Há mais de uma década, um estilo de moda alternativa emergiu na web num nicho de mulheres que se declaravam simpatizantes das culturas gótica e retrô, estilo que passei a chamar de “Dark Pin-up”.
Em 2011, desconfiada que um possível novo estilo de moda alternativa estivesse tomando forma, passei a acompanhar com olhos de pesquisadora a presença de algumas mulheres na web, tudo foi sendo salvo e registrado em arquivos. Chamou-me especial atenção o tamanho do interesse e adesão no Brasil no ano de 2017, assim como uma ascensão do estilo no exterior naquela data. Me questionei se eram as
brasileiras que estavam influenciando as estrangeiras indo num caminho inverso do que normalmente ocorre: brasileiras copiando estilos estrangeiros.
Apenas em 2019, senti que o resultado da minha pesquisa estava delineado e como acadêmica, tentei realizar a pesquisa de forma mais científica possível, utilizando fontes primárias, registros das adeptas na internet (blogs, sites, portais, mídias sociais etc) buscando formas de comprovar as descobertas também através de historia oral e depoimentos escritos.
Instagram @dressedtokillyou
Mulheres de visual mais “dark”, com ou não elementos fetichistas e franja a la Bettie Page existem há muito tempo, pelo menos desde o fim dos anos 1970 como parte de subculturas como neo-rockabilly,
psychobilly, gótica e punk. Minha hipótese é que o que denomino “Dark Pin-up” não é parte do estilo das citadas subculturas, é independente. É um estilo novo tendo uma das características a proliferação através de fotografias em mídias sociais.
Instagram @murderqueen
Abaixo, uma ideia do que você vai conhecer sobre esse estilo:
Foi investigado seu possível histórico, as características primordiais da estética e suas possíveis subdivisões; suas adeptas, a cooptação comercial, o estilo hoje em dia e a importância do Brasil e das brasileiras para internacionalizá-lo.
Dark Pin-up ou Gothabilly?
Neste tópico, identifico a diferença entre os dois estilos.
Instagram @halloween_miss
Subcultura ou estilo?
Partindo de pesquisa, identifico se o Dark Pin-up é uma subcultura ou um estilo.
Histórico
Este é um tópico importantíssimo pois traço todo o histórico do estilo tendo como destaque uma linha do tempo em que cito os nomes das mulheres alternativas que delinearam a estética e dou detalhes do que cada uma contribuiu para a estética. Inclui-se também a relação com a cultura retrô nacional.
Instagram @moth.mouth
Como se dá a adoção de uma tendência de moda?
Aqui, abordo teoria de moda para compreender compreender como o estilo Dark Pin-up foi adotado por
tantas mulheres, explico como ocorre o processo de adoção de tendências de moda. E explico porque indivíduos não imitam qualquer um e nem influenciadores, nem a publicidade, nem a tecnologia podem obrigar pessoas a seguir determinada tendência.
Dark Pin-up
Neste tópico, explico porque nomeio o estilo de "Dark Pin-up" e não outras nomenclaturas que surgiram para identificá-lo.
Anatomia do Estilo
Este é um tópico muito precioso pois faço uma listagem de todos os elementos que compõem o visual. É uma lista completa e permite que novas adeptas utilizem como referência.
O Dark Pin-up é um estilo principalmente de primavera/verão - super apropriado visto que, na minha hipótese, o estilo é uma invenção de brasileiras.
Instagram @murderqueen
Possíveis Subdivisões do Estilo:
Eu faço a pesquisa completa, vocês sabem! E neste tópico cito as possíveis subdivisões do estilo, ou seja, outros estilos que "surgiram" do Dark Pin-up! Essa é uma análise exclusivíssima e vocês vão entender a diferença com, por exemplo, Horror Pin-up, Goth Pin-up, Retrô Goth...
Instagram @dracurella e @murderqueen
Glamour: Elemento essencial da estética dark pin-up #glamourghoul
Ah, o glamour!
