Com o Halloween e o Dia dos Finados (Zombie Walk) próximos, este é o momento perfeito para comentar sobre a tribo Omo Masalai, da Pápua Nova Guiné. Mais especificamente, o que nos fez reparar nesse povo é o festival que denominam de Sing Sing, onde pintam seus corpos com desenhos que lembram zumbis para assim apresentarem suas danças da morte. É realmente impressionante a estética desse ritual porque logo nos remete ao cenário alternativo, da qual muitas pessoas traduzem, à sua maneira, o esqueleto humano, seja ele por maquiagens, eternizando em sua pele por meio da tatuagem ou simplesmente vestindo uma roupa estampada com ossos. E são dessas interpretações que vamos fazer a ligação entre tribos e culturas tão distintas, mas que de um modo fantástico acabam se unindo.
A preparação para o ritual:
Moda Mainstream:
Ao contrário do que muitos possam pensar, foi a moda mainstream que reproduziu em costuras as primeiras formas do esqueleto. A década de 20 foi uma época marcada pelo surrealismo e o fascínio por temas mais obscuros, proibidos. Foi durante a efervescência cultural que a estilista Elsa Schiaparelli em parceria com Salvador Dalí, criou o vestido esqueleto em 1938, para sua coleção Circus. Isso daria o início das variedades de peças que iríamos ver ao longo do século XX inspiradas nas caveiras.
Cinquenta anos depois, Alexander McQueen faria sua versão na Primavera de 98.
Já na Primavera de 2009, Christian Lacroix daria moldes de ossos os acessórios da sua coleção.
Dior na Alta Costura de Outono 2000, ainda sob comando de Galliano, em referência às caveiras mexicanas. DSquared2 Inverno 2010 e a bota com salto de vértebras. O colar de Yaz Bukey inspirado na África, Primavera 2012.
O vestido com aplicação de um bordado em forma de costelas assim como o vestido com as costelas formadas por tiras de tecido, ambos da Dsquared2 em 2010, são peças que foram muito copiadas por marcas alternativas desde então (3º foto).
Na Alta Costura de Inverno 2011, Iris Van Harpen cria uma nova forma para o vestido esqueleto. No ano seguinte, o modelo seria usado pela Chanel nas fotos da exposição The Little Black Jacket.
Jean Charles Castelbajc dando irreverência ao desenho
na passarela Inverno 2011.
A moda alternativa com toque mainstream de Betsey Johnson, onde volta e meia usa a estampa nas coleções. Aqui, Primavera 2011 e Inverno 2012.
E coleção Primavera 2012.
Porém, antes da existência de Genest, as provocações do movimento Punk a sociedade conservadora faria surgir artistas que se apresentariam com rostos pintados de caveira, é o caso de Michale Graves, ex-Misfits. A maquiagem é inspirada nos filmes B de terror das décadas de 1950 a 1970. A estética do americano se destaca como influência nas subculturas, principalmente pela importância que a banda tem no rock. Sua imagem é muito difundida no meio alternativo, sendo bem provável que também sirva de referência na beleza de certas coleções de moda.
Vestido esqueleto de Elsa Schiaparelli
Cinquenta anos depois, Alexander McQueen faria sua versão na Primavera de 98.
Já na Primavera de 2009, Christian Lacroix daria moldes de ossos os acessórios da sua coleção.
Dior na Alta Costura de Outono 2000, ainda sob comando de Galliano, em referência às caveiras mexicanas. DSquared2 Inverno 2010 e a bota com salto de vértebras. O colar de Yaz Bukey inspirado na África, Primavera 2012.
O vestido com aplicação de um bordado em forma de costelas assim como o vestido com as costelas formadas por tiras de tecido, ambos da Dsquared2 em 2010, são peças que foram muito copiadas por marcas alternativas desde então (3º foto).
Na Alta Costura de Inverno 2011, Iris Van Harpen cria uma nova forma para o vestido esqueleto. No ano seguinte, o modelo seria usado pela Chanel nas fotos da exposição The Little Black Jacket.
Jean Charles Castelbajc dando irreverência ao desenho
na passarela Inverno 2011.
A moda alternativa com toque mainstream de Betsey Johnson, onde volta e meia usa a estampa nas coleções. Aqui, Primavera 2011 e Inverno 2012.
