A parceria entre Nicola Formichetti com a Diesel vem nos chamando a atenção ultimamente. Desde que virou diretor criativo da empresa, nota-se que alguns assuntos podem ser relevantes ao cenário alternativo e que ainda não foram enfatizados como deveriam, ou simplesmente analisados com mais detalhe.
Sobre Formichetti, seu currículo é bem chamativo. Está nesse circuito há mais de uma década, com passagens pela revista Dazed and Confuzed e em grifes como Thierry Mugler. Possui multifaces na moda, mas seu grande reconhecimento é como stylist. Foi ele quem alavancou a carreira de Lady Gaga cuidando de seu visual por três anos a partir do clipe Bad Romance. E de sua ex-assistente, a stylist Anna Trevelyan (ela comandou a última campanha da Melissa e hoje é um dos nomes mais influentes na área).
Formichetti é nipo-italiano, morou em Londres e diz "Não se pode julgar uma pessoa pela forma que está vestida, nem por aquilo que faz, porque talvez não tenha dinheiro para expressar-se como gostaria."
Formichetti foi o responsável por criar o visual de Gaga...
... e deu um empurrão na carreira de Anna Trevelyan para os holofotes da moda.
Quando trabalhou na revista Dazed and Confused, Nicola, que nasceu no Japão, criou editoriais como este, com a participação de Kyary Pamyu Pamyu entre outras cantoras japonesas e chinesas.
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Em entrevista à Elle Americana, ao ser perguntado se gostaria de fazer roupas relevantes, deu a seguinte opinião: “Eu estou na moda há dez anos e acho que o sistema é um pouco antiquado. Eu quero fazer coisas novas. Há tantas coisas que eu tenho visto por um longo tempo, quero dar espaço aos jovens, quero criar coisas que são excitantes, quase como Rick Owen fez (coleção Verão/13)”.
Nicola gosta de abrir portas para pessoas que por algum motivo a indústria continua a ignorar. Chegou a declarar à Vice que não trabalha por dinheiro e sim por amor e criatividade. É provável que por esse motivo, nas suas atuações como stylist ou diretor criativo, não é dado só espaço a corpos mainstream. Encontram-se curvas de todos os tipos, acompanhados de tattoos, cabelos coloridos e sem distinção de raça, gênero ou deficiências.
Nicola gosta de abrir portas para pessoas que por algum motivo a indústria continua a ignorar. Chegou a declarar à Vice que não trabalha por dinheiro e sim por amor e criatividade. É provável que por esse motivo, nas suas atuações como stylist ou diretor criativo, não é dado só espaço a corpos mainstream. Encontram-se curvas de todos os tipos, acompanhados de tattoos, cabelos coloridos e sem distinção de raça, gênero ou deficiências.
Em suas campanhas para a Diesel, Formichetti dá espaço à pessoas que não tem o rosto ou o corpo padrão.
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Uma das pessoas que Nicola abriu as portas foi Rick Genest, o Zombie Boy. Descoberto em 2010 quando Nicola era diretor criativo da Mugler, Rick virou sensação, estrelou a campanha da marca e logo participou de vários desfiles e de claro, um clip com a cria estética de Formichetti: Lady Gaga.
Só que essa não é uma visão nova. Em toda linha histórica da moda, sempre existiu alguém que foi visionário, que não se importava em romper padrões. Em 1947, Diana Vreeland – considerada a maior editora de moda - ao ver expressões de choque por colocar uma modelo de biquíni no editorial da Harper’s Bazaar, diria tal frase: “É esse tipo de pensamento que faz a sociedade voltar mil anos!”.
Nas passarelas o espírito perpetuaria em estilistas como YSL, Westwood, Gaultier, McQueen e outros mais. O que impressiona é que, mesmo depois de tantos exemplos importantes, uma parte da indústria parou em certas questões sociais, chegando ao ponto de retroceder e necessitar de gente como Nicola para repetir, ou relembrar, o discurso de Vreeland. Colocar alguém que não carrega os estereótipos fashion ainda pode ser considerado uma ousadia.
