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1 de outubro de 2020

Conheça Madeleine Vionnet, a revolucionária estilista que dá nome à saia criada em parceria com a loja Dark Fashion

Nascida em Aubervilliers na França, Madeleine Vionnet (1876-1975) é uma estilista super reconhecida, mas subestimada a respeito de um de seus maiores feitos: a liberação das mulheres do espartilho - fato comumente associado à Chanel ou Paul Poiret. Acompanhe o post e saiba porque a saia que criei para a Coleção Dark Glamour com a loja Dark Fashion recebeu o nome desta estilista que é considerada revolucionária.


Acima, criação de Madeleine Vionnet, note a transparência na saia. Abaixo, saia criada em parceria com a loja Dark Fashion. Para qualquer compra na loja, nosso cupom é SUBCULTURAS




Em 1907 Madeleine fez parte de uma reforma utópica do vestuário, através de roupas com inspiração nas artes gregas clássicas (período Helenístico), criou peças com movimentos livres e naturais que permitiriam às mulheres se libertarem de pesadas roupas de baixo. 

Uma de suas peças com inspiração grega.

Madeleine modelando tecido numa boneca, era sua forma de fazer experimentações.


Abaixo, vestido com pontas assimétricas, como a saia criada com a Dark Fashion.



Trajetória 
Vionnet começou como aprendiz de costureira aos 12 anos de idade trabalhando com lingerie de luxo, já profissional, trabalhou com grandes nomes da época, como Kate O´Reilly, Mme Gerber e Jacques Doucet até que em 1912 abre sua própria Maison luxuosa, criando peças minimalistas. Teve de fechá-la com o começo da 1° guerra mundial quando se muda para Roma para estudar antiguidade grega.

Quando reabre, sua Maison em Paris era decorada com imitações de afrescos de deusas gregas e de mulheres contemporâneas. Sua técnica de costura unia conhecimentos ocidentais e orientais. Utilizava um manequim articulado onde enrolava e cortava o tecido e criou costuras invisíveis decoradas com desenhos de flores e estrelas. Suas peças, modelos soltos, simbolizavam o modernismo dos anos 1930 - ela inclusive foi uma grande divulgadora da frente única. Você pode ler a postagem sobre a história da frente única clicando aqui, é surpreendente! Madeleine se aposenta em 1939 com o início da 2° guerra mundial.



Revolucionária
A revolução de Vionnet estava na forma de corte e costura das peças, que tinham a ilusão de simplicidade (e na verdade eram bem complexas). As peças eram cortadas em viés (ângulo de 45°) e o caimento acompanhava as curvas do corpo das mulheres com as saias terminando em pontas ou lenços. A construção das peças dispensava fechos e resultavam em roupas fluídas e esvoaçantes. As peças, fora do corpo, pareciam amorfas e se revelavam perfeitas ao serem vestidas. Nem mesmo seus vestidos de noite tinham pences, botões ou zíperes!

É com muito orgulho que a saia Madeleine da coleção Dark Glamour homenageia essa mulher revolucionária, algumas das características das criações de Madeleine Vionnet podem ser encontradas na saia, mas claro que dentro de um contexto contemporâneo e aliado à moda alternativa. É uma marca de minhas criações a união entre história da moda e moda alternativa.

  • A saia de Tule “Madeleine” 5035 tem como base uma minissaia em visco lycra e por cima duas camadas assimétricas de tule de altura midi com as pontas adornadas com barrado de renda. O tule, transparente, de caimento fluído e esvoaçante potencializa o ar de mistério. Madeleine Vionnet revolucionou a moda feminina com seus vestidos de saias transparentes que promoviam movimentos livres e naturais.

Pré - Feminista
Outra grande atitude da estilista foi quando em 1922, Vionnet deu às suas funcionarias licença-maternidade, assistência médica, férias remuneradas, creches, refeitório... coisas que ainda hoje são lutas do movimento feminista pois não estão garantidas à todas as mulheres!