E coleção Primavera 2012.
Nas Subculturas
Quando voltamos às subculturas, pode-se imaginar que ao ver imagens da tribo Omo Masalai, tenha vindo na memória a imagem de Rick Genest, ou Zombie Boy. A estética do canadense tem uma representação específica sobre a morte. As tatuagens demonstram sua transformação em zumbi, algo que ele se identificou na infância. Como disse em entrevista: "Minha arte corporal representa anarquia. Parecer estar morto enquanto vivo, é desafiar as próprias leis da natureza".
Zombie Boy na revista Rebel Ink de 2013
Porém, antes da existência de Genest, as provocações do movimento Punk a sociedade conservadora faria surgir artistas que se apresentariam com rostos pintados de caveira, é o caso de Michale Graves, ex-Misfits. A maquiagem é inspirada nos filmes B de terror das décadas de 1950 a 1970. A estética do americano se destaca como influência nas subculturas, principalmente pela importância que a banda tem no rock. Sua imagem é muito difundida no meio alternativo, sendo bem provável que também sirva de referência na beleza de certas coleções de moda.
O cantor compondo o visual horror punk.
Algumas imagens de sua aparência pós-pintura. Além do rosto, Graves também usava peças de roupa com a estampa. Veja que ele se interliga a tribo mesmo não sendo próximos.
Kyary Pamyu Pamyu e sua versão Kawaii. Segundo entrevista, a cantora diz amar filmes de terror, além de ter muitos lados obscuros.
Na moda alternativa, foi em meados dos anos 80 que a estampa de esqueleto teve seu ápice, quando Axl Rose - no auge do Guns N' Roses - surge com a jaqueta estampada por ossos. Com a grande evidência que o cantor tinha na época, o desenho alcança o mesmo e assim centenas de reproduções.
Axl Rose e sua famosa jaqueta.
Surgida em 2006, a marca cult e underground
Kreepsville 666 tem seu foco voltado a criar peças
sob temas de horror. Foi ela que reviveu, na cena alternativa, a ideia de
um vestido-esqueleto, sendo super copiado depois. As mãozinhas de esqueleto também foram popularizadas por eles.
A estilista alternativa Louise Black vende suas peças artesanais pelo Etsy desde 2006. Ela é a responsável pela criação do corset-camafeu, esta peça autoral é uma das mais copiadas por marcas alternativas desde então.
As criações de Louise Black e Kreepsville influenciaram outras marcas a criarem peças com grandes estampas de esqueleto, como as versões da Restyle e Sweet Carousel Corsetry:
A Black Milk foi uma das pioneiras ao lançar
a trend do body/maiô esqueleto alguns anos atrás.
Pouco antes da ascensão de Zombie Boy na mídia após desfiles Mugler e no clipe Born This Way de Lady Gaga, Alexandre Herchcovitch havia colocado modelos com makes de caveira no Inverno 2010 de sua marca masculina. O visual facial era reflexo de um dos temas da coleção: a Morte.
Já para o Inverno 2014, Luella Bartley e Katie Hillier fizeram do conceito Girl Power uma coleção com referências de luta, e assim lenços com a estampa surgiram, mostrando que a figura ainda permanece com força no mainstream.
Campanha e desfile da marca
Claro que há muitos mais exemplos da gravura se difundindo na estética fashion, mas o interessante é observar a visão de cada estilista, subcultura ou tribo transmitem a ideia de Morte ou de memento mori. Diante das diferenças culturais existentes e que passam a impressão de grande distância entre eles, um mesmo assunto acaba os conectando e expondo que no fundo somos seres humanos inerentes ao tema.
Em especial as subculturas, onde dizem que as mesmas estão em extinção pela rápida absorção do mainstream sobre elas, relacionar-se com uma tribo não colonizada, pode resultar em novas criações que as façam continuar contrapondo-se à cultura dominante.
* Artigo original do Moda de Subculturas. Para usar trechos do texto como referência em seus
sites ou trabalhos, achamos gentil linkar o artigo do blog como respeito
ao nosso trabalho. Tentamos trazer o máximo de informações
inéditas em português para os leitores até a presente data da
publicação.
Todas as montagens de imagens foram feitas por nós.
Todas as montagens de imagens foram feitas por nós.
Fotos: Google.