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26 de julho de 2016

Pensata: Assédio no Rock, Jon Bon Jovi e Bruna Lombardi

Muita gente aqui deve ter visto o vídeo onde mostra a Bruna Lombardi dando um chega para lá no Bon Jovi. Ano passado, já o tínhamos compartilhado na page do blog, mostrando mais como uma situação histórica de um rock star ultrapassando os limites e sendo replicado pela falta de educação. Só que um tempo atrás, esse vídeo tornou a ser viralizado na internet, porém agora o contexto por trás era outro. E bem mais sério.

No início de Junho, houve enorme repercussão na mídia o assédio que uma repórter do IG sofreu de um cantor. Devido ao assunto em pauta, alguns veículos relembraram casos semelhantes e assim, o vídeo de Bon Jovi e Lombardi ressurgiu causando um alvoroço. Tal efeito acabou gerando diversas manifestações como, obviamente, fãs defendendo o músico e atacando a atriz. Já outros aproveitaram a situação para falar mal do trabalho do cantor. Infelizmente, acabou-se tirando o foco de um debate mais profundo.

Parte da entrevista concedida em 1993


Apesar da entrevista se passar com Bon Jovi, o fato é que o tema não é exclusivo dele. Não adianta diminuir sua música porque a questão não é essa e ele não é o único. Grandes figurões do Rock têm em seus currículos não só assédios, mas também acusações de violência doméstica e até estupro. Também não adianta atacar a Bruna dizendo que provocou com as perguntas. Aliás, para quem assistiu a entrevista dela com o Keith Richards sabe que por pouco não tomou um fora dela. Interessante que Keith dá a desculpa de “uma velha piada do rock”, o que faz lembrar de diversas falas onde artistas revelavam que um dos motivos de cantarem era para pegar mulheres. Vai ver que é por isso que ficaram mal acostumados...

Ou seja, o que ocorre na gravação é algo muito mais comum e arraigado na cultura do que algo só do Bon Jovi. A diferença foi que a atitude dele além de ser explícita, foi capturada pela câmera. E uma das coisas mais difíceis é provar assédio. Não só sexual, moral também. Por essa razão, vítimas costumam não denunciar pela dificuldade de comprovação e que irá resultar em questionamentos sobre a veracidade da acusação.

Com a repercussão do caso Biel, foi criado a campanha “Jornalistas Contra Assédio”, onde relatam episódios absurdos vindos de todas as partes, desde entrevistados a colegas de trabalho. É importante que a questão não seja mais ignorada. Quantas mulheres abandonaram carreiras ou deixaram de trabalhar em certos locais prejudicando suas vidas profissionais devido ao medo causado pelo assédio? São traumas que muitas vezes não há dimensão. O pior de tudo é que geralmente tais agressões ocorrem no início da profissão, logo uma fase de vulnerabilidade pela falta de experiência. A apresentadora Ana Maria Braga relatou um dos seus casos (assista aqui) no Altas Horas que ocorreu justamente quando era iniciante.

Esse post não tem propósito de ficar apontando o dedo. A tag das pensatas são como o próprio nome diz, provocar o pensamento, tentar evoluir e quem sabe, procurar soluções para problemas que não podem mais se perpetuar como algo “normal”. Não é fácil ver nossos ídolos tomando atitudes questionáveis. Um bom início seria evitar nas entrevistas a famosa pergunta: o que acha da mulher brasileira? No exterior, somos superobjetificadas e essa frase, fora de um bom contexto (se é que existe), nos diminui pois é voltada ao corpo e não ao intelecto. É um triste clichê que induz a uma resposta infeliz. E não deve continuar mais assim.



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5 comentários:

  1. Não vou aqui dizer quem ta certo e errado, porem é comum rolar esse tipo de coisa como pida, ou brincadeira ainda de mal gosto nesse tipo de entrevista, eu lembro que Sabrina Sato do pânico na época, fez uma entrevista com a banda Kiss e ficava o tempo todo se jogando pra o vocalista, e ele caiu na onda no final era tudo brincadora fazia parte da descontração, eu acredito que o profissional precisa esta preparado pra isso como em toda profissão que evolve comunicação, nem sei a fundo como foi o caso Biel por tanto apenas vou me ater a esse vídeo, beijos muito bom seu post.

    http://www.ritinhaangel.com.br

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    1. Quando você diz que "o profissional precisa estar preparado pra isso", você está naturalizando o assédio nos profissionais de comunicação?
      Não acompanhei esse episódio da Sabrina, mas essa é a questão que jogamos também no post: assédio e objetificação sendo interpretados e usados como "brincadeira", o que "ameniza" propositalmente o fato.

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  2. Poxa eu sou fã dele, mas não tinha ouvido falar dessa entrevista ainda, o achei bem babaca! Sei que ele era infiel e bem "babaca" antigamente, ele mesmo diz se arrepender disso, ainda mais pq ele era casado, e continua com ela até hoje e só soube a valorizar depois de muito tempo...
    Mas nada justifica seu comportamento, uma pena isso acontecer com frequência em diversos meios.

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    1. Oi Geovana! Infelizmente não é uma questão que se trata só do Bon Jovi. Diversos outros artistas fazem o mesmo porque é algo cultural, é nesse ponto que a gente tem que rever. E de fato não é fácil para nós fãs, sabemos que ngm é perfeito, todo mundo erra, mas tem atitudes que são complicadas mesmo.
      Bjs!

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  3. É triste saber que esse é o tipo de coisa que tá presente até hoje no meio. E o mais triste é saber que não se trata só de famosos. É só reparar nesses caras do meio da música de hoje. Principalmente os que tem bandas. E tô falando dos que não são famosos nem nada, mas repetem esse mesmo discursinho machista. É muito triste.
    E com certeza eu acho que deveria se evitar essa pergunta totalmente sem fundamento sobre o que acham das mulheres brasileiras quando vão entrevistar famosos de fora.
    Chega de naturalizar assédio como se fosse brincadeira. Nenhuma mulher é obrigada a aturar isso e não vamos mais nos calar.
    bjin

    http://monevenzel.blogspot.com.br/

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