Há barreiras a se quebrar, e Nicola sabe muito bem disso, pois sente na pele. Quando indagado pela Elle sobre encontrar uma garota incrível e que vai ser um futuro sucesso, porém ver que as grifes ainda não querem emprestar roupas (atitude comum no Brasil) responde: “É meio frustrante. Mas de certa forma, eu sou atraído por isso. Sinto-me atraído por alguém que é um pouco estranho. Fico animado por estar com eles e fazer algo junto, é quase como dizer: "f *da-se" à indústria. Eu não me importo. Mais ou menos como: Se você não nos quer dar roupas, eu não me importo, temos McQueen de qualquer maneira”.
É comum novos artistas que carregam em sua essência o alternativo, sofrerem preconceito da indústria pelo o tipo de imagem que propagam. Incompreendidos e sem oportunidade, muitos acabam não saindo do underground. Alguns não se importam, mas outros carregam a decepção por não terem tido a chance de conquistarem um espaço maior e serem mais reconhecidos pela sua arte.
Sabendo o quanto as referências de moda podem interferir no comportamento do ser humano, é importante que o consumidor questione a indústria. Afinal, se somos diferentes, por que não transmitir isso? E é nesse ponto que o mercado alternativo aparece.Há barreiras a se quebrar, e Nicola sabe muito bem disso, pois sente na pele. Quando indagado pela Elle sobre encontrar uma garota incrível e que vai ser um futuro sucesso, porém ver que as grifes ainda não querem emprestar roupas (atitude comum no Brasil) responde: “É meio frustrante. Mas de certa forma, eu sou atraído por isso. Sinto-me atraído por alguém que é um pouco estranho. Fico animado por estar com eles e fazer algo junto, é quase como dizer: "f *da-se" à indústria. Eu não me importo. Mais ou menos como: Se você não nos quer dar roupas, eu não me importo, temos McQueen de qualquer maneira”.
É comum novos artistas que carregam em sua essência o alternativo, sofrerem preconceito da indústria pelo o tipo de imagem que propagam. Incompreendidos e sem oportunidade, muitos acabam não saindo do underground. Alguns não se importam, mas outros carregam a decepção por não terem tido a chance de conquistarem um espaço maior e serem mais reconhecidos pela sua arte.
Na abertura de sua exposição em Londres, Gaultier fala a em entrevista a Globo que “a Inglaterra e o Japão são os países com maior individualidade. Existe um culto a diferença”. Não à toa, na mesma entrevista à Elle citada acima, Nicola conta que é obcecado pelo Japão e que o próprio fundador e presidente da Diesel, Renzo Rosso, vive por lá.
A maioria das grandes tendências atuais sai desses países e são copiadas ao redor do mundo, exatamente pelo fato da busca ao “diferente” e que, de certo modo, terminará no encontro do “novo”. Interessante é que esses países também concentram enorme força no mercado alternativo, por justamente não terem problema em aceitar o incomum.
O incomum na campanha Diesel Tribute/Leather
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Fechando esse ciclo, vamos mostrar algumas imagens do último desfile da Diesel + Formichetti, que aconteceu no início de Abril em Veneza, Itália. Reparem na quantidade de elementos punks, bondage e grunge na coleção. E também na sua nova queridinha, a rapper Brooke Candy, uma das garotas-propagandas da marca.
Desfile, clique para aumentar.
Campanha Diesel Accessories com Brooke Candy.
Ao contrário de outros estilistas que "usam" as subculturas, Formichetti tem um genuíno interesse e respeito, e de forma nenhuma suas campanhas tratam os alternativos como seres repulsivos; ao contrário, ele aprecia explorar o lado mais original de cada um deles.
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Poxa, adorei a material, gostei muito de conhecer o trabalho dele!
ResponderExcluirQuanta coisa bonita! Que legal o trabalho dele, só conhecia os figurinos dele para a Lady Gaga.
ResponderExcluirÓtimo texto! obrigado
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