Muito se fala de representatividade "plus size"*, as iniciativas de atender esse público em termos de moda alternativa vem crescendo. Nesta postagem agradeço as influenciadoras Nayara Soares e Rafaela Ivo por cederem as fotos que fizeram para um ensaio de moda.
As peças usadas pelas meninas foram feitas sob medida pela Dark Fashion, loja parceira desde o início do blog (ou seja, há 10 anos), que é uma das poucas lojas brasileiras que desde o seu surgimento oferece peças em tamanhos maiores sob medida. Antes, nem todos percebiam esse fato por ser uma informação escrita no site e não visualmente divulgada através de fotos. Fato que mudou alguns anos atrás e desde então em todos os ensaios da marca uma modelo em tamanho maior é fotografada. Vale ler a entrevista com Nívia sobre a produção de peças maiores na loja.
Para este ensaio, a mineira Nayara @nayarasoares_eb foi ao Rio Grande do Sul fotografar com Rafaela @vultuspersefone sob as lentes de Jéssica Godoy @jscgdy num belo dia nublado. O ensaio que poderia ser chamado de "Eccentric Perséfone", união do nome dos blogs/canais "Eccentric Beauty" de Nayara e "Vultus Persefone" de Rafaela, mas escolhi nomeá-lo de "Two Witches" pois é o que me veio a mente ao ver as fotos. :)
Tenho grande admiração por estas duas mulheres que há muitos anos comunicam moda alternativa e estilo de vida com muita autenticidade. Elas garantem suas identidades num país onde as moças brancas e de curvas suaves ainda são as que mais agregam seguidores.
Adorei essa foto!! |
Pense por um momento em uma influencer brasileira que tenha mais de dez mil seguidores no Instagram, seja alternativa de apelo mais dark, mais punk, mais gótica, mais heavy metal... (eu realmente aceito indicações!!) e um tamanho maior que o padrão 38.
É difícil responder, né?
Eu citaria a vampiresca @the_lady_darkness e a dark pin-up @barbiedolixao que está quase lá! Mas ser punk, gótica ou headbanger e ainda por cima ser usar tamanhos maiores de 38-40 não parece ser algo muito em evidência ainda.
Vemos iniciativas no uso de modelos maiores em lojas alternativas e ensaios de coleção, o que ajuda as garotas a se tornarem mais conhecidas e as lojas adquirirem mais clientes. Mas num geral, as modelos de lojas ainda são brancas, populares e dentro de certa normalidade corporal, variando entre magra ou com curvas "aceitáveis". Há muitas nuances no mercado alternativo, especialmente no que se refere à formação de imagem de uma marca, onde algumas lojas podem não querer serem associadas diretamente a pessoas gordas.
Há muito tempo tenho esse blog e me orgulho de, em 2012, quando mal (ou não) se abordava a moda "plus size"* no Brasil, publiquei dois artigos sobre o tema: Moda Alternativa "Plus Size"* e Estilo Alternativo "Plus Size"*. Nestas matérias usei exemplos de modelos e marcas estrangeiras, pois não havia ainda exemplos no Brasil. Coincidência ou não, logo depois destas matérias irem ao ar, algumas lojas alternativas nacionais passaram a usar modelos maiores em ensaios e desde então isso vem ocorrendo com alguma frequência. Não posso confirmar que o blog teve alguma influência nisso pois nenhuma destas lojas nos citou diretamente, mas acredito, pela quantidade imensa de acessos que estas postagens tiveram, que alguma semente foi plantada em algum lugar! Foi justamente na virada de 2012 para 2013 que o tema da moda para tamanhos maiores começou a pipocar no mainstream e as mulheres se engajaram a exigir mais representatividade.
Em 2015 alertei para a importância de lojas virtuais utilizarem modelos "plus size"* nesta postagem. Um tempo antes entrevistamos a modelo alternativa brasileira Litha Bacchi que atua na Inglaterra por não termos quem entrevistar por aqui. E o meu post afirmando que gordas podem usar listras sim foi um sucesso! E logo depois vimos reproduções deste tema no mainstream!
Só temos a agradecer que muita coisa mudou a respeito de moda e representatividade de meninas acima dos tamanhos padrões (36-44) no meio alternativo embora ainda haja muito a ser desenvolvido. E pra mim, estas duas influenciadoras, Rafaela e Nayara, já conquistaram seus lugares neste processo, pois fazer história não se resume só a números mas também a atitudes!
Conto com vocês no enaltecimento destas duas damas sombrias:
*as aspas foram usadas por dois motivos. 1. porque o termo é controverso, não é aceito para se direcionar a todas as mulheres gordas e 2. são posts antigos onde o termo está no título ou no conteúdo.
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Direitos autorais:
Artigo original do blog Moda de Subculturas. É permitido compartilhar a postagem. Ao usar trechos do texto como referência em seus sites ou trabalhos precisa obrigatoriamente linkar o artigo do blog como fonte. Não é permitida a reprodução total do conteúdo aqui presente sem autorização prévia. É vedada a cópia da ideia, contexto e formato de artigo. Plágios serão notificados a serem retirados do ar (lei nº 9.610). As fotos pertencem à seus respectivos donos, não fazemos uso comercial das mesmas, porém a seleção e as montagens de imagens foram feitas por nós baseadas no contexto dos textos.
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Primeiramente: UAU! Eu tô no Moda de Subculturas! hahahaha
ResponderExcluirFalo isso como uma pessoa que acabou entendendo muitas e muitas coisas da cultura alternativa aqui, inclusive aprendi aqui que existe o plus size "aceitável", em que mesmo as lojas que fazem ensaios com modelos "plus size" colocam na verdade meninas que ainda estão na numeração padrão e/ou tem corpo ampulheta com cintura fina e curvas generosas. Enxergar que isso não representava o plus size e ainda criava uma visão do "gordo bonito" e do "gordo feio", foi o que me impulsionou a falar mais e mais sobre a problemática de ser gorda no meio alternativo, a moda brasileira e gringa sobre isso. Os posts em que o assunto é tratado aqui no blog são enclarecedores o suficiente para que qualquer pessoa entenda os desafios de ser gordo no alternativo.
Sabe, quando virei parceira da Dark Fashion, eu sabia que não estava representando qualquer loja, e sim uma que já vinha há quase uma década fazendo sob medida e incentivando mulheres gordas a se vestirem da maneira que quiseram. Saber que isso, o meu trabalho e o da Nayara, e o fato da loja ter sempre uma modelo plus nos ensaios, impulsionaram as vendas do plus size na loja, me faz ter a certeza de que sim, a gente acaba influenciando, mesmo que seja um pouquinho. Imagina o MdS, eu tenho certeza que sim, os posts de vocês quando o assunto começou a ser tratado mais abertamente foram extremamente influentes não só pro meio alternativo, mas também pro mainstream.
Ainda temos uma luta muito grande em fazer meninas como as citadas no post (eu, Nayara, Jamille e Bruna) ganhem mais notoriedade, e que isso abra as portas pra muito mais meninas!
Eu só tenho a agradecer o espaço que foi e que vem sido dado a essa causa aqui. Muito, muito obrigada! <3
P.s.: Eu adorei a definição que você deu pro ensaio! Acho que o próximo que rolar em parceria entre eu, Nayara e Jéssica vai ser ainda mais bruxesco! E com certeza, com Dark Fashion junto!