Hoje começa o SPFW e o estilista Alexandre Herchcovitch apresentará sua coleção inspirada em um de seus ídolos, o cantor New Wave Boy George. O desfile promete misturar undergound e sofisticação.
"Foi a coleção mais difícil de fazer até hoje, porque é a minha visão sobre um ídolo. Em 1983, tinha 12 anos, e lembro de estar em casa assistindo ao Fantástico, e vi "Karma Chameleon". Pensei..."Olhe essas roupas, essa maquiagem, essa coisa toda? Já pode isso?" Fascinado, comecei a colecionar coisas dele e virei fã incondicional", diz o estilista. Os chapéus da coleção foram desenhados por Stephen Jones, que também faz os chapéus do cantor.
Enquanto aguardo pra ver o desfile de AH, acabei de ler uma entrevista com ele, que é o estilista brasileiro mais bem sucedido, onde diz que
estilistas devem criar também para a moda popular. Fato que de certa forma já acontece, diversos estilistas nacionais renomados já criaram para, por exemplo, a C&A e a Riachuelo, lojas voltadas ao público C.
E pensei no seguinte: o que ele diz, também serviria para lojas alternativas nacionais?
Em recente post (
E a Moda Alternativa no Brasil, como anda?), uma das maiores reclamações dos leitores do blog é a falta de coerência entre preço x qualidade das peças alternativas vendidas por aqui. Normalmente a loja põe 200%, 300% de lucro no valor final de um produto sendo que 100% de lucro seria o valor justo pela qualidade do material.
Quem é mesmo que mais consome moda alternativa?
-Pré-Adolescentes
-Adolescentes
-Jovens
-Jovens adultos
Uma boa parte destes jovens, com certeza, é classe C ou D. Estudos sociológicos da área de Moda comprovam isso, afinal, rebelde rico compra grife, não é mesmo? Os jovens consumidores vivem de mesada dos pais e quando começam a trabalhar nem sempre sobra muita grana pra gastar em tudo que querem. Só quando já estão no nível "jovem adulto", formados e com um emprego fixo é que passam a consumir peças mais caras e parceladas.
O que vocês acham? É possível uma moda alternativa com preços mais acessíveis voltada à verdadeira classe social pertencente dos seus consumidores, a classe C e D? Isso seria válido para nosso mercado alternativo que já é tão pequeno? Ou a classe social deve ser deixada de lado, focando-se apenas no valor "estético e original" de um produto?
Abaixo, frases interessantes na entrevista do Alexandre:
"Vamos cair na real, gente. O Brasil tem expertise de fazer roupa popular. A gente também tem que olhar para isso. Hoje, quem quiser sobreviver no Brasil e competir vai ter de fazer produtos para as classes C e D."
Sobre a concorrência com grifes internacionais: "Nossa roupa não é bem feita, não dá pra competir, não temos o mesmo acesso aos tecidos. Se compramos esses tecidos, a peça fica caríssima. Faço a melhor roupa possível num padrão que me permita vender no Brasil."
Fonte: Entrevista na Folha Ilustrada (tem que ser assinante uol ou da folha pra ler a matéria completa).