Vocês certamente já leram o termo “glamour ghoul” (#glamourghoul) por aí! Neste tópico explico de onde saiu esse termo e como ele é usado no estilo.
Instagram @dressedtokillyou
A Cooptação comercial
Explico como o estilo foi parar em lojas alternativas.
Se deseja ler todos os tópicos listados acima sobre essa pesquisa que realizei exclusivamente para vocês em que apresento minhas evidências materiais e fundamento com argumentos a minha hipótese que o Dark Pin-up foi/é um novo estilo alternativo e que as brasileiras são referencia internacional, você deve adquirir o nosso zine/livreto "Dark Pin-ups"! Essa é uma das pesquisas que eu mais amei fazer em toda a história do blog!
Um estilo alternativo originalmente brasileiro #darkpinup O Dark Pin-up é um marco na história da moda alternativa nacional!
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Hoje completam-se 15 anos do Moda de Subculturas e eu posso dizer com toda certeza que esse é o post final.
Esse é o final de uma era, de uma época.
Não saiam daqui, não deixe de ler e reler.
Há um novo caminho a percorrer.
Imagem feita por IA para o Moda de Subculturas
Uma breve mensagem dos 15 anos de blog:
Nos últimos anos pensei muito no que subculturas, tribos urbanas e moda alternativa significavam e percebi como a geração atual, criada em telas, soa tão distante dos tempos em que andar em grupo ou conviver fisicamente com pessoas era o espaço de identificação, de criação estética e também de acolhimento.
Hoje, as estéticas das subculturas tradicionais permanecem firmes, um ou outro estilo de tribo urbana mais duradouro dá as caras, mas a maioria dos estilos que surgem na internet já não provocam o impacto social de subculturas e tribos anteriores. Na verdade, vários deles não promovem impacto algum.
Peguemos como exemplo o Scene, que foi pioneira subcultura surgida na internet mas que existia também fora dela. Os estilos atuais, por muitas vezes, existem apenas na internet. Várias pessoas o adotam, mas essas pessoas não tem contato entre si na vida real, cada uma está em seu espaço, cidade, país. Isoladas uma das outras em boa parte das vezes.
Há mais de uma década fui pioneira ao abordar no Brasil a cooptação da moda alternativa pelo mainstream e a relação entre estes dois mercados, já suspeitava que um dos resultados seria a amenização extrema dos estilos alternativos e da rebeldia e ousadia dos jovens. Foi isso mesmo que aconteceu: massificação e identidades alinhadas ao capitalismo com zero questionamento de opressões históricas.
Uma outra coisa que me chama a atenção na nova geração de meninas/jovens alternativas é o desinteresse em questionar a feminilidade. Tão presente em algumas subculturas/tribos anteriores. Qualquer tipo de questionamento gera incômodos no nível pessoal. Não compreendem que a crítica a feminilidade não é pessoal, e sim uma crítica à estrutura.
Imagem feita por IA para o Moda de Subculturas
Jovens com potencial de rebeldia crítica - mesmo que de forma ainda superficial, não decidem ir para as subculturas tradicionais críticas ao sistema, acabam caindo na pseudo-rebeldia do grande guarda-chuvas Queer. Esses jovens possuem um comportamento e estilo característico digno de tribo urbana, o que contraria a ideologia é considerado por eles "opressão", "preconceito", "branco opressor", "fascista", "negacionista", "conservador", acusações rasas e na maioria das vezes sem historicidade alguma. São apenas frases de impacto - juventude tem as suas. Porém, se tornou de tal forma agressivamente ideológico que esses jovens, ainda em maturação, não conseguem lidar com o contraditório - algo que outras subculturas e tribos se viravam bem e encontravam saídas criativas, menos acusatórias, menos vitimistas e combativas não por via da agressividade mas por via de proposições.
Para além disso, tivemos nos stories do Instagram aquela conversa sobre moda alternativa em que usei um ótimo post da loja Reversa como referência. Não descarto escrever sobre os comentários interessantíssimo daquela postagem da Reversa como postagem final desta era.
