastante comentada durante os anos de pandemia de Covid-19, tendo virado até meme.



Meme surgido em março de 2020.


LENTES DE CONTATO em tons de olhos artificiais (como branco) ou com desenhos (símbolo de risco biológico, caveiras, estrelas, círculos), oferecem um visual robótico e artificial.


POLAINAS DE PELOS: chamadas em inglês de FURRY LEG WARMERS, são feitas de pelos sintéticos coloridos ou estampados (por exemplo em listras) vestidos por cima das botas e tem sua origem na cena raver europeia.



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