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7 de abril de 2012

Dita von Teese e o Fenômeno da Moda Retrô

De onde veio esse fenômeno da moda retrô que já perdura alguns anos tanto na moda dominante quanto na moda alternativa? Para entender, é preciso voltar um pouco no tempo, praticamente uma década.



É preciso ter em mente que a moda também reflete a época em que vivemos. Em 2002 se iniciou a guerra ao terror no Oriente Médio e a crise financeira iniciada em 2008 nos EUA se espalhou pra zona do Euro recentemente. Em épocas assim, a Moda costuma buscar referências estéticas de eras inocentes, felizes, pacíficas e nostálgicas como forma de escapismo. Esse escapismo Retrô na Moda teve a ajuda de uma moça que chamou a atenção da mídia mainstream na hora certa (em 2001): Dita Von Teese.



Dita se interessa pela estética dos anos 1930 aos 1950 e costuma usar roupas vintage de brechós. Ela também é fã de Bettie Page e fazia fotos sensuais inspiradas na modelo pin-up dos anos 50. Pratica tight lacing, o que a levou a ter uma estreita relação com a subcultura fetichista e estampar a capa das mais variadas revistas do gênero, trajando constantemente roupas de látex. Além disso, desde 1992 apresenta algo que era praticamente desconhecido do grande público: um show de striptease neo-burlesco. Mas a garota alternativa ativa no underground tinha um fã: o dândi Marilyn Manson já acompanhava seu trabalho há algum tempo...

Capas de revistas fetichistas em fotografias sensuais e eróticas:
  
 

Em 2001, Dita e Manson começam a namorar. Formavam um casal único: um grotesco roqueiro + uma dançarina burlesca-fetichista. Em companhia do roqueiro, Dita atraiu a atenção da grande mídia americana por sua profissão incomum, suas roupas de látex, mini cintura afinada com ajuda de corsets e estilo retrô. Em pouco tempo virou musa de importantes estilistas, alguns deles responsáveis pelo lançamento das tendências mundiais. Passou a ser comum ver o casal na primeira fila dos desfiles de moda. Vestida pelos grandes nomes, surgia constantemente em publicações sob o título de "a mais bem vestida".


No começo do namoro com Manson, Dita usava roupas fetichistas, depois, quando teve contato com estilistas famosos, suas roupas ganham um ar mais glamuroso.


No contato com o mainstream, o visual da cantora
 aos poucos foi se tornando mais glamouroso.
 

No ano de 2004, Dita rompeu com Manson e a partir daí nota-se uma mudança brusca em seu estilo.
Querendo ou não, o roqueiro ajudou a apresentá-la ao mainstream. O cantor sempre gostou de desfilar com mulheres diferentes do padrão como parte de sua imagem excêntrica. As roupas de Dita costumavam ser de marcas alternativas fetichistas, hoje são de grifes como Dior e Louboutin. Antes, a dançarina estampava capa de revistas fetichistas underground obscuras, hoje estampa editoriais da Vogue. 

A Dita fetichista deu lugar à Dita glamourosa que veste Dior, Louboutin, é musa de Jean-Paul Gaultier e ajudou a popularizar a moda retrô para as massas e dar um novo fôlego nesta cena alternativa.


 


Em algumas ocasiões, Dita foi convidada a palpitar em coleções que estavam sendo criadas, começava então uma forte influência de seu gosto pessoal na moda dominante, onde passou-se a ver nas passarelas coleções cheias de corsets, referências fetichistas, retrôs e burlescas. Isso aconteceu quando Dita se adaptou ao mundo mainstream, praticamente abandonando sua associação com o fetichismo underground e focando no neo-burlesco.

Esse abandono se deu porque o termo "Burlesque" na América pós-pornô, remete à algo doce, leve, ingênuo. É um termo aceitável ao grande publico. Enquanto que a palavra fetiche - subcultura da qual Dita fez parte por anos - na América, costuma ser associada a pessoas com alguma forma de doença mental, culto ao diabo, sendo um estilo de vida completamente rejeitado pelo grande mercado e pelo público de massa.

Então, houve uma adaptação de Dita ao mercado para que seu trabalho juntamente com sua nova estética (mais retrô e menos fetichista) tivesse a aceitação do grande público. O fetichismo que ela vende agora não é mais o fetichismo underground, é um fetiche light massificado, ultra-glamouroso, sensual e feminino, pois a cultura de massa, especialmente a norte-americana, vende o imaginário underground sem seu lado mais obscuro. Seu fetiche é ultra-glamouroso, sensual, cheio de corsets e poses elegantes.


O fetiche underground envolto em couro e vinil, deu lugar à um fetiche light, com corsets, cintas ligas e muito preto: ideal para ser vendido para as massas:
 


A popularização da estética antiguinha na moda dominante ajudou também a nascer uma grande confusão: o termo "pin-up" é  errôneamente divulgado como um sinônimo para "moda retrô". A mídia vende ao grande público que a moda que a Dita usa é "moda pin-up", mas Pin-up é trabalho de modelos em fotos sensuais e uma estética que perpassa subculturas englobando não uma moda em si, mas vários estilos. Falei sobre isso no post Pin-ups e as Subculturas.