Outra coisa: vocês devem ter notado que algumas páginas do blog estão quebradas. Caso isso aconteça usem a lupa aqui do blog ou escrevam no google: "moda de subculturas + o assunto que você procura", certeza que encontrará o post que busca.
E por fim, gostaria de lembrar que temos dois zines à venda no site Hotmart. Eles são zines impressos vem com dois marcadores de páginas como brinde e serão entregues na sua casa. Se você gosta do conteúdo produzido aqui considere adquirir - já conversamos sobre isso nos stories do Instagram, lembram?
Me despeço por aqui. Ainda tenho muito a dizer mas me questiono quem ainda está disposto a ler nesta era de poucos caracteres e informações mastigadas.
Direitos autorais: Artigo original do blog Moda de Subculturas. A imagem de aniversário foi feita por IA. A curadoria e as montagens de imagens são feitas pelas autoras baseadas no contexto dos textos. Clique aqui e leia o tópico "Sobre o Conteúdo" nos Termos de Uso do blog para ficar ciente do uso correto deste site.
Se você tem interesse em receber na sua casa os zines impressos do Moda de Subculturas, este é o momento. Estou com as algumas unidades disponíveis para compra através da plataforma Hotmart.
A intenção é vendê-los para financiar meu trabalho de produção intelectual de novos zines. Portanto, se você gosta do conteúdo produzido aqui considere me auxiliar no processo de criação.
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Em algum momento de 1980, o Emo apareceu nos Estados Unidos. "Emo" é geralmente uma abreviação de "Emotional Hardcore", relativo às emoções apresentadas nas músicas do Punk Hardcore que continham sensibilidade e rejeição à violência tão comum nas letras punks.
* Este post é resultado da campanha do Apoia-se. A campanha visava um post longo e completo sobre uma subcultura. Como a meta não foi 100% atingida, o post será curto e objetivo sem a análise de moda, sem informações sobre a influencia do estilo no mainstream e vice-versa (nossos diferenciais de análise), sem informações extras e curiosidades.
Origem musical
A origem mais antiga do Emo, está na figura de Ian MacKaye da banda Minor Threat (1980-1983), a banda que popularizou a também subcultura "straight edge" formada por punks que rejeitavam drogas e álcool. MacKaye diz que nunca intencionou começar um movimento e considerava a ideia de "ter criado o Emo" a "coisa mais estúpida" que alguém já teria dito. Mas a sonoridade já estava presente na sua gravadora Dischorded, que dentre outras bandas lançou a Rites of Spring (que depois formaria a Fugazi), que foi considerada pioneira banda Emo, combinando a velocidade do punk com vocais que buscavam sentido na vida, a banda se recusava a dar entrevistas e vender merchandise.
Durante a década de 1980, o Emo/Emocore era apenas um termo novo que circulava como tantos outros. Foi apenas no final da década de 1990 que o Emo começa a se tornar uma subcultura de fato e no fim da década um movimento. Em 1997, a Deep Elm Records lançou The Emo Diaries, uma compilação que consolidaria o Emo como um subestilo indie. O primeiro ídolo emo foi Blake Schwarzenbach da banda Jawbreaker, cujas letras saíram direto de seu diário, mesma fórmula de Alkaline Trio. Em 2001, o álbum Bleed American de Jimmy Eat World é o que transformaria o Emo numa subcultura em nível mundial. Outras bandas seriam: New Found Glory, Dashboard Confessional, My Chemical Romance, embora o vocalista Gerard Way refutasse esse titulo e considerasse emo "um lixo", Get up Kids e Fall out Boy... todas essas bandas tornariam o Emo um fenômeno mundial em 2003.
O contraste entre raiva e sentimentalismo se tornaria a marca do Emo, afinal, a cena de hardcore punk de Washington DC era super masculinista. Tendo como base o Hardcore com letras mais intelectualizadas, introspectivas e emotivas, explorando temas como rejeição e alienação, isso atingiu uma grande audiência entre adolescentes que passavam pelo processo de amadurecimento emocional, a complexidade da puberdade e as expectativas de se tornar adultos.
