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19 de março de 2011

Gala Nocturna - The Virgin Queen

Dia 12 de fevereiro, realizou-se na Igreja Augustinus, na Antuérpia, Bélgica, a 5º edição do baile gótico-histórico Gala Nocturna. Ao contrário das quatro edições anteriores dessa vez o traje era preferencialmente Tudor/Elisabetano

Aos que não lembram, na primeira edição, bastava-se um traje histórico ou gótico; a segunda e terceira edições foram focadas na estética gótica e na neo-romântica (século XIX atualizado), a quarta edição abriu espaço maior para o barroco e rococó. Obviamente trajes steampunk e gothic lolita sempre foram aceitos por serem parte da estética oitocentista.

Só de analisar a evolução do baile, dá para perceber como as tendências de moda histórica variaram com o passar dos anos dentro da subcultura gótica/alternativa (em breve postagem sobre a evolução das tendências da moda alternativa). 
Atenta à essas tendências, a fotógrava Viona Ielegems focalizou o tema do 5º Gala Nocturna na Idade Média Renascentista. O Baile foi um sucesso e teve grande demanda popular, tanto que a data do próximo Gala Nocturna já foi marcado: 11 de fevereiro de 2012.

Vejamos algumas fotos:

       

17 de setembro de 2010

Lingerie Histórica - Parte 3: Petticoat (Anágua)

O Petticoat nada mais é do que uma anágua, ou seja, uma saia de baixo. Uma peça de roupa para ser usado sob outra saia ou um vestido.

Essa prática  começou a ser estabelecida em 1585, onde as anáguas eram usadas por mulheres que queriam modificar o formato do seu corpo através das roupas. A anágua,  volumosa ou dura, dava à saia de cima um formato de abóbada, dando a impressão de ter-se uma cintura menor do que realmente a mulher tinha. Anáguas elaboradamente decoradas eram usadas à vista sob vestidos com fendas abertas na frente em meados do século XVI e posteriormente no século XIX. Já as anáguas do século XVIII eram de lá ou seda e acolchoadas para esquentarem o corpo e eram usadas com vestidos curtos ou jaquetas.

No século XIX, anáguas elaboradas eram algumas vezes suportadas por ossos de baleia. E então, em 1820, a valsa tornou-se popular e as saias com anágua foram revividas na Europa e Estados Unidos, e elas passaram a ter mais voltas e múltiplas camadas volumosas.
O peso das roupas, assim como o peso e o aperto dos espartilhos, faziam as mulheres desmaiarem. Nas décadas da Era Vitoriana, onde um corpo “encorpado”, era associado à saúde, riqueza e pertencimento a uma classe mais elevada, as anáguas tinham papel essencial para dar volume no corpo, já que, ser magra era ser associada à pobreza, doença e pertencimento à classe baixa. Até 1870, as anáguas estavam muito em voga, até que entrou na moda o Bustle. Mas ainda houve um pequeno revival de vestidos cheios de anágua entre 1890 e começo do século XX, mas poucas mulheres usaram.

As anáguas foram revividas pelo estilista Christian Dior em 1947, quando ele criou o New Look (postagem específica em breve), um look com saias de muitas camadas, babados e anáguas engomadas, que ficaram muito populares na década e 50 especialmente entre as adolescentes.

Há poucos anos, as anáguas voltaram à moda através subculturas, primeiro pela moda Lolita japonesa e há seis ou sete anos atrás na moda a gótica, assim como na subcultura do Vintage Rock n Roll e pessoas que gostam de se vestir com trajes de época. A finalidade atual das anáguas nas subculturas, nem sempre é ser roupa de baixo, há anáguas feitas para serem usadas por cima das roupas e nas mais diversas cores. A cantora Amy Lee ajudou a popularizar as petticoats entre as adolescente nos Estados Unidos há poucos anos atrás.

As anáguas como armação/proteção de saias:


Sobre saia aberta/curta exibindo anáguas elaboradas:


Reproduções: 



Petticoats ao estilo tradicional americano:


A Moda Alternativa cria anáguas dos mais variados tecidos e modelos, não apenas  com a finalidade de ser lingerie, muitas peças são para se usar de modo aparente:


Mais sobre lingerie histórica:

Postagens sobre história da moda no link Moda Histórica.
O texto foi escrito por mim, de acordo com minhas pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

22 de junho de 2010

O Rufo


Origens do Rufo:
No século XVI, uma peça chamada chemise era usada sob as roupas. Muito utilizada na Espanha, Inglaterra e França, esta peça indicava limpeza corporal e eram trocadas constantemente (já que naquelas épocas as pessoas ficavam muito tempo sem banho). A gola destas chemises, possuía um cordão que, puxado, amarrava a gola; essa gola, franzida pelo cordão, era visível por baixo das roupas masculinas e femininas. Posteriormente as golas das chemises foram engomadas e plissadas até darem origem ao chamado rufo, que foi uma forte tendência de moda começada entre  1530 e 1540. "E como sempre ocorre na moda, as pessoas começaram a competir entre si para mostrar quem tinha a versão mais absurda dos tais rufos", diz a autora do livro  “Breve História da Moda”, Denise Pollini.

