Desde que a estética punk surgiu no final dos anos 70, ela é constantemente revisitada em coleções. Assim como a estética Glam Rock e os Bikers com suas roupas de couro. A estética gótica, teve um revival grande no fim dos anos 90, outro em meados de 2005 que refletia o mometo de tristeza após ataques terroristas e teve um revival mais recente em 2008.
E desde 2008 também, o Heavy Metal e o Black Metal, subculturas que, sempre foram alvo de muito preconceito - especialmente nos Estados Unidos - também foram usadas como inspiração em peças com muitas tachas e spikes. Isso sem falar no estilo Rock n Roll que é imortal e sempre está de volta à moda. A mais recente tendência masculina é o visual do Rock anos 50: cabelos com topete, jeans, botinas ou tênis de cano alto e jaquetas de motoqueiro.
Vale lembrar que muitos estilistas famosos têm uma origem subcultural como Vivienne Westwood, Alexander McQueen, Gareth Pugh, mas outros tem paixão por subculturas mas não podem apresentar só isso em suas coleções, então aproveitam esse tipo de onda pra liberar a criatividade.
Recentemente, essa busca pela individualidade, característica dos membros das subculturas, está atraindo mais ainda os estilistas.
Num época onde a beleza plástica e perfeita é facilmente comprada em clínicas de estética e onde todas as modelos, cantoras e atrizes tem seus rostos com botox e fotos "photoshopadas", inspirando mulheres comuns a serem cada vez mais iguais, alguns estilistas estão buscando pessoas e inspirações mais originais. Buscando a diferença.
Decidi então, procurar algum tipo de explicação pra essa "exploração da estética diferente" que já dura 2 anos! Muito mais tempo do que qualquer outra tendência. O mais curioso é que praticamente todas as subculturas estão sendo "exploradas" ao mesmo tempo: desde as Pin ups, punks, góticos, rock, metal, passando pela moda fetichista e pela estética Grunge, que é a próxima aposta da Moda.
Parece-me que, se a pessoa/artista não é naturalmente membro de uma subcultura, ela está procurando chamar a atenção ou se diferenciar dos outros, imitando a estética de alguma subcultura. É o que tem acontecido com "artistas" como Lady Gaga e Christina Aguilera (que exploraram a moda fetiche), Rihanna (que explorou a moda fetiche e Heavy Metal), Kate Perry (que finge ser um pin up e tem usada perucas coloridas com frequencia) entre outras.
A busca atual dos estilistas não é apenas por uma estética diferente, eles estão em busca de pessoas diferentes. Pessoas que não se renderam à idéia da aparência perfeita e do photoshop.
Há uma matéria interessante falando sobre a atual tendência dos dentes separados no "
The Wall Street Journal". Um dos atributos mais cobiçados hoje entre os estilistas, não é uma modelo com cara de boneca. É uma modelo com personalidade e que assuma sua aparência como é, como a punk
Alice Dellal e modelos com sorrisos imperfeitos, com dentes separados como os de Lara Stone e Georgia Jagger. Outras características que tem sido procuradas em modelos são tatuagens, piercings, cicatizes e albinos. Essa busca por diferenças físicas se dá porque algumas pessoas hoje estão céticos quanto à estética da "perfeição digital".
"é um amor pelo imperfeito, pelo autêntico"
Diz Stefano Tonchi, editor chefe da W Magazine. "Estes são são valores
que são cada vez mais importante para as gerações mais jovens.
Originalidade, autenticidade ... em um mundo que está cada vez mais
aprimorado digitalmente".
Modelos com dentes separados tem sido vistas em editoriais de revistas como Vogue e em marcas como Chanel e Marc Jacobs. Na televisão, Anna Paquin, estrela da série True Blood, que tem dentes separados, diz que considera uma grosseria quando lhe perguntam porque não "junta" os dentes. Atrizes como Elisabeth Moss, a modelo/cantora Vanessa Paradis, Madonna, David Lettermann, Brigitte Bardot são alguns dos famosos que assumem e não se importam com seu dentes separados. O fato é que, embora na África, dentes separados sejam sinal de beleza, na ocidente, a idéia de que dentes separados são ináceitávais surgiu (com sempre) na Europa Medieval, onde uma mulher (sempre as mulheres!) com dentes separados era considerada "lasciva". E desde então, cultural e inconscientemente essa idéia foi passada para nós através dos séculos como algo indesejado e rejeitado.
A modelo Lindsey Wixson de 16 anos, com dentes imensos e separados, diz "Este é meu rosto. Esta é quem eu sou"... "as pessoas reagem porque não sou convencional".
E é verdade. Quem provocaria repulsa por ser "perfeitinho?" Tendemos à repudiar o que não é parte de nossa cultura, de nossos hábitos, o que é diferente. Tendemos a ser intolerantes com o incomum.
Dentes separados: as modelos Lara Stone, a filha de Mick Jagger: Georgia Jagger e Lindsey Wixson assumem os dentes separados como Brigitte Bardot, a esposa de Johnny Depp: Vanessa Paradis e Madonna.
Aliás, Lara Stone é a cara de Brigitte!
A beleza ideal já teve diversas caras: de pin ups com curvas nos anos 50, passando pela magreza tábua de Twiggy nos anos 60, pelas curvas perfeitas das supermodels nos anos 90, pela pequenez e magreza de Kate Moss, o peito e nariz grande de Gisele Bündchen, a onda das andrógenas modelos belgas. A magreza ainda resite, mas outros atributos tem sido valorizados.
Moda Masculina: Modelos tatuados como Josh Beech são tops, assim como o super requisitado gótico cabeludo Florian Pessenteiner e o filho do cantor Nick Cave: Jethro Cave.
Cabelos coloridos: tingidos de verdade, digitalmente ou com apliques, o cabelo colorido está quebrando a barreira de ser aceito apenas em modelos alternativas.
Editoriais: Tatuados com estilo Rock n Roll e um editorial da V Magazine homenageia os "esquisitos": "V te ama do jeito que você é". "Alto, baixo, magro, curvilíneo, doido. Seja quem você for e seja lá quem você queira ser, nós estaremos sempre com você."
Dentes separados, cabelos coloridos, tatuagens, marcam presença e demonstram personalidade. Num mundo de beleza massificada, de mulheres cada vez mais iguais. Quando surge alguém fora do padrão, chama a atenção. São pessoas que não estão preocupadas em serem perfeitas e sim, em serem si mesmas.