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16 de março de 2016

Joseph Corré e a queima de 5 mil libras de acervo da história do Punk!

Joseph Corré, filho de Vivienne Westwood com Malcolm McLaren, está dando o que falar na mídia britânica. A repercussão se deve a recente declaração de que irá queimar todo seu acervo Punk, uma coleção estimada em cinco milhões de libras. A reação polêmica é motivada por sua indignação perante ao que se transformou a subcultura nas últimas décadas.
 

No dia 26 de Novembro, será comemorado os 40 anos do álbum Anarchy in the Uk, dos Sex Pistols. A data também marca o início do movimento punk na Inglaterra, o que vem gerando uma série de manifestações culturais em todo o país. Só que isso não tem agradado a todos. 

Em comunicado a imprensa, Joe, como é conhecido, mostrou irritação ao saber que certas instituições acadêmicas foram financiadas para promover eventos em homenagem ao dia. Sua desconfiança é ainda maior ao saber que o grande alvo da contra-cultura, aprova a comemoração. "A Rainha oferecendo a 2016, o Ano do Punk, sua benção oficial é a coisa mais assustadora que já ouvi", diz.

O artista inglês Jamie Reid foi quem criou o mais icônico single da era punk: uma imagem da Rainha feita pelo fotógrafo Cecil Beaton estilizada pelo anarquista

De fato é realmente estranho quando se conhece a história da subcultura. Foi na Inglaterra que o Punk se aliou de vez com a política pois o país enfrentava uma recessão econômica que afetava diretamente a classe operária. Os jovens estavam desempregados e sem visão de futuro, enquanto os ricos comemoravam o Jubileu de Prata da Rainha Elizabeth II com grande ostentação. O No Future era uma realidade amarga e assim o Rock e o Anarquismo surgiram como uma luz no fim do túnel. Anti-monarquistas assumidos, uma afronta na época, transformaram a Família Real na fonte de deboche deles. 

Na imagem de 1977, Debbie Juvenile, tentando levantar Vivienne Westwood caída no chão, e outros punks sendo presos na festa que os Sex Pistols promoveram ao single "God Save the Queen" no mesmo dia que Londres comemorava o Jubileu de Prata da Rainha.
Via Daily Mirror

Interessante é que Corré enxerga pontos semelhantes entre 2016 e 1976 (ano em que o punk explodiu). "Um mal-estar geral tem estado agora entre o público britânico. As pessoas estão se sentindo adormecidas. E com o adormecimento vem a complacência. As pessoas não sentem que eles têm mais uma voz. A coisa mais perigosa é que tenham parado de lutar por aquilo que acreditam. Desistiram de correr atrás. Precisamos explodir toda essa merda mais uma vez", declara. 

Joé que criou a marca Agent Provocateur, convoca que outros também o acompanhem e destruam suas coleções no dia da comemoração. Não sabe ao certo se ele realmente terá coragem de queimar, afinal é um acervo histórico. Talvez seja só uma atitude extrema para resgatar o questionamento de uma ideologia perdida por sua cooptação. "Fale sobre a cultura alternativa e punk sendo apropriada pelo mainstream. Em vez de se falar num movimento de mudança, o punk se tornou a porra de uma peça de museu ou um ato de tributo.", desabafa. 


 ***

A fala de Joe é uma boa deixa pra gente refletir
sobre nossa própria relação com a cultura alternativa, com o desrespeito à história das subculturas, com a venda de suas estéticas
amenizadas pelo mainstream e até mesmo sobre o desinteresse da geração jovem por culturas de rebeldia. O legado da estética punk é tão grande que vai de pulseiras-gargantilhas de spikes, harness/arreios, mistura de estilos diferentes num mesmo look, customização, maquiagem exagerada... quem nunca fez uso desta herança, não é mesmo? 
Embora tenhamos muitos artigos sobre a apropriação das subculturas pelo mainstream, deixo aqui alguns que consideramos mais aprofundados, quem se interessar, é só dar um clique:
- Subculturas Alternativas: Elas Ainda Existem? (Parte 1)
- Subculturas Alternativas: A Monocultura (Parte 2)
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 1) - A liberdade de escolha! 
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 2): A autenticidade é uma moeda poderosa.
- Subculturas e o conceito de individualidade (parte 3): O revivalismo nostálgico 
- "O Heavy Metal é muito mais do que uma estampa em lojas de departamento"
- O que é Gótica Suave e porquê este estilo (ou termo) incomoda os góticos?



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3 comentários:

  1. Não sei se já viste, mas há dois documentários interessantes sobre o punk: The Decline of Western Civilization, part 1 e 3, (a 2 é sobre o heavy metal)...

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    1. Sim, conheço estes docs!
      Aviso: leia os "Termos de Uso" do blog (link no menu fixo acima) na parte de "comentários". Repare que o modo anônimo não se encaixa pra esse tipo de comentário. Por favor, respeite a regra de uso do blog. Em breve esse comentário será deletado por isso, ok?

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  2. Céus.. até dói meu coração ler uma coisa dessas... mas realmente, o que ele disse faz sentido né. É muito assustador que os próprios monarcas ingleses dediquem um ano ao punk sendo que o punk foi justamente contra a monarquia antigamente. Única coisa que me vem a cabeça é justamente uma tentativa de ressignificar o movimento e fazer virá-lo a favor deles.
    Mas que dói o coração ler que ele quer queimar tudo como protesto, dói... rs

    E realmente, cada dia mais a gente vê menos e menos movimentos de rebeldia. Sinto muita falta de movimentos assim, pois sempre quis participar de algo que realmente incomodasse as pessoas e fizessem elas pensar, mas nunca conheci ninguém que pensasse como eu por perto, muito menos soube o que fazer. O que posso fazer é continuar com meu estilo que faz as pessoas atravessarem a rua e olhar torto. Já é alguma coisa.. rs

    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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