Para ler a postagem sobre o Rufo, você deve ser redirecionado ao meu novo  Blog, exclusivo sobre História da Moda. Clique AQUI para acessar o blog. Link do post: 
http://modahistorica.blogspot.com.br/2013/05/o-rufo.html



Veja também:
Renascença e a Moda Alternativa
O Rufo na Moda Alternativa

Mais postagens sobre história da moda no link Moda Histórica.
O texto foi escrito pela autora da blog, de acordo com pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
 

17 de junho de 2010

A Renascença e a Moda Alternativa


A chamada Renascença começou perto do ano de 1400 na Itália e se estendeu até os anos de 1500. Durante este tempo a Europa fez a transição do mundo medieval para  o inicio da chamada Era moderna, muito mais próspera. A devastação da peste negra reduziu a população européia drásticamente, os que sobreviveram resolveram buscar uma vida mundana e cheia de luxos. 

A moda renascentista carrega traços da Era gótica medieval (leia: Link 1, Link 2 e Link 3). Comerciantes e navegadoras faziam o comercio em rotas asiáticas e via oceano. Eles trouxeram do oriente para a Europa sedas, brocados, novas técnicas de tingimento, temperos, perfumes e jóias nunca antes vistas. Este merchandise asiático foi inserido na Europa por famílias como os Borgias e os Médici. 
A moda italiana renascentista era simples mas com tecidos luxuosos, joalheiria elegante e cores brilhantes. Lá por 1450, os vestidos femininos passaram a ter a parte de cima separada da saia, dando origem aos primeiros corpetes. As mangas, em homens e mulheres eram bastante elaboradas e bufantes. O comercio levou esta moda italiana para países como a França, Alemanha e Inglaterra. Geralmente a moda renascentista inglesa era menos gracioasa que a moda italiana e menos exagerada que a alemã. Durante os anos de 1500, devido às transações comerciais, a moda de um pais influenciou e até mesmo se misturou com o outro. Em 1550, as cortes inglesa, francesa e espanhola usavam a moda alemã amenizada. Inglaterra e Espanha disputavam o domínio do comericio marítimo e tiraram a liderança italiana da moda. O “estilo espanhol” para as mulheres, com seus corsets de couro e farthingales cônicos (um dos primeiros farthingales espanhóis data de 1470 e foi popular durante toda a era elizabetana)com elaboradas anáguas (petticoats) se tornaram moda em toda europa.

Lembrando que as referências históricas visuais que temos de cada época são representações dos nobres e burgueses. Os populares vestiam-se sempre de forma mais simples que os ricos ou de acordo com suas ocupações.
Houve muitas variações de estilo durante a Era Renascentista. O texto abaixo é um resumo das características principais da moda renascentista na Inglaterra. Mas havia também a moda alemã,  espanhola, italiana, francesa, polonesa etc, futuramente detalharei estas modas.

Características Gerais da Moda da Era Renascentista:
  • Empregava tecidos caros e elegantes (brocado, veludo, seda). 
Renascença Alemã
  • O vestuário de senhora acentuava as formas naturais do corpo, enfatizando discretamente o peito e acentuando o quadril;
  •  A saia caía com pregas largas e generosas e o corpete justo apresentava um decote quadrado ou circular;
  • Um lenço e um leque eram acessórios importantes, o uso dos anéis era de grande importância e representavam a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar na lida com as coisas da casa.
  • A roupa de homem era composta por um casaco que ia até ao joelho (ou era mais curto), gibão (uma espécie de colete) com diversos tipos de gola e com ombros almofadados, beca, calções até os joelhos, chapéus achatados e largos, camisas amplas com punhos justos (chemise), sapatos de couro e sola baixa com bico de pato, correntes e capas curtas presas no ombro. 