Os jovens emos não tinham receio de mostrar suas fragilidades, o que para muitos punks, "não era punk de fato". A musica era a forma de interpretar seus problemas em casa ou na escola. Outra característica do Emo, é ter sido a geração que participou da transição analógica para digital, se comunicavam por chats como ICQ, redes sociais como Orkut, MySpace, Fotolog e mais tarde, Facebook. Além das conversas também trocavam músicas online.
A presença na internet criava identidades online, era muito comum que os emos não usassem seu nomes verdadeiros mas apelidos. As comunidades online eram espaços que podiam expressar seus sentimentos de forma segura.
Algumas mídias consideram o Emo a última subcultura tradicional pois desde então teria surgido outro movimento jovem com características distintas que atingiu e se espalhou de forma global e impactou os jovens de forma significativa.
O Estilo
O estilo Emo é uma mistura de Preepy Punk e Geek Chic. E tinha como principais peças:
- Calça Jeans/de brim preta super justa com cintura baixa (no início eram calças femininas) ou levemente largas, no estilo skatista, menos comum;
- Baby looks ou blusas justas com estampa de bandas, com caveiras, estrelas; - Blusas pólo justas (referência preepy); - Cabelos tingidos de preto ou com mechas coloridas. O estilo clássico era um cabelo de corte assimétrico, em camadas, de altura média, alisado com uma franja na lateral cobrindo um dos olhos;
- Gravatas em cima de camisetas;
- Tênis (especialmente All Star/Converse) e Vans;
- Piercings e tatuagens (muito comum a tatuagem de estrela). A estrela também se tornaria a principal estampa da subcultura;
- Detalhes das estampas com cores vibrantes;
- Moletons;
- Óculos ao estilo Buddy Holly;
- Maquiagem preta nos olhos - que geraria comparações com os góticos. - Esmaltes de unha pretos;
- Cintos de tachas e correntes;
- Xadrez, listras, estampa de onça;
- Munhequeiras;
- Bolsa de carteiro;
- Androginia.
As meninas emo rejeitavam saltos altos e botas com plataformas, preferindo tênis.
Tanto elas quanto os meninos usavam sombras coloridas nos olhos.
Embora não fosse de fato emo, a estreia de Avril Lavigne em 2002, usando um estilo de garota do skate com calças largas, baby looks, gravata, munhequeira ou luvas listradas, tênis e maquiagem preta nos olhos demonstrava a expansão dessa estética no pop punk e pop rock mainstream.
A tão presente cor preta no vestuário vinha das letras sombrias no sentido de expressar as emoções mais profundas e obscuras. As peças xadrezes vieram do punk.
No Brasil, a cena Emo emerge no fim da década de 1990, vinda da subcultura Straight Edge. Os jovens emos não raro se encontravam em shopping centers, visto que na década de 2000, lojas alternativas abriram nestes locais, em São Paulo, a Galeria do Rock era um ponto de encontro também embora houvesse um sentimento anti-emo dos punks e skinheads e casos de hostilidade e violência foram registrados.
O uso de maquiagem pelos garotos emos, gerou em diversos lugares o preconceito gerando ataques homofóbicos. Como vocês bem sabem, a homofobia tem base na misoginia (ódio à mulher), pois os rapazes emos eram considerados pelos punks masculinistas "feminilizados", "maricas", usavam "coisas de mulher", revelando a posição anti-homossexualidade masculina e anti-feminino nestes discursos.
O Emo existiu paralelamente ao Scene/ From UK [ leia post sobre eles aqui] e chegaram a compartilhar alguns elementos estéticos. O Scene era mais interessado em impacto estético que os Emos, sem tanta cor preta.
É claro que o estilo emo chegou ao mainstream e à marcas de moda, infelizmente esse post não abordará essa perspectiva. Você sabe dizer quais elementos dominaram a moda mainstream? Diz nos comentários!
Reportagem do Fantástico. Isso mesmo, do domingo à noite familiar, uma amostra do nível de popularidade que o estilo teve.
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