No meio alternativo, onde ela já era conhecida, sua fama e referências estéticas aumentaram. A moda alternativa redescobriu os anos 1950, antes reduzido à subculturas como a rockabilly. A febre cinquentinha trouxe cor às subculturas que antes vestiam praticamente só preto. Também trouxe de volta a feminilidade dos saltos altos, saias e vestidos inspirados no new look Dior.


Modelos alternativas em ensaios fotográficos ao estilo “pin-up” apareceram aos montes na última década.

 


E claro, a provocação sensual de donas de casa versão alternativa dão as caras em editoriais. 

O glamour de Dita versus modelo alternativa:



Quando pensar sobre corsets de volta à moda, fetichismo light para as massas, shows burlescos se espalhando pelo país, garotas usando roupas inspiradas nos anos 1950, batons vermelhos, francesinha inversa, sobrancelhas marcadas, pele pálida, franjinha à la Bettie Page, concursos “miss pin-up”, estéticas alternativas sendo aceitáveis no mainstream... Dita Von Teese tem uma parcela de responsabilidade junto com os grandes estilistas.  E isso é algo que entra pra história da moda alternativa!


Finalizo com um conselho de Dita: 


"Ignore as críticas...só a mediocridade está  a salvo do ridículo. OUSE SER DIFERENTE!" 


Como um dia Dita ousou ser, hoje ser retrô não é mais tão diferente assim. 




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21 comentários:

  1. tenho curiosidade de assistir aos filmes XXX dela, rs

    bjs

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    1. Monike uma vez caí num site que tinha os filmes dela pra baixar,mas agora eu não lembro o link =/

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  2. Ah eu amo a Dita, mas eu detesto quando alguém do underground fica muito famoso e acaba tendo que adaptar o visual ou tem aquela fama de 'subiu de vida' como se o meio underground fosse uma coisa terrível. Enfim, como fã do Marilyn Manson eu não consigo deixar de me sentir ofendida quando dizem "ela era muito bonita pra ele" até porque eu acho ele bonito e estiloso sim e eles formavam um casal lindo.

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  3. Não poderia deixar de comentar esse post,adoro a Dita e seu estilo Pin-up de ser(não apenas como roupas,mas estilo mesmo,ela vive o tema).Só tenho um pouco de medo do Tight Lacing,pois,antes de entrar na Engenharia,eu queria Medicina,e os professores condenavam essa prática pois pode deformar/atrofiar órgãos internos por fins estéticos,então eu não curto.Mas exceto isso,adoro ela e o Manson!

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  4. acho q por eu gostar da cultura rock no geral, ja conhecia o estilo 50's através do rockabilly... a Dita mudou muito mesmo, já vi umas partes de um vídeo dela antigo mas nao cheguei a ver tudo porque estava rolando na tv de uma festa... gosto dos dois estilos, o fetichista e o vintage... apesar de eu me encaixar mais no vintage mesmo. Com certeza esse é mais aceitado pela mídia, mas acho que a coisa está mudando aos poucos (não que vão passar cenas sadomasoquistas na novela da globo kkkk) mas acho que as pessoas no geral já estão com a mente mais aberta... eu particularmente associo essa aceitação a uma perda de força das religioes no país como a católica, mas claro são vários outros fatores envolvidos. bjs!!

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    1. Oi Dhy! O vintage é mais aceito mesmo, ainda mais que cai nessa coisa da época em que estamos vivendo, de escapismo.

      Mas sabe, acho que a religião católica perdeu força sim, mas os evangélicos cresceram muito! Gente, se o Brasil se tornar um país evangélico não haverão mais feriados rsrsrsr! Mas falando sério, ainda acho nosso povo tão conservador quanto os americanos.

      E a questão do underground estar cada vez mais em voga na moda mainstream assusta-me um pouco.

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  5. Concordo que geralmente "a massa" associa o fetiche a algo vulgar e até pervertido dependendo do nível de "puritanismo" de cada pessoa!kkkkkk!
    Achei que ela e o Manson formam um casal perfeito...ambos tem um estilo muito forte e de atitude! Não conheço muito da história dela, mas pelo que li aqui no seu post apesar do glamour atual acho que ela fica melhor no estilo inicial dela, apesar de não ser algo tão comercial como o que ela está adotando atualmente.

    Quanto ao estilo pin-up acho lindo quando vem associado com tatuagens bem bonitas...outro dia vi uma entrevista com uma amante da moda vintage, retrô, pin-up que tinha um estilo muito legal associado a belas tatuagens no braço e panturrilha com desenhos delicados mesclando rosas com caveiras!kkkkk!

    bjs e boa semana!

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  6. Adorei o artigo e resalta algumas coisas que sempre digo, o burlesco como fetiche aceitavel pelo publico comum. E as pinups entre aspas não só por ser um termo americano, mas por ser uma estética aberta para as pessoas usarem como moda não modo.