Sobre o Traje da Era Tudor (Inglaterra):
  • Durante o século XVI, o Nordeste da Europa e as Ilhas Britânicas tiveram um período de frio extremo, fazendo com que as roupas passassem a ter mais camadas de tecidos, inclusive bem pesados. As silhuetas são  amplas, de forma  cônica para as mulheres e larga na parte dos ombros para os homens, obtida através de golas e mangas largas. Usavam uma camisa de linho (chemise), um gibão que expunha as mangas do chemise, meias calças que eram como os leggings de hoje e um vestido tipo capa que era aberto na frente e de mangas curtas, podendo ir até o tornozelo e posteriormente até os joelhos.
  • Sobre os acessórios: os chapéus, tinham borda arrebitada ou arredondadas.  Sapatos, masculinos ou femininos, eram lisos de fôrma  arredondada e mais tarde  em fôrma quadrada. Botas  eram usadas para montar a cavalo.
  • O traje feminino  da Era Tudor era composto por um vestido longo com mangas sobre uma chemise. A  moda feminina na época tinha contrastes, pois cada esposa do Rei era de uma nacionalidade. Ana Bolena usava a moda francesa e Catarina de Aragão, a moda espanhola. Na moda espanhola os vestidos tinham a cintura natural e  corpete de ponta em V, os espartilhos não eram para apertar e deformar o corpo como na Era Vitoriana, mas para  dar postura rígida. As saias eram elaboradas e volumosas. Chapéus, capuzes e redes de cabeça  eram os acessórios.
  • A moda francesa tinha vestidos com decote quadrado que revelava a chemise junto à pele e tinha mangas justas. Esse traje evoluiu para um espartilho e a frente da saia exibindo bordados e enfeites, as mangas se tornaram justas em cima e largas embaixo, ao estilo trompete. Como acessórios de cabeça, muitos véus cobrindo o cabelo e capas.  Os cabelos, separados no meio ou torcidos sob o véu. Havia um adorno chamado capelo, arredondado que mostrava a parte dianteira da cabeça (foto de Ana Bolena ao lado). 
  • As cores das roupas costumavam ser vibrantes, mas a moda espanhola, ajustada e sombria devido ao gosto do Imperador Carlos V pela sobriedade, ficou em voga no fim do reinado de Henrique, assim como no reinados de seus dois filhos que o sucederam: o do rei menino Eduardo VI  e Maria Tudor. Então, entrou em voga uma silhueta ainda mais rígida fazendo as pessoas encorparem suas roupas usando enchimentos de trapos, feno e outros resíduos; essa postura altiva, abriu camino para o aparecimento do rufo
      Imagens da moda Tudor (reinado de Henrique VIII)


Moda da Era Elizabetana (Inglaterra):
  • A Rainha Elizabeth I se inspirava na moda francesa, italiana, espanhola e holandesa. Havia mais opulência nas peças, pulsos e a gola com babados evoluiu para rufos imensos (postagem em breve) houve o aparecimento do farthingale (armação de saia). O estilo espanhol só não era predominante na França e na Itália. Roupas pretas  eram usadas em ocasiões solenes. O corpete usado sobre os espartilhos era em forma de V, as mangas tinham forros contrastantes, as saias eram abertas na frente mostrando anáguas bordadas. 
  • Uma boa imagem do traje elizabetano é a obra "Rubens e sua esposa Isabella Brant" (acima à direita). 
  • Os homens usavam gibão, camisa com colarinho e pulsos com babados, jaqueta sem manga,  usavam uma espécie de meias calças, capa era indispensável,mandilion, sapato arredondado ou botas que começavam a ter saltos e eram justas e até a altura das coxas e  chapéu.
  • Depois da moda do Renascimento, veio a Moda do período Barroco, que  foi determinado  pela cortes católicas da Espanha onde o preto era muito comum (para postagem sobre a cor preta no vestuário, clique aqui) sendo a cor correta a ser usada publicamente como demonstração da índole religiosa de qualquer pessoa. O preto era aceito como adequado também para os vestidos de noiva, embora tenha sido neste momento que surgiu o vestido de noiva branco como novo padrão de elegância.

A Moda Renascentista nas subculturas:

Vestidos simples inspirados no estilo Tudor:



Rufos e peças mais elaboradas com referência Elizabetana:



Vestidos pretos: referência à corte espanhola e ao fim da Era Renascentista começo da Era Barroca:


As subculturas também adoram misturar épocas, na primeira foto: rufo, cabelo e vestido inspirados na Era Renascentista, mas o corset não é do período. Na segunda foto, uma Gothic Lolita com referência  do final  da era renascentista e começo da era Barroca na gola quadrada e nas mangas com babado, uma versão não-óbvia do período, estilizada, vinda da cabeça de algum designer.


É bem comum na subcultura o uso do rufo renascentista compondo looks nem sempre inspirados no período e também as blusas de decote quadrado. O que é raro de ver, seja na moda underground, seja em coleções de grandes corsetmakers é o corset Elizabetano de modelo reto e bicudo. 


Mais sobre a moda renascentista no blog Sombria Elegância


Postagem complementar à Era Renascentista: O Rufo
Mais postagens sobre história da moda no link Moda Histórica.
O texto foi escrito por mim, de acordo com pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Para uso em trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

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