É ou não é merecido o nome da saia? Agora que você já conhece um pouco da história de Madeleine Vionnet, compreende um pouco mais do quanto valorizo a cultura de moda em tudo que desenvolvo. Um bom momento pra revisitar a coleção Dark Glamour na loja Dark Fashion!



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9 de abril de 2020

A história da frente-única: a união de consciência corporal, sensualidade, lazer e glamour.

Se existe algo que herdamos da década de 1930 foi a consciência corporal que se refletiu na sensação de liberdade de movimentos. E uma das peças que surgiu no período foi a frente únicaNa coleção "Dark Glamour", que criei em parceria com a loja Dark Fashion, desenvolvemos uma blusa frente única chamada "Dóris", neste post apresentarei de forma breve a história da peça! Acompanhem.

A cantora Shirley Manson usando uma frente única de tecido metalizado, que foi moda no fim dos anos 1990 e começo de 2000. A cantora também usa um short no modelo "hot pant", que você pode ler a história da peça clicando aqui.

A blusa que criei em parceria com a Dark Fashion, recebeu o nome "Dóris" em referência à Doris Day e seu icônico vestido frente única azul no filme "Ama-Me ou Esquece-Me", de 1955.


Contexto Sócio-Histórico
Se na década de 1920 a jovem era andrógina e ousada, na década de 1930 ela cresceu e se tornou uma mulher que fez uso dos conceitos construídos de feminilidade, retornando sua cintura no lugar e usando bainhas longas. Basicamente a garota de 20 anos chegou aos 30 anos e queria deixar pra trás a rebeldia andrógina.

A década de 1930, fortemente marcada por uma grande crise econômica resultada da quebra da bolsa de valores americana em 1929, fez com que as pessoas buscassem formas de fuga da dura realidade. Uma dessas fugas foi o cinema, a outra foram os balneários.

Mulheres vestindo frente única nos balneários, o lazer foi a fuga dos tempos de crise econômica.

O corpo feminino ideal tinha proporção de deusa, a mulher dos anos 1930 deveria fazer dietas, exercício físico, manter-se meticulosamente arrumada, usar maquiagem, fazer pedicure devido à exigência da moda de sandálias abertas e ter cuidados com a pele. Parece que falamos das exigências de beleza dos dias atuais, não é mesmo? Veja há quanto tempo reproduzimos a mesma ideia sobre o que é a mulher estar 'arrumada adequadamente'!

Corpo bronzeado, atividade física, unhas e maquiagem impecáveis: 
o ideal de beleza da década de 1930.

Para manter o corpo saudável eram recomendados os exercícios físicos e esse corpo era exibido nos balneários em pijamas de praia e trajes de banho fechados na frente e abertos atrás, visando exibir o bronzeado. Era um escândalo pois pela primeira vez uma parte do corpo da mulher era explicitamente exibida. Estes trajes diurnos de lazer inspiraram os vestidos de noite, onde as costas bronzeadas eram exibidas.

O bronzeado saudável adquirindo durante o dia na praia deveria ser exibido à noite, em vestidos que revelavam costas e braços. 

A mulher dos 1930 precisava acompanhar a silhueta da moda, que consistia de ombros largos e angulosos, cintura no lugar ou levemente alta, quadris estreitos e pernas bastante alongadas. As roupas diurnas eram simples e utilitárias já as roupas de noite possuíam extremo glamour. Os trajes de praia uniam estes dois mundos.


A frente-única

É em todo este contexto de corpos livres de espartilho, exercícios físicos e passeios em balneários que a frente única surge, sendo a peça perfeita para exibir as costas bronzeadas e exercitadas. Embora tenha sido idealizada por Erté em 1917, foi Madeleine Vionnet quem a popularizou na década de 1930, levando os vestidos de noite europeus para a América, assim como outros figurinistas de Hollywood que levavam para a tela as criações de alta costura francesa. 

O que marca a frente-única é sua presença em blusas e vestidos como uma tira que se amarra atrás do pescoço, deixando ombros e costas nuas. Frente discreta, mas ao virar de costas se torna reveladora.

Erté x Madeleine Vionnet / MET.