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    1. Pelo que pesquisei, o "burlesco" é uma nomenclatura mais aceitável do que, por exemplo "stripper". Sobre as pin-ups fiz um post sobre a história delas, não sei se já viu: http://modadesubculturas.blogspot.com.br/2011/12/pin-ups.html

      =)

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  7. teu blog é perfeitooooooooooooo
    tem uns links quebrados em sites lojas
    como o blog blamoon e diva alternativa
    bjos

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    1. Oi Juli, obrigada! ^^
      O Blamoon está fechado pra convidados (antes ele era aberto ao público). O link do Diva foi atualizado, dá uma passadinha lá! =)

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  8. Amei post, como fã da Dita e do estilo pin up, alias isto é ser sexual na medida certa, não o que vemos em algumas mulheres nos dias atuais. Parabens a vocês do Moda Subculturas .

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    1. A Dita é linda mesmo! ^^
      Pois é isso mesmo que o post propõe: ser "sexual (sensual) na medida certa" seria algo que se adapte ao mainstream? Algo aceitável ao grande público? Uma sensualidade glamurizada e ingênua aos moldes da conservadora década de 50? Esse tema dá um belo debate!!!

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  9. Adorei as fotos dela com o Manson... depois o mainstream engoliu ela e o feitichismo com vinil sumiu, dando lugar ao estilo Pin-up batidinho dos anos 50. É meiginho, mas eu acho vinil mais interessante.

    Beijos e parabéns pelo lindo blog. Dá pra ver que você pesquisa e vai atrás. É muito dificil pesquisar na Internet com tanto erro de tag...a gente escreve Black Metal e o google encontra Lolitas... :/

    Peço licença para divulgar meu blog sobre as delícias e as dificuldades de se pertencer ao underground no Rio de Janeiro:
    http://metaleiracarioca.blogspot.com.br

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    1. Também acho vinil super interessante! Ainda ontem vi uma foto da Dita super "normal", quem não conhece seu passado underground nem imagina que ela algum dia já usou couro, vinil e látex!

      A internet é ótima mas não dá pra se prender somente à ela pras pesquisas. Esse post da Dita por exemplo, além de pesquisa na internet e em revistas de moda, foi um documentário biográfico dela que me deu as informações que eu precisava. ^^

      Darei uma passadinha no seu blog!

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  10. Peguei essa manhã para acessar blogs que tenham uma abertura ao "diferente", vamos chamar assim... e é o quero ver... algo mais ousado, mais obscuro, rocker ou gothic, ou qualquer coisa que os valha, mas algo diferente das mesmices que vejo constantemente... que bom vir aqui e ver essa matéria maravilhosa da Dita Von Teese... ela é uma das minhas divas... me lembro quando ela namorava Marylin Mason... e gosto dos dois estilos dela... adoro essa vibe fetichista... me lembra Eisbrecher...
    Bjs =D
    Esmaltes, Make-Up & Cia.
    rockuroutfit.blogspot.com.br

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    1. Ah que bom que gostou do post Antônia, fico feliz! ^^
      É, eu sei como está difícil achar blogs com postagens ao nosso gosto... essas coisas acontecem.

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  11. O pior que acho até as apresentações burlescas dela comportadas è.é. Achei o estilo fetichista dela bem interessante ao contrário dos trabalhos repetitivos dela que vejo hoje em dia. Ela quase não muda.a expressão xD

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  12. Bem, você acha o mainstream algo muito ruim?
    Por exemplo, é difícil ter acessos a muitos itens alternativos e isso meio que abre portas e faz tornar acessível para quem não pode ter.
    O que acha? Adoraria saber sua opinião! :D

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    1. Oi Beatriz!
      O mainstream é a cultura e comportamento dominantes. Pessoalmente não me adapto a muitos aspectos dessa cultura de massa, por isso me considero alternativa.

      Ser alternativo não é estar fora do mainstream e sim viver em paralelo à ele. É impossível não consumir coisas do mainstream pois não somos isolados dele.
      Em termos de moda, não faço questão de adquirir alguns produtos do mainstream mesmo que tenham apelo alternativo, porque tem itens em minha opinião, que foram esvaziados demais, se tornaram pastiche e vão "contra" o que acredito. Eu prefiro comprar uma peça básica, clássica ou neutra em loja mainstream do que algo "alternative inspired" haha! Mas na década de 1990/começo de 2000, quando não haviam lojas alternativas no Brasil, eu consumia SÓ coisas mainstream e me virava com aquilo mesmo!

      Se você se sente bem consumindo estes itens, se essa é forma que você encontra de tê-los, se não vai contra sua ideologia e estilo de vida, não há problema nenhum em consumi-los pois quem decide sobre sua vida, sobre o que te faz bem e feliz, é você mesma. Ninguém é obrigado a consumir só marca alternativa, de forma alguma! Estética alternativa é sobre como você usa uma peça de roupa de forma que ela reflita seu estilo pessoal e não somente sobre de qual loja ela é! ;)

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