A maior parte do glamour dos anos 1930 vem de Hollywood, o cinema era a fuga da crise da América. Hollywood era o local onde a alta costura européia era apresentada ao público influenciando o gosto das massas.

O corpo feminino atlético, bronzeado e impecável dos anos 1930 deveria ter proporções de deusa. O que se reflete em criações de alta costura européia que passaram a fazer parte dos figurinos de Hollywood.
Madame Gres, 1939 / National Gallery of  Victoria.

Jean Harlow com o vestido enviesado criado por Gilbert Adrian para “Jantar às Oito” (1933) foi a peça que fez a moda da frente única pegar de fato nos EUA.

Quando pensamos nesta união de consciência corporal, corpo bronzeado e cuidado, lazer, glamour e cinema, é fácil lembrar das fotografias ou filmagens em que as atrizes de cinema estão posando junto à suas piscinas na Califórnia, tipo de imagem que é reproduzida até hoje em ensaios fotográficos da cultura retrô. Mesmo que algumas possam não saber que o conceito vem desse período e contexto histórico, é impressionante como a imagem da mulher saudável, consciente de seu corpo fazendo uso de uma atividade de lazer, ainda é marcante em nossa cultura visual. 

De sua criação em 1930, até os dias de hoje, poucos foram os momentos em que a frente única saiu de cena, na década de 1950 a peça continuou dominando a moda feminina. Além de Doris Day, citada no começo da postagem, a frente única tem momentos icônicos nas telas, talvez a cena que mais recorra à nossa mente seja a de Marilyn Monroe com o vestido branco plissado em “O Pecado Mora ao Lado” (1955) e o vestido dourado em “Os Homens Preferem as Loiras” (1953), este teve diversas cenas censuradas por ser considerado revelador demais. Ambos foram desenhados por Willian Travilla.

O icônico vestido branco frente única de Marilyn Monroe revela a sensualidade das costas da atriz. O vestido dourado que foi censurado nas telas.

Dois modelos frente única: à esquerda Vestido Dior 1963 e página da Vogue de 1953.

Na década de 1960 a peça era comum na subcultura hippie, sendo eles apreciadores de moda artesanal, os modelos em crochê eram muito usados. A frente única aparece também em macacões, especialmente na década de 1970 e se populariza para uso no dia a dia. 

Frente única nas décadas de 1960 e 1970.

Se na década de 1980 o modelo se restringe, em 1990 ocorre sua consagração onde especialmente entre 1994 e 1997 a peça estava presente até mesmo em trajes de gala! Quem lembra das frente únicas de Lady Di, a princesa rebelde (clica pra ler o post sobre ela) escandalizando a realeza britânica?


Frente única na moda jovem da década de 1990. 

Angelina Jolie, Gwen Stefani e Shirley Manson entre fins de 1990 e começo de 2000.

Madonna em campanha para Versace e Dita von Teese inova com uma falsa frente única.

Amy Winehouse em vestido retrô e Lady Gaga, num vestido que
 lembra as proporções de deusa, como na década de 1930.

Com essa breve passagem pela origem da frente única, podemos ver que a peça surgiu associada a lazer, corpo atlético e dias ensolarados. Seu desenvolvimento a leva aos trajes noturnos elegantes e imortaliza com a sensualidade de Marilyn Monroe. Adotada por subculturas como a hippie, a peça se torna cada vez mais um traje do dia a dia, pra todas ocasiões e todas as idades. 

Na coleção Dark Glamour, o foco foi desenvolver uma peça chique e atemporal.
Blusa Dóris, criada em parceria com a loja Dark Fashion

É assim que retornamos à blusa "Dóris" de minha coleção com a loja Dark Fashion: uma peça que une através do tecido em veludo, o glamour dos anos 1930 com a sensualidade das costas nuas e um design atemporal, que nunca sairá de moda. 
Espero que através da história da peça, seja resgatado o lado revolucionário da frente única à respeito das vestimentas femininas! 

Cupom de desconto na Dark Fashion: SUBCULTURAS



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Artigo original do blog Moda de Subculturas, escrito por Sana Mendonça e Lauren Scheffel. 
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